sexta-feira, 4 de setembro de 2020







PARÓQUIAS DE NISA






Sábado, 05 de setembro de 2020


















Sábado da XXII semana do tempo comum









SÁBADO da semana XXII
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha

L 1 1 Cor 4, 6b-15; Sal 144 (145), 17-18. 19-20. 21
Ev Lc 6, 1-5


* Na Ordem de São Domingos – Aniversário dos familiares e benfeitores falecidos da Ordem.
* Na Congregação das Missionárias da Caridade – S. Teresa de Calcutá, virgem e Fundadora da Congregação – SOLENIDADE
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 85, 3.5
Tende compaixão de mim, Senhor,
que a Vós clamo o dia inteiro.
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para àqueles que Vos invocam.


ORAÇÃO COLECTA
Deus do universo, de quem procede todo o dom perfeito,
infundi em nossos corações o amor do vosso nome
e, estreitando a nossa união convosco,
dai vida ao que em nós é bom
e protegei com solicitude esta vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I (anos pares) 1 Cor 4, 6b-15
«Suportamos a fome e a sede e andamos mal vestidos»


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos: Aprendei de mim e de Apolo a sentença: «não se deve ir além do que está escrito», para que nenhum de vós se encha de orgulho, tomando partido de um contra o outro. Pois quem te considera superior aos demais? Que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te orgulhas, como se não o tivesses recebido? Já estais saciados, já estais ricos! Sem nós vos tornastes reis! Quem dera que vos tivésseis tornado reis, para nós reinarmos também convosco! Na verdade, parece-me que Deus nos expôs a nós, os Apóstolos, no último lugar, como homens condenados à morte, porque nos tornámos espectáculo para o mundo, para os Anjos e para os homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, vós sábios em Cristo; nós somos fracos, vós sois fortes; vós sois honrados, nós desprezados. Ainda agora, suportamos a fome e a sede, andamos mal vestidos, somos maltratados, não temos morada certa e cansamo-nos a trabalhar com as próprias mãos. Insultam-nos e abençoamos; perseguem-nos e suportamos; somos difamados e respondemos com bondade. Temos sido considerados até ao presente como o lixo deste mundo, como a escória da humanidade. Não é para vos envergonhar que vos escrevo estas palavras, mas para vos advertir como a filhos caríssimos. Na verdade, podíeis ter dez mil tutores em Cristo, mas não tendes muitos pais; e fui eu que vos fiz nascer, por meio do Evangelho, como membros de Cristo Jesus.

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 144 (145), 17-18.19-20.21 (R. 18a)
Refrão: O Senhor está perto de quantos O invocam. Repete-se

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade. Refrão

Atende os desejos daqueles que O temem,
ouve os seus clamores e os salva.
O Senhor vela por aqueles que o amam
e extermina todos os ímpios. Refrão

Cante a minha boca os louvores do Senhor
e todo o ser vivo bendiga eternamente o seu nome santo. Refrão


ALELUIA Jo 14, 16
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por Mim. Refrão


EVANGELHO Lc 6, 1-5
«Porque fazeis o que não é permitido ao sábado?»



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Passava Jesus através das searas num dia de sábado e os discípulos apanhavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. Alguns fariseus disseram «Porque fazeis o que não é permitido ao sábado?». Respondeu-lhes Jesus: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa de Deus, tomou e comeu os pães da proposição, que só aos sacerdotes era permitido comer, e também os deu aos companheiros». E acrescentou; «O Filho do homem é senhor do sábado».
 
Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, a oferta que Vos apresentamos
e realizai em nós, com o poder da vossa graça,
a redenção que celebramos nestes mistérios.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 30, 20
Como é grande, Senhor,
a vossa bondade para aqueles que Vos servem!

Ou Mt 5, 9-10
Bem-aventurados os pacíficos,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por amor da justiça,
porque deles é o reino dos céus.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos alimentastes com o pão da mesa celeste,
fazei que esta fonte de caridade
fortaleça os nossos corações
e nos leve a servir-Vos nos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor. irmãos.
Por Nosso Senhor. 







«Ó Maria, que o meu pensamento se dirija muitas vezes a Vós, que de Vós fale minha boca e por Vós suspire o meu coração»

JOÃO XXIII










ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia



1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra




LEITURAS :  1 Cor 4, 6b-15: É um perigo, sempre presente em todos os tempos, confundir o pregador com a mensagem que ele é chamado a anunciar, e, mais ainda, não reconhecer naquele que é enviado a missão de quem o envia e daí nascerem oposições e divisões, que, no caso do anúncio da Palavra de Deus, muito dificultam a aceitação dessa Palavra e da mensagem que ela pretende fazer chegar a quem a escuta. São Paulo encontrou, por vezes, opositores à sua missão, fruto do orgulho, que facilmente leva à divisão. Daí que o Apóstolo, que era para os Coríntios como que o seu pai na fé, agora lhes pode lembrar tudo o que fez por eles. A linguagem é aqui intencionalmente irónica, mas a intenção é procurar levá-los a reconhecer o amor que Deus tinha por eles.


