quarta-feira, 16 de setembro de 2020

 


 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Quinta, 17 de setembro de 2020

 

XXIV semana do tempo comum

 

 

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QUINTA-FEIRA da semana XXIV

S. Roberto Belarmino, bispo e doutor da Igreja – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha

L 1 1 Cor 15, 1-11; Sal 117 (118), 1-2. 16ab-17. 28-29
Ev Lc 7, 36-50


* Na Ordem Beneditina – S. Hildegarda, virgem – MF; S. Roberto Belarmino – MF
* Na Ordem Carmelita e na Ordem dos Carmelitas Descalços – S. Alberto de Jerusalém, bispo e legislador da Ordem – FESTA
* Na Ordem de Cister – S. Martinho de Finojosa, bispo – MF; S. Hildegardes, monja – MF
* Na Ordem Franciscana – Impressão das Chagas de S. Francisco de Assis – FESTA; na II e III Ordem – MO
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – Impressão das Chagas de S. Francisco de Assis – FESTA
* Na Ordem da Imaculada Conceição – Aniversário da aprovação de Regra própria (1511).
* Na Companhia de Jesus – S. Roberto Belarmino – MO
* Nos Irmãos das Escolas Cristãs – Aniversário da Dedicação da igreja de São João Baptista de La Salle, em Roma – MF

 

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Missa

 

ANTÍFONA DE ENTRADA cf. Sir 36, 18
Dai a paz, Senhor, aos que em Vós esperam
e confirmai a verdade dos vossos profetas.
Escutai a prece dos vossos servos e abençoai o vosso povo.


ORAÇÃO COLECTA
Deus, Criador e Senhor de todas as coisas,
lançai sobre nós o vosso olhar;
e para sentirmos em nós os efeitos do vosso amor,
dai-nos a graça de Vos servirmos com todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I (anos pares) 1 Cor 15, 1-11
«É assim que pregamos e foi assim que acreditastes»


O Evangelho pode resumir-se, todo ele, no mistério pascal de Jesus Cristo. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. S. Paulo sente necessidade de o recordar, de vez em quando, aos cristãos como fundamento que é da sua fé. E, para que o seu testemunho seja mais vivo, refere várias aparições do Senhor ressuscitado, ao tempo de data bem recentes, pois que ainda vivem algumas testemunhas oculares.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios


Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.

 
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 117 (118), 1-2.16ab-17.28-29 (R. 1)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia. Refrão

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor. Refrão

Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia. Refrão


ALELUIA Mt 11, 28
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vinde a Mim, vós todos
que andais cansados e oprimidos,
e Eu vos aliviarei, diz o Senhor. Refrão


EVANGELHO
Lc 7, 36-50
«São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou
»

Todo este episódio, cujos pormenores se compreendem facilmente no ambiente das sociedades orientais, mostra como S. Lucas tanto gosta de pôr em realce a misericórdia de Jesus. Com uma breve parábola, Jesus mostra a Simão que os seus pensamentos não iam bem orientados; de facto, não se tratava de Se deixar tocar por uma pecadora, mas de acolher uma penitente e de lhe dar o perdão. (Esta penitente não deve ser confundida com Maria, irmã de Marta, nem provavelmente com Maria de Magdala, a Madalena).

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para comer com ele. Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa. Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade – ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com perfume; pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito, banhava-Lhe os pés com as lágrimas e enxugava-lhos com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume. Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia que a mulher que O toca é uma pecadora». Jesus tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele respondeu: «Fala, Mestre». Jesus continuou: «Certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles ficará mais seu amigo?». Respondeu Simão: «Aquele – suponho eu – a quem mais perdoou». Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem». E voltando-Se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés; mas ela banhou-Me os pés com as lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Não Me deste o ósculo; mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-Me os pés. Não Me derramaste óleo na cabeça; mas ela ungiu-Me os pés com perfume. Por isso te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama». Depois disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Então os convivas começaram a dizer entre si: «Quem é este homem, que até perdoa os pecados?». Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi, Senhor, com bondade as nossas súplicas
e recebei estas ofertas dos vossos fiéis,
para que os dons oferecidos por cada um de nós
para glória do vosso nome
sirvam para a salvação de todos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 35, 8
Como é admirável, Senhor, a vossa bondade!
A sombra das vossas asas se refugiam os homens.


