PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 25 de março de 2019
Segunda da III semana da quaresma
Ofício da solenidade
SEGUNDA-FEIRA
da semana III
ANUNCIAÇÃO DO SENHOR – SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.
L 1 Is 7, 10-14; 8, 10; Sal 39 (40), 7-8a. 8b-9. 10. 11
L 2 Hebr 10, 4-10
Ev Lc 1, 26-38
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Às palavras do Credo «E encarnou...», deve genuflectir-se.
* Na Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciata – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários Monfortinos – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários do Verbo Divino – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Nas Congregações e Institutos da Família Paulista – Anunciação do Senhor, Titular do Instituto agregado «Nossa Senhora da Anunciação» (Anunciatinas) – SOLENIDADE
* No Instituto das Servas do Coração Imaculado de Maria – Aniversário da fundação do Instituto (1996).
* II Vésperas da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.
L 1 Is 7, 10-14; 8, 10; Sal 39 (40), 7-8a. 8b-9. 10. 11
L 2 Hebr 10, 4-10
Ev Lc 1, 26-38
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Às palavras do Credo «E encarnou...», deve genuflectir-se.
* Na Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciata – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários Monfortinos – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários do Verbo Divino – Anunciação do Senhor, Titular da Congregação – SOLENIDADE
* Nas Congregações e Institutos da Família Paulista – Anunciação do Senhor, Titular do Instituto agregado «Nossa Senhora da Anunciação» (Anunciatinas) – SOLENIDADE
* No Instituto das Servas do Coração Imaculado de Maria – Aniversário da fundação do Instituto (1996).
* II Vésperas da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
ANUNCIAÇÃO DO SENHOR
Nota
Histórica:
Deus
que no decorrer dos séculos, tinha encarregado os profetas de transmitir aos
homens a sua palavra, ao chegar a plenitude dos tempos, determina enviar-lhes o
seu próprio Filho, o seu Verbo, a Palavra feita Carne.
Contudo, o Pai das misericórdias quis que a Incarnação fosse precedida da aceitação por parte daquela que Ele predestinara para Mãe, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida» (Lumen gentium, 56).
No momento da Anunciação, através do Anjo Gabriel, Deus expõe portanto, a Maria os seus desígnios. E Maria, livre, consciente e generosamente, aceita a vontade do Senhor a seu respeito, realizando-se assim o mistério da Incarnação do Verbo. Nesse momento, com efeito, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade começa a sua existência humana. O filho de Deus faz-se Filho do Homem. O Deus Altíssimo torna-se o «Deus connosco».
Ao celebrar este mistério, precisamente nove meses antes do Natal, a Solenidade da Anunciação orienta-nos já para o Nascimento de Cristo. No entanto, a Incarnação está intimamente unida à Redenção. Por isso, as Leituras (especialmente a segunda) introduzem-nos já no Mistério da Páscoa.
Essencialmente festa do Senhor, a Anunciação não pode deixar de ser, ao mesmo tempo, uma festa perfeitamente mariana. Na verdade, foi pelo sim de Maria que a Incarnação se realizou, a nova Aliança se estabeleceu e a Redenção do mundo pecador ficou assegurada.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Hebr 10, 5.7
Ao entrar no mundo, o Senhor disse:
Eu venho, meu Deus, para fazer a vossa vontade.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus, Pai santo,
que na vossa benigna providência
quisestes que o vosso Verbo
assumisse verdadeira carne humana no seio da Virgem Maria, concedei-nos que, celebrando o nosso Redentor
como verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
mereçamos também participar da sua natureza divina.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 7, 10-14; 8, 10
«A Virgem conceberá»
Leitura do Livro de Isaías
Ao entrar no mundo, o Senhor disse:
Eu venho, meu Deus, para fazer a vossa vontade.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus, Pai santo,
que na vossa benigna providência
quisestes que o vosso Verbo
assumisse verdadeira carne humana no seio da Virgem Maria, concedei-nos que, celebrando o nosso Redentor
como verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
mereçamos também participar da sua natureza divina.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 7, 10-14; 8, 10
«A Virgem conceberá»
Leitura do Livro de Isaías
Naqueles dias,
o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem:
«Pede um sinal ao Senhor teu Deus,
quer nas profundezas do abismo,
quer lá em cima nas alturas».
Acaz respondeu:
«Não pedirei, não porei o Senhor à prova».
