PARÓQUIAS DE NISA
Sexta, 29 de março de 2019
Sexta da III semana da quaresma
Ofício da féria – III semana
SEXTA-FEIRA
da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Os 14, 2-10; Sal 80 (81), 6c-8a. 8bc-9. 10-11ab. 14 e 17
Ev Mc 12, 28b-34
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Os 14, 2-10; Sal 80 (81), 6c-8a. 8bc-9. 10-11ab. 14 e 17
Ev Mc 12, 28b-34
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 85,
8.10
Quem como Vós, Senhor?
Só Vós sois grande e operais maravilhas. Só Vós sois Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Infundi, Senhor, a vossa graça em nossos corações, para que saibamos dominar os desejos terrenos e ser fiéis, com a vossa ajuda, aos mandamentos celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Os 14, 2-10
«Não chamaremos ‘nosso Deus’ à obra das nossas mãos»
Leitura da Profecia de Oseias
Quem como Vós, Senhor?
Só Vós sois grande e operais maravilhas. Só Vós sois Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Infundi, Senhor, a vossa graça em nossos corações, para que saibamos dominar os desejos terrenos e ser fiéis, com a vossa ajuda, aos mandamentos celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Os 14, 2-10
«Não chamaremos ‘nosso Deus’ à obra das nossas mãos»
Leitura da Profecia de Oseias
Assim
fala o Senhor: «Israel, converte-te ao Senhor, teu Deus, porque foram os teus
pecados que te fizeram cair. Vinde com palavras de súplica, voltai para o
Senhor e dizei-Lhe: “Perdoai todas as nossas faltas e aceitai o dom que Vos
oferecemos, a homenagem dos nossos lábios. Não é a Assíria que nos pode salvar;
não montaremos mais a cavalo, nem chamaremos ‘Nosso Deus’ à obra das nossas
mãos, porque só em Vós o órfão encontra piedade”. Curarei a sua infidelidade,
amá-los-ei generosamente, pois a minha ira afastou-se deles. Serei como orvalho
para Israel, que florirá como o lírio e lançará raízes como o cedro do Líbano.
Os seus ramos estender-se-ão ao longe, a sua opulência será como a da oliveira
e a sua fragrância como a do Líbano. Voltarão a sentar-se à minha sombra, farão
reviver o trigo; florescerão como a vinha, criarão fama como o vinho do Líbano.
Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Sou Eu que o atendo e olho por
ele. Sou como o cipreste verdejante: graças a Mim darás muito fruto». Quem for sábio
entenderá estas palavras, quem for inteligente poderá entendê-las. Porque são
retos os caminhos do Senhor: por eles caminham os justos e neles tropeçam os
pecadores.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Sal. 80(81), 6c-8a.8bc-9.10-11ab.14.17 (cf. 11.9)
Refrão: Eu sou o Senhor, teu Deus:
Escuta a minha voz. Repete-se
Oiço uma língua desconhecida:
«Aliviei os teus ombros do fardo,
soltei as tuas mãos dos cestos;
gritaste na angústia e Eu te libertei. Refrão
Do meio do trovão te respondi;
pus-te à prova junto das águas de Meriba.
Escuta, meu povo, a minha advertência,
assim, Israel, Me prestes ouvidos: Refrão
Não terás contigo um deus alheio,
nem adorarás divindades estranhas.
Eu, o Senhor, sou o teu Deus,
que te fiz sair da terra do Egipto. Refrão
Ah! se o meu povo Me escutasse,
se Israel seguisse os meus caminhos,
alimentaria o meu povo com a flor da farinha
e saciá-lo-ia com o mel dos rochedos». Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Mt 4, 17
Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. Repete-se
Arrependei-vos, diz o Senhor;
está próximo o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Mc 12, 28b-34
«O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor:
amarás o Senhor, teu Deus»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Olhai com bondade, Senhor, para os dons que Vos consagramos, para que Vos sejam agradáveis e se tornem para nós fonte de salvação.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mc 12, 33
Amar a Deus de todo o coração
e ao próximo como a nós mesmos
vale mais que todos os sacrifícios.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Santificai, Senhor, com o poder da vossa graça as nossas almas e os nossos corpos, para possuirmos um dia em plenitude o que começamos a receber neste sacramento. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Deves ser misericordioso
para com o teu próximo sempre e em toda
a parte. Não podes deixar de o ser, nem te desculpares ou justificares para o
não ser».
