PARÓQUIAS
DE NISA
Quinta,
26 de abril de 2018
Quinta da IV semana da Páscoa
QUINTA-FEIRA
da semana IV
Branco – Ofício da
féria.
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 Act 13, 13-25; Sal 88 (89), 2-3. 21-22. 25 e 27
Ev Jo 13, 16-20
Missa da féria, pf. pascal.
L 1 Act 13, 13-25; Sal 88 (89), 2-3. 21-22. 25 e 27
Ev Jo 13, 16-20
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 67,
8-9.20
Quando saístes, Senhor, à frente do vosso povo,
abrindo-lhe o caminho e habitando no meio dele,
estremeceu a terra e abriram-se as fontes do céu. Aleluia.
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus, que resgatastes o homem, elevando-o acima da sua dignidade original, olhai benigno para o admirável sacramento do vosso amor e conservai a bênção dos vossos dons naqueles que foram regenerados pelo Batismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 13, 13-25
«Da descendência de David Deus fez nascer Jesus,
o Salvador de Israel»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Quando saístes, Senhor, à frente do vosso povo,
abrindo-lhe o caminho e habitando no meio dele,
estremeceu a terra e abriram-se as fontes do céu. Aleluia.
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus, que resgatastes o homem, elevando-o acima da sua dignidade original, olhai benigno para o admirável sacramento do vosso amor e conservai a bênção dos vossos dons naqueles que foram regenerados pelo Batismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 13, 13-25
«Da descendência de David Deus fez nascer Jesus,
o Salvador de Israel»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo e os seus companheiros largaram de Pafos e dirigiram-se a Perga da Panfília. Mas João Marcos separou-se deles para voltar a Jerusalém. Eles prosseguiram de Perga e chegaram a Antioquia da Pisídia. A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se. Depois da leitura da Lei e dos Profetas, os chefes da sinagoga mandaram-lhes dizer: «Irmãos, se tendes alguma exortação a fazer ao povo, falai». Paulo levantou-se, fez sinal com a mão e disse: «Homens de Israel e vós que temeis a Deus, escutai: O Deus deste povo de Israel escolheu os nossos pais e fez deles um grande povo, quando viviam como estrangeiros na terra do Egipto. Com seu braço poderoso tirou-os de lá e durante quarenta anos sustentou-os no deserto e, depois de exterminadas sete nações na terra de Canaã, deu essas terras como herança ao seu povo. Tudo isto durou cerca de quatrocentos e cinquenta anos. Em seguida, deu-lhes juízes até ao profeta Samuel. Então o povo pediu um rei e Deus concedeu-lhes Saul, filho de Cis, da tribo de Benjamim, que reinou durante quarenta anos. Depois, tendo-o rejeitado, suscitou-lhes David como rei, de quem deu este testemunho: ‘Encontrei David, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará sempre a minha vontade’. Da sua descendência, como prometera, Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel. João tinha proclamado, antes da sua vinda, um baptismo de penitência a todo o povo de Israel. Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: ‘Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 88 (89), 2-3.21-22.25.27 (R. cf. 2a)
Refrão: Senhor, cantarei eternamente a vossa bondade. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes:
«A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade. Refrão
Encontrei David, meu servo,
ungi-o com o óleo santo.
Estarei sempre a seu lado
e com a minha força o sustentarei. Refrão
A minha fidelidade e bondade estarão com ele,
pelo meu nome será firmado o seu poder.
Ele me invocará: «Vós sois meu Pai,
meu Deus, meu Salvador». Refrão
ALELUIA cf. Ap 1, 5ab
Refrão: Aleluia Repete-se
Jesus Cristo, a Testemunha fiel,
o Primogénito dos mortos,
amou-nos e purificou-nos dos nossos pecados,
pelo seu sangue. Refrão
EVANGELHO Jo 13, 16-20
«Quem recebe aquele a quem Eu enviar é a Mim que recebe»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, Quando Jesus acabou de lavar os pés aos seus discípulos, disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. Sabendo isto, sereis felizes se o puserdes em prática. Não falo de todos vós: Eu conheço aqueles que escolhi; mas tem de cumprir-se a Escritura, que diz: ‘Quem come do meu pão levantou contra Mim o calcanhar’. Desde já vo lo digo antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem recebe aquele que Eu enviar, a Mim recebe; e quem Me recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Subam à vossa presença, Senhor, as nossas orações e as nossas ofertas, de modo que, purificados pela vossa graça, possamos participar dignamente nos sacramenots da vossa misericórdia. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor Deus todo-poderoso, que em Cristo ressuscitado nos renovais para a vida eterna, multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal e infundi em nossos corações a força do alimento que nos salva. Por Nosso Senhor.