Então Isaías disse:
«Escutai, casa de David:
Não vos basta que andeis a molestar os homens
para quererdes também molestar o meu Deus?
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal:
a virgem conceberá e dará à luz um filho
e o seu nome será ‘Emanuel’,
porque Deus está connosco».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 39 (40), 7-8a.8b-9.10.11 (R. 8a.9a)
Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou.
De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração».
Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a vossa justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa fidelidade e salvação.
Não ocultei a vossa bondade e fidelidade
no meio da grande assembleia.
LEITURA II Hebr 10, 4-10
«No livro sagrado está escrito a meu respeito:
Eu venho, meu Deus, para fazer a tua vontade»
Leitura da Epístola aos Hebreus
Irmãos:
É impossível que o sangue de touros e cabritos
perdoe os pecados.
Por isso, ao entrar no mundo, Cristo disse:
«Não quiseste sacrifícios nem oblações,
mas formaste-Me um corpo.
Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado.
Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui;
no livro sagrado está escrito a meu respeito:
Eu venho, meu Deus, para fazer a tua vontade’».
Primeiro disse:
«Não quiseste sacrifícios nem oblações,
não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado».
E no entanto, eles são oferecidos segundo a Lei.
Depois acrescenta: «Eis-Me aqui:
Eu venho para fazer a tua vontade».
Assim aboliu o primeiro culto
para estabelecer o segundo.
É em virtude dessa vontade
que nós somos santificados
pela oblação do corpo de Jesus Cristo,
feita de uma vez para sempre.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Jo 1, 14ab
Refrão:
O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós
e nós vimos a sua glória. Refrão
EVANGELHO Lc 1, 26-38
«Conceberás e darás à luz um Filho»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José,
que era descendente de David.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo. Às palavras e encarnou ... ajoelha-se.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, os dons da vossa Igreja,
que reconhece a sua origem na Encarnação do vosso Filho
e fazei-lhe sentir a alegria de celebrar nesta solenidade
os mistérios do seu Salvador,
Por Nosso Senhor.
PREFÁCIO O mistério da Encarnação
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
por Cristo, nosso Senhor.
Pela anunciação do mensageiro celeste,
a Virgem Imaculada acolheu com fé a vossa Palavra
e, pela acção admirável do Espírito Santo,
trouxe em seu ventre com amor inefável
o Primogénito da nova humanidade,
que vinha cumprir as promessas feitas a Israel
e revelar-Se ao mundo como a esperança de todos os povos.
Por isso, com os Anjos, que adoram a vossa majestade
e exultam eternamente na vossa presença,
proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Is 7, 14
A Virgem conceberá e dará à luz um filho.
O seu nome será Emanuel, Deus connosco.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Confirmai em nós, Senhor, os mistérios da verdadeira fé,
para que, tendo proclamado que Jesus Cristo,
concebido da Virgem Maria,
é verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
cheguemos, pelo poder da sua ressurreição,
às alegrias da vida eterna.
Por Nosso Senhor.
«Maria não quer nada
para ela: quando a servimos, quando nos consagramos a ela, é para nos entregar
a Jesus para Lhe pertencermos totalmente».
Marcelino Champagnat
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS:
Rezando
a Palavra
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente. Pedes
que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes de
coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
10.00 horas: Reunião Arciprestal em Ponte do
Sor
18.00 horas: Missa na
Igreja do Espírito Santo
21.00 horas: Oração de
louvor, no Calvário
21.00 horas: reunião
da Comissão de festas de Verão e da Comissão de Pastoral permanente.
AGENDA DA SEMANA
Domingo, 24
Tolosa, às 10.15 horas:
Procissão com Imagem de Nossa Senhora das Dores
Hoje, domingo, a
procissão dos Passos começa às 16.00 horas na Igreja Matriz
Dia 25, segunda:
-
De manhã: reunião arciprestal em Ponte de Sor
-
Anunciação do Senhor – SOLENIDADE. Às 18.00 horas - Missa na Igreja do Espírito
Santo
-
Às 21.00 horas, no Calvário: oração de louvor
-
Às 21 horas, no Calvário reunião de preparação para as festas de julho
Dia 26,
terça-feira:
- Às 18.00 horas, Missa
em Alpalhão
- Às 21 horas, reunião
de catequistas no Calvário
- Às 15 horas,
Confissões em Alpalhão
Dia 27, Quarta:
-
Pardo: confissões a partir das 16.00 horas
Dia 28, Quinta:
- Às 21.00 horas: Adoração ao Santíssimo, em
Nisa
Dia 29, Sexta:
-
Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas.
