PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 20 de março de 2019
Quarta da II semana da quaresma
Ofício da féria – II Semana
QUARTA-FEIRA
da semana II
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jer 18, 18-20; Sal 30 (31), 5-6. 14. 15-16
Ev Mt 20, 17-28
* Na Arquidiocese de Braga (Basílica de S. Bento da Porta Aberta) – I Vésp. do aniversário da Basílica de S. Bento da Porta Aberta.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jer 18, 18-20; Sal 30 (31), 5-6. 14. 15-16
Ev Mt 20, 17-28
* Na Arquidiocese de Braga (Basílica de S. Bento da Porta Aberta) – I Vésp. do aniversário da Basílica de S. Bento da Porta Aberta.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 37,
22-23
Não me abandoneis, Senhor; meu Deus, não Vos afasteis de mim. Senhor, socorrei-me e salvai-me.
ORAÇÃO COLECTA
Conservai, Senhor, a vossa família na prática das boas obras, para que, confortada nas necessidades da vida presente, mereça ser conduzida por Vós aos bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo
LEITURA I Jer 18, 18-20
«Vamos feri-lo»
Leitura do Livro de Jeremias
Não me abandoneis, Senhor; meu Deus, não Vos afasteis de mim. Senhor, socorrei-me e salvai-me.
ORAÇÃO COLECTA
Conservai, Senhor, a vossa família na prática das boas obras, para que, confortada nas necessidades da vida presente, mereça ser conduzida por Vós aos bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo
LEITURA I Jer 18, 18-20
«Vamos feri-lo»
Leitura do Livro de Jeremias
Os inimigos de Jeremias disseram entre si: «Vamos fazer uma conspiração contra Jeremias, pois não nos faltará a instrução de um sacerdote, nem o conselho de um sábio, nem o oráculo de um profeta. Vamos feri-lo com a difamação, sem fazermos caso do que ele disser». «Ajudai-me, Senhor, escutai a voz dos meus adversários. Porventura assim se paga o bem com o mal? Eles abrem uma cova para me tirar a vida. Lembrai-Vos que me apresentei diante de Vós, para Vos falar em seu favor, para deles afastar a vossa ira».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 5-6.14.15-16 (R. 17b)
Refrão: Salvai-me, Senhor, pela vossa bondade. Repete-se
Livrai-me da armadilha que me prepararam,
porque Vós sois o meu refúgio.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me. Refrão
Porque eu ouvia os gritos da multidão:
«Terror por toda a parte!»,
quando se coligaram contra mim
e decidiram tirar-me a vida. Refrão
Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Jo 8, 12
Refrão: Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória. Repete-se
Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor.
Quem Me segue terá a luz da vida. Refrão
EVANGELHO Mt 20, 17-28
«Condená-l’O-ão à morte»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, enquanto Jesus subia para Jerusalém, chamou à parte os Doze e durante o caminho disse-lhes: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do homem vai ser entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, que O condenarão à morte e O entregarão aos gentios, para ser por eles escarnecido, açoitado e crucificado. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitará». Então a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com os filhos e prostrou-se para Lhe fazer um pedido. Jesus perguntou-lhe: «Que queres?» Ela disse-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda». Jesus respondeu: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?» Eles disseram: «Podemos». Então Jesus declarou-lhes: «Haveis de beber do meu cálice. Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem meu Pai o designou». Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servo e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo. Será como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção dos homens».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Dirigi, Senhor, o vosso olhar para as oferendas que Vos apresentamos e, por esta admirável permuta de dons, libertai-nos das cadeias do pecado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt. 20, 28
O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir
e dar a vida pela redenção dos homens.
DEPOIS DA COMUNHÃO
Estes sacramentos, Senhor, que nos destes como penhor de imortalidade, sejam para nós fonte de salvação eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Todos temos que
levar a cruz, mas só são felizes aqueles que sabem como carrega-la ».
Rosa Filipina Duchesne
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Jer
18, 18-20: A perspetiva da ressurreição, que o
domingo anterior nos deixou antever a transfiguração, veio pedir o outro lado
do mistério, que é o da paixão. O Mistério Pascal é o acesso à Vida, passando
pela Morte; é a passagem da Morte à Vida, “deste mundo ao Pai.” Tudo isto se
processa num itinerário todo espiritual, mas que Jesus irá percorrer até na sua
própria carne. Jeremias, o profeta sofredor, figura do Senhor em sua Paixão,
faz-nos hoje ouvir uma das suas lamentações ou desabafos, em forma de oração
confiante, como hoje há-de ser também a oração do cristão.
