PARÓQUIAS DE NISA
Sábado de março de 2019
Sábado depois das cinzas
Ofício da féria Semana IV
SÁBADO depois das
Cinzas
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 58, 9b-14; Sal 85 (86), 1-2. 3-4. 5-6
Ev Lc 5, 27-32
* Pode celebrar-se a memória de S. Francisca Romana, religiosa, como se indica na p. 33, n. 8.
* Na Ordem Beneditina – Pode celebrar-se a memória de S. Francisca Romana, como se indica na p. 33, n. 8.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 58, 9b-14; Sal 85 (86), 1-2. 3-4. 5-6
Ev Lc 5, 27-32
* Pode celebrar-se a memória de S. Francisca Romana, religiosa, como se indica na p. 33, n. 8.
* Na Ordem Beneditina – Pode celebrar-se a memória de S. Francisca Romana, como se indica na p. 33, n. 8.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 68, 17
Ouvi-me, Senhor, pela vossa bondade.
Respondei-me, Senhor, pela vossa misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, olhai benigno para a nossa fraqueza e protegei-nos com o poder do vosso braço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 58, 9b-14
«Se deres do teu pão ao faminto, brilhará na escuridão a tua luz»
Leitura do Livro de Isaías
Ouvi-me, Senhor, pela vossa bondade.
Respondei-me, Senhor, pela vossa misericórdia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente, olhai benigno para a nossa fraqueza e protegei-nos com o poder do vosso braço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 58, 9b-14
«Se deres do teu pão ao faminto, brilhará na escuridão a tua luz»
Leitura do Livro de Isaías
Eis o que diz o Senhor: «Se tirares do meio de ti toda a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, brilhará na escuridão a tua luz e a tua noite será como o meio-dia. O Senhor será sempre o teu guia e saciará a tua alma nos lugares desertos. Dará vigor aos teus ossos e tu serás como o jardim bem regado, como nascente cujas águas nunca faltam. Reconstruirás as ruínas antigas e levantarás os alicerces seculares; e serás chamado ‘reparador de brechas’, ‘restaurador de casas em ruínas’. Se te abstiveres de profanar o sábado e de tratar de negócios no dia santificado, se chamares ao sábado as tuas delícias e o consagrares à glória do Senhor, se o respeitares não fazendo viagens, evitando os teus negócios e empreendimentos, então encontrarás no Senhor as tuas delícias; Eu te levarei em triunfo às alturas da terra e farei que te alimentes da herança de teu pai Jacob». Assim falou a boca do Senhor.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 85 (86), 1-2.3-4.5-6 (R. 11a)
Refrão: Ensinai-me, Senhor, o vosso caminho
para que eu ande na vossa presença. Repete-se
Inclinai, Senhor, o vosso ouvido e atendei-me,
porque sou pobre e desvalido.
Defendei a minha vida, pois Vos sou fiel,
salvai o vosso servo que em Vós confia, meu Deus. Refrão
Tende piedade de mim, Senhor,
que a Vós clamo todo o dia.
Alegrai a alma do vosso servo,
porque a Vós, Senhor, elevo a minha alma. Refrão
Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para com todos
os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração,
atendei a voz da minha súplica. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Ez 33, 11
Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se
Eu não quero a morte do pecador, diz
o Senhor,
mas que se converta e viva. Refrão
EVANGELHO Lc 5, 27-32
«Eu não vim chamar os justos,
vim chamar os pecadores, para que se arrependam»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
mas que se converta e viva. Refrão
EVANGELHO Lc 5, 27-32
«Eu não vim chamar os justos,
vim chamar os pecadores, para que se arrependam»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus viu um publicano chamado Levi, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu Jesus. Levi ofereceu-lhe um grande banquete em sua casa. Havia grande número de publicanos e de outras pessoas com eles à mesa. Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo aos discípulos: «Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?» Então Jesus, tomando a palavra, disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Por este sacrifício de reconciliação e de louvor, purificai, Senhor, os nossos corações para que se tornem uma oblação agradável a vossos olhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 9, 13
Antes quero a misericórdia que o sacrifício,
diz o Senhor.
Eu não vim chamar os justos mas os pecadores.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, que nos fortificais com o pão do Céu, fazei que a celebração deste mistério na vida presente seja para nós penhor de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«A oração não é uma
auto-satisfação; é um diálogo de amor com Deus»
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Is 58, 9b-14 :Na
primeira parte desta leitura, insiste-se na prática da caridade para com o
próximo, caridade que, muitas vezes, será até exigência da própria justiça. As
formas ascéticas da Quaresma devem começar por aqui. A segunda parte, refere-se
à santificação, por parte do homem, do dia consagrado ao Senhor, que, na antiga
Lei, foi o sábado, e, na nova Lei, é o Domingo. O amor de Deus e o amor do
próximo são, de facto, as duas asas do espírito, com que ele para Deus se
eleva.
