PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 19 de março de 2019
Terça da II semana da quaresma
Ofício da
solenidade
TERÇA-FEIRA
da semana II
S. JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM SANTA
MARIA
SOLENIDADE
SOLENIDADE
Branco – Ofício da solenidade. Te Deum.
Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.
L 1 2 Sam 7, 4-5a. 12-14a. 16; Sal 88 (89), 2-3. 4-5. 27 e 29.
L 2 Rom 4, 13. 16-18. 22.
Ev Mt 1, 16. 18-21. 24a ou Lc 2, 41-51a.
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* 6.º aniversário da solene inauguração do Pontificado do Papa Francisco (2013).
* Na Diocese do Porto – Aniversário da Ordenação episcopal de D. António Augusto de Oliveira Azevedo, Bispo Auxiliar (2016).
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. José Augusto Martins Fernandes Pedreira, Bispo Emérito de Viana do Castelo (1983).
* Na Ordem Agostiniana – S. José, Protector da Ordem – SOLENIDADE
* Na Congregação das Filhas de São Camilo – S. José, Padroeiro da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Irmãos Maristas, na Congregação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, na Congregação dos Missionários do Verbo Divino – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro principal das Congregações – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Missionários do Coração de Maria – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro secundário da Congregação – SOLENIDADE
* Nos Missionários Combonianos do Coração de Jesus – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro do Instituto – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro secundário da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação dos Sagrados Corações – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro da Congregação – SOLENIDADE
* Nas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados – S. José, Esposo da Virgem Santa Maria, Padroeiro principal – SOLENIDADE
* II Vésp. da solenidade – Compl. dep. II Vésp. dom.
S. JOSÉ, ESPOSO DA
VIRGEM SANTA MARIA
Nota
Histórica:
Nos
desígnios de Deus, José foi o homem escolhido para ser o pai adotivo de Jesus.
É no seio da sua família modestíssima que se realiza, com efeito, o Ministério
da Incarnação do Verbo. Intimamente unido à Virgem-Mãe e ao Salvador, José
situa-se num plano muito superior ao dos mais profundos místicos: amando Jesus,
amava o Seu Deus; toda a ternura respeitosa, com que envolvia Maria, dirigia-se
à Imaculada Mãe de Deus.
Figura perfeita do «justo» do Antigo Testamento, homem de uma fé a toda a prova, no cumprimento da sua missão, mostrará sempre uma disponibilidade total, mesmo nos acontecimentos mais desconcertantes.
Protetor providencial de Cristo, continua a sê-lo do Seu Corpo Místico. O exemplo da sua vida é sempre atual para todos quantos querem situar a sua vida na âmbito dos desígnios de salvação do Senhor.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Lc 12, 42
Este é o servo fiel e prudente,
que o Senhor pôs à frente da sua família.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso,
que na aurora dos novos tempos confiastes a São José
a guarda dos mistérios da salvação dos homens,
concedei à vossa Igreja, por sua intercessão,
a graça de os conservar fielmente
e de os realizar até à sua plenitude.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 2 Sam 7, 4-5a.12-14a.16
«O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David» (Lc 2, 32)
Leitura do Segundo Livro de Samuel
Este é o servo fiel e prudente,
que o Senhor pôs à frente da sua família.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso,
que na aurora dos novos tempos confiastes a São José
a guarda dos mistérios da salvação dos homens,
concedei à vossa Igreja, por sua intercessão,
a graça de os conservar fielmente
e de os realizar até à sua plenitude.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 2 Sam 7, 4-5a.12-14a.16
«O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David» (Lc 2, 32)
Leitura do Segundo Livro de Samuel
Naqueles dias,
o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David:
Assim fala o Senhor:
Quando chegares ao termo dos teus dias
e fores repousar com os teus pais,
estabelecerei em teu lugar um descendente que nascerá de ti
e consolidarei a tua realeza.
Ele construirá um palácio ao meu nome
e Eu consolidarei para sempre o seu trono real.
Serei para ele um pai e Ele será para Mim um filho.
A tua casa e o teu reino
permanecerão diante de Mim eternamente
e o teu trono será firme para sempre».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 88 (89), 2-3.4-5.27 e 29 (R. 37)
Refrão: A sua descendência permanecerá eternamente.
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes:
«A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.
Concluí uma aliança com o meu eleito,
fiz um juramento a David meu servo:
Conservarei a tua descendência para sempre,
estabelecerei o teu trono por todas as gerações.