« Deus não se esconde dos que O
procuram, ainda que o façam às apalpadelas».
Papa Francisco
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Atos 13, 13-25: Da
ilha de Chipre, pátria de Barnabé, Paulo e os companheiros passam ao
continente, à Turquia atual, e prosseguem a sua viagem missionária. Em cada
povoação onde chegam vão à sinagoga ao sábado, tomam parte no culto e anunciam
Jesus aos Judeus, antes de o fazerem a todos os demais. Paulo mostra que Jesus
é o descendente de David, prometido e esperado, e que assim o Antigo Testamento
vem a florir e a dar o seu fruto no Novo Testamento.
Jo 13, 16-20: A
partir deste dia, a segunda leitura é tirada do discurso de Jesus na última
Ceia. Hoje, Jesus faz o comentário ao gesto que acabou de praticar, o de lavar
os pés aos Apóstolos, como foi lido na Missa da Ceia do Senhor, em Quinta-feira
Santa. Foi uma lição de serviço. Deste modo, Jesus manifesta que a missão do
Mestre é servir e não ser servido, missão que os seus discípulos hão de imitar.
O maior de todos os seus serviços foi o de dar a vida pelos homens.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos sempre a Vida.
AGENDA
11.00 horas: Funeral em Tolosa
16.00 horas: Missa na santa Casa de Nisa
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
21.00 horas: Adoração ao Santíssimo, seguido de ensaio de canto
21.00 horas: Nisa: encontro com pais de catequese do 3º ano
PALAVRA
DO PASTOR
I.
CADA PESSOA É UM CASO É UMA
HISTÓRIA
O Instituto Politécnico de
Portalegre tem, neste fim-de-semana, a Bênção dos Finalistas, a Bênção das
Pastas como costuma dizer-se. Mais do que uma meta, é uma rampa de lançamento
para o mercado de trabalho e para um futuro cheio de esperança, com grande
júbilo de toda a comunidade académica. A Diocese de Portalegre-Castelo Branco,
também neste fim-de-semana, e em Portalegre, vai constituir sacerdote um jovem
na Ordem dos Presbíteros, para ir e ensinar, ao jeito de Cristo, n’Ele e com
Ele. É neste ambiente de alegria e festa agradecida que vamos celebrar o Dia do
Bom Pastor, que é Cristo, e o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
***********************************************************************
No nosso Sínodo Diocesano,
abordamos a sempre importante temática das vocações. É no Sínodo que me vou
inspirar para reiterar aos jovens, rapazes e raparigas, que é importante e sabe
bem parar, escutar e olhar. Parar, com travões suaves e seguros, travões de pé
e de mão, para não se bater com o nariz nos vidros da caminhada nem se esbarrar
contra uma qualquer parede a fazer partir a cabeça e a parede. Escutar, com
ouvidos saudáveis e sem maleitas, sobretudo os ouvidos do coração, para ouvir
bem a sinfonia do que é bom e não ser atropelado pelas trapalhadas da vida. E
ver, ver sem uveítes nem cataratas, para rasgar estradas floridas e horizontes
saudáveis e úteis, fazendo da vida uma verdadeira festa, de cariz pascal.
A palavra “vocação” está relacionada com “voz”
e com o radical latino “vocare”, chamar. É a palavra que chama e, neste caso, é
a Palavra de Deus que o faz para indicar um caminho a seguir. Quem chama,
convoca e provoca. Convocar e provocar implica resposta e opção. É sempre
desafiante! Mas, para o ser, reclama capacidade de escuta e tempo para
discernir, é um processo de maturação contínua. É chamamento, é diálogo, é
oração, é tensão interior, é perceber os sinais, é escutar, é ir intuindo como
havemos de viver a vida em serviço aos outros na certeza de que é dando que se
recebe. Ter vocação não é ter jeito para isto ou aquilo, embora convenhamos que
também é preciso ter algum jeitinho para se não ser um desajeitado no exercício
da função! Na minha área, de quando em vez, lá aparece um ou outro muito santo
e competente mas sempre desengonçado, tantas vezes a fazer rir ou a enervar...
