PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 28 de fevereiro de 2022
Segunda da VIII semana do tempo comum
LITURGIA
Segunda-feira
da semana VIII
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L1: 1 Pedro 1, 3-9; Sal 110 (111), 1-2. 5-6. 9 e 10c
Ev: Mc 10, 17-27
* Na Congregação do Espírito Santo – B. Daniel Brottier, presbítero, Protetor
dos órfãos – MO
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 17,
19-20
O Senhor veio em meu auxílio,
livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade.
Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.
ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor,
que os acontecimentos do mundo
decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz
e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Pedro 1, 3-9
«Sem verdes ainda a Cristo, vós O amais.
E isto é para vós uma fonte de alegria inefável»
Leitura da
Primeira Epístola de São Pedro
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na
sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de
entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe,
nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós,
que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se
vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja
preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova
a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se
prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se
manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele.
E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o
fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.
Palavra
do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 110 (111), 1-2.5-6.9 e 10c (R. 5b)
Refrão: O Senhor jamais esquecerá a sua
aliança. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Louvarei o Senhor de todo o coração,
no conselho dos justos e na assembleia.
Grandes são as obras do Senhor,
admiráveis para os que nelas meditam. Refrão
Deu sustento àqueles que O temem
e jamais esquecerá a sua aliança.
Fez ver ao seu povo as suas obras,
para lhe dar a herança das nações. Refrão
Enviou a redenção ao seu povo,
firmou com ele uma aliança eterna.
Santo e venerável é o seu nome;
o louvor do Senhor permanece eternamente. Refrão
ALELUIA 2 Cor 8, 9
Refrão: Aleluia Repete-se
Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza. Refrão
EVANGELHO Mc 10, 17-27
«Vende o que tens e segue-Me»
, podem ser grande entrave para entrar na vida eterna!
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se
aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei
de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom?
Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas
adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes;
honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido
desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te
uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro
no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido
e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta,
disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no
reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus
afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino
de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode
então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é
impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível».
Palavra
da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos
e nos atribuís o mérito do oferecimento,
nós Vos suplicamos:
o que nos dais como fonte de mérito
nos obtenha o prémio da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 12, 6
Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez,
exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.
Ou Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos,
diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados,
concedei-nos, por este sacramento
com que nos alimentais na vida presente,
a comunhão convosco na vida eterna.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: 1 Pedro 1, 3-9: Começa hoje a ler-se esta Carta
apostólica, dirigida primariamente às Igrejas da Ásia Menor, mas, por elas, a
toda a Igreja de todos os tempos. Depois da direção e saudações iniciais, onde
há já referência a dados fundamentais do mistério cristão, como a misericórdia
de Deus onde tem origem todo o plano da salvação dos homens, e a Ressurreição
de Jesus Cristo, seu ponto culminante, o Apóstolo apresenta o objetivo último,
que anima a esperança dos cristãos até alcançarem o fim da sua fé; está aí a
sua ‘herança eterna’.
Mc
10, 17-27: A
fé que nos leva a seguir Jesus pode ser mais ou menos profunda, e daí, para
nós, mais ou menos exigente. Cada um há de escutar a palavra de Jesus com a
exigência que o Senhor lhe inspirar; mas, em qualquer caso, os interesses
desregrados desta vida, especialmente o amor às riquezas, podem ser grande
entrave para entrar na vida eterna!
AGENDA DO DIA:
15.30
horas: Funeral em Nisa (acolhimento no cemitério).
IGREJAS DA ZONA
PASTORAL DE NISA:
Capela / escola. Pardo - Santana
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2022
A HORA DA FERIDA É A
HORA DA GRAÇA
Pai, nas vossas mãos
entrego o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos
os anos nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor
nos preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo
batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque
ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os
outros, com a vida, connosco próprios.
A Páscoa, mistério da
morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história
dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas
completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a
Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.
No meio de uma
humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e
discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da
misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara
para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando,
movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram
entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na
concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz
põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf.
Oração Eucarística da Reconciliação II).
Não há Páscoa sem
Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de
Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade
subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da
graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem
arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor
justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo
espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é
para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as
coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus.
E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como
identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de
Cristo. O dos cristãos.
A Quaresma surge
precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu
modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua
Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?
Vivemos, por muitas
razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e
universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O
Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja
confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e
evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A
mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes,
desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares,
deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A
insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As
desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das
nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram
alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo,
desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à
tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir
outras feridas. São feridas de todos nós.
Na Cruz de Cristo, a
hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a
dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim,
o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de
confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar:
“Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro
29,14).
É assim que a
confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos
do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como
confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical
porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento.
Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu
amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto
seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade.
A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais
do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E
isso é caminho.
Caminho é também a
Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e
expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos
outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma
ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as
nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas.
Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste
ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República
Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção
do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.
Pela oração, pela partilha
e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida nova para
nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos mais na
consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos podemos
partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de
dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade.
Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que
nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas
mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 25-02-2022.
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