PARÓQUIAS DE
NISA
Quarta, 16 de setembro de 2020
XXIV semana do
tempo comum
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QUARTA-FEIRA
da semana XXIV
S. Cornélio, papa, e S. Cipriano,
bispo, mártires – MO
Vermelho – Ofício da memória.
Missa da memória.
L 1 1 Cor 12, 31 – 13, 13; Sal 32 (33),
2-3. 4-5. 12 e 22
Ev Lc 7, 31-35
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S. CORNÉLIO, papa, e S.
CIPRIANO, bispo,
Nota
Histórica:
Cornélio
foi ordenado bispo da Igreja de Roma no ano 251. Teve de combater o cisma dos
Novacianos e, com a ajuda de S. Cipriano, conseguiu consolidar a sua
autoridade. Foi desterrado pelo imperador Gallo e morreu no exílio, perto de
Civitavecchia, no ano 253. O seu corpo foi trasladado para Roma e sepultado no
cemitério de Calixto
.
Cipriano nasceu em Cartago cerca do ano 210, de uma família pagã. Tendo se
convertido à fé e ordenado sacerdote, foi eleito bispo daquela cidade no ano
249. Em tempos muito difíceis, governou sabiamente, com suas obras e escritos,
a Igreja que lhe foi confiada. Na perseguição de Valeriano, sofreu
primeiramente o exílio e depois o martírio no dia 14 de Setembro do ano 258.
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 36, 39
A salvação do justo vem do Senhor;
Ele é o seu refúgio no tempo da tribulação.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que destes ao vosso povo, em São Cornélio e São Cipriano, pastores
dedicados e mártires invencíveis, concedei-nos, por sua intercessão, que,
fortalecidos pela fé, trabalhemos incansavelmente pela unidade da Igreja. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do
Espírito Santo.
LEITURA I (anos pares) 1 Cor 12, 31 __
13, 13
«Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade;
mas a maior de todas é a caridade»
Depois de ter falado em vários dons que enriquecem a comunidade da Igreja, o
Apóstolo terminava ontem apontando para os dons espirituais mais elevados,
palavra que se repete no início desta leitura de hoje. Esses dons mais elevados
atingem a sua plenitude na caridade. Ela está acima de tudo, ela é desta vida e
entra, como rainha, na vida eterna. Esta leitura é, na realidade, um hino à
caridade.
Leitura da
Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos
um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos
homens e dos anjos. se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como
címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os
mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua
todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se
não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, a caridade é
benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não
procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se
alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de
cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira
imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o
que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava
como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz
homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira
confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita;
depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé,
a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 32 (33), 2-3.4-5.12 e 22 (R. 12b)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor
escolheu para sua herança. Repete-se
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa.
Cantai-Lhe um cântico novo,
cantai-Lhe com arte e com alma. Refrão
A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor. Refrão
Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus,
o povo que Ele escolheu para sua herança.
Desça sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor. Refrão
ALELUIA cf. Jo 6, 63c.68c
Refrão: Aleluia. Repete-se
As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. Refrão
EVANGELHO Lc 7, 31-35
«Tocámos flauta e não dançastes,
entoámos cânticos de luto e não chorastes»
Com uma pequena parábola, Jesus censura a contradição dos que O não escutam,
porque se julgam sempre com razões para se furtarem a escutar a palavra de
Deus. As razões mais fúteis são sempre suficientes para pessoas fúteis, e
acabam por denotar infantilidade de espírito.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «A quem hei-de comparar os homens desta
geração? Com quem se parecem? São como as crianças, que, sentadas na praça,
falam umas com as outras, dizendo: ‘Tocámos flauta para vós e não dançastes,
entoámos lamentações e não chorastes’. Porque veio João Baptista, que não comia
nem bebia vinho, e vós dizeis: ‘Tem o demónio com ele’. Veio o Filho do homem,
que come e bebe, e vós dizeis: ‘É um glutão e um ébrio, amigo de publicanos e
pecadores’. Mas a Sabedoria é justificada por todos os seus filhos».
Palavra da salvação
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, a oblação do vosso povo, ao celebrarmos a paixão dos Santos
Mártires, e fazei que este divino sacramento, que a São Cornélio e São Cipriano
deu tão admirável fortaleza na perseguição, nos dê também a nós invencível
firmeza na adversidade. Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Lc 22, 28-30
Vós que permanecestes a meu lado nas minhas tribulações,
comereis e bebereis à minha mesa no meu reino.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Pela participação nestes santos mistérios, aumentai em nós, Senhor, o vosso
espírito de fortaleza, para que, a exemplo dos santos mártires Cornélio e
Cipriano, dêmos testemunho da verdade do Evangelho. Por Nosso Senhor.
