PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 14 de março de 2019
Quinta da I semana quaresma
Ofício da féria – I semana
QUINTA-FEIRA da semana
I
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Est 4, 17. n. p-r. aa-bb. gg-hh; Sal 137 (138), 1-2a. 2bc-3. 7c-8
Ev Mt 7, 7-12
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Est 4, 17. n. p-r. aa-bb. gg-hh; Sal 137 (138), 1-2a. 2bc-3. 7c-8
Ev Mt 7, 7-12
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 5, 2-3
Ouvi, Senhor, as minhas palavras, atendei o meu clamor.
Escutai a voz da minha súplica,
ó meu Rei e meu Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Senhor, a graça de pensar sempre o que é recto e de o pôr em prática com diligência; e, porque não podemos existir sem Vós, fazei-nos viver segundo a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Est 4, 17 n. p-r. aa-bb.gg-hh
«Não tenho outro auxílio senão Vós, Senhor»
Leitura do Livro de Ester
Ouvi, Senhor, as minhas palavras, atendei o meu clamor.
Escutai a voz da minha súplica,
ó meu Rei e meu Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Senhor, a graça de pensar sempre o que é recto e de o pôr em prática com diligência; e, porque não podemos existir sem Vós, fazei-nos viver segundo a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Est 4, 17 n. p-r. aa-bb.gg-hh
«Não tenho outro auxílio senão Vós, Senhor»
Leitura do Livro de Ester
Naqueles dias, a rainha Ester, tomada de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor e fez esta súplica ao Senhor, Deus de Israel: «Meu Senhor, nosso único Rei, vinde socorrer-me, porque estou só e não tenho outro auxílio senão Vós e corre perigo a minha vida. Desde criança, ouvi dizer na minha tribo paterna que Vós, Senhor, escolhestes Israel entre todos os povos e os nossos pais entre os seus antepassados, para serem a vossa herança perpétua, e cumpristes tudo o que lhes tínheis prometido. Lembrai-Vos de nós, Senhor, e manifestai-Vos no dia da nossa tribulação. Fortalecei-me, Rei dos deuses e Senhor dos poderosos. Ponde em meus lábios palavras harmoniosas, quando estiver na presença do leão, e mudai o seu coração, para que deteste o nosso inimigo e o arruíne com todos os seus cúmplices. Livrai-nos com a vossa mão; vinde socorrer-me no meu abandono, porque não tenho ninguém senão Vós, Senhor».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 137 (138), 1-2a.2bc-3.7c-8 (R. 3a)
Refrão: Quando Vos invoco,
sempre me atendeis, Senhor. Repete-se
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos hei-de cantar-Vos
e adorar-Vos, voltado para o vosso templo santo. Refrão
Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade
e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma. Refrão
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Salmo 50 (51), 12a.14a
Refrão: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. Repete-se
Criai em mim, Senhor, um coração puro,
dai-me de novo a alegria da salvação. Refrão
EVANGELHO Mt 7, 7-12
«Quem pede recebe»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Pedi e dar-se-vos-á, procurai e encontrareis, batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede recebe, quem procura encontra e a quem bate à porta abrir-se-á. Qual de vós dará uma pedra a um filho que lhe pede pão, ou uma serpente se lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus as dará àqueles que Lhas pedem! Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam fazei-lho vós também: esta é a Lei e os Profetas».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Acolhei benignamente, Senhor, os dons e as preces do vosso povo e convertei a Vós os nossos corações. Por Nosso Senhor.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 7, 8
Quem pede recebe,
quem procura encontra,
a quem bate à porta, abrir-se-á.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, que nos concedeis a participação nestes santos mistérios como garantia da nossa renovação espiritual, fazei que eles nos sirvam de remédio no presente e no futuro. Por Nosso Senhor.
q
«É sempre Deus que nos
chama, nos procura e que se compromete
connosco».
Santo Agostinho
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Est 4, 17 n.
p-r. aa-bb.gg-hh : De
novo, o tema da oração, mas hoje sobretudo da oração de súplica. À medida que
experimentamos a nossa insuficiência, vamos sentindo, cada vez mais, a
necessidade de recorrer ao Senhor, que é a nossa força. Em tais circunstâncias,
só o orgulhoso não sabe dirigir-se a Deus e rezar. Em momento especialmente
difícil da vida do seu povo, Ester, a israelita condenada à morte com todos os
demais, “presa de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor”, como se lê
nesta primeira leitura.