Santa Maria Faustina Kowalska
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Os
14, 2-10: A liturgia de hoje quer reconduzir-nos ao essencial
da nossa fé: Deus. É Ele próprio quem nos convida a voltarmos para Si. A
Quaresma é tempo de regresso a Deus. Reencontrá-l’O é reencontrar o paraíso,
que o profeta descreve com as conhecidas imagens de uma terra fértil e feliz,
deixando para trás os deuses que nossas mãos tinham fabricado.
Mc 12, 28b-34: O mandamento fundamental de toda
a lei era, já no Antigo Testamento, reconhecer a Deus como o único Senhor e
amá-l’O como tal. Foi assim a resposta do escriba, e Jesus confirmou que estava
certa a resposta. É, de facto, essa a porta de entrada no reino de Deus:
reconhecê-l’O e amá-l’O. Caminhar para a Páscoa supõe a descoberta contínua
deste primeiro mandamento, a redescoberta de Deus nos caminhos da nossa vida,
que a Ele finalmente nos conduzem.
Rezando a Palavra
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa na
Igreja do Espírito Santo
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
19.00 horas: Começo do
Laus-Perene (até às 18.00 horas de sábado)
21.00 horas: Procissao de Nossa Senhora das Dores - Tolosa .
21.00 horas: Procissao de Nossa Senhora das Dores - Tolosa .
Programa das 24 horas para o Senhor:
19.00 - 21.00 horas: Ministros da palavra
21.00 - 22.00 horas: Catequistas
22.00 - 2 3.00 horas: Cursilhistas
23.00 - 01.00 horas: AMIVD
01.00 - 03.30 horas : Padre
03.30 - 06.00 horas: Padre
06.00 - 09.00 horas: Padre
00.00 - 11.00 horas: Vicentinas
11.00 - 14.00 horas: Esperança e Vida
14.00 - 15.00 horas: Mensagem e Fátima
15.00 - 17.00 horas: Caritas
17.00 - 18.00 horas: Apostolado da Oração
AGENDA DA SEMANA
Domingo, 24
Tolosa, às 10.15 horas:
Procissão com Imagem de Nossa Senhora das Dores
Hoje, domingo, a
procissão dos Passos começa às 16.00 horas na Igreja Matriz
Dia 25, segunda:
-
De manhã: reunião arciprestal em Ponte de Sor
-
Anunciação do Senhor – SOLENIDADE. Às 18.00 horas - Missa na Igreja do Espírito
Santo
-
Às 21.00 horas, no Calvário: oração de louvor
-
Às 21 horas, no Calvário reunião de preparação para as festas de julho
Dia 26,
terça-feira:
- Às 18.00 horas, Missa
em Alpalhão
- Às 15 horas,
Confissões em Alpalhão
Dia 27, Quarta:
-
Reunião presbiteral em Benavila, Avis
-
Pardo: confissões a partir das 16.00 horas
Dia 28, Quinta:
- Às 21.00 horas: Adoração ao Santíssimo, em
Nisa
Dia 29, Sexta:
-
Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas.
-
Às 17.15 horas, devoção da via sacra na
Igreja do Espírito Santo
-
Às 17.15 horas, devoção da via sacra na
Igreja de Alpalhão
-
15-17 horas: Confissões no Cacheiro, na Falagueira e no Monte Claro
-
21.00 horas: Tolosa: Via sacra pelas ruas.
-
19.00 horas: Começo das 24 horas para o Senhor.
