PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 11 de março de 2019
Segunda da I semana
quaresma
Ofício da féria –
I semana
SEGUNDA-FEIRA da semana
I
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Lev 19, 1-2. 11-18; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15
Ev Mt 25, 31-46
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Lev 19, 1-2. 11-18; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15
Ev Mt 25, 31-46
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 122,
2-3
Como os olhos dos servos se fixam nas mãos dos seus senhores,
assim os nossos olhos se voltam para o Senhor nosso Deus,
até que tenha piedade de nós.
Piedade, Senhor, tende piedade de nós.
ORAÇÃO COLECTA
Convertei-nos a Vós, Deus, nosso Salvador, e, para que nos seja proveitosa a penitência quaresmal, iluminai a nossa alma com a doutrina celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Lev 19, 1-2.11-18
«Julgarás o teu próximo segundo a justiça»
Leitura do Livro do Levítico
Como os olhos dos servos se fixam nas mãos dos seus senhores,
assim os nossos olhos se voltam para o Senhor nosso Deus,
até que tenha piedade de nós.
Piedade, Senhor, tende piedade de nós.
ORAÇÃO COLECTA
Convertei-nos a Vós, Deus, nosso Salvador, e, para que nos seja proveitosa a penitência quaresmal, iluminai a nossa alma com a doutrina celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Lev 19, 1-2.11-18
«Julgarás o teu próximo segundo a justiça»
Leitura do Livro do Levítico
O Senhor dirigiu-Se a Moisés, dizendo: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. Não furtareis, não direis mentiras, nem cometereis fraudes uns com os outros. Não prestarás juramento falso, invocando o meu nome, pois profanarias o nome do teu Deus. Eu sou o Senhor. Não oprimirás nem expropriarás o teu próximo. Não ficará contigo até ao dia seguinte o salário do jornaleiro. Não insultarás um surdo nem colocarás tropeços diante de um cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. Não cometerás injustiças nos teus julgamentos: não favorecerás indevidamente um pobre, nem darás preferência ao poderoso; julgarás o teu próximo segundo a justiça. Não caluniarás os teus parentes, nem conspirarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 18 B (19), 8.9.10.15 (R. Jo 6, 63c)
Refrão: As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida. Repete-se
A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples. Refrão
Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração;
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos. Refrão
O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são retos. Refrão
Aceitai as palavras da minha boca
e os pensamentos do meu coração
estejam na vossa presença:
Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO 2 Cor 6, 2b
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. Repete-se
Agora é o tempo favorável,
agora é o dia da salvação. Refrão
EVANGELHO Mt 25, 31-46
«O que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos,
a Mim o fizestes»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’ E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, estas ofertas que Vos apresentamos e fazei que, pela vossa graça, nos alcancem o perdão dos pecados e santifiquem toda a nossa vida. Por Nosso Senhor.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 25, 40.34
Em verdade vos digo:
Tudo o que fizestes ao mais pequenino dos meus irmãos,
a Mim o fizestes. Vinde, benditos de meu Pai,
recebei o reino preparado para vós
desde o princípio do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
A participação neste sacramento, Senhor, nos fortaleça a alma e o corpo, para que, inteiramente renovados, nos alegremos sempre com a plenitude deste remédio celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Esforça-te para que não morra de sede a árvore para
a qual és sol».
Frida
Khalo
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Lev
19, 1-2.11-18: Depois dos quatro dias de entrada na Quaresma
na semana anterior, começaram ontem a conta-se os quarenta dias simbólicos,
tantas vezes referidos na Sagrada Escritura, mas agora como preparação para a
Páscoa. Neles a Igreja retoma os quarenta anos do povo de Deus no deserto a
caminho da Terra Prometida. Neste Deserto quaresmal, o alimento celeste que
dará força ao povo de Deus não é já o maná, mas, a sua Palavra, que logo desde
o início deste tempo, assim aparece resumida: “Sede santos”. E as formas de
santidade logo se concretizam nas diversas formas de relação com o próximo.
Mt
25, 31-46: Logo
desde o princípio da Quaresma, ergue-se diante da assembleia cristã o Senhor
sentado no seu tribunal. Ele é o Bom Pastor, a separar as ovelhas dos cabritos,
isto é, aqueles em quem a Palavra de Deus levou até à prática das boas obras,
sobretudo em relação ao próximo, e aqueles em quem a Palavra, uma vez escutada,
ficou estéril. É esta uma maneira de nos fazer compreender que a Quaresma é
tempo de conversão e de renovação do amor de Deus e ao próximo.
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Senhor, reconheço que a Igreja não é obra de
homens. Tu mesmo o disseste a Pedro: fundarei a minha Igreja. Obrigado por
poder viver nela, acreditar nela e poder testemunhá-la entre os meus irmãos.
