PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 13 de março de 2019
Quarta da I semana
quaresma
Ofício da féria
– I semana
QUARTA-FEIRA
da semana I
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jonas 3, 1-10; Sal 50 (51), 3-4. 12-13. 18-19
Ev Lc 11, 29-32
* 6.º aniversário da eleição do Papa Francisco (2013). Onde se fizerem celebrações especiais, pode dizer-se a Missa do aniversário da eleição do Papa. Em todas as Missas, quando houver oração universal, incluir-se-á uma intenção especial pelo Papa.
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. Manuel Pelino Domingues, Bispo Emérito de Santarém (1988).
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jonas 3, 1-10; Sal 50 (51), 3-4. 12-13. 18-19
Ev Lc 11, 29-32
* 6.º aniversário da eleição do Papa Francisco (2013). Onde se fizerem celebrações especiais, pode dizer-se a Missa do aniversário da eleição do Papa. Em todas as Missas, quando houver oração universal, incluir-se-á uma intenção especial pelo Papa.
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. Manuel Pelino Domingues, Bispo Emérito de Santarém (1988).
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 24,
6.3.22
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas. Não triunfe sobre nós o inimigo.
Senhor, livrai-nos de todo o mal.
ORAÇÃO COLECTA
Olhai com bondade, Senhor, para a devoção do vosso povo e fazei que, mortificando o corpo pela penitência, renovemos o espírito com o fruto das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jonas 3, 1-10
«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»
Leitura da Profecia de Jonas
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas. Não triunfe sobre nós o inimigo.
Senhor, livrai-nos de todo o mal.
ORAÇÃO COLECTA
Olhai com bondade, Senhor, para a devoção do vosso povo e fazei que, mortificando o corpo pela penitência, renovemos o espírito com o fruto das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jonas 3, 1-10
«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»
Leitura da Profecia de Jonas
A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade e caminhou durante um dia, apregoando: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de sacos, desde o maior ao mais pequeno. Logo que a notícia chegou ao rei de Nínive, ele ergueu-se do trono e tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Depois foi proclamado em Nínive um decreto do rei e dos seus ministros, que dizia: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas, não provem alimento, não pastem nem bebam água. Os homens e os animais revistam-se de sacos e clamem a Deus com vigor; afaste-se cada um do seu mau caminho e das violências que tenha praticado. Quem sabe? Talvez Deus reconsidere e desista, acalmando o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos». Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 50 (51), 3-4.12-13.18-19 (19a)
Refrão: Não desprezeis, Senhor,
o nosso coração humilhado e contrito. Repete-se
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as culpas. Refrão
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais afastar-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. Refrão
Não é do sacrifício que Vos agradais
e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis.
Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido:
não desprezareis, Senhor,
um espírito humilhado e contrito. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Joel 2, 12-13
Refrão: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo,
Nosso Senhor. Repete-se
Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso. Refrão
EVANGELHO Lc 11, 29-32
«Nenhum sinal será dado a esta geração, senão o sinal de Jonas»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, aglomerava-se uma grande multidão à volta de Jesus e Ele começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa: pede um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal de Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os habitantes de Nínive, assim o será também o Filho do homem para esta geração. No juízo final, a rainha do sul levantar-se-á com os homens desta geração e há de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão. No juízo final, os homens de Nínive levantar-se-ão com esta geração e hão de condená-la, porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; e aqui está quem é maior do que Jonas».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que estes dons que nos destes para os consagrarmos ao vosso nome, se transformem para nós, por meio deste sacramento, em remédio de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 5, 12
Exultem para sempre os que em Vós confiam, Senhor.
Vós protegeis e alegrais os que amam o vosso nome.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, que sempre nos alimentais com os vossos sacramentos, concedei-nos que o alimento de Vós recebido seja para nós fonte de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Jesus está contigo, mesmo quando não sentes a Sua
presença. Está contigo especialmente durante as tuas batalhas espirituais».
Padre Pio
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Jonas 3, 1-10: Volta
hoje o tema da penitência, no sentido de conversão. Outrora, até os pagãos,
como os habitantes de Nínive, ao ouvirem a palavra de Deus, se converteram.
Hoje, não esperamos outros sinais do céu; é sempre essa mesma palavra que é
para os homens de todas as gerações o grande sinal. Para ser “sinal”, a
Palavra, o Verbo, o Filho de Deus, fez-Se homem e falou no meio dos homens, em
palavras humanas, para Se revelar e revelar o Pai aos humanos.
