PARÓQUIAS DE NISA
Domingo, 13 de setembro de 2020
XXIV semana do tempo comum
DOMINGO
XXIV DO TEMPO COMUM
Verde – Ofício do domingo (Semana IV do Saltério).
Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Sir 27, 33 – 28, 9; Sal 102 (103),
1-2. 3-4. 9-10. 11-12
L 2 Rom 14, 7-8
Ev Mt 18, 21-35
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Na Diocese de Aveiro – Aniversário da tomada de posse de D. António Manuel
Moiteiro Ramos.
* Na Diocese de Bragança-Miranda (Basílica de Santo Cristo de Outeiro) – I
Vésp. da Exaltação da Santa Cruz
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.
*****
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Sir 36,
18
Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam
e confirmai a verdade dos vossos profetas.
Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.
ORAÇÃO COLECTA
Deus, Criador e Senhor de todas as coisas,
lançai sobre nós o vosso olhar;
e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor,
dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sir 27, 33 – 28, 9
«Perdoa a ofensa do teu próximo
e quando pedires, as tuas faltas serão perdoadas»
A vingança pode ser uma tendência instintiva natural, fruto de uma natureza
ainda não suficientemente dominada e educada. Mas, a compreensão das faltas dos
outros e o perdão são atitudes fundamentais para o coração de quem olha para os
outros como gostaria que Deus olhasse para si. Mesmo já no Antigo Testamento,
os homens de Deus assim pensavam.
Leitura do Livro
de Ben-Sirá
O rancor e a ira são coisas detestáveis, e o pecador é mestre nelas. Quem se
vinga sofrerá a vingança do Senhor, que pedirá minuciosa conta de seus pecados.
Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão
perdoadas. Um homem guarda rancor contra outro e pede a Deus que o cure? Não
tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados? Se
ele, que é um ser de carne, guarda rancor, quem lhe alcançará o perdão das suas
faltas? Lembra-te do teu fim e deixa de ter ódio; pensa na corrupção e na
morte, e guarda os mandamentos. Recorda os mandamentos e não tenhas rancor ao
próximo; pensa na aliança do Altíssimo e não repares nas ofensas que te fazem.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 102 (103), 1-2.3-4.9-10.11-12 (R. 8)
Refrão: O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade. Repete-se
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. Refrão
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. Refrão
Não está sempre a repreender,
nem guarda ressentimento.
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. Refrão
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia
para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados. Refrão
LEITURA II Rom 14, 7-9
«Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor»
É preciso viver, tendo sempre o sentido de Deus em toda a nossa vida. Só assim
a vida e a morte têm sentido e nos enchem de paz e de alegria.
Leitura da
Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo.
Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor.
Portanto, quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. Na verdade, Cristo
morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos vivos e dos mortos.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Jo 13, 34
Refrão: Aleluia. Repete-se
Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor:
amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Refrão
EVANGELHO Mt 18, 21-35
«Não te digo que perdoes até sete vezes,
mas até setenta vezes sete»
O perdão das ofensas é atitude fundamental para o discípulo de Cristo. Este
perdão não tem limites, vai até ao que se possa imaginar. O número sete tem uma
certa ideia de plenitude, de totalidade. Mas Jesus, para indicar que o perdão
deve ser sem limites, ainda o multiplica por setenta, setenta vezes sete, isto
é, sempre.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Se meu irmão me
ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?». Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Na verdade, o reino de
Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo
de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos. Não tendo com
que pagar, o senhor mandou que fosse vendido, com a mulher, os filhos e tudo
quanto possuía, para assim pagar a dívida. Então o servo prostrou-se a seus
pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’. Cheio de
compaixão, o senhor daquele servo deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários.
Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’.
Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um
prazo e pagar-te-ei’. Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender, até que
pagasse tudo quanto devia. Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram
muito tristes e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido. Então, o
senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias,
porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?’. E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos,
até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste,
se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas
e recebei estas ofertas dos vossos fiéis,
para que os dons oferecidos por cada um de nós
para glória do vosso nome
sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 35, 8
Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!
À sombra das vossas asas se refugiam os homens.
Ou cf. 1 Cor 10, 16
O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;
e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
concedei que este sacramento celeste
nos santifique totalmente a alma e o corpo,
para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos
mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.
Por Nosso Senhor.
******
O Pensamento do dia:
« O homem é feliz,
quando olha para este mundo com os olhos de Deus; e infeliz, quando o aprecia
com o coração egoísta e orgulhoso»
*******
AGENDA DO DIA
09.30 horas: Missa em Montalvão
10.00 hiras: Missa em
Arez
10.45 horas: Missa em Tolosa
11.00 horas: Missa em Nisa
12.00 horas: Missa em Gáfete
12.00 horas: Missa em Alpalhão
15.15 horas: Missa no
Cacheiro
16.00 horas: Missa em Cernache do Bonjardim – Funeral do Pe.