Ou cf. 1 Cor 10, 16
O cálice de bênção é comunhão no Sangue de Cristo;
e o pão que partimos é comunhão no Corpo do Senhor.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
concedei que este sacramento celeste
nos santifique totalmente a alma e o corpo,
para que não sejamos conduzidos pelos nossos sentimentos
mas pela virtude vivificante do vosso Espírito.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

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AGENDA DO DIA

 

12.30 horas: Funeral em Nisa

18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo

21.00 horas: Igreja do Espírito Santo – Adoração ao Santíssimo

 

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A VOZ DO PASTOR

 

DOMINGOS SÁVIO ENTRE OS SÁBIOS DO SABER VIVER

 

Os sinos repenicaram e os aplausos troaram naquela grande praça cujas colunatas de Bernini abraçam a praça, a cidade e o mundo. A Rádio Vaticano anunciava que a Basílica e a Praça de São Pedro eram o palco de uma verdadeira festa salesiana. Foi em 5 de março de 1950. Quatro anos depois, em 13 de junho de 1954, a festa repetia-se. A multidão era muito maior, muito maior foi o aplauso. Na primeira festa, dezenas de milhares de jovens de todo o mundo, associavam-se à multidão para celebrar a Beatificação de Domingos Sávio por Pio XII, um estudante de 14 anos como que a dizer-nos que a santidade é possível em todas as idades e condições. Na segunda festa, voltaram a soar os sinos pela sua canonização. Mais de vinte e cinco mil estudantes dos Colégios Salesianos lá estavam associados à Igreja Universal para aplaudir e agradecer aquele jovenzinho, verdadeiro estimulo nos caminhos da santidade. Concretizava-se assim aquilo que o Padre João Bosco havia dito em 13 de setembro de 1862: “Eu vos garanto que teremos jovens da casa elevados às honras dos altares”.

 

O Padre João Bosco, canonizado em 1934, foi o fundador da Sociedade de São Francisco de Sales, a Sociedade Salesiana. Mais tarde, com Maria Domingas Mazzarello, canonizada em 1951, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, um Instituto de Vida Consagrada feminina, bem como constituiu a Associação leiga dos Cooperadores Salesianos. Têm como carisma e missão a educação, a promoção e a evangelização dos jovens. Se os santos e as santas são a mais fina flor da humanidade, Domingos Sávio foi a primeira a sair desses jardins salesianos para perfumar e embelezar a Igreja e a sociedade.

 

Nascido em 2 de abril de 1842, nos arredores de Turim, Itália, Domingos era um dos três filhos de Brígida, costureira, e de Carlos Sávio, ferreiro, uma família exemplar na vivência da fé e rica em valores humanos. Desde pequenito que chamava a atenção pela sua maneira de ser e estar, pelos seus gestos, atitudes e sentimentos, pelo seu gosto em frequentar a igreja e ajudar à Missa. Não raro, se a igreja estivesse fechada, ajoelhava-se à porta e ali ficava em oração, “nevasse ou chovesse, fizesse frio ou calor”. Aos sete anos fez a primeira comunhão, afirmando anos mais tarde que foi “o mais belo dia” da sua vida. Nessa ocasião, traçara um projeto de vida em que se prometia frequentar os sacramentos, santificar os dias festivos, ter como amigos Jesus e Maria, e, “antes morrer que pecar”.

 

Aos doze anos de idade encontrou-se com o Padre João Bosco pedindo-lhe para ser admitido no Oratório de São Francisco de Sales, em Turim, porque queria ser Padre. Dom Bosco, acolheu o rapazito que lhe pareceu e comentou ser boa fazenda, bom pano, ripostando Domingos que, então, fosse ele o seu alfaiate. Logo se destaca pela “exata observância do regulamento da casa, a empenhada aplicação no estudo, o cumprimento fervoroso dos deveres, a frequência dos Sacramentos da Confissão e da Comunhão, a disponibilidade com que acolhia e ajudava os companheiros”, como afirmam fontes salesianas das quais me estou a servir. A sua presença e testemunho caraterizavam-se pela alegria: “Sei que posso tornar-me santo, sendo alegre”. E logo cacarejava aos recém-chegados a importância dessa virtude e aquilo que a podia rapinar: «nós aqui – dizia ele - fazemos consistir a santidade no estar muito alegres”. E acrescentava: “procuramos apenas evitar o pecado, como um grande inimigo que nos rouba a graça de Deus e a paz do coração, e de cumprir exatamente os nossos deveres».

 

Sempre humilde e respeitoso, preferia mais ouvir do que falar, embora logo surgisse a serenar as desavenças entre os colegas, mesmo junto daqueles dos quais sofrera alguns dissabores, aquilo que leva hoje muitos sábios da nossa praça a espirrar e explicar ciência, chamando-lhe bullying.