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AGENDA
DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Nisa – Espírito Santo
18.00 horas: Missa em Tolosa.
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A
VOZ DO PASTOR
DOMINGOS SÁVIO ENTRE OS
SÁBIOS DO SABER VIVER
Os sinos repenicaram e os aplausos
troaram naquela grande praça cujas colunatas de Bernini abraçam a praça, a
cidade e o mundo. A Rádio Vaticano anunciava que a Basílica e a Praça de São
Pedro eram o palco de uma verdadeira festa salesiana. Foi em 5 de março de
1950. Quatro anos depois, em 13 de junho de 1954, a festa repetia-se. A
multidão era muito maior, muito maior foi o aplauso. Na primeira festa, dezenas
de milhares de jovens de todo o mundo, associavam-se à multidão para celebrar a
Beatificação de Domingos Sávio por Pio XII, um estudante de 14 anos como que a
dizer-nos que a santidade é possível em todas as idades e condições. Na segunda
festa, voltaram a soar os sinos pela sua canonização. Mais de vinte e cinco mil
estudantes dos Colégios Salesianos lá estavam associados à Igreja Universal
para aplaudir e agradecer aquele jovenzinho, verdadeiro estimulo nos caminhos
da santidade. Concretizava-se assim aquilo que o Padre João Bosco havia dito em
13 de setembro de 1862: “Eu vos garanto que teremos jovens da casa elevados às
honras dos altares”.
O Padre João Bosco, canonizado em 1934,
foi o fundador da Sociedade de São Francisco de Sales, a Sociedade Salesiana.
Mais tarde, com Maria Domingas Mazzarello, canonizada em 1951, fundou o
Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, um Instituto de Vida Consagrada
feminina, bem como constituiu a Associação leiga dos Cooperadores Salesianos.
Têm como carisma e missão a educação, a promoção e a evangelização dos jovens.
Se os santos e as santas são a mais fina flor da humanidade, Domingos Sávio foi
a primeira a sair desses jardins salesianos para perfumar e embelezar a Igreja
e a sociedade.
Nascido em 2 de abril de 1842, nos
arredores de Turim, Itália, Domingos era um dos três filhos de Brígida,
costureira, e de Carlos Sávio, ferreiro, uma família exemplar na vivência da fé
e rica em valores humanos. Desde pequenito que chamava a atenção pela sua
maneira de ser e estar, pelos seus gestos, atitudes e sentimentos, pelo seu
gosto em frequentar a igreja e ajudar à Missa. Não raro, se a igreja estivesse
fechada, ajoelhava-se à porta e ali ficava em oração, “nevasse ou chovesse,
fizesse frio ou calor”. Aos sete anos fez a primeira comunhão, afirmando anos
mais tarde que foi “o mais belo dia” da sua vida. Nessa ocasião, traçara um
projeto de vida em que se prometia frequentar os sacramentos, santificar os
dias festivos, ter como amigos Jesus e Maria, e, “antes morrer que pecar”.
Aos doze anos de idade encontrou-se com
o Padre João Bosco pedindo-lhe para ser admitido no Oratório de São Francisco
de Sales, em Turim, porque queria ser Padre. Dom Bosco, acolheu o rapazito que
lhe pareceu e comentou ser boa fazenda, bom pano, ripostando Domingos que,
então, fosse ele o seu alfaiate. Logo se destaca pela “exata observância do
regulamento da casa, a empenhada aplicação no estudo, o cumprimento fervoroso
dos deveres, a frequência dos Sacramentos da Confissão e da Comunhão, a disponibilidade
com que acolhia e ajudava os companheiros”, como afirmam fontes salesianas das
quais me estou a servir. A sua presença e testemunho caraterizavam-se pela
alegria: “Sei que posso tornar-me santo, sendo alegre”. E logo cacarejava aos
recém-chegados a importância dessa virtude e aquilo que a podia rapinar: «nós
aqui – dizia ele - fazemos consistir a santidade no estar muito alegres”. E
acrescentava: “procuramos apenas evitar o pecado, como um grande inimigo que
nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, e de cumprir exatamente os nossos
deveres».
Sempre humilde e respeitoso, preferia
mais ouvir do que falar, embora logo surgisse a serenar as desavenças entre os
colegas, mesmo junto daqueles dos quais sofrera alguns dissabores, aquilo que
leva hoje muitos sábios da nossa praça a espirrar e explicar ciência,
chamando-lhe bullying.