Caetano
16.30 horas: Missa no Arneiro
********
A VOZ DO PASTOR
DOMINGOS
SÁVIO ENTRE OS SÁBIOS DO SABER VIVER
Os sinos repenicaram e os aplausos troaram naquela
grande praça cujas colunatas de Bernini abraçam a praça, a cidade e o mundo. A
Rádio Vaticano anunciava que a Basílica e a Praça de São Pedro eram o palco de
uma verdadeira festa salesiana. Foi em 5 de março de 1950. Quatro anos depois,
em 13 de junho de 1954, a festa repetia-se. A multidão era muito maior, muito
maior foi o aplauso. Na primeira festa, dezenas de milhares de jovens de todo o
mundo, associavam-se à multidão para celebrar a Beatificação de Domingos Sávio
por Pio XII, um estudante de 14 anos como que a dizer-nos que a santidade é
possível em todas as idades e condições. Na segunda festa, voltaram a soar os
sinos pela sua canonização. Mais de vinte e cinco mil estudantes dos Colégios
Salesianos lá estavam associados à Igreja Universal para aplaudir e agradecer
aquele jovenzinho, verdadeiro estimulo nos caminhos da santidade.
Concretizava-se assim aquilo que o Padre João Bosco havia dito em 13 de
setembro de 1862: “Eu vos garanto que teremos jovens da casa elevados às honras
dos altares”.
O Padre João Bosco, canonizado em 1934, foi o
fundador da Sociedade de São Francisco de Sales, a Sociedade Salesiana. Mais
tarde, com Maria Domingas Mazzarello, canonizada em 1951, fundou o Instituto
das Filhas de Maria Auxiliadora, um Instituto de Vida Consagrada feminina, bem
como constituiu a Associação leiga dos Cooperadores Salesianos. Têm como
carisma e missão a educação, a promoção e a evangelização dos jovens. Se os
santos e as santas são a mais fina flor da humanidade, Domingos Sávio foi a
primeira a sair desses jardins salesianos para perfumar e embelezar a Igreja e
a sociedade.
Nascido em 2 de abril de 1842, nos arredores de
Turim, Itália, Domingos era um dos três filhos de Brígida, costureira, e de
Carlos Sávio, ferreiro, uma família exemplar na vivência da fé e rica em
valores humanos. Desde pequenito que chamava a atenção pela sua maneira de ser
e estar, pelos seus gestos, atitudes e sentimentos, pelo seu gosto em
frequentar a igreja e ajudar à Missa. Não raro, se a igreja estivesse fechada,
ajoelhava-se à porta e ali ficava em oração, “nevasse ou chovesse, fizesse frio
ou calor”. Aos sete anos fez a primeira comunhão, afirmando anos mais tarde que
foi “o mais belo dia” da sua vida. Nessa ocasião, traçara um projeto de vida em
que se prometia frequentar os sacramentos, santificar os dias festivos, ter
como amigos Jesus e Maria, e, “antes morrer que pecar”.
Aos doze anos de idade encontrou-se com o Padre João
Bosco pedindo-lhe para ser admitido no Oratório de São Francisco de Sales, em
Turim, porque queria ser Padre. Dom Bosco, acolheu o rapazito que lhe pareceu e
comentou ser boa fazenda, bom pano, ripostando Domingos que, então, fosse ele o
seu alfaiate. Logo se destaca pela “exata observância do regulamento da casa, a
empenhada aplicação no estudo, o cumprimento fervoroso dos deveres, a
frequência dos Sacramentos da Confissão e da Comunhão, a disponibilidade com
que acolhia e ajudava os companheiros”, como afirmam fontes salesianas das
quais me estou a servir. A sua presença e testemunho caraterizavam-se pela
alegria: “Sei que posso tornar-me santo, sendo alegre”. E logo cacarejava aos
recém-chegados a importância dessa virtude e aquilo que a podia rapinar: «nós
aqui – dizia ele - fazemos consistir a santidade no estar muito alegres”. E
acrescentava: “procuramos apenas evitar o pecado, como um grande inimigo que
nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, e de cumprir exatamente os nossos
deveres».
Sempre humilde e respeitoso, preferia mais ouvir do
que falar, embora logo surgisse a serenar as desavenças entre os colegas, mesmo
junto daqueles dos quais sofrera alguns dissabores, aquilo que leva hoje muitos
sábios da nossa praça a espirrar e explicar ciência, chamando-lhe bullying.
