domingo, 17 de março de 2019





PARÓQUIAS DE NISA



Segunda, 18 de março de 2019













Segunda da II semana da quaresma

Ofício da féria – II semana








SEGUNDA-FEIRA da semana II

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.

L 1 Dan 9, 4b-10; Sal 78 (79), 8. 9. 11. 13
Ev Lc 6, 36-38


* Pode celebrar-se a memória de S. Cirilo de Jerusalém, bispo e doutor da Igreja
* I Vésp. de S. José, Esposo da Virgem Santa Maria – Compl. dep. I Vésp. dom.




MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 25, 11-12
Salvai-me, Senhor, e tende piedade de mim. Os meus pés seguem o caminho recto. Nas assembleias bendirei o Senhor.


ORAÇÃO COLECTA
Deus de infinita misericórdia, que nos ordenais a penitência do corpo para remédio do espírito, concedei que possamos evitar todo o pecado e cumprir fielmente as exigências da vossa lei. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Dan 9, 4b-10
«Pecámos, cometemos injustiças e iniquidades»


De novo, uma liturgia penitencial, que não é de estranhar neste tempo. Penitencial não quer dizer triste; quer dizer antes denúncia do pecado, chamamento à conversão, anúncio do perdão e da misericórdia do Pai. O primeiro passo na conversão é o reconhecimento, diante de Deus, da situação de pecador. E logo surge a oração humilde e confiante de quem pede o perdão, como a de Daniel, o cativo da Babilónia.

Leitura da Profecia de Daniel

Senhor, Deus grande e terrível, que sois fiel à aliança e à misericórdia para com os que Vos amam e observam os vossos mandamentos! Nós pecámos, cometemos injustiças e iniquidades, fomos rebeldes, afastando-nos dos vossos mandamentos e preceitos. Não escutámos os profetas, vossos servos, que em vosso nome falavam aos nossos reis, aos nossos chefes e antepassados e a todo o povo da nação. Em Vós, Senhor, está a justiça; em nós recai a vergonha que sentimos no rosto, como sucede neste dia aos homens de Judá, aos habitantes de Jerusalém e a todo o Israel, aos que estão perto e aos que estão longe, em todos os países para onde os dispersastes por causa das infidelidades que contra Vós cometeram. Sobre nós, Senhor, recai a vergonha que sentimos no rosto, sobre os nossos reis, chefes e antepassados, porque pecámos contra Vós. No Senhor, nosso Deus, está a misericórdia e o perdão, porque nos revoltámos contra Ele e não escutámos a voz do Senhor, nosso Deus, seguindo as leis que nos dava por meio dos profetas, seus servos.

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 78 (79), 8.9.11.13 (R. Salmo 102, 10a)
Refrão: Não nos julgueis, Senhor, pelos nossos pecados. Repete-se


Não recordeis, Senhor, contra nós
as culpas dos nossos pais.
Corra ao nosso encontro a vossa misericórdia,
porque somos tão miseráveis. Refrão


Ajudai-nos, ó Deus, nosso salvador,
para glória do vosso nome.
Salvai-nos e perdoai os nossos pecados,
para glória do vosso nome. Refrão


Chegue à vossa presença, Senhor,
o gemido dos cativos;
pela omnipotência do vosso braço,
libertai os condenados à morte. Refrão


E nós, vosso povo,
ovelhas do vosso rebanho,
louvar-Vos-emos para sempre
e de geração em geração cantaremos a vossa glória. Refrão


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Jo 6, 63c.68c
Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se

As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida:
Vós tendes palavras de vida eterna. Refrão


EVANGELHO Lc 6, 36-38
«Perdoai e sereis perdoados»


O homem, feito em santidade à imagem de Deus, também agora, ao suplicar o perdão de seus pecados, há-de imitar o Pai das misericórdias, há de perdoar a quem o ofendeu, como numa cadeia de amor, de Deus ao pecador, deste ao seu irmão.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».

Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Atendei, Senhor, as nossas súplicas e livrai das seduções terrenas aqueles a quem destes a graça de celebrar os mistérios celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Quaresma


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lc. 6, 36
Sede misericordiosos,
como o vosso Pai celeste é misericordioso, diz o Senhor.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Senhor, que esta comunhão nos purifique do pecado e nos torne participantes da alegria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo
.






«Quem é feliz fará felizes os outros».