Ele Me invocará: «Vós sois meu Pai,
meu Deus, meu Salvador».
Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor,
a minha aliança com ele será irrevogável.
LEITURA II Rom 4, 13.16-18.22
«Esperando contra toda a esperança»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Não foi por meio da Lei,
mas pela justiça da fé,
que se fez a Abraão ou à sua descendência
a promessa de que receberia o mundo como herança.
Portanto a herança vem pela fé,
para que seja dom gratuito de Deus
e a promessa seja válida para toda a descendência,
não só para a descendência segundo a Lei,
mas também para a descendência segundo a fé de Abraão.
Ele é o pai de todos nós, como está escrito:
«Fiz de ti o pai de muitos povos».
Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou,
o Deus que dá vida aos mortos
e chama à existência o que não existe.
Esperando contra toda a esperança,
Abraão acreditou,
tornando-se pai de muitos povos,
como lhe tinha sido dito:
«Assim será a tua descendência».
Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça».
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Salmo 83 (84), 5
Refrão: Louvor e glória a V, Jesus Cristo Senhor
Felizes os que habitam na vossa
casa, Senhor:
eles Vos louvarão pelos tempos sem fim. Refrão
Em vez deste Evangelho pode ler-se o que se lhe segue.
EVANGELHO Mt 1, 16.18-21.24a
«José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
eles Vos louvarão pelos tempos sem fim. Refrão
Em vez deste Evangelho pode ler-se o que se lhe segue.
EVANGELHO Mt 1, 16.18-21.24a
«José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Jacob gerou José, esposo de Maria,
da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua Mãe, noiva de José,
antes de terem vivido em comum,
encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não queria difamá-la,
resolveu repudiá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado,
quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor,
que lhe disse:
«José, filho de David,
não temas receber Maria, tua esposa,
pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho
e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Quando despertou do sono,
José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor.
Palavra da salvação.
Em vez do Evangelho precedente, pode ler-se o seguinte:
EVANGELHO Lc 2, 41-51a
«Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém,
pela festa da Páscoa.
Quando Ele fez doze anos,
subiram até lá, como era costume nessa festa.
Quando eles regressavam, passados os dias festivos,
o Menino Jesus ficou em Jerusalém,
sem que seus pais o soubessem.
Julgando que Ele vinha na caravana,
fizeram um dia de viagem
e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos.
Não O encontrando,
voltaram a Jerusalém, à sua procura.
Passados três dias,
encontraram-n’O no templo,
sentado no meio dos doutores,
a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas.
Todos aqueles que O ouviam
estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas.
Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados;
e sua Mãe disse-Lhe:
«Filho, porque procedeste assim connosco?
Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura».
Jesus respondeu-lhes:
«Porque Me procuráveis?
Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?».
Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse.
Jesus desceu então com eles para Nazaré
e era-lhes submisso.
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor,
a graça de servir ao vosso altar de coração puro,
imitando a dedicação e fidelidade
com que São José serviu o vosso Filho Unigénito,
nascido da Virgem Maria.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio
de São José [na solenidade]:
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 25, 21
Servo bom e fiel,
entra na alegria do teu Senhor.
Ou Mt 1, 20-21
Não temas, José:
Maria dará à luz um Filho
e tu Lhe darás o nome de Jesus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que na solenidade de São José
alimentastes a vossa família à mesa deste altar,
defendei-a sempre com a vossa protecção
e velai pelos dons que lhe concedestes.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 25, 21
Servo bom e fiel,
entra na alegria do teu Senhor.
Ou Mt 1, 20-21
Não temas, José:
Maria dará à luz um Filho
e tu Lhe darás o nome de Jesus.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor,
que na solenidade de São José
alimentastes a vossa família à mesa deste altar,
defendei-a sempre com a vossa protecção
e velai pelos dons que lhe concedestes.
Por Nosso Senhor.
.
«Confia nos sonhos porque
neles se esconde a porta da eternidade».
Khalil
Gibran
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: José era
um homem justo que, apesar da surpresa perante a gravidez de Maria, confia na
revelação que Deus lhe comunicou em sonhos, abandonando os medos e reservas
MEDITAÇÃO: O que faz parecer José justo aos olhos de Deus é a sua bondade para com Maria mesmo antes de saber a toda a verdade do que se tinha passado com ela, a sua confiança em Deus perante um acontecimento impossível, a sua humildade em aceitar a missão de acolher e proteger a Mãe de Deus na pessoas de Jesus. Como serei eu aos olhos de Deus?