AGENDA DO DIA
17.00 horas: Funeral
em Nisa – Espírito Santo
21.00 horas: Oração de
louvor - Calvário
AGENDA
DA SEMANA
- Dia 25, segunda às 21.00 horas, no
Calvário: oração de louvor.
- Quinta, às 21.00 horas: Adoração ao
Santíssimo
- Sexta-feira o Calvário estará aberto
das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, reza-se a via sacra na
Igreja do Espírito Santo. Nos dias de quaresma deve respeitar-se a abstinência
nos dias de sexta-feira.
-
As confissões gerais serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas, na
Igreja Matriz.
- Estão abertas inscrições para empregos da
procissão dos Passos a realizar no dia 24.
Outros assuntos:
No 31
de março realiza-se a peregrinação dos Missionários do Verbo Divino a Fátima.
Estão abertas as inscrições. Custo da viagem será 12.00 €. O almoço, para quem
se inscrever, custa mais 11.00 €.
Nos
dias 26 a 28 de abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens.
Contamos com cerca de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos
jovens para dormir que vá pensando neste
gesto de partilha. O modo de acolher vai sendo anunciado. A folha de inscrição
está disponível junto da Dona Ludovina e na Casa paroquial.
Horários de
funcionamento/atendimento:
Cáritas:
Atendimento às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede
Conferência Vicentina: Reunião: segundas
às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua celebração
e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a Quaresma. Há
Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da Páscoa.
Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã iniciada com
o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência
de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as
raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma interrogação e
resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o
Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em causa no
itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo dos
batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se
constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação
para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua
inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível;
tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de
relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo
essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os
valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida,
se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos
de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da
lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes
egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de
tantos sob a indiferença de outros, etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o
coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido
e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades
cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e
possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum,
da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os
caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar
por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus
tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa
fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o
exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da
partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos
legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é necessário
converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a
Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação
da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação
com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode
interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente,
chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o
desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente,
chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação
com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave
de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para
fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e
reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão
é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e
eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja,
caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos
sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida.
Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da
nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias
do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima
da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por
caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no
caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou
doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem
e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que
pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera;
patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo,
o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras;
a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as
nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso
saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também
patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma.
Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos
lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na
aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o
esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da
imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é
bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora,
reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela
realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao
encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência
pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências,
opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos,
rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias,
mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e
embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças,
presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e
lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João
Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a
Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a
integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a
humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que
estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o
pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com
alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder
da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros
(trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um
cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo
Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque
temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na
República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução
de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou
roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a
Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas
Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de
nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa
Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As
Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de
entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a
alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
À MULHER PELO FACTO DE SER MULHER
Para cada mulher, uma linda flor a seu gosto, um obrigado e uma
prece! E que a luta continue!...
Vivemos o dia, o primeiro dia de luto nacional pelas vítimas da
violência doméstica que a todos envergonha e faz sofrer. Também no Parlamento
se fez um minuto de silêncio e houve um voto de pesar pelas vítimas. E
falou-se, falou-se com unanimidade, pedindo tolerância zero, respostas mais
eficazes e cabais, mais medidas dos poderes públicos, mudança de cultura e
muito mais se disse apontando para um futuro mais atento e exigente, sem que
haja qualquer espécie de contemplação para com os agressores. Por outros
lugares e instâncias também se falou e tomaram iniciativas várias. E bem, foi
bom!
A Comissão Nacional Justiça e Paz, na sua Nota do passado mês de
fevereiro, referia que apesar de vivermos num Estado de Direito dotado de amplo
quadro legal, apesar de o Estado dispor de instituições apetrechadas com
recursos humanos capazes, apesar de vivermos numa sociedade com níveis de
escolaridade sem paralelo, apesar de tantas vítimas e sofrimento, a tragédia
persiste, insinuando que o quadro legal não é suficiente, que as instituições
não funcionam articuladamente, que os conhecimentos e a informação não produz a
necessária alteração de comportamentos. De facto, escreve a Comissão Nacional
Justiça e Paz, de facto, não há “quadros legais perfeitos e as leis carecem
sempre de ser melhoradas, mas têm que ser cumpridas. Não há políticas públicas
suficientemente abrangentes, mas as que estão definidas têm que ser executadas
e consolidadas. Não há sistemas completos, mas os que existem têm que funcionar
de forma articulada e consistente. Não há responsabilidades exclusivas, mas
responsabilidades partilhadas por todos os decisores numa imensa hierarquia das
estruturas de intervenção. Mas também, na vivência concreta do dia-a-dia, há
responsabilidades partilhadas por todos nós, cidadãos conscientes da sua
pertença coletiva”.