Dia 30, Sábado
-
Às 12.00 horas: Missa em Arez (antigos militares)
-
Às 15.00 horas: Missa em Salavessa
-
Às 16.00 horas: Missa em Pé da Serra
-
Às 17.00 horas: Missa no Pardo
-
Às 19.00 horas: Fim das 24 horas com Senhor.
-
Às 18.00 horas: Missa no Espírito Santo, Nisa
-
Às 18.00 horas: Missa em Alpalhão
Dia 31 Domingo
-
Horário dos autocarros:
.
07.30 horas: Pardo
.
07.45 horas: Gáfete
.
08.00 horas: Tolosa
.
08.00 horas: Nisa: partida para Fátima, de junto do Cineteatro
- Missas:
11.00 horas em Missas em Nisa
12.00
horas em Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a
vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã,
uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes
quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam
o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com
Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus existem
também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de
Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é
que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de
Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração
espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder
participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e
afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram
39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e
cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar na construção de um Centro de Acolhimento e Saúde para
socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como
soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados
“a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
EM COMUNHÃO COM O PAPA FRANCISCO
Escrevo?...
Não escrevo?... Vou escrever, mesmo que me doa. Embora nos cause mossa ouvir e
ler as notícias sobre o abuso de menores, penso que os meios de comunicação
social prestaram um grande e valioso serviço à Igreja. Tendo feito soar os
alarmes, levaram a que a Igreja se acertasse, e, mais rápida e firmemente,
procurasse converter “os erros cometidos em oportunidades para erradicar este
flagelo não só do corpo da Igreja, mas também do seio da sociedade”. Embora um
só caso fosse já condenável e motivo de alerta para ser denunciado e levar o
autor à justiça, de facto, ninguém imaginava a grandeza desta calamidade e
muito menos que envolvesse figuras de visibilidade mundial. Também fiquei
surpreendido, e, com todos os cristãos, também sinto constrangimento por isso e
sofro com as vítimas que sofreram e sofrem, mas continuo a amar esta Igreja que
saiu do lado de Cristo na Cruz e foi constituída como sinal e instrumento
universal de salvação. A Igreja sangra e chora, é verdade, é Mãe. Deseja que
todos os seus filhos se sintam irmãos e se respeitem, prestando a maior atenção
aos mais pequeninos e frágeis. A infidelidade escandalosa de alguns aliada à
tendência que outros têm de generalizar, leva à tentação de perder a sua
reputação, também é verdade, como verdade será, possivelmente, que haja quem,
mesmo sendo membro da Igreja, se regozije por a ver humilhada e a sofrer.
Aqueles que a amam verdadeiramente e, apesar das fraquezas, lhe procuram ser
fiéis, sofrem e sentem-se injustiçados como injustiçados e sofredores se sentem
as vítimas. No entanto, permanecem unidos na luta pela sua constante
purificação, sem excluir, como é evidente, a reparação e expiação por parte
daqueles que geraram vítimas e escândalos, pensando eu que eles, estando com
toda a certeza a sentir uma humilhação sem igual, também sofrem e chorarão
amargamente como Pedro, saberão avaliar a grandeza do mal feito e o sofrimento
causado que, mesmo que seja perdoado, jamais será totalmente reparado. Rezemos
pelas vítimas que sofrem e lutam por respeito e justiça. Não deixemos de rezar
por quem as provocou, feriu e humilhou para que, expiando, se convertam sem
deixar de confiar na misericórdia infinita de Deus. Rezemos uns pelos outros
para que não sejamos motivo de escândalo para ninguém e muito menos
profissionais da religião e a viver de aparências. Se a Igreja é humana,
constituída por homens frágeis e pecadores a quem Cristo, apesar de tudo,
confiou a Sua própria missão, não podemos esquecer que ela também é divina e
santa em virtude da sua origem e missão, residindo aí o seu mistério que só a
fé alimentada pela Palavra, pela graça e pela oração pode acolher, sentir e
viver. Prefigurada desde as origens, gradual e maravilhosamente preparada ao
longo da história, instituída por Cristo, publicamente manifestada no
Pentecostes, ela foi por Cristo, e em Seu nome, enviada a todas as nações para
de todas fazer discípulos, expondo e atualizando o mistério do amor de Deus
pelos homens. Até que seja consumada no fim dos tempos (cf. LG2), ela avança no
cumprimento da tarefa que lhe foi confiada, com humildade e confiança. Com
êxitos e fracassos, com mais ou menos fidelidade, santa e pecadora, ela
sente-se a caminho, sempre em renovação e a refontalizar a sua missão com a
garantia da presença de Cristo que a enriquece com os dons do Seu Espírito que
a dinamiza e purifica quando ela se desvia da rota e se esquece do para quê da
sua existência. Se assim não fosse, se fosse só humana, há muito teria acabado.