ORAÇÃO: Senhor, por intercessão de São José, faz de
nós, homens e mulheres justos a teus olhos; que cresçamos em humildade e
confiança para seguir os teus caminhos, pese embora o medo e as nossas dúvidas.
AGENDA DO DIA
10.30 horas: Funeral
em Alpalhão
15.00 horas: Funeral
em Nisa – Mártir e Santo
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
18.00 horas: Missa em Tolosa
19.00 horas: Missa em Gáfete
21.00 horas: Reunião
de Cursilhistas em Amieira do Tejo.
AGENDA DA SEMANA
Avisos da semana para Nisa:
- Dia 18, segunda às 21.00 horas, no
Calvário: oração de louvor.
- Dia 19, terça – dia de S. José – dia
do Pai. Convidamos todos a rezar pelos próprios pais e todos a rezar pelas
famílias da nossa terra. Às crianças da catequese recomendamos que participem
na Missa com os pais. Mas se o não puderem fazer, que venham para rezar pelos
pais. Será o melhor presente.
- Dia 19, terça, às 21.00 horas: Reunião
dos Cursilhistas em Amieira
- Quinta, às 21.00 horas: Adoração ao
Santíssimo
- Sexta-feira o Calvário estará aberto das
09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, reza-se a via sacra na Igreja
do Espírito Santo.
- Sábado, dia 23, às 21.00 horas:
Vigília de oração promovida pelos jovens para toda a comunidade paroquial
- Domingo, às 16.00 horas, solene
procissão dos Passos
Outros assuntos:
- Nos dias 26 a 28 de abril próximo,
realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens. Contamos com cerca de 50 jovens.
Pedimos famílias que possam albergar algum dos jovens para dormir que vá pensando neste gesto de partilha. O
modo de acolher vai sendo anunciado. A folha de inscrição está disponível junto
da Dona Ludovina e na Casa paroquial.
- As confissões gerais serão para todos
no dia 5 de abril, às 21.00 horas na Igreja Matriz.
Horários de
funcionamento/atendimento:
- Cáritas: Atendimento às terças, das
15.00 às 17.00 horas, na sua sede
- Conferência Vicentina: Reunião:
segundas às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a
vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação
cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas
vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que
provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros
e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito
euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer
crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos
chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
QUE A PARÓQUIA SE REVEJA E CUIDE
Tiago
Freitas, jovem Padre da Arquidiocese de Braga, defendeu tese de doutoramento na
Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, com um trabalho já publicado pela
Paulinas Editora, e a que deu o título de “Colégio de Paróquias – A paróquia em
tempos de mobilidade”. Servindo-me apenas do V Capítulo, pretendo aguçar o
apetite para que, sendo lido pelos agentes da pastoral, possa provocar o debate
e, se possível, abrir algumas pistas de ação. A pastoral nunca foi fácil. Nos
nossos tempos também o não é, mesmo nas paróquias rurais. Não sabendo bem o que
fazer e como fazer, todos reconhecemos que a pastoral tem de ser diferente. O
Santo Padre, sugerindo-nos algumas pistas, não se cansa de nos apelar à
conversão pastoral, dizendo-nos que não podemos deixar as coisas como estão
(EG25). Tudo o que vai aparecendo, pois, como fruto de estudo e de reflexão
aturada, e com rosto de novidade, é bom que seja apreciado para, se possível,
ajudar a encontrar novos caminhos e melhores práticas.