Não sei se consta em alguma biografia dele, mas
quando eu andava lá pelos bancos do aprender a aprender e em idade de melhor
fixar o que esbarrava ou beliscava os ouvidos da normalidade, gravei cá no
cinemascópio da memória o que um ou outro Formador nos dizia sobre São Domingos.
Se estivesse a estudar e tocasse a campainha para o recreio, por exemplo, e se
ele estivesse a escrever o “i”, era tão exímio na obediência que nem sequer
colocava o pontinho sobre o “i”, isso ficava para o depois. Ora, se o “i” fosse
tão alto como um obelisco egípcio e o pontinho a colocar, lá no seu mais alto,
fosse uma enorme bola de pedra, com certeza que deixar de o fazer seria um
grande e desejado alívio nessa pesada, difícil e perigosa trabalheira. Até
poderia estar aí o absurdo da nossa própria vida, se o ponto, já perto do topo,
sempre caísse fazendo-nos recomeçar a tarefa. Assim tal como Albert Camus, em
“O Mito de Sísifo”, nos torna presente o castigo dado a esse personagem da
mitologia grega para nos fazer filosofar sobre os absurdos do quotidiano
existencial. De facto, isso de deixar de colocar o pontinho encima do dito
cujo... só mesmo de santos!... ou só mesmo de educadores a puxar pela guelra
dos educandos!... Fosse lá como fosse, sempre fazia levantar a fasquia pessoal
no desafio à exigência do cumprimento do dever...
São João Bosco, que considerava Domingos “de boa
índole e muito piedoso”, afirmou: “Descobri naquele adolescente uma alma
totalmente conforme ao espírito do Senhor, e fiquei surpreendido considerando
os efeitos que a graça de Deus tinha operado em Domingos”. De facto, tocado
pelo carisma salesiano, tinha como meta alcançar a santidade e despertar nos
outros isso mesmo, a conversão, a santidade, chegando a dizer: “Oh! Se eu
tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo,
convertê-las todas, a Deus”. Com esse objetivo e consagrado a Maria, chegou a
fundar, com amigos do Oratório, a Companhia da Imaculada, um instrumento para o
trabalho apostólico em grupo, donde saíram grandes colaboradores de São João
Bosco. Mas, como diz o povo, tudo vai bem enquanto há saúde. Domingos, aos 14
anos, adoeceu com tuberculose, foi perdendo o petite, piorou, regressou à casa
paterna, acamou, sujeitou-se aos tratamentos da época que, apesar de incómodos
e dolorosos, suportava com toda a serenidade. Tendo a perceção da evolução da
doença, pediu a presença do seu Pároco. Depois de quatro dias, apesar da
convicção do médico e de seus pais de que ele iria melhorar, Domingos pediu a
Santa Unção. Seus pais, para o animar, obtiveram-lhe uma bênção papal. Na noite
do dia 9 de março de 1857, após uma nova visita do seu Pároco, pediu a seu pai
que lhe lesse orações para ter uma morte serena. Cansado, adormeceu por algum
tempo, mas logo acordou, perguntando o que é que o Pároco lhe tinha dito, pois
já não se lembrava. Despedindo-se dos pais, e agraciado na hora da morte,
exclamou: “Oh, que linda visão estou a ter! Que lindo!”. A notícia da sua morte
correu célere, seu pai comunicou-a a São João Bosco: “É com lágrimas nos olhos
que lhe dou esta notícia: o meu querido filho Domingos recolheu a alma a Deus,
ontem à tarde, 9 de Março”.
Dom Bosco escreveu a sua biografia e diz-se que
chorava cada vez que a relia. Nela conta que em várias ocasiões viu Domingos
estasiado depois de receber a Sagrada Comunhão. Um dia, encontrou-o no coro da
igreja, não resistiu em lhe falar: “Fui ver – conta Dom Bosco – e encontrei
Domingos que falava e depois se calava, como à espera de uma resposta. Entre
outras coisas ouvia claramente estas palavras: ‘Sim, meu Deus, já vos disse e
vo-lo digo de novo: amo-vos e quero amar-vos até à morte. Se virdes que vos hei
de ofender, enviai-me a morte: sim, antes a morte que o pecado”. Quando lhe
perguntou o que fazia nesses momentos, Domingos respondeu: “Pobre de mim,
vem-me uma distração, e naquele momento perco o fio das orações, e parece-me
ver coisas tão belas que as horas fogem sem que eu dê por isso”.
Domingos Sávio mostra do que são capazes os jovens
quando se abrem ao encontro com Cristo, o verdadeiro Amigo que provoca,
interpela, atrai, inspira, desafia e faz-se companheiro de viagem nas aventuras
duma vida com sentido.
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 11-09-2020.
********
Sem comentários:
Enviar um comentário