Mt 7, 7-12: E no Evangelho é agora o próprio Jesus
que insiste em que devemos “pedir”, “procurar”, “bater à porta”. Orar ao Senhor
não é humilhante; é antes acto de confiança, afirmação de fé, caminho de paz.
Jesus também pediu ao Pai nas horas difíceis. E a penitência é um caminho
difícil, mas conduz à libertação pascal. Só o braço poderoso de Deus nos pode
fazer passar da escravidão à libertação, da morte à vida.
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Senhor, reconheço que a Igreja não é obra de
homens. Tu mesmo o disseste a Pedro: fundarei a minha Igreja. Obrigado por
poder viver nela, acreditar nela e poder testemunhá-la entre os meus irmãos.
AGENDA DO DIA
09.30 horas: Funeral
em Nisa – Misericórdia
11.30 horas: Funeral
em Monte Claro
16.00 horas: Missa na
Santa Casa de Nisa
18.00 horas: Missa em Nisa
– Espírito Santo.
AGENDA DA SEMANA
- Dia 25, segunda às
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.
- Quinta, às 21.00
horas: Adoração ao Santíssimo
- Sexta-feira o
Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas,
reza-se a via sacra na Igreja do Espírito Santo. Nos dias de quaresma deve
respeitar-se a abstinência nos dias de sexta-feira.
- As confissões
gerais serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas, na Igreja Matriz.
- Estão
abertas inscrições para empregos da procissão dos Passos a realizar no dia 24.
Outros assuntos:
No 31 de março
realiza-se a peregrinação dos Missionários do Verbo Divino a Fátima. Estão
abertas as inscrições. Custo da viagem será 12.00 €. O almoço, para quem se
inscrever, custa mais 11.00 €.
Nos dias 26 a 28 de
abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens. Contamos com cerca
de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos jovens para
dormir que vá pensando neste gesto de partilha. O modo de acolher
vai sendo anunciado. A folha de inscrição está disponível junto da Dona
Ludovina e na Casa paroquial.
Horários de funcionamento/atendimento:
Cáritas: Atendimento
às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede
Conferência Vicentina:
Reunião: segundas às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a
vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã,
uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes
quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam
o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com
Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito
euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer
crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma
o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos
chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
À MULHER PELO FACTO DE SER MULHER
Para cada mulher, uma linda flor a seu gosto, um
obrigado e uma prece! E que a luta continue!...
Vivemos o dia, o primeiro dia de luto nacional
pelas vítimas da violência doméstica que a todos envergonha e faz sofrer.
Também no Parlamento se fez um minuto de silêncio e houve um voto de pesar
pelas vítimas. E falou-se, falou-se com unanimidade, pedindo tolerância zero,
respostas mais eficazes e cabais, mais medidas dos poderes públicos, mudança de
cultura e muito mais se disse apontando para um futuro mais atento e exigente,
sem que haja qualquer espécie de contemplação para com os agressores. Por outros
lugares e instâncias também se falou e tomaram iniciativas várias. E bem, foi
bom!
A Comissão Nacional Justiça e Paz, na sua Nota
do passado mês de fevereiro, referia que apesar de vivermos num Estado de
Direito dotado de amplo quadro legal, apesar de o Estado dispor de instituições
apetrechadas com recursos humanos capazes, apesar de vivermos numa sociedade
com níveis de escolaridade sem paralelo, apesar de tantas vítimas e sofrimento,
a tragédia persiste, insinuando que o quadro legal não é suficiente, que as
instituições não funcionam articuladamente, que os conhecimentos e a informação
não produz a necessária alteração de comportamentos. De facto, escreve a
Comissão Nacional Justiça e Paz, de facto, não há “quadros legais perfeitos e
as leis carecem sempre de ser melhoradas, mas têm que ser cumpridas. Não há
políticas públicas suficientemente abrangentes, mas as que estão definidas têm
que ser executadas e consolidadas. Não há sistemas completos, mas os que
existem têm que funcionar de forma articulada e consistente. Não há
responsabilidades exclusivas, mas responsabilidades partilhadas por todos os
decisores numa imensa hierarquia das estruturas de intervenção. Mas também, na
vivência concreta do dia-a-dia, há responsabilidades partilhadas por todos nós,
cidadãos conscientes da sua pertença coletiva”.