A Igreja, na pessoa de cada membro e através das suas comunidades
e estruturas, não pode deixar de dar o seu ombro, com coragem e determinação,
na erradicação desta chaga social, sensibilizando, formando, denunciando e
envolvendo-se na solução do problema. O Papa Francisco não se tem cansado de
esconjurar a cultura da morte, desde o aborto à eutanásia, a cultura do
descarte e da indiferença, da violência e da falta de amor que existe na
sociedade. A falta desse amor que é o fundamento do respeito mútuo e da
fraternidade universal que nos une e dignifica e, regra geral, se aprende em
família. São João Paulo II, para além de muitas outras ocasiões em que se
referiu à mulher, também nos deixou alguns documentos preciosos dos quais
recordo a Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, de 15 de agosto de1988;
a Carta que, em 29 de junho de 1995, “sob o signo da solidariedade e da
gratidão”, dirigiu às mulheres uns meses antes da IV Conferência Mundial sobre
a Mulher, em Pequim, uma iniciativa das Nações Unidas aplaudida pelo Papa e
para a qual se propôs oferecer a sua contribuição; o terceiro Documento que
recordo é a sua Mensagem para o XXVIII Dia Mundial da Paz, em 1995, a que deu o
título: "Mulher: Educadora de Paz". Todos estes documentos estão
acessíveis na internet e vale a pena repescá-los para ler e refletir. Mas são
incontáveis os pronunciamentos do Magistério da Igreja em tais assuntos.
Nestes documentos, a Igreja, pela voz de São João Paulo II, aborda
os problemas e perspetivas da condição feminina, detendo-se sobretudo na
dignidade e nos direitos das mulheres. Agradece a Deus e a cada mulher a sua
vocação e missão e tudo quanto ela representa na vida da humanidade. Dá graças por
toda a mulher e por aquilo que constitui “a eterna medida da sua dignidade
feminina” e pelas grandes obras que, na história das gerações humanas, nela e
por meio dela se realizaram. Mas também confessa que agradecer não basta.
Reconhece que “somos herdeiros de uma história com imensos condicionalismos
que, em todos os tempos e latitudes, tornaram difícil o caminho da mulher,
ignorada na sua dignidade, deturpada nas suas prerrogativas, não raro
marginalizada e, até mesmo, reduzida à escravidão”. Por isso, “é tempo de
olhar, com a coragem da memória e o sincero reconhecimento das
responsabilidades, a longa história da humanidade, para a qual as mulheres
deram uma contribuição não inferior à dos homens, e a maior parte das vezes em
condições muito mais desfavoráveis”. A humanidade tem “uma dívida incalculável”
para com as mulheres e tem ainda muito a fazer para conseguir onde quer que
seja “a igualdade efetiva dos direitos da pessoa: idêntica retribuição salarial
por categoria de trabalho, tutela da mãe-trabalhadora, justa promoção na
carreira, igualdade entre cônjuges no direito de família, o reconhecimento de
tudo quanto está ligado aos direitos e aos deveres do cidadão num regime
democrático”. Acreditando numa presença cada vez maior das mulheres na sociedade,
manifesta a certeza de que elas continuarão a mostrar “as contradições de uma
sociedade organizada sobre critérios de eficiência e produtividade” e obrigarão
“a reformular os sistemas a bem dos processos de humanização que delineiam a
«civilização do amor»”. Quando as mulheres têm “a possibilidade de transmitir
plenamente os seus dons a toda a comunidade, fica positivamente transformada a
própria modalidade como a sociedade é concebida e se organiza, conseguindo
refletir melhor a unidade substancial da família humana”. O Papa, faz um
“premente apelo a que, da parte de todos, particularmente dos Estados e das
Instituições Internacionais, se faça o que for preciso para devolver à mulher o
pleno respeito da sua dignidade e do seu papel”. E não deixa de manifestar a
sua admiração “pelas mulheres de boa vontade que se dedicaram a defender a
dignidade da condição feminina, através da conquista de direitos fundamentais
sociais, económicos e políticos, e assumiram corajosamente tal iniciativa em
épocas em que este seu empenho era considerado um ato de transgressão, um sinal
de falta de feminilidade, uma manifestação de exibicionismo, e talvez um
pecado!”. Para chegar onde estamos, foi preciso percorrer «um caminho difícil e
complexo” nem sempre isento de erros, “mas substancialmente positivo”. Urge
continuar nesse trabalho, sabendo que “o segredo para percorrer diligentemente
a estrada do pleno respeito da identidade feminina não passa só pela denúncia,
apesar de necessária, das discriminações e das injustiças, mas também, e
sobretudo, por um eficaz e claro projeto de promoção, que englobe todos os
âmbitos da vida feminina, a partir de uma renovada e universal tomada de
consciência da dignidade da mulher”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 08-03-2019
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