quinta-feira, 26 de abril de 2018





PARÓQUIAS DE NISA



Sexta, 27 de abril de 2018










Sexta da IV semana da Páscoa






SEXTA-FEIRA da semana IV

Branco – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. pascal.

L 1 Act 13, 26-33; Sal 2, 6-7. 8-9. 10-11
Ev Jo 14, 1-6




MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Ap 5, 9-10
Vós nos resgatastes, Senhor, com o vosso Sangue,
de todas as tribos, línguas, povos e nações,
e fizestes de nós, para Deus, um reino de sacerdotes. Aleluia.


ORAÇÃO
Senhor, fonte da liberdade e da salvação, ouvi a voz das nossas súplicas e fazei que vivam por Vós e em Vós encontrem a felicidade eterna aqueles que remistes pelo Sangue do vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Atos 13, 26-33
«Deus cumpriu a sua promessa, ressuscitando Jesus»


As passagens da história da salvação recordadas pelo Apóstolo desde o principio deste discurso, apresenta-as ele hoje como tendo sido realizadas em Jesus no seu mistério pascal. É uma promessa que vem de longe, desde os tempos dos seus pais, os antigos patriarcas do povo de Deus, e que Deus cumpriu ao ressuscitar Jesus de entre os mortos. De facto, o mistério pascal é a síntese e o vértice para onde caminha toda a história da salvação.

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, disse Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia: «Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus, a nós foi dirigida esta palavra da salvação. Na verdade, os habitantes de Jerusalém e os seus chefes não quiseram reconhecer Jesus, mas, condenando-O, cumpriram as palavras dos Profetas que se leem cada sábado. Embora não tivessem encontrado nada que merecesse a morte, pediram a Pilatos que O mandasse matar. Cumprindo tudo o que estava escrito acerca d’Ele, desceram-no da cruz e depuseram-n’O no sepulcro. Mas Deus ressuscitou-O dos mortos e Ele apareceu durante muitos dias àqueles que tinham subido com Ele da Galileia a Jerusalém e são agora suas testemunhas diante do povo. Nós vos anunciamos a boa nova de que a promessa feita a nossos pais, Deus a cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no salmo segundo: ‘Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei’».

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 2, 6-7.8-9.10-11 (R. 7)
Refrão: Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

«Fui Eu quem ungiu o meu Rei
sobre Sião, minha montanha sagrada».
Vou proclamar o decreto do Senhor.
Ele disse-me: «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei. Refrão

Pede-me e te darei as nações por herança
e os confins da terra para teu domínio.
Hás de governá-los com cetro de ferro,
quebrá-los como vasos de barro». Refrão

E agora, ó reis, tomai sentido,
atendei, vós que governais a terra.
Servi o Senhor com temor,
aclamai-O com reverência. Refrão


ALELUIA Jo 14, 6
Refrão
: Aleluia Repete-se

Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por Mim. Refrão


EVANGELHO Jo 14, 1-6
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida»


As grandes revelações da última Ceia, o tom direto das palavras de Jesus, são um belo testamento do seu Coração. No limite da sua vida terrena, quando os seus inimigos pensam ver tudo acabado, Jesus afirma-Se claramente como o caminho por onde os homens podem chegar ao Pai, e a sua morte é realmente a porta por onde passa este caminho, que os leva à vida.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?» Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Acolhei benignamente, Senhor, os dons da vossa família e concedei-lhe o auxílio da vossa protecção, para que não perca as graças recebidas e alcance os bens eternos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio pascal


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Rom 4, 25
Cristo foi entregue à morte pelos nossos pecados
e ressuscitou para nossa justificação. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Guardai sempre, Senhor, com paternal bondade o povo que salvastes, para que se alegrem com a ressurreição do vosso Filho aqueles que foram redimidos pela sua paixão. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.







 «Procura ser feliz com aquilo que te faz feliz e não com aquilo que as pessoas pensam que te faz feliz».


Gold Hawn




MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

3.Leitura:  Lê, respeita, situa o que lês 
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.


LEITURAS: Atos 13, 26-33: As passagens da história da salvação recordadas pelo Apóstolo desde o principio deste discurso, apresenta-as ele hoje como tendo sido realizadas em Jesus no seu mistério pascal. É uma promessa que vem de longe, desde os tempos dos seus pais, os antigos patriarcas do povo de Deus, e que Deus cumpriu ao ressuscitar Jesus de entre os mortos. De facto, o mistério pascal é a síntese e o vértice para onde caminha toda a história da salvação.