Mt
20, 17-28: O que Jeremias prefigurou nos seus
sofrimentos, Jesus o realiza em sua Paixão, que Ele desde já hoje anuncia aos
seus discípulos, mas que eles então, como nós hoje, tanta dificuldade têm em
aceitar. Na Igreja, que é o seu Corpo, Jesus continua a sua Paixão, mas sempre
e desde já, com os olhos postos na glória, fruto da redenção que o Filho do
homem oferece.
Rezando a Palavra
LEITURA: Perante a questão do reconhecimento, Jesus pergunta aos
discípulos se estão dispostos a percorrer o mesmo caminho que Ele percorre
pondo-se ao serviço dos demais, ainda que isso signifique ocupar o último lugar
e tornar-se o servo de todos
MEDITAÇÃO: Ser servo significa tornar-se disponível e
submisso em ordem a socorrer os demais nas suas justas necessidades. Como se
concretiza no dia a dia da minha vida este ideal de me por ao serviço dos
necessitados, de dar a vida?
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
15.00 horas: Funeral
em Nisa
17.00 horas: Missa em
Gáfete
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Tolosa
AGENDA DA SEMANA
Avisos da semana para
Nisa:
- Dia 18, segunda às
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.
- Dia 19, terça – dia
de S. José – dia do Pai. Convidamos todos a rezar pelos próprios pais e todos a
rezar pelas famílias da nossa terra. Às crianças da catequese recomendamos que
participem na Missa com os pais. Mas se o não puderem fazer, que venham para
rezar pelos pais. Será o melhor presente.
- Dia 19, terça, às
21.00 horas: Reunião dos Cursilhistas em Amieira
- Quinta, às 21.00
horas: Adoração ao Santíssimo
- Sexta-feira o Calvário
estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, reza-se a via
sacra na Igreja do Espírito Santo.
- Sábado, dia 23, às
21.00 horas: Vigília de oração promovida pelos jovens para toda a comunidade
paroquial
- Domingo, às 16.00
horas, solene procissão dos Passos
Outros assuntos:
- Nos dias 26 a 28 de
abril próximo, realizar-se-á em Nisa um encontro de jovens. Contamos com cerca
de 50 jovens. Pedimos famílias que possam albergar algum dos jovens para
dormir que vá pensando neste gesto de partilha. O modo de acolher
vai sendo anunciado. A folha de inscrição está disponível junto da Dona
Ludovina e na Casa paroquial.
- As confissões gerais
serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas na Igreja Matriz.
Horários de funcionamento/atendimento:
- Cáritas: Atendimento
às terças, das 15.00 às 17.00 horas, na sua sede
- Conferência
Vicentina: Reunião: segundas às 16.00 horas, na sua sede.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida
cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação
cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar
à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas
vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que
provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros
e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário
que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito
euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer
crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos
chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
QUE A PARÓQUIA SE REVEJA E CUIDE
Tiago Freitas, jovem
Padre da Arquidiocese de Braga, defendeu tese de doutoramento na Pontifícia
Universidade Lateranense, em Roma, com um trabalho já publicado pela Paulinas
Editora, e a que deu o título de “Colégio de Paróquias – A paróquia em tempos
de mobilidade”. Servindo-me apenas do V Capítulo, pretendo aguçar o apetite
para que, sendo lido pelos agentes da pastoral, possa provocar o debate e, se
possível, abrir algumas pistas de ação. A pastoral nunca foi fácil. Nos nossos
tempos também o não é, mesmo nas paróquias rurais. Não sabendo bem o que fazer
e como fazer, todos reconhecemos que a pastoral tem de ser diferente. O Santo
Padre, sugerindo-nos algumas pistas, não se cansa de nos apelar à conversão
pastoral, dizendo-nos que não podemos deixar as coisas como estão (EG25). Tudo
o que vai aparecendo, pois, como fruto de estudo e de reflexão aturada, e com
rosto de novidade, é bom que seja apreciado para, se possível, ajudar a
encontrar novos caminhos e melhores práticas.