Dois mil anos de história duma instituição, com gente de todas as raças e
cores, culturas e saberes, ideologias e ambições, línguas e feitios, e das mais
variadas regiões do planeta, da maneira que todos somos tão frágeis e
mesquinhos, há muito que ela teria acabado. Se ela atravessa hoje momentos de
dor, revigorar-se-á no seu verdadeiro caminho, nessa fidelidade à aliança
selada com o Sangue de Cristo. A sua lei é o mandamento novo, o mandamento do
Amor. É seu dever amar e ensinar a amar como o próprio Cristo nos amou e ser
sal da terra e luz do mundo constituindo para todos “o mais forte gérmen de
unidade, esperança e salvação”.
Infelizmente,
o abuso de menores é uma chaga social transversal a todas as sociedades, em
todas as culturas, por todo o mundo. Os estudos feitos revelam que estes abusos
são sobretudo cometidos pelos pais, os parentes, os maridos de
esposas-meninas, os treinadores e os educadores. O presumível responsável pelo
agravo sofrido por um menor é, em 73,7% dos casos, um progenitor: a mãe em
44,2%, o pai em 29,5%, um parente em 3,3%, um amigo em 3,2%, um conhecido em
3%, um professor em 2,5%, um estranho adulto em 2,2%. Mas é evidente que a
universalidade de tal desgraça não diminui “a sua monstruosidade dentro da
Igreja”, como afirmou o Papa Francisco, em 24 de fevereiro passado, no seu
discurso de encerramento do Encontro sobre a proteção de menores na Igreja.
Antes pelo contrário: “A desumanidade do fenómeno, a nível mundial, torna-se
ainda mais grave e escandalosa na Igreja, porque está em contraste com a sua
autoridade moral e a sua credibilidade ética”. E diz o Papa, “Quero repetir
aqui claramente: ainda que na Igreja se constatasse um único caso de abuso – o
que em si já constitui uma monstruosidade –, tratar-se-á dele com a máxima
seriedade”, pois, “na ira justificada das pessoas, a Igreja vê o reflexo da ira
de Deus, traído e esbofeteado por estes consagrados desonestos. O eco do grito
silencioso dos menores, que, em vez de encontrar neles paternidade e guias
espirituais, acharam algozes, fará abalar os corações anestesiados pela
hipocrisia e o poder. Temos o dever de ouvir atentamente este sufocado grito
silencioso”. E acrescenta: “Com humildade e coragem, devemos reconhecer que
estamos perante o mistério do mal, que se encarniça contra os mais frágeis,
porque são imagem de Jesus. É por isso que atualmente cresceu na Igreja a
consciência do dever que tem de procurar não só conter os gravíssimos abusos
com medidas disciplinares e processos civis e canónicos, mas também enfrentar
decididamente o fenómeno dentro e fora da Igreja”. Esta calamidade atinge o
centro da missão da Igreja que é “anunciar o Evangelho aos pequeninos e
protegê-los dos lobos vorazes”. Tais ofensas “são sempre a consequência do
abuso de poder, a exploração duma posição de inferioridade do indefeso abusado
que permite a manipulação da sua consciência e da sua fragilidade psicológica e
física. O abuso de poder está presente também nas outras formas de abusos de
que são vítimas quase oitenta e cinco milhões de crianças, no esquecimento
geral: as crianças-soldado, os menores prostituídos, as crianças desnutridas,
as crianças raptadas e frequentemente vítimas do monstruoso comércio de órgãos
humanos, ou então transformadas em escravos, as crianças vítimas das guerras,