-
Às 17.15 horas, devoção da via sacra na
Igreja do Espírito Santo
-
Às 17.15 horas, devoção da via sacra na
Igreja de Alpalhão
-
15-17 horas: Confissões no Cacheiro, na Falagueira e No Monte Claro
-
21.00 horas, Tolosa: Via sacra pelas ruas.
Dia 30, Sábado
-
Às 12.00 horas: Missa em Arez (antigos militares)
-
Às 15.00 horas: Missa em Salavessa
-
Às 16.00 horas: Missa em Pé da Serra
-
Às 17.00 horas: Missa no Pardo
-
Às 18.00 horas: Missa no Espírito Santo, Nisa
-
Às 18.00 horas: Missa em Alpalhão.
Dia 31 Domingo
-
Horário dos autocarros:
.
07.30 horas: Pardo
.
07.45 horas: Gáfete
.
08.00 horas: Tolosa
.
08.00 horas: Nisa: partida para Fátima, de junto do Cineteatro
- Missas:
11.00 horas em Missas em Nisa
12.00
horas em Alpalhão.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua
celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a
Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da
Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã
iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma
experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um
encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma
interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e
aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em
causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo
dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se
constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação
para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua
inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível;
tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de
relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo
essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os
valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida,
se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos
de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da
lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes
egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de
tantos sob a indiferença de outros, etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o
coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido
e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades
cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e
possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum,
da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os
caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar
por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus
tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa
fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o
exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da
partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos
legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é
necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a
Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação
da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação
com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode
interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente,
chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o
desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente,
chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação
com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave
de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para
fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e
reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão
é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e
eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja,
caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos
sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida.
Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da
nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias
do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima
da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por
caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no
caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou
doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem
e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que
pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera;
patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo,
o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras;
a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as
nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso saber,
para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também
patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma.
Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos
lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na
aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o
esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da
imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é
bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora,
reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela
realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao
encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência
pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências,
opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos,
rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias,
mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e
embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças,
presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e
lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João
Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a
Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a
integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a
humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que
estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o
pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com
alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder
da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros
(trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um
cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo
Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque
temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na
República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução
de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou
roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a
Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas
Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de
nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa
Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As
Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de
entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a
alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
EM COMUNHÃO COM O PAPA FRANCISCO
Escrevo?... Não escrevo?... Vou
escrever, mesmo que me doa. Embora nos cause mossa ouvir e ler as notícias
sobre o abuso de menores, penso que os meios de comunicação social prestaram um
grande e valioso serviço à Igreja. Tendo feito soar os alarmes, levaram a que a
Igreja se acertasse, e, mais rápida e firmemente, procurasse converter “os
erros cometidos em oportunidades para erradicar este flagelo não só do corpo da
Igreja, mas também do seio da sociedade”. Embora um só caso fosse já condenável
e motivo de alerta para ser denunciado e levar o autor à justiça, de facto,
ninguém imaginava a grandeza desta calamidade e muito menos que envolvesse
figuras de visibilidade mundial. Também fiquei surpreendido, e, com todos os
cristãos, também sinto constrangimento por isso e sofro com as vítimas que
sofreram e sofrem, mas continuo a amar esta Igreja que saiu do lado de Cristo
na Cruz e foi constituída como sinal e instrumento universal de salvação. A
Igreja sangra e chora, é verdade, é Mãe. Deseja que todos os seus filhos se
sintam irmãos e se respeitem, prestando a maior atenção aos mais pequeninos e
frágeis. A infidelidade escandalosa de alguns aliada à tendência que outros têm
de generalizar, leva à tentação de perder a sua reputação, também é verdade,
como verdade será, possivelmente, que haja quem, mesmo sendo membro da Igreja,
se regozije por a ver humilhada e a sofrer. Aqueles que a amam verdadeiramente
e, apesar das fraquezas, lhe procuram ser fiéis, sofrem e sentem-se
injustiçados como injustiçados e sofredores se sentem as vítimas. No entanto,
permanecem unidos na luta pela sua constante purificação, sem excluir, como é
evidente, a reparação e expiação por parte daqueles que geraram vítimas e
escândalos, pensando eu que eles, estando com toda a certeza a sentir uma
humilhação sem igual, também sofrem e chorarão amargamente como Pedro, saberão
avaliar a grandeza do mal feito e o sofrimento causado que, mesmo que seja
perdoado, jamais será totalmente reparado. Rezemos pelas vítimas que sofrem e
lutam por respeito e justiça. Não deixemos de rezar por quem as provocou, feriu
e humilhou para que, expiando, se convertam sem deixar de confiar na
misericórdia infinita de Deus. Rezemos uns pelos outros para que não sejamos
motivo de escândalo para ninguém e muito menos profissionais da religião e a
viver de aparências. Se a Igreja é humana, constituída por homens frágeis e
pecadores a quem Cristo, apesar de tudo, confiou a Sua própria missão, não
podemos esquecer que ela também é divina e santa em virtude da sua origem e
missão, residindo aí o seu mistério que só a fé alimentada pela Palavra, pela
graça e pela oração pode acolher, sentir e viver. Prefigurada desde as origens,
gradual e maravilhosamente preparada ao longo da história, instituída por
Cristo, publicamente manifestada no Pentecostes, ela foi por Cristo, e em Seu
nome, enviada a todas as nações para de todas fazer discípulos, expondo e
atualizando o mistério do amor de Deus pelos homens. Até que seja consumada no
fim dos tempos (cf. LG2), ela avança no cumprimento da tarefa que lhe foi
confiada, com humildade e confiança. Com êxitos e fracassos, com mais ou menos
fidelidade, santa e pecadora, ela sente-se a caminho, sempre em renovação e a
refontalizar a sua missão com a garantia da presença de Cristo que a enriquece
com os dons do Seu Espírito que a dinamiza e purifica quando ela se desvia da
rota e se esquece do para quê da sua existência. Se assim não fosse, se fosse
só humana, há muito teria acabado. Dois mil anos de história duma instituição,
com gente de todas as raças e cores, culturas e saberes, ideologias e ambições,
línguas e feitios, e das mais variadas regiões do planeta, da maneira que todos
somos tão frágeis e mesquinhos, há muito que ela teria acabado. Se ela
atravessa hoje momentos de dor, revigorar-se-á no seu verdadeiro caminho, nessa
fidelidade à aliança selada com o Sangue de Cristo. A sua lei é o mandamento
novo, o mandamento do Amor. É seu dever amar e ensinar a amar como o próprio
Cristo nos amou e ser sal da terra e luz do mundo constituindo para todos “o
mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação”.
Infelizmente, o abuso de menores é
uma chaga social transversal a todas as sociedades, em todas as culturas, por
todo o mundo. Os estudos feitos revelam que estes abusos são sobretudo cometidos
pelos pais, os parentes, os maridos de esposas-meninas, os treinadores e os
educadores. O presumível responsável pelo agravo sofrido por um menor é, em
73,7% dos casos, um progenitor: a mãe em 44,2%, o pai em 29,5%, um parente em
3,3%, um amigo em 3,2%, um conhecido em 3%, um professor em 2,5%, um estranho
adulto em 2,2%. Mas é evidente que a universalidade de tal desgraça não diminui
“a sua monstruosidade dentro da Igreja”, como afirmou o Papa Francisco, em 24
de fevereiro passado, no seu discurso de encerramento do Encontro sobre a
proteção de menores na Igreja. Antes pelo contrário: “A desumanidade do
fenómeno, a nível mundial, torna-se ainda mais grave e escandalosa na Igreja,
porque está em contraste com a sua autoridade moral e a sua credibilidade
ética”. E diz o Papa, “Quero repetir aqui claramente: ainda que na Igreja se
constatasse um único caso de abuso – o que em si já constitui uma
monstruosidade –, tratar-se-á dele com a máxima seriedade”, pois, “na ira
justificada das pessoas, a Igreja vê o reflexo da ira de Deus, traído e
esbofeteado por estes consagrados desonestos. O eco do grito silencioso dos
menores, que, em vez de encontrar neles paternidade e guias espirituais,
acharam algozes, fará abalar os corações anestesiados pela hipocrisia e o
poder. Temos o dever de ouvir atentamente este sufocado grito silencioso”. E
acrescenta: “Com humildade e coragem, devemos reconhecer que estamos perante o
mistério do mal, que se encarniça contra os mais frágeis, porque são imagem de
Jesus. É por isso que atualmente cresceu na Igreja a consciência do dever que
tem de procurar não só conter os gravíssimos abusos com medidas disciplinares e
processos civis e canónicos, mas também enfrentar decididamente o fenómeno
dentro e fora da Igreja”. Esta calamidade atinge o centro da missão da Igreja
que é “anunciar o Evangelho aos pequeninos e protegê-los dos lobos vorazes”.