Lc 6, 1-5 :Na continuação da leitura do dia anterior, Jesus procura, por outro exemplo, levar os seus opositores a compreenderem que o Evangelho é mais do que uma simples lei, e que é preciso entendê-lo segundo o Espírito. Ao cumprimento exterior e material da Lei, Jesus opõe uma atitude verdadeiramente espiritual, como a que tomou David, numa hora de necessidade. Quanto ao sábado, ele era, no judaísmo do Antigo Testamento, instituição sagrada da maior importância. Era sobretudo o dia do repouso, que reproduzia, de algum modo, o repouso de Deus depois da obra da criação, na linguagem prática do Génesis, e anunciava o repouso futuro em Deus, próprio do tempo do Messias. Jesus afirma que é Ele agora quem faz encontrar o repouso em Deus, Ele que é o Senhor do sábado, e não seu súbdito.









AGENDA DO DIA



09.00 horas: Missa na Igreja de Nossa Senhora da Graç
15.00 horas: Missa em Salavessa
16.00 horas: Missa no Pé da Serra
16.00 horas: Missa no Pardo
18.00 horas Missa em Nisa – Espírito Santo
18.00 horas Missa em Alpalhão







A VOZ DO PASTOR




UM JOVEM OPERÁRIO COM HISTÓRIA DE ARREPIAR


Era congolês, de pele negra. Porque o Papa Francisco também o fez constar no Documento conclusivo do Sínodo sobre os jovens, vou recordá-lo, servindo-me, com a devida vénia, de várias fontes de divulgação. Chamava-se Isidoro Bakanja e terá nascido por volta de 1890, em Bokendela, numa família da tribo Boangi. Essa região, nessa altura, e como consequência da divisão da África entre as potências europeias, era património pessoal do rei Leopoldo II, da Bélgica. Os seus mercenários, porém, exploravam-na com regime de terror sobre os nativos que o escândalo logo ecoou pelo mundo ocidental. A pressão internacional foi tal que o território acabou por passar de património pessoal a colónia belga. Habitada há milhares e milhares de anos, com uma história de lutas e mais lutas, e depois de já ter sido conhecido por vários nomes, este território, dos mais ricos do mundo em biodiversidade e em recursos naturais, dá-se atualmente pelo nome de República Democrática do Congo. Em área, é o segundo maior país de África. Ora vejam lá!... e era uma pequena hortazinha do pobre rei Leopoldo, coitado!...

Sabemos que a caravela de Diogo Cão aí terá chegado por volta de 1483, à foz do rio Zaire. Mais tarde lá terá voltado, trazendo alguns nativos e sendo cá recebidos “mui honrosamente...”. Instruídos na nossa língua e tomando conhecimento da religião cristã, regressaram à sua terra. O rei do Congo recebeu bem os portugueses que os acompanhavam, pediu missionários e desejou o Batismo. Fossem como fossem o progresso e o retrocesso na evangelização, no tempo de Isidoro, neste centro-setentrional do Zaire, o cristianismo ainda dava os primeiros passos. Isidoro foi um dos primeiros cristãos, foi batizado a 6 de maio de 1906. Nesse dia, recebeu como presente um rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Cristão assumido, a recitação do terço constituía para ele um ponto de honra diário. E de tal forma se tornou devoto do escapulário que a todos contava o porquê e a história do mesmo, ao ponto de ficar conhecido como o "leigo do escapulário".

         Porque a pobreza o exigia, cedo saiu da terra em busca de trabalho. Trabalhou como pedreiro e como agricultor, sobretudo num seringal, uma herdade onde também havia árvores-da-borracha. André Van Cauteren Longange, um europeu nascido em Bruxelas, era o administrador da empresa SAB, uma Sociedade Anónima Belga. Tinha a exclusividade na exploração dos recursos agrícolas e minerais naquela zona. Mas este colonizador era fraca rês. Tinha rabugens de tirano e coração de pedra. Descrente e longe de Deus, era cevado por caterva de negros ao seu serviço mas não suportava os cristãos nem os missionários. Um dos seus empregados contou que mais de uma vez o ouvi repetir: “Não quero nenhum sacerdote aqui! Se encontro algum deles, mato-o!” E mais disse a esse empregado: “Se um dia você for ter com o missionário, acabo com a sua vida, corto-lhe a cabeça!”. E como o empregado lhe perguntasse se na Europa não havia sacerdotes, Longange respondeu: “Não, entre nós não existem... É coisa do passado... Na Europa conseguimos fazê-los desaparecer”.

Para ele, os nativos eram fáceis de explorar e dispensar, baratos e submissos, sem liberdade para manifestarem as suas ideias e aspirações. Os missionários, porém, se evangelizavam e ensinavam a rezar, também fomentavam, tanto quanto lhes era possível, o desenvolvimento pessoal, social e cultural da pessoa, o que ele não via com bons olhos.

