PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 21 de março de 2019
Quinta da II semana da quaresma
Ofício da féria – II Semana
QUINTA-FEIRA da semana
II
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jer 17, 5-10; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6
Ev Lc 16, 19-31
* Na Arquidiocese de Braga (Basílica de S. Bento da Porta Aberta) – Aniversário da Basílica de S. Bento da Porta Aberta – SOLENIDADE
* Na Diocese de Bragança-Miranda – Pode celebrar-se a memória do Trânsito de S. Bento, abade, Padroeiro da Diocese
* Na Ordem Beneditina – Trânsito do Patriarca S. Bento, abade FESTA
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jer 17, 5-10; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6
Ev Lc 16, 19-31
* Na Arquidiocese de Braga (Basílica de S. Bento da Porta Aberta) – Aniversário da Basílica de S. Bento da Porta Aberta – SOLENIDADE
* Na Diocese de Bragança-Miranda – Pode celebrar-se a memória do Trânsito de S. Bento, abade, Padroeiro da Diocese
* Na Ordem Beneditina – Trânsito do Patriarca S. Bento, abade FESTA
Missa
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo, 138,
23-24
Sondai-me, Senhor, e conhecei os meus pensamentos. Vede que não ande por maus caminhos. Conduzi-me pelo caminho da eternidade.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, Pai santo, que amais a inocência e a restituís aos que a perderam, dirigi para Vós os corações dos vossos servos pelo fervor do Espírito Santo, para que sejam firmes na fé e eficientes nas boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jer 17, 5-10
«Maldito quem confia no homem.
Bendito quem confia no Senhor»
. Em vão o tenterá, se o não fez à luz de Deus.
Leitura do Livro de Jeremias
Sondai-me, Senhor, e conhecei os meus pensamentos. Vede que não ande por maus caminhos. Conduzi-me pelo caminho da eternidade.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, Pai santo, que amais a inocência e a restituís aos que a perderam, dirigi para Vós os corações dos vossos servos pelo fervor do Espírito Santo, para que sejam firmes na fé e eficientes nas boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jer 17, 5-10
«Maldito quem confia no homem.
Bendito quem confia no Senhor»
. Em vão o tenterá, se o não fez à luz de Deus.
Leitura do Livro de Jeremias
Assim fala o Senhor: «Maldito o homem que confia no homem e põe na carne a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será como o cardo na estepe, que nem percebe quando chega a felicidade; habitará na aridez do deserto, terra salobre e inóspita. Bendito o homem que confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da água, que estende as raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de produzir os seus frutos. O coração é o que há de mais astucioso e incorrigível. Quem o pode entender? Posso Eu, que sou o Senhor: penetro os corações, sondo os mais íntimos sentimentos, para retribuir a cada um segundo o seu caminho, conforme o fruto das suas obras».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 1, 1-2.3.4.6 (R. Salmo 39, 5a)
Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor. Repete-se
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite. Refrão
É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido. Refrão
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Lc 8, 15
Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. Repete-se
Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus
com coração nobre e generoso
e produzem fruto pela perseverança. Refrão
EVANGELHO Lc 16, 19-31
«Recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males.
Agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias. Um pobre chamado Lázaro jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava ele saciar-se com os restos caídos da mesa do rico; mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado. Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’. Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que, se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo’. O rico exclamou: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’. Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’. Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, por este sacrifício, a nossa observância quaresmal, de modo que a prática exterior da penitência nos leve à conversão interior do espírito. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 118, 1
Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Este santo sacrifício, Senhor, permaneça em todas as nossas acções e se confirme no fruto das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Vou viver no céu
fazendo o bem na terra».
Santa Terezinha do Menino Jesus
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Jer
17, 5-10: Temos hoje uma liturgia de tipo sapiencial: procura
ela ajudar-nos a descobrir a verdadeira sabedoria, a que nos ensina a encontrar
o caminho da vida e da salvação. Quem nos salvará? E cada um responde com
aquilo em que põe a sua confiança. Jeremias ensina que é a força de Deus e não
o poder humano quem pode salvar, embora o coração humano, “o que há de mais
astucioso e incorrigível”, tente encontrar nos seus sentimentos mais íntimos a
resposta para as suas interrogações. Em vão o tenterá, se o não fez à luz de
Deus.