Lc
11, 29-32: O povo aglomerava-se em volta de Jesus
para O ouvir. Mas Jesus faz-lhes sentir que eles são mais curiosos, sempre à
espera de qualquer sinal maravilhoso, do que desejosos de escutar a sua
palavra, que dá luz e leva à conversão. E lembra-lhes como os habitantes de
Ninive se converteram ao ouvirem Jonas, como recordava a primeira leitura, e como
a rainha de Sabá, veio de tão longe só para ouvir o sábio Salomão. E ali estava
Ele, maior que Jonas, e mais do que Salomão, mas que não era escutado com fé
semelhante à daqueles seus antepassados, nem eles se deixavam conduzir à
penitência como aqueles a quem Jonas pregava. Prefigurado por Jonas, mas maior
do que ele, e mais do que Salomão, cuja sabedoria atraía de longe a rainha de
Sabá, Jesus aqui está, também agora no meio da assembleia dos cristãos, a
fazer-Se, de novo, ouvir; como sempre que na Igreja se lêem as Sagradas
Escrituras, como disse o Concílio Vaticano II (SC 7).
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Senhor, reconheço que a Igreja não é obra de
homens. Tu mesmo o disseste a Pedro: fundarei a minha Igreja. Obrigado por
poder viver nela, acreditar nela e poder testemunhá-la entre os meus irmãos.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Nisa - Espírito Santo
18.00 horas: Missa em Tolosa
AGENDA
DA SEMANA
- Dia 25, segunda às 21.00 horas, no
Calvário: oração de louvor.
- Quinta, às 21.00 horas: Adoração ao
Santíssimo
- Sexta-feira o Calvário estará aberto
das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, reza-se a via sacra na
Igreja do Espírito Santo. Nos dias de quaresma deve respeitar-se a abstinência
nos dias de sexta-feira.
-
As confissões gerais serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas, na
Igreja Matriz.
- Estão abertas inscrições para empregos da
procissão dos Passos a realizar no dia 24.
Outros assuntos:
No 31
de março realiza-se a peregrinação dos Missionários do Verbo Divino a Fátima. Estão
abertas as inscrições. Custo da viagem será 12.00 €. O almoço, para quem se
inscrever, custa mais 11.00 €.
Nos
dias 26 a 28 de abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens.
Contamos com cerca de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos
jovens para dormir que vá pensando neste
gesto de partilha. O modo de acolher vai sendo anunciado. A folha de inscrição
está disponível junto da Dona Ludovina e na Casa paroquial.
Horários de
funcionamento/atendimento:
Cáritas:
Atendimento às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede
Conferência Vicentina: Reunião: segundas
às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério
central de todo o Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja
um tempo forte de preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário
preparar a celebração e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por
excelência, celebra a vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um
dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com
Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto
da vida com a vocação cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da
vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida
cristã situa-se o caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma
até à Pascoa.
Quaresma é, portanto,
um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais
profundamente a sua vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos
Catecúmenos porque caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais
atenta da Palavra de Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de
oração mais cuidada e disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação,
pessoal e sacramental; tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas,
reprojetadas, pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que
se é; tempo de reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de
purificação de tudo aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico:
desregramentos subtis diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem,
a lógica da competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da
terra violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos
seus recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de
outros, etc…
Quaresma é tempo de
conversão para que, ao chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada
batizado possa estar mais intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A
Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E
para que as intenções não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes,
todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração,
encontramos os caminhos concretos da conversão. São os caminhos em que não
podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos
porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer
maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a
Quaresma como tempo precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal,
familiar ou comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir
destes sinais e atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola
ou Partilha e a Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita.
São os sinais dos campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em
Deus.
Por isso, no caminho
da conversão, o Jejum, a Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas
de leitura, avaliação e reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode
questionar como tem andado a nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe
chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa
relação com os outros, a que, cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode
avaliar, saborear e fazer despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa
relação com Deus, à qual, cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e
Fé, ou seja, relação com a vida, relação com os outros e a natureza e a relação
com Deus tornam-se, desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser
levada ao Sacramento da Reconciliação para fazer a experiência sacramental do
Perdão como reconstrução da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados
de Deus. Passar ao lado da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da
Graça do Dom que ela inaugura.