Apesar de ser um recém convertido, Isidoro nunca escondeu que era cristão e que tinha muita devoção à Virgem. Enquanto trabalhava, rezava, cantava com alegria, gerava empatia. O seu testemunho exercia, naturalmente, grande influência nos companheiros. Por isso, a perseguição intensificou-se. O colonizador, inventando, acusava os africanos convertidos de rezarem demais e perderem muito tempo com isso. Certo dia, Isidoro, que já fora espancado algumas vezes, mas sempre ciente de que mais vale obedecer a Deus que aos homens, quis mesmo deixar de trabalhar no seringal. A retaliação não tardou. Foi proibido de regressar a casa e ordenaram-lhe que deitasse fora o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, sinal da sua fé. A recusa de Isidoro valeu-lhe que o próprio belga o agredisse a soco e a pontapé, lhe arrancasse o escapulário e lho atirasse fora, com desprezo. Mas não bastou, logo dá ordens para que fosse flagelado, com um chicote com dois pregos amarrados. O próprio carrasco descreve que o começou a chicotear, ocultando os pregos na mão, mas que o branco percebeu e gritou: “Não é assim! Bata com os pregos!”. Vendo que ele batia levemente, voltou a gritar: “Assim não! Mais forte!”. Com medo de homem tão perverso, o carrasco golpeou-o mais forte. Enquanto Isidoro se contorcia pela dor, o branco pressionava o seu pé sobre o dorso do jovem a fim de ele não se poder mover, e pediu a um dos presentes que lhe segurasse os braços e a outro que lhe imobilizasse as pernas. Depois da flagelação, Isidoro foi levado à prisão. Aí ficou, preso a correntes fechadas a cadeado e ligadas a um peso, sendo alimentado às escondidas por alguém, com medo do belga.

         Para justificarem tão grande castigo, inventaram que tinha roubado. A mentira não pegou, logo surgiram testemunhas a negar tal acusação. Inventaram então que se tinha metido com uma das concubinas de Longange. É falso, atestaram outros. E afirmaram que não se acreditasse naqueles que vinham dizer “que Isidoro foi chicoteado por causa disso ou daquilo. Foi chicoteado unicamente porque era cristão e porque usava o escapulário, a veste de Nossa Senhora”.

Longange começou a ficar preocupado com a situação, até porque esperava o inspetor geral da fazenda. Planeou então retirá-lo dali, mandou-o para um povoado na floresta. As forças de Isidoro, porém, não davam para mais. Caminhando na estrada em direção a Yele, acabou por cair por terra, privado de forças, com fome e frio. O belga, sabendo que o desgraçado ainda estava por ali, perto, mandou alguém para o exterminar de vez. Ele próprio também se pôs a caminho para ajudar na tarefa, mas já era tarde. O inspetor esperado, que já se dirigia para a fazenda, ouviu os gemidos de Isidoro. Parou, escutou o jovem, viu e ficou horrorizado: “Eu vi um homem vindo da floresta com as costas rasgadas por feridas profundas e fétidas, cobertas de sujeira, assaltadas por moscas. Ele se apoiou em dois gravetos para se aproximar de mim – ele não andava, ele arrastava-se”. O encontro entre o inspetor e o administrador teve conversa ruidosa e assanhada, e teve consequências. O administrador foi transferido, Isidoro foi resgatado e acolhido. Os próprios vizinhos cuidaram dele com todo o carinho. As feridas é que jamais se curaram, infecionaram, fizeram-no sofrer horrivelmente, causaram-lhe uma agonia muito mais dolorosa que a própria flagelação. A 15 de agosto de 1909, envolto no "hábito de carmelita", com o rosário nas mãos e o escapulário ao pescoço, faleceu no Senhor, fiel aos seus compromissos batismais, à sua fé e devoção. Quando ainda podia falar, perguntaram-lhe porque é que o branco lhe tinha batido. Ele respondeu: “O branco não gostava dos cristãos. Não queria que eu trouxesse o hábito de Maria, o escapulário. Insultava-me quando rezava. (…) Não tem importância que eu morra. Se Deus quer que eu viva, viverei; se Deus quer que eu morra, morrerei. Para mim é igual. (…) Não guardo nenhum rancor contra o branco. Açoitou-me mas isso é um assunto seu. Se morrer, pedirei no Céu muito por ele”.

Este jovem leigo, “mártir do escapulário”, com vinte e poucos anos de idade, foi beatificado por São João Paulo II, em 1994. A sua memória litúrgica celebra-se em 12 de agosto de cada ano. Sentia enorme alegria em ser discípulo de Cristo e tinha grande devoção a Maria sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo. Encontrava na oração a força para testemunhar a fé ao seu redor. Perdoou a quem o flagelou até à morte, e morte dolorosa!

É sempre comovente contemplar a extraordinária grandeza dos pequeninos, fracos e humildes perante a pequenez dos que se julgam grandes, fortes e orgulhosamente donos e senhores. A palavra de Cristo permanece atual e atuante: “Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos céus a vossa recompensa” (Mt 5, 11-12).

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 28-08-2020.




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