PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 28 de setembro de 2020
XXVI domingo do
tempo comum
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LITURGIA:
SEGUNDA-FEIRA
da semana XXVI
S. Venceslau, mártir – MF
SS. Lourenço Ruiz e Companheiros, mártires – MF
Verde ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Job 1, 6-22; Sal 16 (17), 1. 2-3. 6-7
Ev Lc 9, 46-50
* Na Ordem Agostiniana – BB. Pedro de Zúñiga, presbítero, e Companheiros,
mártires do Japão – MO
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – B. Inocêncio de Berzo, presbítero, da
I Ordem – MF
* Na Ordem de São Domingos – Ss. Domingos Ibáñez de Erquicia, presbítero e
Lourenço Ruiz, leigo, e Companheiros, mártires do Japão – MO
* Na Diocese de Portalegre-Castelo Branco – I Vésp. de S. Miguel.
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Missa
ANTÍFONA DE ENTRADA Dan
3, 31.29.30.43.42
Vós sois justo, Senhor, em tudo o que fizestes.
Pecámos contra Vós, não observámos
os vossos mandamentos.
Mas para glória do vosso nome,
mostrai-nos a vossa infinita misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que dais a maior prova do vosso poder
quando perdoais e Vos compadeceis,
derramai sobre nós a vossa graça,
para que, correndo prontamente para os bens prometidos,
nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I
(anos pares) Job 1, 6-22
«O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor»
O livro de Job é uma composição literária maravilhosa, em que, numa personagem
chamada Job, é meditado o drama do sofrimento humano, as interrogações que ele
levanta, a reacção que ele faz nascer no coração do homem temente a Deus, a
quem o Senhor responde sempre com a graça da salvação. Ao poder de Satanás,
instigador do mal, Deus responde finalmente com o seu poder, que é capaz de
renovar a vida depois de perdida. A história de Job é anúncio antecipado do
Mistério Pascal de Jesus.
Leitura do Livro
de Job
Um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do Senhor, Satanás
apareceu também no meio deles. O Senhor disse-lhe: «De onde vens?». Satanás
respondeu: «Venho de percorrer a terra, de rondar por toda ela». O Senhor
disse-lhe: «Reparaste no meu servo Job? Não há ninguém como ele na terra: é um
homem íntegro e recto, que teme a Deus e se afasta do mal». Satanás respondeu
ao Senhor: «Porventura teme Job a Deus de maneira desinteressada? Não o
cercastes Vós com um muro protector, a ele, à sua casa e a todos seus bens?
Abençoastes o trabalho das suas mãos e os seus rebanhos cobrem toda a região.
Mas estendei a mão e tocai nos seus bens e vereis que Vos amaldiçoa frente a
frente». Disse então o Senhor a Satanás: «Pois bem, tudo o que lhe pertence
fica sob o teu poder, mas não estenderás a mão sobre ele». E Satanás saiu da
presença do Senhor. Ora um dia em que os filhos e as filhas de Job comiam e
bebiam vinho em casa do irmão mais velho, um mensageiro veio dizer a Job:
«Estavam os teus bois a lavrar e as jumentas a pastar junto deles, quando os
sabeus arremeteram contra eles e os levaram e passaram os teus servos ao fio da
espada. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Ainda ele estava a falar,
quando outro veio dizer: «Caiu do céu o fogo de Deus e queimou e reduziu a
cinzas as ovelhas e os teus servos. Só eu escapei, para te vir dar a notícia».
Ainda ele falava, quando chegou outro e lhe disse: «Os caldeus, divididos em
três grupos, lançaram-se sobre os teus camelos e levaram-nos e passaram os teus
servos ao fio da espada. Só eu escapei, para te vir dar a notícia». Ainda ele
falava, quando outro entrou e lhe disse: «Os teus filhos e as tuas filhas
estavam a comer e a beber vinho em casa do irmão mais velho, quando um vento
impetuoso veio do lado do deserto e abalou os quatro cantos da casa. A casa
desabou sobre os jovens e morreram todos. Só eu escapei, para te vir dar a
notícia». Então Job levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois
prostrou-se por terra e disse: «Saí nu do ventre de minha mãe e nu para ele
voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor». Em tudo
isto, Job não cometeu pecado, nem disse contra Deus nenhuma blasfémia.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 16 (17), 1.2-3.6-7 (R. cf. 6b)
Refrão: Escutai, Senhor, e atendei a minha súplica. Repete-se
Ouvi, Senhor, uma causa justa,
atendei a minha súplica.
Escutai a minha oração,
feita com sinceridade. Refrão
Sede Vós a fazer o meu julgamento,
pois vossos olhos vêem o que é recto.