Anne Frank




ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia


1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra



LEITURA:  Dan 9, 4b-10: De novo, uma liturgia penitencial, que não é de estranhar neste tempo. Penitencial não quer dizer triste; quer dizer antes denúncia do pecado, chamamento à conversão, anúncio do perdão e da misericórdia do Pai. O primeiro passo na conversão é o reconhecimento, diante de Deus, da situação de pecador. E logo surge a oração humilde e confiante de quem pede o perdão, como a de Daniel, o cativo da Babilónia.

Lc 6, 36-38: O homem, feito em santidade à imagem de Deus, também agora, ao suplicar o perdão de seus pecados, há-de imitar o Pai das misericórdias, há de perdoar a quem o ofendeu, como numa cadeia de amor, de Deus ao pecador, deste ao seu irmão.

MEDITAÇÃO:


ORAÇÃO: Senhor, reconheço que a Igreja não é obra de homens. Tu mesmo o disseste a Pedro: fundarei a minha Igreja. Obrigado por poder viver nela, acreditar nela e poder testemunhá-la entre os meus irmãos.






AGENDA DO DIA


09.30 horas: Funeral em Montalvão
21.00 horas: No Calvário – Oração de louvor.


AGENDA DA SEMANA

Avisos da semana para Nisa:

- Dia 18, segunda às 21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.

- Dia 19, terça – dia de S. José – dia do Pai. Convidamos todos a rezar pelos próprios pais e todos a rezar pelas famílias da nossa terra. Às crianças da catequese recomendamos que participem na Missa com os pais. Mas se o não puderem fazer, que venham para rezar pelos pais. Será o melhor presente.

- Dia 19, terça, às 21.00 horas: Reunião dos Cursilhistas em Amieira

- Quinta, às 21.00 horas: Adoração ao Santíssimo

- Sexta-feira o Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, reza-se a via sacra na Igreja do Espírito Santo.

- Sábado, dia 23, às 21.00 horas: Vigília de oração promovida pelos jovens para toda a comunidade paroquial

- Domingo, às 16.00 horas, solene procissão dos Passos

Outros assuntos:
- Nos dias 26 a 28 de abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens. Contamos com cerca de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos jovens para dormir  que vá pensando neste gesto de partilha. O modo de acolher vai sendo anunciado. A folha de inscrição está disponível junto da Dona Ludovina e na Casa paroquial.

- As confissões gerais serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas na Igreja Matriz.

Horários de funcionamento/atendimento:

- Cáritas: Atendimento às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede

- Conferência Vicentina: Reunião: segundas às 16.00 horas, na sua sede.




A VOZ DO PASTOR



QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA


A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.

Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros, etc…

Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.

Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.

Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente, chamamos “Fé”.

Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.

Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.

No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.

No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?

No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.

Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.

O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.

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Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.

Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.

II.


QUE A PARÓQUIA SE REVEJA E CUIDE

Tiago Freitas, jovem Padre da Arquidiocese de Braga, defendeu tese de doutoramento na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, com um trabalho já publicado pela Paulinas Editora, e a que deu o título de “Colégio de Paróquias – A paróquia em tempos de mobilidade”. Servindo-me apenas do V Capítulo, pretendo aguçar o apetite para que, sendo lido pelos agentes da pastoral, possa provocar o debate e, se possível, abrir algumas pistas de ação. A pastoral nunca foi fácil. Nos nossos tempos também o não é, mesmo nas paróquias rurais. Não sabendo bem o que fazer e como fazer, todos reconhecemos que a pastoral tem de ser diferente. O Santo Padre, sugerindo-nos algumas pistas, não se cansa de nos apelar à conversão pastoral, dizendo-nos que não podemos deixar as coisas como estão (EG25). Tudo o que vai aparecendo, pois, como fruto de estudo e de reflexão aturada, e com rosto de novidade, é bom que seja apreciado para, se possível, ajudar a encontrar novos caminhos e melhores práticas.