Lc
16, 19-31: Agora, no Novo Testamento, o Evangelho
dá-nos o exemplo de um homem que não soube deixar-se conduzir pela sabedoria,
antes pôs a sua esperança nas riquezas! Mas Deus, a quem está patente o coração
de todos os homens, com a sua palavra, fonte de graça, vai-nos dando a
sabedoria da vida. É essa sabedoria que conduz os catecúmenos às fontes batismais
e que aos já batizados vai guiando na fidelidade ao Batismo já recebido, de
sorte que, de uns e outros, se poderá dizer na semana da Páscoa: “Deu-lhes a
beber a água da sabedoria”. (Ant. de entrada da 3ª feira).
Rezando a Palavra
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente. Pedes
que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes de
coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
18.00 horas: Missa em
Nisa
21.00 horas: Adoração ao Santíssimo
21.30 horas: Reunião na Casa Paroquial
21.00 horas: Adoração ao Santíssimo
21.30 horas: Reunião na Casa Paroquial
AGENDA DA SEMANA
Avisos da semana para
Nisa:
- Dia 18, segunda às
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.
- Dia 19, terça – dia
de S. José – dia do Pai. Convidamos todos a rezar pelos próprios pais e todos a
rezar pelas famílias da nossa terra. Às crianças da catequese recomendamos que
participem na Missa com os pais. Mas se o não puderem fazer, que venham para
rezar pelos pais. Será o melhor presente.
- Dia 19, terça, às
21.00 horas: Reunião dos Cursilhistas em Amieira
- Quinta, às 21.00
horas: Adoração ao Santíssimo
- Sexta-feira o
Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas,
reza-se a via sacra na Igreja do Espírito Santo.
- Sábado, dia 23, às
21.00 horas: Vigília de oração promovida pelos jovens para toda a comunidade
paroquial
- Domingo, às 16.00
horas, solene procissão dos Passos
Outros assuntos:
- Nos dias 26 a 28 de
abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens. Contamos com cerca
de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos jovens para
dormir que vá pensando neste gesto de partilha. O modo de acolher
vai sendo anunciado. A folha de inscrição está disponível junto da Dona
Ludovina e na Casa paroquial.
- As confissões gerais
serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas na Igreja Matriz.
Horários de
funcionamento/atendimento:
- Cáritas: Atendimento
às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede
- Conferência
Vicentina: Reunião: segundas às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a
vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação
cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas
vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que
provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros
e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações
desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades corporais:
para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que
serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito
euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer
crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos
chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
QUE A PARÓQUIA SE REVEJA E CUIDE
Tiago Freitas, jovem
Padre da Arquidiocese de Braga, defendeu tese de doutoramento na Pontifícia
Universidade Lateranense, em Roma, com um trabalho já publicado pela Paulinas
Editora, e a que deu o título de “Colégio de Paróquias – A paróquia em tempos
de mobilidade”. Servindo-me apenas do V Capítulo, pretendo aguçar o apetite
para que, sendo lido pelos agentes da pastoral, possa provocar o debate e, se
possível, abrir algumas pistas de ação. A pastoral nunca foi fácil. Nos nossos
tempos também o não é, mesmo nas paróquias rurais. Não sabendo bem o que fazer
e como fazer, todos reconhecemos que a pastoral tem de ser diferente. O Santo
Padre, sugerindo-nos algumas pistas, não se cansa de nos apelar à conversão
pastoral, dizendo-nos que não podemos deixar as coisas como estão (EG25). Tudo
o que vai aparecendo, pois, como fruto de estudo e de reflexão aturada, e com
rosto de novidade, é bom que seja apreciado para, se possível, ajudar a
encontrar novos caminhos e melhores práticas.
É verdade que o
fenómeno da mobilidade atinge o ser humano e as culturas na sua globalidade. E
já não há só mobilidade, há mobilidades. Uma moldura de crenças, valores,
premissas e técnicas partilhadas pela comunidade oferecem valiosas chaves de
leitura. Os fenómenos sociais, culturais e religiosos são transversais à
sociedade. Neste mundo assim em mudança e com a mudança sempre a mudar, uma
paróquia, mesmo que crave os pés no chão em jeito de solene teimosia do daqui
não saio daqui ninguém me tira, não se safa, não se pode renovar pensando e
fazendo bem ou melhor aquilo que sempre fez. Os contextos mudaram, a mobilidade
social aumenta, as figuras institucionais de referência enfraqueceram, a
mobilidade cultural não deixa de acontecer, a mobilidade territorial está cada
vez mais facilitada, o êxodo das aldeias para as cidades é constante, as
fronteiras geográficas quase se desvaneceram, toda a gente anda por aí a correr
para chegar quase sempre tarde ... Em face disso, a paróquia territorial também
não pode amuar face aos discursos que há muito se ouvem sobre a importância dos
lugares antropológicos. Nesta aldeia global, os crentes cruzam-se e
confrontam-se com o agnosticismo, o ateísmo, a diversidade de espiritualidades
e com formas individualizadas de viver a fé. E surge uma nova imagem de crente,
um crente que se contrapõe ao praticante regular, um crente que crê sem
pertencer. Um crente com frequência esporádica, com um itinerário de fé que tem
como base elementos de outras religiões ou de filosofias de vida, um crente
capaz de não se sentir igreja, mas que vem à Igreja reclamar isto ou aquilo.