as crianças refugiadas, as crianças abortadas, etc.” E mais acentua o Papa:
“assim como devemos tomar todas as medidas práticas que o bom senso, as
ciências e a sociedade nos oferecem, assim também não devemos perder de vista
esta realidade e tomar as medidas espirituais que o próprio Senhor nos ensina:
humilhação, acusação de nós mesmos, oração, penitência. É o único modo de
vencer o espírito do mal. Foi assim que Jesus o venceu”. E faz um apelo: “Faço
um sentido apelo à luta total contra os abusos de menores, tanto no campo
sexual como noutros campos, por parte de todas as autoridades e dos indivíduos,
porque se trata de crimes abomináveis que devem ser cancelados da face da
terra: pedem isto mesmo as muitas vítimas escondidas nas famílias e em vários
setores das nossas sociedades”.
As
estatísticas oferecidas pela Oms, Unicef, Interpol, Europol e outras instâncias
nacionais e internacionais, pecam por defeito, muitos casos não são
denunciados, sobretudo os cometidos no seio das famílias. Calcula-se que sejam
de 15 a 20% as vítimas de pedofilia na nossa sociedade. A nível global, em
2017, a Oms estimou num milhar de milhão os menores com idade entre 2 e 17 anos
que sofreram violências ou negligências físicas, emotivas ou sexuais. Segundo
algumas estimativas Unicef de 2014, estes abusos envolveriam mais de 120
milhões de meninas. Em 2017, a mesma organização Onu referiu que, em 38 países
do mundo de baixo e médio rédito per capita, quase 17 milhões de mulheres
adultas admitiram ter tido uma relação sexual forçada durante a infância. Na
Europa, em 2013, a Oms estimou mais de 18 milhões de abusos. Segundo a Unicef,
em 2017, em 28 países europeus, cerca de 2,5 milhões de mulheres jovens
referiram ter sofrido abusos sexuais, antes dos 15 anos. O Relatório da
Interpol sobre a exploração sexual de menores, em 2017, identifica 14.289
vítimas em 54 países europeus. Na Índia, na década 2001-2011, o Centro Asiático
de Direitos Humanos registou um total de 48.338 casos de estupros de menores,
com um aumento de 336%. Segundo um estudo à escala nacional na África do Sul,
784.967 jovens entre 15 e 17 anos já sofreram abusos sexuais, sendo as vítimas
predominantemente do sexo masculino. Na Austrália, segundo os dados
divulgados em fevereiro de 2018 e relativos aos anos 2015-2017, um milhão e
meio de mulheres referiu ter sofrido abusos físicos e/ou sexuais antes dos 15
anos, e 992.000 homens referiram ter sofrido este abuso quando eram menores. Sabe-se
que a difusão da pornografia através da internet contribui para aumentar estes
abusos, pois, segundo os dados de 2017, de 7 em 7 minutos uma página
da web envia imagens de crianças abusadas sexualmente. Os dados de
2017 da Organização Mundial de Turismo, dizem-nos que três milhões de pessoas
no mundo viagem para ter relações sexuais com um menor. As mulheres que viajam
para países em vias de desenvolvimento à procura de sexo pago com menores,
representam, no total, 10% dos turistas sexuais no mundo. (Aconselho a ler o
discurso do Papa Francisco, em 24 de fevereiro, no final do Encontro com os
Presidentes das Conferências Episcopais, de onde tirei alguns destes dados).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 22-03-2019.
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