Tais ofensas “são sempre a consequência do abuso de poder, a exploração duma
posição de inferioridade do indefeso abusado que permite a manipulação da sua
consciência e da sua fragilidade psicológica e física. O abuso de poder está
presente também nas outras formas de abusos de que são vítimas quase oitenta e
cinco milhões de crianças, no esquecimento geral: as crianças-soldado, os
menores prostituídos, as crianças desnutridas, as crianças raptadas e
frequentemente vítimas do monstruoso comércio de órgãos humanos, ou então
transformadas em escravos, as crianças vítimas das guerras, as crianças
refugiadas, as crianças abortadas, etc.” E mais acentua o Papa: “assim como
devemos tomar todas as medidas práticas que o bom senso, as ciências e a
sociedade nos oferecem, assim também não devemos perder de vista esta realidade
e tomar as medidas espirituais que o próprio Senhor nos ensina: humilhação, acusação
de nós mesmos, oração, penitência. É o único modo de vencer o espírito do mal.
Foi assim que Jesus o venceu”. E faz um apelo: “Faço um sentido apelo à luta
total contra os abusos de menores, tanto no campo sexual como noutros campos,
por parte de todas as autoridades e dos indivíduos, porque se trata de crimes
abomináveis que devem ser cancelados da face da terra: pedem isto mesmo as
muitas vítimas escondidas nas famílias e em vários setores das nossas
sociedades”.
As estatísticas oferecidas pela
Oms, Unicef, Interpol, Europol e outras instâncias nacionais e internacionais,
pecam por defeito, muitos casos não são denunciados, sobretudo os cometidos no
seio das famílias. Calcula-se que sejam de 15 a 20% as vítimas de pedofilia na
nossa sociedade. A nível global, em 2017, a Oms estimou num milhar de milhão os
menores com idade entre 2 e 17 anos que sofreram violências ou negligências
físicas, emotivas ou sexuais. Segundo algumas estimativas Unicef de 2014, estes
abusos envolveriam mais de 120 milhões de meninas. Em 2017, a mesma organização
Onu referiu que, em 38 países do mundo de baixo e médio rédito per capita,
quase 17 milhões de mulheres adultas admitiram ter tido uma relação sexual
forçada durante a infância. Na Europa, em 2013, a Oms estimou mais de 18
milhões de abusos. Segundo a Unicef, em 2017, em 28 países europeus, cerca de
2,5 milhões de mulheres jovens referiram ter sofrido abusos sexuais, antes dos
15 anos. O Relatório da Interpol sobre a exploração sexual de menores, em 2017,
identifica 14.289 vítimas em 54 países europeus. Na Índia, na década 2001-2011,
o Centro Asiático de Direitos Humanos registou um total de 48.338 casos de
estupros de menores, com um aumento de 336%. Segundo um estudo à escala
nacional na África do Sul, 784.967 jovens entre 15 e 17 anos já sofreram abusos
sexuais, sendo as vítimas predominantemente do sexo masculino.
Na Austrália, segundo os dados divulgados em fevereiro de 2018 e relativos
aos anos 2015-2017, um milhão e meio de mulheres referiu ter sofrido abusos
físicos e/ou sexuais antes dos 15 anos, e 992.000 homens referiram ter sofrido
este abuso quando eram menores. Sabe-se que a difusão da pornografia através da
internet contribui para aumentar estes abusos, pois, segundo os dados de 2017,
de 7 em 7 minutos uma página da web envia imagens de crianças
abusadas sexualmente. Os dados de 2017 da Organização Mundial de Turismo,
dizem-nos que três milhões de pessoas no mundo viagem para ter relações sexuais
com um menor. As mulheres que viajam para países em vias de desenvolvimento à
procura de sexo pago com menores, representam, no total, 10% dos turistas
sexuais no mundo. (Aconselho a ler o discurso do Papa Francisco, em 24 de
fevereiro, no final do Encontro com os Presidentes das Conferências Episcopais,
de onde tirei alguns destes dados).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 22-03-2019.
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