Lc 5, 27-32: A história do chamamento de Levi lê-se no início da Quaresma para nos inculcar o sentido último deste tempo litúrgico e nos ajudar a descobrir a intenção profunda do apelo que o Senhor dirige neste tempo à sua Igreja, e, por ela, a todos os homens. O Senhor olha para nós hoje como olhou outrora para Levi, com olhar de misericórdia; e chama-nos como a ele o chamou. A Quaresma é tempo favorável para escutar o seu apelo. E a resposta de Levi é modelo para a nossa resposta.
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Senhor Jesus, cremos em Ti, mas precisamos
que nos aumentes a fé e assim possamos ser teus verdadeiros discípulos.
AGENDA
Do dia:
10.00 horas: Funeral em
Nisa
15.00 horas: Missa em
Salavessa
15.00 horas: Missa Gáfete
16.00 horas: Missa em
Monte Claro
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
Da semana (em Nisa):
- Domingo, segunda e
terça, às 17.00 horas: adoração ao Santíssimo na Igreja do Espírito Santo
- Quarta-feira de
cinzas, às 18.00 horas, Missa na Igreja Matriz. Esse dia será de Jejum e
abstinência
- Quinta, às 17.00
horas: Adoração ao Santíssimo
- Sexta-feira o
Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas de
sexta, reza-se a via sacra na Igreja do Espírito Santo. Nos dias de quaresma
deve respeitar-se a abstinência nos dias de sexta-feira.
- As confissões gerais
serão para todos no dia 5 de abril, às 21.00 horas na Igreja Matriz. Mas,
sempre que possível, todos os dias, antes da Missa das 18.00 horas haverá
sempre um padre disponível para atender de confissão.
- Neste domingo, e nos
próximos dias, estão abertas inscrições para empregos da procissão dos Passos a
realizar no dia 24.
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o
Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de
preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração
e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a
vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É,
sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua
vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação
cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos
atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o
caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de
reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo
aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis
diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da
competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra
violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus
recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros,
etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade cristã,
pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé,
ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente,
interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente,
a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo
arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo,
que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de
Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado
resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito
euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese
de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução
de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou
roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos
chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
À
MULHER PELO FACTO DE SER MULHER
Para cada mulher, uma linda flor a seu gosto,
um obrigado e uma prece! E que a luta continue!...
Vivemos o dia, o primeiro dia de luto
nacional pelas vítimas da violência doméstica que a todos envergonha e faz
sofrer. Também no Parlamento se fez um minuto de silêncio e houve um voto de
pesar pelas vítimas. E falou-se, falou-se com unanimidade, pedindo tolerância
zero, respostas mais eficazes e cabais, mais medidas dos poderes públicos,
mudança de cultura e muito mais se disse apontando para um futuro mais atento e
exigente, sem que haja qualquer espécie de contemplação para com os agressores.
Por outros lugares e instâncias também se falou e tomaram iniciativas várias. E
bem, foi bom!
A Comissão Nacional Justiça e Paz, na sua
Nota do passado mês de fevereiro, referia que apesar de vivermos num Estado de
Direito dotado de amplo quadro legal, apesar de o Estado dispor de instituições
apetrechadas com recursos humanos capazes, apesar de vivermos numa sociedade
com níveis de escolaridade sem paralelo, apesar de tantas vítimas e sofrimento,
a tragédia persiste, insinuando que o quadro legal não é suficiente, que as
instituições não funcionam articuladamente, que os conhecimentos e a informação
não produz a necessária alteração de comportamentos. De facto, escreve a
Comissão Nacional Justiça e Paz, de facto, não há “quadros legais perfeitos e
as leis carecem sempre de ser melhoradas, mas têm que ser cumpridas. Não há
políticas públicas suficientemente abrangentes, mas as que estão definidas têm
que ser executadas e consolidadas. Não há sistemas completos, mas os que
existem têm que funcionar de forma articulada e consistente. Não há
responsabilidades exclusivas, mas responsabilidades partilhadas por todos os
decisores numa imensa hierarquia das estruturas de intervenção. Mas também, na
vivência concreta do dia-a-dia, há responsabilidades partilhadas por todos nós,
cidadãos conscientes da sua pertença coletiva”.
