segunda-feira, 14 de setembro de 2020

 


 

 

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Terça, 15 de setembro de 2020

 

XXIV semana do tempo comum

 

 

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TERÇA-FEIRA da semana XXIV

Nossa Senhora das Dores – MO
Branco – Ofício da memória.
Missa da memória.

L 1 1 Cor 12, 12-14. 27-31a; Sal 99 (100), 2. 3. 4. 5
ou Hebr 5, 7-9; Sal 30, 2-3ab. 3cd-4. 5-6. 15-16ab. 20
Sequência facultativa.

Ev Jo 19, 25-27 ou Lc 2, 33-35 (próprios)

 

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Nossa Senhora das Dores

 

Nota Histórica

Presente junto da Cruz, Maria vive e sente os sofrimentos de Seu filho. Por isso a liturgia lhe dedica hoje especial atenção, depois de ter celebrado ontem a Exaltação da Santa Cruz. As dores da Virgem, unidas aos sofrimentos de Cristo foram redentoras, indicando-nos o caminho da nossa dor.

 

Missa

ANTÍFONA DE ENTRADA Lc 2, 34-35
Simeão disse a Maria: Este Menino será sinal de contradição
para ruína e salvação de muitos em Israel,
e uma espada trespassará a tua alma.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que, na vossa admirável providência,
quisestes que, junto do vosso Filho, elevado sobre a cruz,
estivesse sua Mãe, participando nos seus sofrimentos,
concedei à vossa Igreja
que, associada com Maria à paixão de Cristo,
mereça ter parte na sua ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Hebr 5, 7-9
«Aprendeu a obediência e tornou-se causa de salvação eterna»


Leitura da Epístola aos Hebreus

Nos dias da sua vida mortal,
Cristo dirigiu preces e súplicas,
com grandes clamores e lágrimas,
Àquele que O podia livrar da morte
e foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser Filho,
aprendeu a obediência no sofrimento
e, tendo atingido a sua plenitude,
tornou-Se para todos os que Lhe obedecem
causa de salvação eterna.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 2-3ab.3cd-4.5-6.15-16ab.20 (R. 17b)
Refrão: Salvai-me, Senhor, pela vossa bondade
.

Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Inclinai para mim os vossos ouvidos,
apressai-vos em me libertar.

Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.
Livrai-me da armadilha que me prepararam,
porque Vós sois o meu refúgio.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos.

Como é grande, Senhor, a vossa bondade
que tendes reservada para os que Vos temem:
à vista da vossa face, Vós a concedeis
àqueles que em Vós confiam.


SEQUÊNCIA
A sequência é facultativa e pode cantar-se ou recitar-se por inteiro ou em forma
breve: a partir da estrofe *Maria, fonte de amor.



Estava a Mãe dolorosa,
Junto da cruz lacrimosa,
Enquanto Jesus sofria.

Uma longa e fria espada,
Nessa hora atribulada,
O seu coração feria.

Oh quão triste e tão aflita
Padecia a Mãe bendita,
Entre blasfémias e pragas,

Ao olhar o Filho amado,
De pés e braços pregado,
Sangrando das Cinco Chagas!
Quem é que não choraria,
Ao ver a Virgem Maria,
Rasgada em seu coração,

Sem poder em tal momento,
Conter as fúrias do vento
E os ódios da multidão!

Firme e heróica no seu posto,
Viu Jesus pendendo o rosto,
Soltar o alento final.

Ó Cristo, por vossa Mãe,
Que é nossa Mãe também,
Dai-nos a palma imortal.
* Maria, fonte de amor,
Fazei que na vossa dor
Convosco eu chore também.

Fazei que o meu coração
Seja todo gratidão
A Cristo de quem sois Mãe.

Do vosso olhar vem a luz
Que me leva a ver Jesus
Na sua imensa agonia.

Convosco, ó Virgem, partilho
Das penas do vosso Filho,
Em quem minha alma confia.

Mãos postas, à vossa beira,
Saiba eu, a vida inteira,
Guiar por Vós os meus passos.

E quando a noite vier,
Eu me sinta adormecer
No calor dos vossos braços.
Virgem das Virgens, Rainha,
Mãe de Deus, Senhora minha,
Chorar convosco é rezar.

Cada lágrima chorada
Lembra uma estrela tombada
Do fundo do vosso olhar.

No Calvário, entre martírios,
Fostes o Lírio dos lírios,
Todo orvalhado de pranto.

Sobre o ódio que O matava,
Fostes o amor que adorava
O Filho três vezes santo.

A cruz do Senhor me guarde,
De manhã até à tarde,
A minha alma contrita.

E quando a morte chegar,
Que eu possa ir repousar
À sua sombra bendita.


ALELUIA
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bendita seja a Virgem Maria,
que, sem passar pela morte,
mereceu a palma do martírio,
ao pé da cruz do Senhor. Refrão

Em vez deste Evangelho, pode ler-se o que se lhe segue.


