domingo, 27 de fevereiro de 2022

 



PARÓQUIAS DE NISA  

Segunda, 28 de fevereiro de 2022  

Segunda da VIII semana do tempo comum

   

 

LITURGIA

 

 

Segunda-feira da semana VIII

Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L1: 1 Pedro 1, 3-9; Sal 110 (111), 1-2. 5-6. 9 e 10c
Ev: Mc 10, 17-27

* Na Congregação do Espírito Santo – B. Daniel Brottier, presbítero, Protetor dos órfãos – M
O

 

MISSA

 ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17, 19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.

ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I 1 Pedro 1, 3-9
«Sem verdes ainda a Cristo, vós O amais.
E isto é para vós uma fonte de alegria inefável»


Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 110 (111), 1-2.5-6.9 e 10c (R. 5b)
Refrão: O Senhor jamais esquecerá a sua aliança. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Louvarei o Senhor de todo o coração,
no conselho dos justos e na assembleia.
Grandes são as obras do Senhor,
admiráveis para os que nelas meditam. Refrão

Deu sustento àqueles que O temem
e jamais esquecerá a sua aliança.
Fez ver ao seu povo as suas obras,
para lhe dar a herança das nações. Refrão

Enviou a redenção ao seu povo,
firmou com ele uma aliança eterna.
Santo e venerável é o seu nome;
o louvor do Senhor permanece eternamente. Refrão

ALELUIA 2 Cor 8, 9
Refrão: Aleluia Repete-se
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza. Refrão

EVANGELHO Mc 10, 17-27
«Vende o que tens e segue-Me»

, podem ser grande entrave para entrar na vida eterna!

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.

Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.

 

 

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

LEITURAS: 1 Pedro 1, 3-9: Começa hoje a ler-se esta Carta apostólica, dirigida primariamente às Igrejas da Ásia Menor, mas, por elas, a toda a Igreja de todos os tempos. Depois da direção e saudações iniciais, onde há já referência a dados fundamentais do mistério cristão, como a misericórdia de Deus onde tem origem todo o plano da salvação dos homens, e a Ressurreição de Jesus Cristo, seu ponto culminante, o Apóstolo apresenta o objetivo último, que anima a esperança dos cristãos até alcançarem o fim da sua fé; está aí a sua ‘herança eterna’.

Mc 10, 17-27: A fé que nos leva a seguir Jesus pode ser mais ou menos profunda, e daí, para nós, mais ou menos exigente. Cada um há de escutar a palavra de Jesus com a exigência que o Senhor lhe inspirar; mas, em qualquer caso, os interesses desregrados desta vida, especialmente o amor às riquezas, podem ser grande entrave para entrar na vida eterna!

 

 

AGENDA DO DIA:

 

 

15.30 horas: Funeral em Nisa (acolhimento no cemitério).

 

 

IGREJAS DA ZONA PASTORAL DE NISA:

 

 

Capela / escola. Pardo - Santana

 

A VOZ DO PASTOR

 

 

 

QUARESMA 2022

A HORA DA FERIDA É A HORA DA GRAÇA

 

 

Pai, nas vossas mãos entrego o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos os anos nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor nos preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os outros, com a vida, connosco próprios.

 

A Páscoa, mistério da morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.

 

No meio de uma humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando, movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf. Oração Eucarística da Reconciliação II).

 

Não há Páscoa sem Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus. E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de Cristo. O dos cristãos.

 

A Quaresma surge precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?

 

Vivemos, por muitas razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes, desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares, deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo, desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir outras feridas. São feridas de todos nós.

 

Na Cruz de Cristo, a hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim, o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar: “Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro 29,14).

 

É assim que a confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento. Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade. A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E isso é caminho.

 

Caminho é também a Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas. Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.

 

Pela oração, pela partilha e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida nova para nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos mais na consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos podemos partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade. Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 25-02-2022.

 

 

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