Exercitando a leitura
da nossa identidade cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos
de Esperança, Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração,
podemos, transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam,
muitas vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias
que provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os
outros e com Deus.
No caminho da
Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias do conhecimento e do desejo.
S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto,
às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de
experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a
relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou doença do desejo que está
na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem e não o homem que é para
o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade
existem também atitudes e patologias que pedem cura: a agressividade que,
muitas vezes, chega a redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que
o homem é livre mas que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de
“necessidades” e obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções
e capacidades corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as
nossas capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem
aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da
relação com Deus existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de
forma nova em tempo de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da
memória: de quem ou do que é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente
esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A
ignorância, a negligência ou tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença
da memória. A patologia ou doença da imaginação é outra que marca presença na
nossa relação com Deus. Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a
imaginação pode ser sempre produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da
imaginação que, ao invés de puxar pela realidade, produz a sua ilusão e a
alienação.
Ler a vida nestas
linhas simples de avaliação leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E
do lado das menos boas, em vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como
azedumes, cóleras, violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores,
ódios, calúnias, tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades,
orgulhos egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e
a Oração ou, como acima se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos
por outros caminhos: a temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a
prudência e a vigilância, a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros
e da natureza. O Ano Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho
disto mesmo.
Quem se preenche de
Deus não deixa no seu coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho
oferecido à Igreja para poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa
da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal
do ano passado resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e
sessenta e oito euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos
na altura, 25% se destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da
Cáritas Diocesana, e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi
para a Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar
na construção de um Centro de Acolhimento e Saúde para
socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano
Missionário, voltaremos a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo
Social Diocesano, gerido pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões
“ad gentes”. Há muitas expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha
é uma delas. Como afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a
revestir-se de grande urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor
apostólico contagioso e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela
missão. Todos somos chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 01-03-2019.
II.
À MULHER PELO FACTO DE SER MULHER
Para cada mulher, uma
linda flor a seu gosto, um obrigado e uma prece! E que a luta continue!...
Vivemos o dia, o
primeiro dia de luto nacional pelas vítimas da violência doméstica que a todos
envergonha e faz sofrer. Também no Parlamento se fez um minuto de silêncio e
houve um voto de pesar pelas vítimas. E falou-se, falou-se com unanimidade,
pedindo tolerância zero, respostas mais eficazes e cabais, mais medidas dos
poderes públicos, mudança de cultura e muito mais se disse apontando para um
futuro mais atento e exigente, sem que haja qualquer espécie de contemplação
para com os agressores. Por outros lugares e instâncias também se falou e
tomaram iniciativas várias. E bem, foi bom!
A Comissão Nacional
Justiça e Paz, na sua Nota do passado mês de fevereiro, referia que apesar de
vivermos num Estado de Direito dotado de amplo quadro legal, apesar de o Estado
dispor de instituições apetrechadas com recursos humanos capazes, apesar de
vivermos numa sociedade com níveis de escolaridade sem paralelo, apesar de
tantas vítimas e sofrimento, a tragédia persiste, insinuando que o quadro legal
não é suficiente, que as instituições não funcionam articuladamente, que os
conhecimentos e a informação não produz a necessária alteração de
comportamentos. De facto, escreve a Comissão Nacional Justiça e Paz, de facto,
não há “quadros legais perfeitos e as leis carecem sempre de ser melhoradas,
mas têm que ser cumpridas. Não há políticas públicas suficientemente
abrangentes, mas as que estão definidas têm que ser executadas e consolidadas.
Não há sistemas completos, mas os que existem têm que funcionar de forma
articulada e consistente. Não há responsabilidades exclusivas, mas
responsabilidades partilhadas por todos os decisores numa imensa hierarquia das
estruturas de intervenção. Mas também, na vivência concreta do dia-a-dia, há
responsabilidades partilhadas por todos nós, cidadãos conscientes da sua
pertença coletiva”.