Não sei se consta em alguma biografia
dele, mas quando eu andava lá pelos bancos do aprender a aprender e em idade de
melhor fixar o que esbarrava ou beliscava os ouvidos da normalidade, gravei cá
no cinemascópio da memória o que um ou outro Formador nos dizia sobre São
Domingos. Se estivesse a estudar e tocasse a campainha para o recreio, por
exemplo, e se ele estivesse a escrever o “i”, era tão exímio na obediência que
nem sequer colocava o pontinho sobre o “i”, isso ficava para o depois. Ora, se
o “i” fosse tão alto como um obelisco egípcio e o pontinho a colocar, lá no seu
mais alto, fosse uma enorme bola de pedra, com certeza que deixar de o fazer
seria um grande e desejado alívio nessa pesada, difícil e perigosa trabalheira.
Até poderia estar aí o absurdo da nossa própria vida, se o ponto, já perto do
topo, sempre caísse fazendo-nos recomeçar a tarefa. Assim tal como Albert
Camus, em “O Mito de Sísifo”, nos torna presente o castigo dado a esse
personagem da mitologia grega para nos fazer filosofar sobre os absurdos do
quotidiano existencial. De facto, isso de deixar de colocar o pontinho encima
do dito cujo... só mesmo de santos!... ou só mesmo de educadores a puxar pela
guelra dos educandos!... Fosse lá como fosse, sempre fazia levantar a fasquia
pessoal no desafio à exigência do cumprimento do dever...
São João Bosco, que considerava Domingos
“de boa índole e muito piedoso”, afirmou: “Descobri naquele adolescente uma
alma totalmente conforme ao espírito do Senhor, e fiquei surpreendido
considerando os efeitos que a graça de Deus tinha operado em Domingos”. De
facto, tocado pelo carisma salesiano, tinha como meta alcançar a santidade e
despertar nos outros isso mesmo, a conversão, a santidade, chegando a dizer:
“Oh! Se eu tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e
bom exemplo, convertê-las todas, a Deus”. Com esse objetivo e consagrado a
Maria, chegou a fundar, com amigos do Oratório, a Companhia da Imaculada, um
instrumento para o trabalho apostólico em grupo, donde saíram grandes
colaboradores de São João Bosco. Mas, como diz o povo, tudo vai bem enquanto há
saúde. Domingos, aos 14 anos, adoeceu com tuberculose, foi perdendo o petite,
piorou, regressou à casa paterna, acamou, sujeitou-se aos tratamentos da época
que, apesar de incómodos e dolorosos, suportava com toda a serenidade. Tendo a
perceção da evolução da doença, pediu a presença do seu Pároco. Depois de
quatro dias, apesar da convicção do médico e de seus pais de que ele iria
melhorar, Domingos pediu a Santa Unção. Seus pais, para o animar, obtiveram-lhe
uma bênção papal. Na noite do dia 9 de março de 1857, após uma nova visita do
seu Pároco, pediu a seu pai que lhe lesse orações para ter uma morte serena.
Cansado, adormeceu por algum tempo, mas logo acordou, perguntando o que é que o
Pároco lhe tinha dito, pois já não se lembrava. Despedindo-se dos pais, e
agraciado na hora da morte, exclamou: “Oh, que linda visão estou a ter! Que
lindo!”. A notícia da sua morte correu célere, seu pai comunicou-a a São João
Bosco: “É com lágrimas nos olhos que lhe dou esta notícia: o meu querido filho
Domingos recolheu a alma a Deus, ontem à tarde, 9 de Março”.
Dom Bosco escreveu a sua biografia e
diz-se que chorava cada vez que a relia. Nela conta que em várias ocasiões viu
Domingos estasiado depois de receber a Sagrada Comunhão. Um dia, encontrou-o no
coro da igreja, não resistiu em lhe falar: “Fui ver – conta Dom Bosco – e
encontrei Domingos que falava e depois se calava, como à espera de uma
resposta. Entre outras coisas ouvia claramente estas palavras: ‘Sim, meu Deus,
já vos disse e vo-lo digo de novo: amo-vos e quero amar-vos até à morte. Se
virdes que vos hei de ofender, enviai-me a morte: sim, antes a morte que o
pecado”. Quando lhe perguntou o que fazia nesses momentos, Domingos respondeu:
“Pobre de mim, vem-me uma distração, e naquele momento perco o fio das orações,
e parece-me ver coisas tão belas que as horas fogem sem que eu dê por isso”.
Domingos Sávio mostra do que são capazes
os jovens quando se abrem ao encontro com Cristo, o verdadeiro Amigo que
provoca, interpela, atrai, inspira, desafia e faz-se companheiro de viagem nas
aventuras duma vida com sentido.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco,
11-09-2020.
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