Se perscrutais o meu coração e o provais com o fogo,
não encontrareis em mim iniquidade. Refrão
Eu Vos invoco, meu Deus, respondei-me,
ouvi-me e escutai as minhas palavras.
Mostrai a vossa admirável misericórdia,
Vós que salvais quem se acolhe à vossa direita. Refrão
ALELUIA Mc 10, 45
Refrão: Aleluia Repete-se
O Filho do homem veio para servir
e dar a vida pela redenção dos homens. Refrão
EVANGELHO Lc 9, 46-50
«Quem for o mais pequeno entre vós, esse será o maior»
Com o exemplo da criança ensina Jesus aos seus discípulos o sentido da
humildade, bem necessário para eles poderem compreender a hora da Paixão, em
que Jesus dará a vida por todos os homens, e não apenas por eles, até então
ainda muito fechados sobre si próprios e pouco acolhedores para com os outros.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, houve uma discussão entre os discípulos sobre qual deles seria o
maior. Mas Jesus, que lhes conhecia os sentimentos íntimos, tomou uma criança,
colocou-a junto de Si e disse-lhes: «Quem acolher em meu nome uma criança como
esta acolhe-Me a Mim; e quem Me acolher acolhe Aquele que Me enviou. Na
verdade, quem for o mais pequeno entre vós esse é que será o maior». João tomou
a palavra e disse: «Mestre, vimos um homem expulsar os demónios em teu nome e
quisemos impedi-lo, porque ele não anda connosco». Mas Jesus respondeu-lhe:
«Não lho proibais, pois quem não é contra vós é por vós».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus de misericórdia infinita, aceitai esta nossa oblação
e fazei que por ela se abra para nós
a fonte de todas as bênçãos.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Salmo 118, 9-5
Senhor, lembrai-Vos da palavra que destes ao vosso servo.
A consolação da minha amargura
é a esperança na vossa promessa.
Ou 1 Jo 3, 16
Nisto conhecemos o amor de Deus: Ele deu a vida por nós;
também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Fazei, Senhor, que este sacramento celeste
renove a nossa alma e o nosso corpo,
para que, unidos a Cristo neste memorial da sua morte,
possamos tomar parte na sua herança gloriosa.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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AGENDA
DO DIA
16.00 horas: Funeral
em Montalvão
18.00 horas: Funeral
em Arez.
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A
VOZ DO PASTOR
UM
JOVEM MILITAR ANTE AS FRAQUEZAS DO PODER
Francisco
não deixou de lembrar este jovem militar na Exortação Cristo Vive. A sua
iconografia é inconfundível. Aparece amarrado a um
troco de árvore com o corpo ferido por setas. A forma de execução fez dele um tema recorrente de pintores,
escritores, escultores, de expressões artísticas de vária ordem. Quase não há igreja ou capela que não tenha a sua
imagem em arte popular ou mais sofisticada. Dá nome a pessoas, instituições, terras,
cidades, aldeias, ruas... É invocado contra as doenças contagiosas, contra a
fome e a guerra. É São
Sebastião, um dos jovens mais celebrado. Três setas, uma em pala e duas em aspa, e
as três atadas por um fio, constituem as suas armas ou insígnias. Vamos
recordá-lo.
Uns
dizem que nasceu no sul de França. Outros, em Milão, nos fins do século III,
duma família nobre. O que é mais certo é que cresceu e foi educado em Milão,
sendo uma pessoa que se impunha pela sua figura e qualidades. Respeitado por todos,
foi também estimado pela nobreza. Seu pai era militar, ele quis seguir a
carreira do pai. De Milão, desloca-se
para Roma, onde grassavam as mais severas perseguições contra os cristãos. Alistado nas legiões do imperador, a sua agradável
presença, coragem e dedicação logo se fizeram notar, acabando por ser nomeado comandante
da guarda pessoal do imperador, a Guarda Pretoriana, cargo que só se dava a
pessoas de gabarito e de total confiança. Se a sua dedicação à carreira militar
merecia os maiores elogios dos seus companheiros e do próprio imperador, também
a sua fé e a coerência de vida, sem subserviências, sem alardes nem falsidades,
é digna de todos os aplausos e encómios. Como cidadão do Império romano, na
destacada posição e missão que lhe estava confiada, foi grande na sua dedicação
ao imperador e à pátria. Como cidadão do Reino de Deus, foi jovem cristão de gema
e garra, sempre fiel aos seus princípios e defensor dos cidadãos desse Reino,
terrivelmente perseguidos. Sempre que podia, lá partia, com alegria e coragem, a
visitar e ajudar os cristãos encarcerados, os torturados, os mais fracos, os doentes,
os necessitados, as vítimas do ódio. A todos consolava e animava a permanecerem
fortes e firmes na fé, até ao martírio, em fidelidade a Cristo e ao seu
Batismo.
