PARÓQUIAS DE NISA
Sexta, 25 de setembro de 2020
XXV semana do
tempo comum
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LITURGIA:
SEXTA-FEIRA
da semana XXV
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Co 3, 1-11; Sal 143 (144), 1a e 2abc.
3-4
Ev Lc 9, 18-22
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – B. Josefa Naval Girbés, virgem secular –
MF
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MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA
Eu sou a salvação do meu povo, diz o Senhor.
Quando chamar por Mim nas suas tribulações,
Eu o atenderei e serei o seu Deus para sempre.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que fizestes consistir a plenitude da lei
no vosso amor e no amor do próximo,
dai-nos a graça de cumprirmos este duplo mandamento,
para alcançarmos a vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos pares) Co 3, 1-11
«Tudo tem a sua hora debaixo do céu»
Todas as coisas deste mundo, por melhores que sejam – e Deus as fez boas –
estão sujeitas às mudanças do tempo, e isso dá-lhes um aspecto de fragilidade e
de mutabilidade, que faz descobrir nelas o vazio, a vaidade, no sentido de
vacuidade, fonte de ilusão e de desilusão. Estas mudanças das coisas e da vida,
meditadas por Coeleth, deram origem a este poema sob a vaidade ou ilusão em que
tudo parece redundar neste mundo. Mas Deus deu sentido à vida, e ao homem
revela, pouco a pouco, esse sentido, que é sempre o do seu amor pelos homens.
Leitura do Livro
de Coelet
Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora debaixo do céu: Há tempo para nascer
e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar; tempo para matar
e tempo para curar, tempo para demolir e tempo para construir; tempo para
chorar e tempo para rir, tempo para gemer e tempo para dançar; tempo para
atirar pedras e tempo para as juntar, tempo para se abraçar e tempo para se
separar; tempo para ganhar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para
deitar fora; tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo
para falar; tempo para amar e tempo para odiar, tempo para a guerra e tempo
para a paz. Que aproveita ao homem com tanto trabalho? Tenho observado a tarefa
que Deus atribuiu aos homens, para nela se ocuparem. Ele fez todas as coisas
apropriadas ao seu tempo e pôs no coração do homem a sucessão dos séculos, sem
que ele possa compreender o princípio e o fim da obra de Deus.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 143 (144), 1a e 2abc.3-4 (R.1a)
Refrão: Bendito seja o Senhor,
rochedo do meu refúgio. Repete-se
Bendito seja o Senhor, meu refúgio,
meu amparo e minha cidadela,
meu baluarte e meu libertador,
meu escudo e meu abrigo. Refrão
Que é o homem, Senhor, para que dele cuideis,
o filho do homem para pensardes nele?
O homem é semelhante ao sopro da brisa,
os seus dias passam como a sombra. Refrão
ALELUIA Mc 10, 45
Refrão: Aleluia. Repete-se
O Filho do homem veio para servir
e dar a vida pela redenção dos homens. Refrão
EVANGELHO Lc 9, 18-22
«És o Messias de Deus.
O Filho do homem tem de sofrer muito»
Jesus é, em Si mesmo, um mistério tal que os próprios Apóstolos só O vão
compreendendo aos poucos. Como nós. Antes de mais é preciso crer que Ele é o
Messias de Deus, o seu Enviado, o seu próprio Filho; mas ao mesmo tempo ser-se
capaz de não se escandalizar com a sua Paixão. E, por fim, acreditar que Ele
ressuscitou e está vivo, e é a nossa esperança.
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então
perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns,
João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas
que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro
tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes
severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem
tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons da vossa Igreja,
para que receba nestes santos mistérios
os bens em que pela fé acredita.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 118, 4-5
Promulgastes, Senhor,
os vossos preceitos para se cumprirem fielmente.
Fazei que os meus passos sejam firmes
na observância dos vossos mandamentos.
Ou Jo 10, 14
Eu sou o Bom Pastor, diz o Senhor;
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Sustentai, Senhor, com o auxílio da vossa graça
aqueles que alimentais nos sagrados mistérios,
para que os frutos de salvação
que recebemos neste sacramento
se manifestem em toda a nossa vida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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AGENDA
DO DIA
18.00 horas; Missa em Nisa
18.00 horas; Missa em Alpalhão.