É verdade que o fenómeno da mobilidade atinge o ser humano e as culturas na sua globalidade. E já não há só mobilidade, há mobilidades. Uma moldura de crenças, valores, premissas e técnicas partilhadas pela comunidade oferecem valiosas chaves de leitura. Os fenómenos sociais, culturais e religiosos são transversais à sociedade. Neste mundo assim em mudança e com a mudança sempre a mudar, uma paróquia, mesmo que crave os pés no chão em jeito de solene teimosia do daqui não saio daqui ninguém me tira, não se safa, não se pode renovar pensando e fazendo bem ou melhor aquilo que sempre fez. Os contextos mudaram, a mobilidade social aumenta, as figuras institucionais de referência enfraqueceram, a mobilidade cultural não deixa de acontecer, a mobilidade territorial está cada vez mais facilitada, o êxodo das aldeias para as cidades é constante, as fronteiras geográficas quase se desvaneceram, toda a gente anda por aí a correr para chegar quase sempre tarde ... Em face disso, a paróquia territorial também não pode amuar face aos discursos que há muito se ouvem sobre a importância dos lugares antropológicos. Nesta aldeia global, os crentes cruzam-se e confrontam-se com o agnosticismo, o ateísmo, a diversidade de espiritualidades e com formas individualizadas de viver a fé. E surge uma nova imagem de crente, um crente que se contrapõe ao praticante regular, um crente que crê sem pertencer. Um crente com frequência esporádica, com um itinerário de fé que tem como base elementos de outras religiões ou de filosofias de vida, um crente capaz de não se sentir igreja, mas que vem à Igreja reclamar isto ou aquilo. Por estudos feitos, e a título de exemplo, aqueles americanos que se identificam a si como “não-crentes” declaram, por isto ou aquilo, que acreditam na existência de Deus e acabam por ser mais religiosos do que alguns cidadãos da União Europeia que se identificam com grupos religiosos. E vamos lá nós entender isto...

Por isto e muito mais, a paróquia tem de ser rever e cuidar, tem de ser “a presença qualificada, próxima e ministerial da igreja em lugares de particular relevo antropológico e espiritual para, de modo ágil e estável, atingir as periferias humanas e anunciar Cristo”. Segundo o autor: “um hospital, uma escola, uma igreja ou um local de culto são, todos eles, paróquias”. Paróquias onde a comunidade cristã se constitua como um espaço de densidade humana e espiritual, onde se promova uma experiência de afeto e de renovação, onde se produza um efeito de abertura ao transcendente e de encontro com Deus, onde se faça a experiência da fraternidade, onde se ativem itinerários pedagógicos e espirituais que favoreçam a autenticidade da paróquia, onde se respeite o itinerário de fé e maturidade humana de cada cristão, onde haja abertura aos diferentes graus de compromisso e de interesse das pessoas, onde se possa implementar uma pastoral de gestação, isto é, uma pastoral de transmissão, de enquadramento, de acolhimento e proximidade, de proposta e de iniciação, de rosto materno, de boa comunicação da verdade, da mensagem com sentido e presença, em que se faz memória do que se recebeu de Deus e dos outros.

Tiago Freitas apresenta a figura de Colégio de Paróquias como um modelo misto, um modelo que salvaguarda três condições: a existência e integração de pequenos grupos de vida cristã na realidade paroquial; a atenção ao grande número de cristãos anónimos que procuram a paróquia para os sacramentos e acompanhamento espiritual; a criação de espaços e tempos para os cristãos flutuantes, aqueles que, pontual e periodicamente, sentem necessidade de itinerários espirituais. Segundo ele, este modelo fomenta a estabilidade em tempo de mudança, gera vínculos de afeto, de proximidade, de relações humanas de qualidade, de comunhão, favorece a conversão pastoral, reconhece, respeita e abraça a existência de itinerários poliédricos de fé, foge aos percursos pré-formatados e anónimos, olha para o território como um lugar de sentido, não necessariamente geográfico, um lugar de presença significativa nos momentos e espaços onde o amor de Deus precisa de chegar. Tempo e espaço são lugares teológicos, lugares de presença eclesial e divina. Neste modelo, Sacerdotes e leigos partilham de forma mais atenta das prerrogativas cristológicas de serem sacerdotes, profetas e reis pelo batismo. O específico do sacerdote ministerial, do Padre, não é o governo da paróquia, é o ministério da presidência, é oferecer a sua vida pelas ovelhas, acompanhá-las, defendê-las, conduzi-las a boas pastagens, abrindo cada vez mais e melhor as portas à corresponsabilidade e à participação, à colegialidade, para que se atinjam os vários ambientes de vida e serviços eclesiais com a necessária profundidade. O discernimento para ser pastor e guia é um ato comunitário de memória pascal, realizado corresponsavelmente, para edificação da comunidade.

Tiago Fretas e Juan Ambrósio, ambos Professores na Universidade Católica, estarão connosco na Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana, desta vez na vila de Mação, e sob o tema: “Comunidades Cristãs e Ação Social – O Desafio da Proximidade”.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 15-03-2019.





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