De facto, desde que haja
consciência do que significa ser cristão, o bem fazer e a santidade são
possíveis em qualquer circunstância e situação, em qualquer trabalho ou cargo
de autoridade, em qualquer idade e vocação, em qualquer compromisso humano desde
que guiados por um coração sincero e convertido, sem medo nem cobardias. E a
sociedade precisa destes testemunhos!...
Denunciado
por um pide ou bufo do seu tempo, por um governador
romano que não apreciava este seu jeito de ser e estar, veio a saborear o pão
que o diabo amassou. Julgado
sumariamente, foi acusado de traição. Forçado
a renunciar ao cristianismo, permaneceu firme na
fé apresentando os motivos que o animavam a seguir a fé cristã e a socorrer os
perseguidos. Contestando o imperador, rogou-lhe que deixasse de perseguir os
cristãos, garantindo-lhe que não eram subversivos, não faziam mal a ninguém,
não eram seus inimigos nem inimigos do Estado,
antes pelo contrário. O imperador, surdo no seu poder endeusado e
de olhar vesgo por meros preconceitos, não dá o braço a torcer. Enraivecido
com a firmeza e os argumentos de Sebastião, puxa pela sua importância de tirano,
manda-o matar. Os soldados levaram-no, despiram-no, amarraram-no a um tronco de
árvore, fizeram dele um alvo para o arremesso de flechas. Satisfeitos com obra
tão miserável, abandonaram-no para que sangrasse até a morte. Ao cair da noite, uma senhora chamada Irene,
com algumas amigas, foram recolher o corpo de Sebastião para o sepultarem. Espantadas
no inesperado, constataram que o ‘morto’ estava vivo. Desamarraram-no, esconderam-no
em casa de Irene, cuidaram-lhe das feridas. Já
com algumas forças e a determinação de sempre, mas ainda não completamente
restabelecido, Sebastião, no seu zelo pela Igreja perseguida, não teve
paciência para esperar mais tempo. E eis que se apresenta, de novo e determinado, junto do imperador para defender os cristãos e para
lhe condenar a sua forma impiedosa e injusta com que os tratava. Mesmo à
distância, e fora desses apertos, bem poderemos nós imaginar o embate desse
momento!...
O imperador, boquiaberto e incrédulo pelo que via, ouviu e
engoliu a surpresa, mas voltou a reagir com os preconceitos e outras maleitas aliadas
às fraquezas do poder. E, de novo, repete a dose, reforçada. Ordena que seja torturado e espancado até à morte. E, para
impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos,
manda que seja lançado ao esgoto
público da cidade, o lugar mais imundo de Roma.
Faleceu a 20 de janeiro, pelo ano de
286, com cerca de trinta anos. Outros cristãos resgataram o seu corpo e sepultaram-no nas catacumbas, sob a Via Ápia.
Mais tarde, no ano de 680, as suas relíquias foram solenemente transportados
para uma Basílica em Roma.
A perseguição por
causa da fé continua hoje a não dar tréguas. Mais
de 300 milhões de fiéis sofrem a discriminação e
a perseguição religiosa. Um em
cada sete vive num país onde a perseguição é
uma realidade diária.
São expulsos, deslocados, discriminados,
torturados e mortos por professarem a sua fé em Jesus Cristo. Se, porém,
olharmos noutro sentido, constataremos também outra espécie de
martírio, de testemunho, de santidade, quer nas situações limite quer nas
rotinas diárias que a vida impõe no trabalho, na profissão, no estudo, na
vizinhança, na convivência social, na coerência da vida com a fé, na
honestidade em negócios e atividade, nas tarefas domésticas, nos pais que criam
e educam os seus filhos com amor e responsabilidade, nos doentes e idosos que continuam
a sorrir para a vida e a unir o seu sofrimento ao sofrimento de Cristo pela
salvação do mundo, na autoridade que serve honestamente, que renuncia à
corrupção e se empenha pelo bem comum....
Francisco
recorda-nos que "nos momentos difíceis da história" é costume
afirmar-se que "a pátria precisa de heróis”. Isso é verdade, diz ele. Mas
acrescenta que a Igreja, hoje, também precisa de heróis, isto é, precisa de
“testemunhas, de mártires". Precisa de testemunhas no quotidiano da vida
sejam quais forem as circunstâncias existenciais de cada um!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 25-09-2020.
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