É
verdade que o fenómeno da mobilidade atinge o ser humano e as culturas na sua
globalidade. E já não há só mobilidade, há mobilidades. Uma moldura de crenças,
valores, premissas e técnicas partilhadas pela comunidade oferecem valiosas
chaves de leitura. Os fenómenos sociais, culturais e religiosos são
transversais à sociedade. Neste mundo assim em mudança e com a mudança sempre a
mudar, uma paróquia, mesmo que crave os pés no chão em jeito de solene teimosia
do daqui não saio daqui ninguém me tira, não se safa, não se pode renovar pensando
e fazendo bem ou melhor aquilo que sempre fez. Os contextos mudaram, a
mobilidade social aumenta, as figuras institucionais de referência
enfraqueceram, a mobilidade cultural não deixa de acontecer, a mobilidade
territorial está cada vez mais facilitada, o êxodo das aldeias para as cidades
é constante, as fronteiras geográficas quase se desvaneceram, toda a gente anda
por aí a correr para chegar quase sempre tarde ... Em face disso, a paróquia
territorial também não pode amuar face aos discursos que há muito se ouvem
sobre a importância dos lugares antropológicos. Nesta aldeia global, os crentes
cruzam-se e confrontam-se com o agnosticismo, o ateísmo, a diversidade de
espiritualidades e com formas individualizadas de viver a fé. E surge uma nova
imagem de crente, um crente que se contrapõe ao praticante regular, um crente
que crê sem pertencer. Um crente com frequência esporádica, com um itinerário
de fé que tem como base elementos de outras religiões ou de filosofias de vida,
um crente capaz de não se sentir igreja, mas que vem à Igreja reclamar isto ou
aquilo. Por estudos feitos, e a título de exemplo, aqueles americanos que se
identificam a si como “não-crentes” declaram, por isto ou aquilo, que acreditam
na existência de Deus e acabam por ser mais religiosos do que alguns cidadãos
da União Europeia que se identificam com grupos religiosos. E vamos lá nós
entender isto...
Por
isto e muito mais, a paróquia tem de ser rever e cuidar, tem de ser “a presença
qualificada, próxima e ministerial da igreja em lugares de particular relevo
antropológico e espiritual para, de modo ágil e estável, atingir as periferias
humanas e anunciar Cristo”. Segundo o autor: “um hospital, uma escola, uma
igreja ou um local de culto são, todos eles, paróquias”. Paróquias onde a
comunidade cristã se constitua como um espaço de densidade humana e espiritual,
onde se promova uma experiência de afeto e de renovação, onde se produza um
efeito de abertura ao transcendente e de encontro com Deus, onde se faça a
experiência da fraternidade, onde se ativem itinerários pedagógicos e
espirituais que favoreçam a autenticidade da paróquia, onde se respeite o
itinerário de fé e maturidade humana de cada cristão, onde haja abertura aos
diferentes graus de compromisso e de interesse das pessoas, onde se possa
implementar uma pastoral de gestação, isto é, uma pastoral de transmissão, de
enquadramento, de acolhimento e proximidade, de proposta e de iniciação, de
rosto materno, de boa comunicação da verdade, da mensagem com sentido e
presença, em que se faz memória do que se recebeu de Deus e dos outros.
Tiago
Freitas apresenta a figura de Colégio de Paróquias como um modelo misto, um
modelo que salvaguarda três condições: a existência e integração de pequenos
grupos de vida cristã na realidade paroquial; a atenção ao grande número de
cristãos anónimos que procuram a paróquia para os sacramentos e acompanhamento
espiritual; a criação de espaços e tempos para os cristãos flutuantes, aqueles
que, pontual e periodicamente, sentem necessidade de itinerários espirituais.
Segundo ele, este modelo fomenta a estabilidade em tempo de mudança, gera
vínculos de afeto, de proximidade, de relações humanas de qualidade, de
comunhão, favorece a conversão pastoral, reconhece, respeita e abraça a
existência de itinerários poliédricos de fé, foge aos percursos pré-formatados
e anónimos, olha para o território como um lugar de sentido, não
necessariamente geográfico, um lugar de presença significativa nos momentos e
espaços onde o amor de Deus precisa de chegar. Tempo e espaço são lugares
teológicos, lugares de presença eclesial e divina. Neste modelo, Sacerdotes e
leigos partilham de forma mais atenta das prerrogativas cristológicas de serem
sacerdotes, profetas e reis pelo batismo. O específico do sacerdote ministerial,
do Padre, não é o governo da paróquia, é o ministério da presidência, é
oferecer a sua vida pelas ovelhas, acompanhá-las, defendê-las, conduzi-las a
boas pastagens, abrindo cada vez mais e melhor as portas à corresponsabilidade
e à participação, à colegialidade, para que se atinjam os vários ambientes de
vida e serviços eclesiais com a necessária profundidade. O discernimento para
ser pastor e guia é um ato comunitário de memória pascal, realizado
corresponsavelmente, para edificação da comunidade.
Tiago
Fretas e Juan Ambrósio, ambos Professores na Universidade Católica, estarão
connosco na Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana, desta
vez na vila de Mação, e sob o tema: “Comunidades Cristãs e Ação Social – O
Desafio da Proximidade”.
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 15-03-2019.
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