EVANGELHO Jo 19, 25-27
«Eis o teu filho...Eis a tua Mãe»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto,
Jesus disse a sua Mãe:
«Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo:
«Eis a tua Mãe».
E a partir daquela hora,
o discípulo recebeu-a em sua casa.
Palavra da salvação.
Em vez do Evangelho precedente, pode ler-se o seguinte:


EVANGELHO Lc 2, 33-35
«Uma espada trespassará a tua alma»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas


Naquele tempo,
o pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados
com o que se dizia d’Ele.
Simeão abençoou-os
e disse a Maria, sua Mãe:
«Este Menino foi estabelecido
para que muitos caiam ou se levantem em Israel
e para ser sinal de contradição;
– e uma espada trespassará a tua alma –
assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Deus de misericórdia, para glória do vosso nome,
as nossas orações e as nossas ofertas,
ao celebrarmos a memória da Virgem Santa Maria,
que nos destes como Mãe bondosa,
junto da cruz do vosso Filho, Jesus Cristo.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio de Nossa Senhora I [na festividade], ou II


ANTÍFONA DA COMUNHÃO 1 Pedro 4, 13
Alegrai-vos, se participardes nos sofrimentos de Cristo,
porque será plena a vossa alegria, quando se manifestar a sua glória.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que nos alimentastes com o sacramento da redenção eterna,
ao celebrarmos as dores da Virgem Santa Maria,
ajudai-nos a completar em nós, em benefício da Igreja,
o que falta à paixão de Cristo.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

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AGENDA DO DIA


16.00 horas: Funeral em Amieira

18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo

18.00 horas: Missa em Alpalhão

 

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A VOZ DO PASTOR

 

DOMINGOS SÁVIO ENTRE OS SÁBIOS DO SABER VIVER

 

Os sinos repenicaram e os aplausos troaram naquela grande praça cujas colunatas de Bernini abraçam a praça, a cidade e o mundo. A Rádio Vaticano anunciava que a Basílica e a Praça de São Pedro eram o palco de uma verdadeira festa salesiana. Foi em 5 de março de 1950. Quatro anos depois, em 13 de junho de 1954, a festa repetia-se. A multidão era muito maior, muito maior foi o aplauso. Na primeira festa, dezenas de milhares de jovens de todo o mundo, associavam-se à multidão para celebrar a Beatificação de Domingos Sávio por Pio XII, um estudante de 14 anos como que a dizer-nos que a santidade é possível em todas as idades e condições. Na segunda festa, voltaram a soar os sinos pela sua canonização. Mais de vinte e cinco mil estudantes dos Colégios Salesianos lá estavam associados à Igreja Universal para aplaudir e agradecer aquele jovenzinho, verdadeiro estimulo nos caminhos da santidade. Concretizava-se assim aquilo que o Padre João Bosco havia dito em 13 de setembro de 1862: “Eu vos garanto que teremos jovens da casa elevados às honras dos altares”.

 

O Padre João Bosco, canonizado em 1934, foi o fundador da Sociedade de São Francisco de Sales, a Sociedade Salesiana. Mais tarde, com Maria Domingas Mazzarello, canonizada em 1951, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, um Instituto de Vida Consagrada feminina, bem como constituiu a Associação leiga dos Cooperadores Salesianos. Têm como carisma e missão a educação, a promoção e a evangelização dos jovens. Se os santos e as santas são a mais fina flor da humanidade, Domingos Sávio foi a primeira a sair desses jardins salesianos para perfumar e embelezar a Igreja e a sociedade.

 

Nascido em 2 de abril de 1842, nos arredores de Turim, Itália, Domingos era um dos três filhos de Brígida, costureira, e de Carlos Sávio, ferreiro, uma família exemplar na vivência da fé e rica em valores humanos. Desde pequenito que chamava a atenção pela sua maneira de ser e estar, pelos seus gestos, atitudes e sentimentos, pelo seu gosto em frequentar a igreja e ajudar à Missa. Não raro, se a igreja estivesse fechada, ajoelhava-se à porta e ali ficava em oração, “nevasse ou chovesse, fizesse frio ou calor”. Aos sete anos fez a primeira comunhão, afirmando anos mais tarde que foi “o mais belo dia” da sua vida. Nessa ocasião, traçara um projeto de vida em que se prometia frequentar os sacramentos, santificar os dias festivos, ter como amigos Jesus e Maria, e, “antes morrer que pecar”.

 

Aos doze anos de idade encontrou-se com o Padre João Bosco pedindo-lhe para ser admitido no Oratório de São Francisco de Sales, em Turim, porque queria ser Padre. Dom Bosco, acolheu o rapazito que lhe pareceu e comentou ser boa fazenda, bom pano, ripostando Domingos que, então, fosse ele o seu alfaiate. Logo se destaca pela “exata observância do regulamento da casa, a empenhada aplicação no estudo, o cumprimento fervoroso dos deveres, a frequência dos Sacramentos da Confissão e da Comunhão, a disponibilidade com que acolhia e ajudava os companheiros”, como afirmam fontes salesianas das quais me estou a servir. A sua presença e testemunho caraterizavam-se pela alegria: “Sei que posso tornar-me santo, sendo alegre”. E logo cacarejava aos recém-chegados a importância dessa virtude e aquilo que a podia rapinar: «nós aqui – dizia ele - fazemos consistir a santidade no estar muito alegres”. E acrescentava: “procuramos apenas evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, e de cumprir exatamente os nossos deveres».