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A
VOZ DO PASTOR
UM JOVEM DOS PAMPAS – UM MAPUCHE
Torno presente mais
um dos jovens que o Papa Francisco apresenta na sua Exortação Apostólica Cristo
Vive, como estímulo à santidade no quotidiano da vida. Servir-me-ei de fontes
Salesianas e da própria página do Vaticano. Trata-se de Zeferino Namuncurá, um
cidadão dos pampas, filho e neto de grandes caciques da nação mapuche. Era um
mapuche, um homem da terra, nascido a 26 de agosto de 1886, em Chimpaym, nas
margens do Rio Negro, nas terras aroucanas entre a Argentina e o Chile. Fernão
de Magalhães e a sua comitiva, quando lá chegaram por volta de 1520, logo deram
nome aos nativos. Tendo desembarcado, depararam com umas pegadas de tal
envergadura que logo imaginaram que seria um povo de gigantes! Deram-lhe o nome
de patagões, os de pé grande, de “pata grande”, da Patagónia. A ser verdade, é
possível que tivessem entrado naquelas terras à espera que pulasse detrás de
algum chaparro ou esquina, uma abada de gente de “pata ao léu”, de pé descalço,
uma patuleia comandada por uma qualquer Maria da Fonte, lá do sítio, a
esbaforir danação e com a vontade de lhes fueirar as costas e lhes chegar a
roupa ao pelo por andarem por terra alheia!... O desassossego desta gente,
porém, jamais terminou, continua a lutar pela sua sobrevivência e cultura
milenar!...
Se tais zonas têm
paisagens de belo horrível, de encher o olho e convidar à contemplação, é uma
terra difícil, uma “terra dura, estéril, flagelada pelo vento ou queimada pelo
sol, imobilizada pela neve ou encharcada pela chuva”. O seu povo era “um povo
acostumado a combater desde o amanhecer até ao anoitecer e, frequentemente,
também do anoitecer até ao amanhecer contra os elementos naturais. Zeferino foi
forjado por esta terra, obrigado a crescer depressa, como todos os seus
coetâneos; uma infância curta, uma adolescência mais ou menos inexistente. A
vida nos pampas exige de quem tem 9 ou 10 anos a agilidade de um adulto:
cavalgar, caçar, pescar, usar as bolas com extrema precisão, conhecer, enfim,
todos os truques para a sobrevivência”.
Seu pai teve de se
render às tropas da República Argentina. Elevado à patente de Coronel,
deslocou-se para Buenos Aires. Algum tempo depois, Zeferino também parte para
Buenos Aires, para estudar e se preparar para um dia voltar à terra para
defender a sua raça. Depois de ter frequentado, por pouco tempo, uma escola
estatal, mas cujo ambiente escolar não apreciava, falou com seu pai e, em 20 de
setembro de 1897, foi matriculado, como aluno interno, num Colégio Salesiano.
Dedicou-se diligentemente ao estudo, procurando na fé o apoio para superar os
próprios limites. Enamorado por Dom Bosco, e tendo escolhido Domingos Sábio
como modelo, desejava ser sacerdote salesiano para evangelizar a sua gente.
Como filho livre do descampado, o colocar-se na fila e obedecer ao toque da
sineta não lhe eram coisa fácil. Mas foi sempre exemplar nos deveres
cotidianos, no relacionamento social, no estudo, na oração e na participação
comunitária. O “contacto com os sacerdotes salesianos de grande talento
apostólico e cultural, iniciou uma rápida transformação que se tornou nele um
propósito permanente”: "Vim estudar para ser útil ao meu povo”. Ele
encarnava em si os sofrimentos, as preocupações, a cultura e as aspirações do
seu povo, procurando adaptar e assimilar a fé e a cultura cristã nesse contexto
cultural, enriquecendo-o. Como afirmou Bento XVI, "o Evangelho nunca
destrói os valores que há numa cultura, mas os assimila e aperfeiçoa. O novo
beato nunca esqueceu que era indígena e sempre tratou de ser útil à sua
gente".