A Igreja, na pessoa de
cada membro e através das suas comunidades e estruturas, não pode deixar de dar
o seu ombro, com coragem e determinação, na erradicação desta chaga social,
sensibilizando, formando, denunciando e envolvendo-se na solução do problema. O
Papa Francisco não se tem cansado de esconjurar a cultura da morte, desde o
aborto à eutanásia, a cultura do descarte e da indiferença, da violência e da
falta de amor que existe na sociedade. A falta desse amor que é o fundamento do
respeito mútuo e da fraternidade universal que nos une e dignifica e, regra
geral, se aprende em família. São João Paulo II, para além de muitas outras
ocasiões em que se referiu à mulher, também nos deixou alguns documentos
preciosos dos quais recordo a Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, de
15 de agosto de1988; a Carta que, em 29 de junho de 1995, “sob o signo da
solidariedade e da gratidão”, dirigiu às mulheres uns meses antes da IV
Conferência Mundial sobre a Mulher, em Pequim, uma iniciativa das Nações Unidas
aplaudida pelo Papa e para a qual se propôs oferecer a sua contribuição; o
terceiro Documento que recordo é a sua Mensagem para o XXVIII Dia Mundial da
Paz, em 1995, a que deu o título: "Mulher: Educadora de Paz". Todos
estes documentos estão acessíveis na internet e vale a pena repescá-los para
ler e refletir. Mas são incontáveis os pronunciamentos do Magistério da Igreja
em tais assuntos.
Nestes documentos, a
Igreja, pela voz de São João Paulo II, aborda os problemas e perspetivas da
condição feminina, detendo-se sobretudo na dignidade e nos direitos das
mulheres. Agradece a Deus e a cada mulher a sua vocação e missão e tudo quanto
ela representa na vida da humanidade. Dá graças por toda a mulher e por aquilo
que constitui “a eterna medida da sua dignidade feminina” e pelas grandes obras
que, na história das gerações humanas, nela e por meio dela se realizaram. Mas
também confessa que agradecer não basta. Reconhece que “somos herdeiros de uma
história com imensos condicionalismos que, em todos os tempos e latitudes,
tornaram difícil o caminho da mulher, ignorada na sua dignidade, deturpada nas
suas prerrogativas, não raro marginalizada e, até mesmo, reduzida à
escravidão”. Por isso, “é tempo de olhar, com a coragem da memória e o sincero
reconhecimento das responsabilidades, a longa história da humanidade, para a
qual as mulheres deram uma contribuição não inferior à dos homens, e a maior
parte das vezes em condições muito mais desfavoráveis”. A humanidade tem “uma
dívida incalculável” para com as mulheres e tem ainda muito a fazer para
conseguir onde quer que seja “a igualdade efetiva dos direitos da pessoa:
idêntica retribuição salarial por categoria de trabalho, tutela da
mãe-trabalhadora, justa promoção na carreira, igualdade entre cônjuges no
direito de família, o reconhecimento de tudo quanto está ligado aos direitos e
aos deveres do cidadão num regime democrático”. Acreditando numa presença cada
vez maior das mulheres na sociedade, manifesta a certeza de que elas
continuarão a mostrar “as contradições de uma sociedade organizada sobre
critérios de eficiência e produtividade” e obrigarão “a reformular os sistemas
a bem dos processos de humanização que delineiam a «civilização do amor»”.
Quando as mulheres têm “a possibilidade de transmitir plenamente os seus dons a
toda a comunidade, fica positivamente transformada a própria modalidade como a
sociedade é concebida e se organiza, conseguindo refletir melhor a unidade
substancial da família humana”. O Papa, faz um “premente apelo a que, da parte
de todos, particularmente dos Estados e das Instituições Internacionais, se
faça o que for preciso para devolver à mulher o pleno respeito da sua dignidade
e do seu papel”. E não deixa de manifestar a sua admiração “pelas mulheres de
boa vontade que se dedicaram a defender a dignidade da condição feminina,
através da conquista de direitos fundamentais sociais, económicos e políticos,
e assumiram corajosamente tal iniciativa em épocas em que este seu empenho era
considerado um ato de transgressão, um sinal de falta de feminilidade, uma
manifestação de exibicionismo, e talvez um pecado!”. Para chegar onde estamos,
foi preciso percorrer «um caminho difícil e complexo” nem sempre isento de
erros, “mas substancialmente positivo”. Urge continuar nesse trabalho, sabendo
que “o segredo para percorrer diligentemente a estrada do pleno respeito da
identidade feminina não passa só pela denúncia, apesar de necessária, das
discriminações e das injustiças, mas também, e sobretudo, por um eficaz e claro
projeto de promoção, que englobe todos os âmbitos da vida feminina, a partir de
uma renovada e universal tomada de consciência da dignidade da mulher”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 08-03-2019
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