 

Não sei se consta em alguma biografia dele, mas quando eu andava lá pelos bancos do aprender a aprender e em idade de melhor fixar o que esbarrava ou beliscava os ouvidos da normalidade, gravei cá no cinemascópio da memória o que um ou outro Formador nos dizia sobre São Domingos. Se estivesse a estudar e tocasse a campainha para o recreio, por exemplo, e se ele estivesse a escrever o “i”, era tão exímio na obediência que nem sequer colocava o pontinho sobre o “i”, isso ficava para o depois. Ora, se o “i” fosse tão alto como um obelisco egípcio e o pontinho a colocar, lá no seu mais alto, fosse uma enorme bola de pedra, com certeza que deixar de o fazer seria um grande e desejado alívio nessa pesada, difícil e perigosa trabalheira. Até poderia estar aí o absurdo da nossa própria vida, se o ponto, já perto do topo, sempre caísse fazendo-nos recomeçar a tarefa. Assim tal como Albert Camus, em “O Mito de Sísifo”, nos torna presente o castigo dado a esse personagem da mitologia grega para nos fazer filosofar sobre os absurdos do quotidiano existencial. De facto, isso de deixar de colocar o pontinho encima do dito cujo... só mesmo de santos!... ou só mesmo de educadores a puxar pela guelra dos educandos!... Fosse lá como fosse, sempre fazia levantar a fasquia pessoal no desafio à exigência do cumprimento do dever...

 

São João Bosco, que considerava Domingos “de boa índole e muito piedoso”, afirmou: “Descobri naquele adolescente uma alma totalmente conforme ao espírito do Senhor, e fiquei surpreendido considerando os efeitos que a graça de Deus tinha operado em Domingos”. De facto, tocado pelo carisma salesiano, tinha como meta alcançar a santidade e despertar nos outros isso mesmo, a conversão, a santidade, chegando a dizer: “Oh! Se eu tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo, convertê-las todas, a Deus”. Com esse objetivo e consagrado a Maria, chegou a fundar, com amigos do Oratório, a Companhia da Imaculada, um instrumento para o trabalho apostólico em grupo, donde saíram grandes colaboradores de São João Bosco. Mas, como diz o povo, tudo vai bem enquanto há saúde. Domingos, aos 14 anos, adoeceu com tuberculose, foi perdendo o petite, piorou, regressou à casa paterna, acamou, sujeitou-se aos tratamentos da época que, apesar de incómodos e dolorosos, suportava com toda a serenidade. Tendo a perceção da evolução da doença, pediu a presença do seu Pároco. Depois de quatro dias, apesar da convicção do médico e de seus pais de que ele iria melhorar, Domingos pediu a Santa Unção. Seus pais, para o animar, obtiveram-lhe uma bênção papal. Na noite do dia 9 de março de 1857, após uma nova visita do seu Pároco, pediu a seu pai que lhe lesse orações para ter uma morte serena. Cansado, adormeceu por algum tempo, mas logo acordou, perguntando o que é que o Pároco lhe tinha dito, pois já não se lembrava. Despedindo-se dos pais, e agraciado na hora da morte, exclamou: “Oh, que linda visão estou a ter! Que lindo!”. A notícia da sua morte correu célere, seu pai comunicou-a a São João Bosco: “É com lágrimas nos olhos que lhe dou esta notícia: o meu querido filho Domingos recolheu a alma a Deus, ontem à tarde, 9 de Março”.

 

Dom Bosco escreveu a sua biografia e diz-se que chorava cada vez que a relia. Nela conta que em várias ocasiões viu Domingos estasiado depois de receber a Sagrada Comunhão. Um dia, encontrou-o no coro da igreja, não resistiu em lhe falar: “Fui ver – conta Dom Bosco – e encontrei Domingos que falava e depois se calava, como à espera de uma resposta. Entre outras coisas ouvia claramente estas palavras: ‘Sim, meu Deus, já vos disse e vo-lo digo de novo: amo-vos e quero amar-vos até à morte. Se virdes que vos hei de ofender, enviai-me a morte: sim, antes a morte que o pecado”. Quando lhe perguntou o que fazia nesses momentos, Domingos respondeu: “Pobre de mim, vem-me uma distração, e naquele momento perco o fio das orações, e parece-me ver coisas tão belas que as horas fogem sem que eu dê por isso”.

 

Domingos Sávio mostra do que são capazes os jovens quando se abrem ao encontro com Cristo, o verdadeiro Amigo que provoca, interpela, atrai, inspira, desafia e faz-se companheiro de viagem nas aventuras duma vida com sentido.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 11-09-2020.

 

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