 

Sempre humilde e respeitoso, preferia mais ouvir do que falar, embora logo surgisse a serenar as desavenças entre os colegas, mesmo junto daqueles dos quais sofrera alguns dissabores, aquilo que leva hoje muitos sábios da nossa praça a espirrar e explicar ciência, chamando-lhe bullying.

 

Não sei se consta em alguma biografia dele, mas quando eu andava lá pelos bancos do aprender a aprender e em idade de melhor fixar o que esbarrava ou beliscava os ouvidos da normalidade, gravei cá no cinemascópio da memória o que um ou outro Formador nos dizia sobre São Domingos. Se estivesse a estudar e tocasse a campainha para o recreio, por exemplo, e se ele estivesse a escrever o “i”, era tão exímio na obediência que nem sequer colocava o pontinho sobre o “i”, isso ficava para o depois. Ora, se o “i” fosse tão alto como um obelisco egípcio e o pontinho a colocar, lá no seu mais alto, fosse uma enorme bola de pedra, com certeza que deixar de o fazer seria um grande e desejado alívio nessa pesada, difícil e perigosa trabalheira. Até poderia estar aí o absurdo da nossa própria vida, se o ponto, já perto do topo, sempre caísse fazendo-nos recomeçar a tarefa. Assim tal como Albert Camus, em “O Mito de Sísifo”, nos torna presente o castigo dado a esse personagem da mitologia grega para nos fazer filosofar sobre os absurdos do quotidiano existencial. De facto, isso de deixar de colocar o pontinho encima do dito cujo... só mesmo de santos!... ou só mesmo de educadores a puxar pela guelra dos educandos!... Fosse lá como fosse, sempre fazia levantar a fasquia pessoal no desafio à exigência do cumprimento do dever...

 

São João Bosco, que considerava Domingos “de boa índole e muito piedoso”, afirmou: “Descobri naquele adolescente uma alma totalmente conforme ao espírito do Senhor, e fiquei surpreendido considerando os efeitos que a graça de Deus tinha operado em Domingos”. De facto, tocado pelo carisma salesiano, tinha como meta alcançar a santidade e despertar nos outros isso mesmo, a conversão, a santidade, chegando a dizer: “Oh! Se eu tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo, convertê-las todas, a Deus”. Com esse objetivo e consagrado a Maria, chegou a fundar, com amigos do Oratório, a Companhia da Imaculada, um instrumento para o trabalho apostólico em grupo, donde saíram grandes colaboradores de São João Bosco. Mas, como diz o povo, tudo vai bem enquanto há saúde. Domingos, aos 14 anos, adoeceu com tuberculose, foi perdendo o petite, piorou, regressou à casa paterna, acamou, sujeitou-se aos tratamentos da época que, apesar de incómodos e dolorosos, suportava com toda a serenidade. Tendo a perceção da evolução da doença, pediu a presença do seu Pároco. Depois de quatro dias, apesar da convicção do médico e de seus pais de que ele iria melhorar, Domingos pediu a Santa Unção. Seus pais, para o animar, obtiveram-lhe uma bênção papal. Na noite do dia 9 de março de 1857, após uma nova visita do seu Pároco, pediu a seu pai que lhe lesse orações para ter uma morte serena. Cansado, adormeceu por algum tempo, mas logo acordou, perguntando o que é que o Pároco lhe tinha dito, pois já não se lembrava. Despedindo-se dos pais, e agraciado na hora da morte, exclamou: “Oh, que linda visão estou a ter! Que lindo!”. A notícia da sua morte correu célere, seu pai comunicou-a a São João Bosco: “É com lágrimas nos olhos que lhe dou esta notícia: o meu querido filho Domingos recolheu a alma a Deus, ontem à tarde, 9 de Março”.

 

Dom Bosco escreveu a sua biografia e diz-se que chorava cada vez que a relia. Nela conta que em várias ocasiões viu Domingos estasiado depois de receber a Sagrada Comunhão. Um dia, encontrou-o no coro da igreja, não resistiu em lhe falar: “Fui ver – conta Dom Bosco – e encontrei Domingos que falava e depois se calava, como à espera de uma resposta. Entre outras coisas ouvia claramente estas palavras: ‘Sim, meu Deus, já vos disse e vo-lo digo de novo: amo-vos e quero amar-vos até à morte. Se virdes que vos hei de ofender, enviai-me a morte: sim, antes a morte que o pecado”. Quando lhe perguntou o que fazia nesses momentos, Domingos respondeu: “Pobre de mim, vem-me uma distração, e naquele momento perco o fio das orações, e parece-me ver coisas tão belas que as horas fogem sem que eu dê por isso”.

 

Domingos Sávio mostra do que são capazes os jovens quando se abrem ao encontro com Cristo, o verdadeiro Amigo que provoca, interpela, atrai, inspira, desafia e faz-se companheiro de viagem nas aventuras duma vida com sentido.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 11-09-2020.

 

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