A Igreja, na pessoa de cada membro e através das
suas comunidades e estruturas, não pode deixar de dar o seu ombro, com coragem
e determinação, na erradicação desta chaga social, sensibilizando, formando,
denunciando e envolvendo-se na solução do problema. O Papa Francisco não se tem
cansado de esconjurar a cultura da morte, desde o aborto à eutanásia, a cultura
do descarte e da indiferença, da violência e da falta de amor que existe na
sociedade. A falta desse amor que é o fundamento do respeito mútuo e da
fraternidade universal que nos une e dignifica e, regra geral, se aprende em
família. São João Paulo II, para além de muitas outras ocasiões em que se
referiu à mulher, também nos deixou alguns documentos preciosos dos quais
recordo a Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, de 15 de agosto de1988;
a Carta que, em 29 de junho de 1995, “sob o signo da solidariedade e da
gratidão”, dirigiu às mulheres uns meses antes da IV Conferência Mundial sobre a
Mulher, em Pequim, uma iniciativa das Nações Unidas aplaudida pelo Papa e para
a qual se propôs oferecer a sua contribuição; o terceiro Documento que recordo
é a sua Mensagem para o XXVIII Dia Mundial da Paz, em 1995, a que deu o título:
"Mulher: Educadora de Paz". Todos estes documentos estão acessíveis
na internet e vale a pena repescá-los para ler e refletir. Mas são incontáveis
os pronunciamentos do Magistério da Igreja em tais assuntos.
Nestes documentos, a Igreja, pela voz de São
João Paulo II, aborda os problemas e perspetivas da condição feminina,
detendo-se sobretudo na dignidade e nos direitos das mulheres. Agradece a Deus
e a cada mulher a sua vocação e missão e tudo quanto ela representa na vida da
humanidade. Dá graças por toda a mulher e por aquilo que constitui “a eterna
medida da sua dignidade feminina” e pelas grandes obras que, na história das
gerações humanas, nela e por meio dela se realizaram. Mas também confessa que
agradecer não basta. Reconhece que “somos herdeiros de uma história com imensos
condicionalismos que, em todos os tempos e latitudes, tornaram difícil o
caminho da mulher, ignorada na sua dignidade, deturpada nas suas prerrogativas,
não raro marginalizada e, até mesmo, reduzida à escravidão”. Por isso, “é tempo
de olhar, com a coragem da memória e o sincero reconhecimento das
responsabilidades, a longa história da humanidade, para a qual as mulheres
deram uma contribuição não inferior à dos homens, e a maior parte das vezes em
condições muito mais desfavoráveis”. A humanidade tem “uma dívida incalculável”
para com as mulheres e tem ainda muito a fazer para conseguir onde quer que
seja “a igualdade efetiva dos direitos da pessoa: idêntica retribuição salarial
por categoria de trabalho, tutela da mãe-trabalhadora, justa promoção na
carreira, igualdade entre cônjuges no direito de família, o reconhecimento de
tudo quanto está ligado aos direitos e aos deveres do cidadão num regime
democrático”. Acreditando numa presença cada vez maior das mulheres na
sociedade, manifesta a certeza de que elas continuarão a mostrar “as
contradições de uma sociedade organizada sobre critérios de eficiência e
produtividade” e obrigarão “a reformular os sistemas a bem dos processos de
humanização que delineiam a «civilização do amor»”. Quando as mulheres têm “a
possibilidade de transmitir plenamente os seus dons a toda a comunidade, fica
positivamente transformada a própria modalidade como a sociedade é concebida e
se organiza, conseguindo refletir melhor a unidade substancial da família
humana”. O Papa, faz um “premente apelo a que, da parte de todos,
particularmente dos Estados e das Instituições Internacionais, se faça o que
for preciso para devolver à mulher o pleno respeito da sua dignidade e do seu
papel”. E não deixa de manifestar a sua admiração “pelas mulheres de boa
vontade que se dedicaram a defender a dignidade da condição feminina, através
da conquista de direitos fundamentais sociais, económicos e políticos, e
assumiram corajosamente tal iniciativa em épocas em que este seu empenho era
considerado um ato de transgressão, um sinal de falta de feminilidade, uma
manifestação de exibicionismo, e talvez um pecado!”. Para chegar onde estamos,
foi preciso percorrer «um caminho difícil e complexo” nem sempre isento de
erros, “mas substancialmente positivo”. Urge continuar nesse trabalho, sabendo
que “o segredo para percorrer diligentemente a estrada do pleno respeito da
identidade feminina não passa só pela denúncia, apesar de necessária, das
discriminações e das injustiças, mas também, e sobretudo, por um eficaz e claro
projeto de promoção, que englobe todos os âmbitos da vida feminina, a partir de
uma renovada e universal tomada de consciência da dignidade da mulher”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 08-03-2019
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