Em princípios de
1902 foi-lhe diagnosticada a tuberculose. Na esperança de que os ares da sua
terra o ajudassem a recuperar, muda-se para Viedma, capital do Vicariato
Apostólico. Aí frequentou o Colégio de São Francisco de Sales, como aspirante
salesiano, sendo acompanhado pelos médicos.
Em julho de 1904,
com 17 anos, devido à sua frágil saúde, é levado para Turim, na Itália. Os
salesianos acreditavam que ele poderia continuar a cuidar da saúde e a estudar
rumo ao sacerdócio, primeiro na escola de Turim, depois no Colégio Salesiano de
Vila Sora, em Frascati. Em Turim, conversou várias vezes com o Beato Miguel
Rua, o primeiro sucessor de São João Bosco. O que mais o marcou, porém, foi o
encontro de alguns salesianos com o Papa Pio X, em 27 de setembro de 1904, em
Roma, perante o qual ele ficou encarregado de dirigir um pequeno discurso.
Terminou essa saudação, oferecendo ao Santo Padre um “quillango mapuche”, um
tipo de cobertor feito de peles de guanaco, que os indígenas usavam e era
feito, sobretudo, com a pele de um camelídeo nativo da América do Sul. Pio X ficou
comovido e retribuiu-lhe com uma medalha. No ano seguinte, a tuberculose
agravou-se. Foi internado no Hospital dos Irmãos de São João de Deus e
acompanhado pelo médico pessoal dos Papas Leão XIII e Pio X. Faleceu a 11 de
maio desse ano de 1905, com 18 anos de idade, num hospital da Ilha Tiberina, em
Roma. Uma simples cruz de madeira, ficou a assinalar a sua sepultura num
cemitério de Roma.
Antes que a Igreja
o declarasse como tal, ele foi feito santo pelo seu povo. Era um jovem portador
da “santidade dos pampas, regada pelas fadigas, valores, obediência,
suportação; sem impulsos místicos, orações martirizantes, proclamas ou
propósitos clamorosos, sem escritos exaltantes: um santo da terra, um santo ao
alcance de todos, um santo, enfim, segundo o coração de Dom Bosco, que
incentivava os seus alunos a ter duas características que pela sua simplicidade
teria provocado alguma perplexidade nos grandes santos do passado, mas que para
o sacerdote dos jovens eram o sinal inequívoco de uma santidade ao alcance dos jovens:
"honesto cidadão e bom cristão". É o quanto basta para se tornar
santo”.
Em 1924, os seus
restos mortais foram levados para a Argentina. A Beatificação, por um Delegado
do Papa, teve lugar a 11 de novembro de 2007, em Chimpaym, Rio Negro, terra natal
do jovem, perante mais de cem mil pessoas, tendo sido fixada a festa religiosa
no dia 26 de agosto, data do seu nascimento.
Em 12 de agosto de
2009, a pedido de seus familiares e com alguma polémica à mistura, os seus
restos mortais foram novamente transladados. Agora para a localidade de San
Ignacio, na província de Neuquén, onde vivem seus familiares e se encontra
sepultado o seu pai, o cacique Manuel Namuncurá, batizado aos oitenta anos. Na
Eucaristia a anteceder a transladação, participaram a sua família e também
Valeria Herrera, a jovem mãe de Córdoba, Argentina, de 24 anos em 2000, que
fora afetada por um câncer de útero, incurável. Por intercessão de Zeferino
ficou saudável e veio a ter filhos. Cerca de 400.000 pessoas participam,
anualmente, nas celebrações do Beato Zeferino.
Meditando em cada
palavra, Zeferino fazia o sinal da cruz com tanta lentidão que causava mossa a
quem o via. E corrigia os colegas ensinando-lhes a fazê-lo devagar e com
devoção.
Sob este pretexto,
cada um poderá avaliar o seu desempenho nessa matéria do bem fazer o sinal da
cruz. Coisa triste quando se constata que muitos já não o sabem fazer e muitas
famílias não o fazem nem ensinam a fazer!... Em relação a estas e outras
coisas, a Sagrada Escritura insiste: “Tu as ensinarás com todo o zelo e
perseverança a teus filhos. Conversarás sobre as Escrituras quando estiveres
sentado em tua casa, quando estiveres andando pelo caminho, ao te deitares e ao
te levantares” (Deut 6, 7).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 18-09-2020.
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