Jo 14, 1-6: As grandes revelações da última Ceia, o tom direto das palavras de Jesus, são um belo testamento do seu Coração. No limite da sua vida terrena, quando os seus inimigos pensam ver tudo acabado, Jesus afirma-Se claramente como o caminho por onde os homens podem chegar ao Pai, e a sua morte é realmente a porta por onde passa este caminho, que os leva à vida..

ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos sempre a Vida.





AGENDA

18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
21.00 horas: catequese de adultos - Crisma



PALAVRA DO PASTOR
I.

CADA PESSOA É UM CASO É UMA HISTÓRIA

O Instituto Politécnico de Portalegre tem, neste fim-de-semana, a Bênção dos Finalistas, a Bênção das Pastas como costuma dizer-se. Mais do que uma meta, é uma rampa de lançamento para o mercado de trabalho e para um futuro cheio de esperança, com grande júbilo de toda a comunidade académica. A Diocese de Portalegre-Castelo Branco, também neste fim-de-semana, e em Portalegre, vai constituir sacerdote um jovem na Ordem dos Presbíteros, para ir e ensinar, ao jeito de Cristo, n’Ele e com Ele. É neste ambiente de alegria e festa agradecida que vamos celebrar o Dia do Bom Pastor, que é Cristo, e o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

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No nosso Sínodo Diocesano, abordamos a sempre importante temática das vocações. É no Sínodo que me vou inspirar para reiterar aos jovens, rapazes e raparigas, que é importante e sabe bem parar, escutar e olhar. Parar, com travões suaves e seguros, travões de pé e de mão, para não se bater com o nariz nos vidros da caminhada nem se esbarrar contra uma qualquer parede a fazer partir a cabeça e a parede. Escutar, com ouvidos saudáveis e sem maleitas, sobretudo os ouvidos do coração, para ouvir bem a sinfonia do que é bom e não ser atropelado pelas trapalhadas da vida. E ver, ver sem uveítes nem cataratas, para rasgar estradas floridas e horizontes saudáveis e úteis, fazendo da vida uma verdadeira festa, de cariz pascal.
 A palavra “vocação” está relacionada com “voz” e com o radical latino “vocare”, chamar. É a palavra que chama e, neste caso, é a Palavra de Deus que o faz para indicar um caminho a seguir. Quem chama, convoca e provoca. Convocar e provocar implica resposta e opção. É sempre desafiante! Mas, para o ser, reclama capacidade de escuta e tempo para discernir, é um processo de maturação contínua. É chamamento, é diálogo, é oração, é tensão interior, é perceber os sinais, é escutar, é ir intuindo como havemos de viver a vida em serviço aos outros na certeza de que é dando que se recebe. Ter vocação não é ter jeito para isto ou aquilo, embora convenhamos que também é preciso ter algum jeitinho para se não ser um desajeitado no exercício da função! Na minha área, de quando em vez, lá aparece um ou outro muito santo e competente mas sempre desengonçado, tantas vezes a fazer rir ou a enervar... Ter vocação também não é o resultado de um esforço pessoal ou do mérito desse esforço. Pode até ir contra os nossos próprios gostos, sim, que o digam alguns ilustres personagens da História da Salvação. Estritamente falando, não é uma profissão ou um emprego. Não é um privilégio face aos outros, não confere poderes extraordinários, muito menos deve dar ares de importância a quem quer que seja o quê. Não se tem vocação porque se é mais santo que os outros ou porque se está desiludido com a vida já experimentada. A vocação é um dom que se vai descobrindo através dos contextos da vida e dos contextos em que a vida se passa. É um dom que se acolhe, se recebe, se agradece, se faz frutificar com alegria e esperança. É dom e tarefa. É um acontecimento tão especial que entra no mistério do inacessível. E cada pessoa é um caso, é uma história, é ela mesma, irrepetível, mesmo que por aí possa identificar alguns sósias. Na sua Mensagem para este dia, o Papa Francisco torna presente que a vocação implica escutar, discernir e viver o chamamento do Senhor.
Aponto três grandes caminhos vocacionais, três grandes caminhos de concretização dessa opção e chamamento, desse diálogo, desse dom e resposta. Todos eles sentem a necessidade de orientar as antenas para captar bem as ondas e escutar com atenção. Todos eles reclamam oração, seriedade, maturação, responsabilidade e acompanhamento: a vocação é uma realidade mediada, sozinhos autorreferenciamo-nos com facilidade e enxergamos vesgamente. Esses três grandes caminhos são: a) a vocação ao matrimónio entre um homem e uma mulher, comunidade de vida e de amor, formando um só na alteridade e na diferença, para sempre, e abertos à vida; b) a vocação ao ministério ordenado, a ser padre, para serviço aos crentes em nome de Cristo, para ir e ensinar, aprendendo e caminhando também com aqueles que conduz e a quem ensina; c) e a vocação à vida consagrada, religiosa ou laical, uma entrega total, ficando com cabeça, coração e mãos livres para Deus e para a humanidade, para a missão. As três radicam no batismo que é a primeira e fundamental vocação que floresce e se diversifica em dons e carismas. Estes não são dados para benefício de quem os recebe, mas para solidificar e fazer crescer a vida comunitária, daí que não se devam enterrar. Isto inclui sair de si mesmo, atenção aos outros, atração pelo compromisso, sentido do serviço gratuito, valorização do sacrifício e doação incondicional de si próprio. No entanto, todos os batizados, cada