É verdade que o
fenómeno da mobilidade atinge o ser humano e as culturas na sua globalidade. E
já não há só mobilidade, há mobilidades. Uma moldura de crenças, valores,
premissas e técnicas partilhadas pela comunidade oferecem valiosas chaves de
leitura. Os fenómenos sociais, culturais e religiosos são transversais à
sociedade. Neste mundo assim em mudança e com a mudança sempre a mudar, uma
paróquia, mesmo que crave os pés no chão em jeito de solene teimosia do daqui
não saio daqui ninguém me tira, não se safa, não se pode renovar pensando e
fazendo bem ou melhor aquilo que sempre fez. Os contextos mudaram, a mobilidade
social aumenta, as figuras institucionais de referência enfraqueceram, a
mobilidade cultural não deixa de acontecer, a mobilidade territorial está cada
vez mais facilitada, o êxodo das aldeias para as cidades é constante, as
fronteiras geográficas quase se desvaneceram, toda a gente anda por aí a correr
para chegar quase sempre tarde ... Em face disso, a paróquia territorial também
não pode amuar face aos discursos que há muito se ouvem sobre a importância dos
lugares antropológicos. Nesta aldeia global, os crentes cruzam-se e
confrontam-se com o agnosticismo, o ateísmo, a diversidade de espiritualidades
e com formas individualizadas de viver a fé. E surge uma nova imagem de crente,
um crente que se contrapõe ao praticante regular, um crente que crê sem
pertencer. Um crente com frequência esporádica, com um itinerário de fé que tem
como base elementos de outras religiões ou de filosofias de vida, um crente
capaz de não se sentir igreja, mas que vem à Igreja reclamar isto ou aquilo.
Por estudos feitos, e a título de exemplo, aqueles americanos que se
identificam a si como “não-crentes” declaram, por isto ou aquilo, que acreditam
na existência de Deus e acabam por ser mais religiosos do que alguns cidadãos
da União Europeia que se identificam com grupos religiosos. E vamos lá nós
entender isto...
Por isto e muito mais,
a paróquia tem de ser rever e cuidar, tem de ser “a presença qualificada,
próxima e ministerial da igreja em lugares de particular relevo antropológico e
espiritual para, de modo ágil e estável, atingir as periferias humanas e
anunciar Cristo”. Segundo o autor: “um hospital, uma escola, uma igreja ou um
local de culto são, todos eles, paróquias”. Paróquias onde a comunidade cristã
se constitua como um espaço de densidade humana e espiritual, onde se promova
uma experiência de afeto e de renovação, onde se produza um efeito de abertura
ao transcendente e de encontro com Deus, onde se faça a experiência da
fraternidade, onde se ativem itinerários pedagógicos e espirituais que
favoreçam a autenticidade da paróquia, onde se respeite o itinerário de fé e
maturidade humana de cada cristão, onde haja abertura aos diferentes graus de
compromisso e de interesse das pessoas, onde se possa implementar uma pastoral
de gestação, isto é, uma pastoral de transmissão, de enquadramento, de
acolhimento e proximidade, de proposta e de iniciação, de rosto materno, de boa
comunicação da verdade, da mensagem com sentido e presença, em que se faz
memória do que se recebeu de Deus e dos outros.
Tiago Freitas
apresenta a figura de Colégio de Paróquias como um modelo misto, um modelo que
salvaguarda três condições: a existência e integração de pequenos grupos de
vida cristã na realidade paroquial; a atenção ao grande número de cristãos
anónimos que procuram a paróquia para os sacramentos e acompanhamento
espiritual; a criação de espaços e tempos para os cristãos flutuantes, aqueles
que, pontual e periodicamente, sentem necessidade de itinerários espirituais.
Segundo ele, este modelo fomenta a estabilidade em tempo de mudança, gera
vínculos de afeto, de proximidade, de relações humanas de qualidade, de
comunhão, favorece a conversão pastoral, reconhece, respeita e abraça a
existência de itinerários poliédricos de fé, foge aos percursos pré-formatados
e anónimos, olha para o território como um lugar de sentido, não
necessariamente geográfico, um lugar de presença significativa nos momentos e
espaços onde o amor de Deus precisa de chegar. Tempo e espaço são lugares
teológicos, lugares de presença eclesial e divina. Neste modelo, Sacerdotes e
leigos partilham de forma mais atenta das prerrogativas cristológicas de serem
sacerdotes, profetas e reis pelo batismo. O específico do sacerdote
ministerial, do Padre, não é o governo da paróquia, é o ministério da
presidência, é oferecer a sua vida pelas ovelhas, acompanhá-las, defendê-las,
conduzi-las a boas pastagens, abrindo cada vez mais e melhor as portas à
corresponsabilidade e à participação, à colegialidade, para que se atinjam os
vários ambientes de vida e serviços eclesiais com a necessária profundidade. O
discernimento para ser pastor e guia é um ato comunitário de memória pascal,
realizado corresponsavelmente, para edificação da comunidade.
Tiago Fretas e Juan
Ambrósio, ambos Professores na Universidade Católica, estarão connosco na
Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana, desta vez na vila
de Mação, e sob o tema: “Comunidades Cristãs e Ação Social – O Desafio da
Proximidade”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 15-03-2019.
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