A Igreja, na pessoa de cada membro e através
das suas comunidades e estruturas, não pode deixar de dar o seu ombro, com
coragem e determinação, na erradicação desta chaga social, sensibilizando,
formando, denunciando e envolvendo-se na solução do problema. O Papa Francisco
não se tem cansado de esconjurar a cultura da morte, desde o aborto à
eutanásia, a cultura do descarte e da indiferença, da violência e da falta de
amor que existe na sociedade. A falta desse amor que é o fundamento do respeito
mútuo e da fraternidade universal que nos une e dignifica e, regra geral, se
aprende em família. São João Paulo II, para além de muitas outras ocasiões em
que se referiu à mulher, também nos deixou alguns documentos preciosos dos
quais recordo a Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, de 15 de agosto
de1988; a Carta que, em 29 de junho de 1995, “sob o signo da solidariedade e da
gratidão”, dirigiu às mulheres uns meses antes da IV Conferência Mundial sobre
a Mulher, em Pequim, uma iniciativa das Nações Unidas aplaudida pelo Papa e
para a qual se propôs oferecer a sua contribuição; o terceiro Documento que
recordo é a sua Mensagem para o XXVIII Dia Mundial da Paz, em 1995, a que deu o
título: "Mulher: Educadora de Paz". Todos estes documentos estão
acessíveis na internet e vale a pena repescá-los para ler e refletir. Mas são
incontáveis os pronunciamentos do Magistério da Igreja em tais assuntos.
Nestes documentos, a Igreja, pela voz de São
João Paulo II, aborda os problemas e perspetivas da condição feminina,
detendo-se sobretudo na dignidade e nos direitos das mulheres. Agradece a Deus
e a cada mulher a sua vocação e missão e tudo quanto ela representa na vida da
humanidade. Dá graças por toda a mulher e por aquilo que constitui “a eterna
medida da sua dignidade feminina” e pelas grandes obras que, na história das
gerações humanas, nela e por meio dela se realizaram. Mas também confessa que
agradecer não basta. Reconhece que “somos herdeiros de uma história com imensos
condicionalismos que, em todos os tempos e latitudes, tornaram difícil o
caminho da mulher, ignorada na sua dignidade, deturpada nas suas prerrogativas,
não raro marginalizada e, até mesmo, reduzida à escravidão”. Por isso, “é tempo
de olhar, com a coragem da memória e o sincero reconhecimento das
responsabilidades, a longa história da humanidade, para a qual as mulheres
deram uma contribuição não inferior à dos homens, e a maior parte das vezes em
condições muito mais desfavoráveis”. A humanidade tem “uma dívida incalculável”
para com as mulheres e tem ainda muito a fazer para conseguir onde quer que
seja “a igualdade efetiva dos direitos da pessoa: idêntica retribuição salarial
por categoria de trabalho, tutela da mãe-trabalhadora, justa promoção na
carreira, igualdade entre cônjuges no direito de família, o reconhecimento de
tudo quanto está ligado aos direitos e aos deveres do cidadão num regime
democrático”. Acreditando numa presença cada vez maior das mulheres na sociedade,
manifesta a certeza de que elas continuarão a mostrar “as contradições de uma
sociedade organizada sobre critérios de eficiência e produtividade” e obrigarão
“a reformular os sistemas a bem dos processos de humanização que delineiam a
«civilização do amor»”. Quando as mulheres têm “a possibilidade de transmitir
plenamente os seus dons a toda a comunidade, fica positivamente transformada a
própria modalidade como a sociedade é concebida e se organiza, conseguindo
refletir melhor a unidade substancial da família humana”. O Papa, faz um
“premente apelo a que, da parte de todos, particularmente dos Estados e das
Instituições Internacionais, se faça o que for preciso para devolver à mulher o
pleno respeito da sua dignidade e do seu papel”. E não deixa de manifestar a
sua admiração “pelas mulheres de boa vontade que se dedicaram a defender a
dignidade da condição feminina, através da conquista de direitos fundamentais
sociais, económicos e políticos, e assumiram corajosamente tal iniciativa em
épocas em que este seu empenho era considerado um ato de transgressão, um sinal
de falta de feminilidade, uma manifestação de exibicionismo, e talvez um
pecado!”. Para chegar onde estamos, foi preciso percorrer «um caminho difícil e
complexo” nem sempre isento de erros, “mas substancialmente positivo”. Urge
continuar nesse trabalho, sabendo que “o segredo para percorrer diligentemente
a estrada do pleno respeito da identidade feminina não passa só pela denúncia,
apesar de necessária, das discriminações e das injustiças, mas também, e
sobretudo, por um eficaz e claro projeto de promoção, que englobe todos os
âmbitos da vida feminina, a partir de uma renovada e universal tomada de
consciência da dignidade da mulher”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 08-03-2019
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