um pelo seu caminho, têm vocação à santidade, seja qual for a sua condição ou estado de vida (cf. LG11). E todos são chamados também ao sublime encargo de fazer com que a mensagem divina da salvação seja conhecida e aceite por todos os homens em toda a parte (cf. AA3). Na verdade, pelo batismo, todos somos chamados à santidade e a ser bons pastores no Bom Pastor. O Bom Pastor convida cada um de nós, os batizados, a sermos pastores do Seu rebanho, com Ele e n’Ele, e ao Seu jeito. O Bom Pastor congrega, defende, conduz, cuida, alimenta o seu rebanho. Sejamos bispos, padres ou diáconos, profissionais da saúde ou empresários, operários ou funcionários, professores ou prestadores de outros nobres serviços à sociedade, na política ou na economia, nas artes ou nos ofícios, em tudo quanto seja contribuir para o progresso justo e sustentável, casado ou solteiro, pai ou mãe, jovem ou adulto, ninguém se deveria esquecer que Jesus, o Bom Pastor, a todos nos convoca à santidade e a todos nos confia a sublime missão de sermos Suas testemunhas, testemunhas qualificadas e comprometidas na própria vocação, quer seja no matrimónio, quer - quem sabe? nunca é tarde e nada é impossível! -, quer seja no ministério ordenado ou na vida consagrada, religiosa ou laical, quer seja permanecendo solteiro porque se entende que não se tem vocação nem para o matrimónio, nem para o ministério ordenado, nem para a vida consagrada. Não porque se tenha medo de responder positivamente, não porque se queira fugir a responsabilidades, não porque se deseja viver a vida de forma leviana e descomprometida, não porque se queira ficar solteirão ou solteirona, mas porque, depois de tudo considerar, rezar e ponderar, se entende que o caminho e a melhor forma de servir a comunidade humana é permanecer solteiro, doando a própria vida, com exigência e dedicação contagiante. Por tantos lados, estas pessoas assim disponíveis, são a alma das comunidades, a sua referência e o seu motor. E o mais engraçado de tudo isto é que ninguém tem nada com isso. Todos devemos respeitar as opções devidamente ponderadas dos outros, estimular e ajudar a que sejam muito felizes ajudando os outros a sê-lo também. Cada um é o que é. A nossa pessoa é o que somos e o que vamos aprendendo a ser.
As famílias são o espaço privilegiado da formação humana e cristã. Elas constituem a primeira e melhor escola não só para o desabrochar de vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, mas também a que tenhamos muitas e santas vocações à vida matrimonial. Há famílias inteiras, pais e filhos, que também saem em missão para países estrangeiros. É a força da Palavra escutada, discernida e vivida! Uma jovem família da cidade de Castelo Branco, o casal e os seus oito filhos ainda menores, saíram em missão evangelizadora, estão no Vietnam, há já alguns anos.
“A Messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da Messe, que mande operários para a Sua Messe” (Mt 9, 37-38).

Antonino Dias
Portalegre, 20-04-2018.


II.


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)

Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»

Queridos irmãos e irmãs!
No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens, particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os homens e mulheres de todos os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.
Também nestes nossos agitados tempos, o mistério da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é Deus connosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade, chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.
Estes três aspetos – escuta, discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4, 16-21).
Escutar
A chamada do Senhor – fique claro desde já – não possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.
Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não poderemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.
Também Jesus foi chamado e enviado; por isso, precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.
Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar, provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro impercetível da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).
Discernir
Na sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o aos que esperavam o Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 18-19).
De igual modo, cada um de nós só pode descobrir a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um «processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em particular, descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas trevas da história, os sinais duma aurora.
Também hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.
Viver
Por último, Jesus anuncia a novidade da hora presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura. Precisamente «cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» (Lc 4, 20).
A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Realmente este «hoje» proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a «descer» para salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!
O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso «eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.
Maria Santíssima, a jovem menina de periferia que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.

Vaticano, 3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.
Franciscus




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