Por estudos feitos, e a título de exemplo, aqueles americanos que se
identificam a si como “não-crentes” declaram, por isto ou aquilo, que acreditam
na existência de Deus e acabam por ser mais religiosos do que alguns cidadãos
da União Europeia que se identificam com grupos religiosos. E vamos lá nós
entender isto...
Por isto e muito mais,
a paróquia tem de ser rever e cuidar, tem de ser “a presença qualificada,
próxima e ministerial da igreja em lugares de particular relevo antropológico e
espiritual para, de modo ágil e estável, atingir as periferias humanas e
anunciar Cristo”. Segundo o autor: “um hospital, uma escola, uma igreja ou um
local de culto são, todos eles, paróquias”. Paróquias onde a comunidade cristã
se constitua como um espaço de densidade humana e espiritual, onde se promova
uma experiência de afeto e de renovação, onde se produza um efeito de abertura
ao transcendente e de encontro com Deus, onde se faça a experiência da
fraternidade, onde se ativem itinerários pedagógicos e espirituais que favoreçam
a autenticidade da paróquia, onde se respeite o itinerário de fé e maturidade
humana de cada cristão, onde haja abertura aos diferentes graus de compromisso
e de interesse das pessoas, onde se possa implementar uma pastoral de gestação,
isto é, uma pastoral de transmissão, de enquadramento, de acolhimento e
proximidade, de proposta e de iniciação, de rosto materno, de boa comunicação
da verdade, da mensagem com sentido e presença, em que se faz memória do que se
recebeu de Deus e dos outros.
Tiago Freitas
apresenta a figura de Colégio de Paróquias como um modelo misto, um modelo que
salvaguarda três condições: a existência e integração de pequenos grupos de
vida cristã na realidade paroquial; a atenção ao grande número de cristãos
anónimos que procuram a paróquia para os sacramentos e acompanhamento
espiritual; a criação de espaços e tempos para os cristãos flutuantes, aqueles
que, pontual e periodicamente, sentem necessidade de itinerários espirituais.
Segundo ele, este modelo fomenta a estabilidade em tempo de mudança, gera
vínculos de afeto, de proximidade, de relações humanas de qualidade, de
comunhão, favorece a conversão pastoral, reconhece, respeita e abraça a
existência de itinerários poliédricos de fé, foge aos percursos pré-formatados e
anónimos, olha para o território como um lugar de sentido, não necessariamente
geográfico, um lugar de presença significativa nos momentos e espaços onde o
amor de Deus precisa de chegar. Tempo e espaço são lugares teológicos, lugares
de presença eclesial e divina. Neste modelo, Sacerdotes e leigos partilham de
forma mais atenta das prerrogativas cristológicas de serem sacerdotes, profetas
e reis pelo batismo. O específico do sacerdote ministerial, do Padre, não é o
governo da paróquia, é o ministério da presidência, é oferecer a sua vida pelas
ovelhas, acompanhá-las, defendê-las, conduzi-las a boas pastagens, abrindo cada
vez mais e melhor as portas à corresponsabilidade e à participação, à
colegialidade, para que se atinjam os vários ambientes de vida e serviços
eclesiais com a necessária profundidade. O discernimento para ser pastor e guia
é um ato comunitário de memória pascal, realizado corresponsavelmente, para
edificação da comunidade.
Tiago Fretas e Juan Ambrósio,
ambos Professores na Universidade Católica, estarão connosco na Assembleia
Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana, desta vez na vila de Mação, e
sob o tema: “Comunidades Cristãs e Ação Social – O Desafio da Proximidade”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 15-03-2019.
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