Ter vocação também não é o resultado de um esforço pessoal ou do mérito desse
esforço. Pode até ir contra os nossos próprios gostos, sim, que o digam alguns
ilustres personagens da História da Salvação. Estritamente falando, não é uma profissão
ou um emprego. Não é um privilégio face aos outros, não confere poderes
extraordinários, muito menos deve dar ares de importância a quem quer que seja
o quê. Não se tem vocação porque se é mais santo que os outros ou porque se
está desiludido com a vida já experimentada. A vocação é um dom que se vai
descobrindo através dos contextos da vida e dos contextos em que a vida se
passa. É um dom que se acolhe, se recebe, se agradece, se faz frutificar com
alegria e esperança. É dom e tarefa. É um acontecimento tão especial que entra
no mistério do inacessível. E cada pessoa é um caso, é uma história, é ela
mesma, irrepetível, mesmo que por aí possa identificar alguns sósias. Na sua
Mensagem para este dia, o Papa Francisco torna presente que a vocação implica
escutar, discernir e viver o chamamento do Senhor.
Aponto três grandes caminhos
vocacionais, três grandes caminhos de concretização dessa opção e chamamento,
desse diálogo, desse dom e resposta. Todos eles sentem a necessidade de
orientar as antenas para captar bem as ondas e escutar com atenção. Todos eles
reclamam oração, seriedade, maturação, responsabilidade e acompanhamento: a
vocação é uma realidade mediada, sozinhos autorreferenciamo-nos com facilidade
e enxergamos vesgamente. Esses três grandes caminhos são: a) a vocação ao
matrimónio entre um homem e uma mulher, comunidade de vida e de amor, formando
um só na alteridade e na diferença, para sempre, e abertos à vida; b) a vocação
ao ministério ordenado, a ser padre, para serviço aos crentes em nome de
Cristo, para ir e ensinar, aprendendo e caminhando também com aqueles que
conduz e a quem ensina; c) e a vocação à vida consagrada, religiosa ou laical,
uma entrega total, ficando com cabeça, coração e mãos livres para Deus e para a
humanidade, para a missão. As três radicam no batismo que é a primeira e
fundamental vocação que floresce e se diversifica em dons e carismas. Estes não
são dados para benefício de quem os recebe, mas para solidificar e fazer
crescer a vida comunitária, daí que não se devam enterrar. Isto inclui sair de
si mesmo, atenção aos outros, atração pelo compromisso, sentido do serviço
gratuito, valorização do sacrifício e doação incondicional de si próprio. No
entanto, todos os batizados, cada um pelo seu caminho, têm vocação à santidade,
seja qual for a sua condição ou estado de vida (cf. LG11). E todos são chamados
também ao sublime encargo de fazer com que a mensagem divina da salvação seja
conhecida e aceite por todos os homens em toda a parte (cf. AA3). Na verdade,
pelo batismo, todos somos chamados à santidade e a ser bons pastores no Bom
Pastor. O Bom Pastor convida cada um de nós, os batizados, a sermos pastores do
Seu rebanho, com Ele e n’Ele, e ao Seu jeito. O Bom Pastor congrega, defende,
conduz, cuida, alimenta o seu rebanho. Sejamos bispos, padres ou diáconos,
profissionais da saúde ou empresários, operários ou funcionários, professores
ou prestadores de outros nobres serviços à sociedade, na política ou na
economia, nas artes ou nos ofícios, em tudo quanto seja contribuir para o
progresso justo e sustentável, casado ou solteiro, pai ou mãe, jovem ou adulto,
ninguém se deveria esquecer que Jesus, o Bom Pastor, a todos nos convoca à
santidade e a todos nos confia a sublime missão de sermos Suas testemunhas,
testemunhas qualificadas e comprometidas na própria vocação, quer seja no
matrimónio, quer - quem sabe? nunca é tarde e nada é impossível! -, quer seja
no ministério ordenado ou na vida consagrada, religiosa ou laical, quer seja
permanecendo solteiro porque se entende que não se tem vocação nem para o
matrimónio, nem para o ministério ordenado, nem para a vida consagrada. Não
porque se tenha medo de responder positivamente, não porque se queira fugir a
responsabilidades, não porque se deseja viver a vida de forma leviana e
descomprometida, não porque se queira ficar solteirão ou solteirona, mas
porque, depois de tudo considerar, rezar e ponderar, se entende que o caminho e
a melhor forma de servir a comunidade humana é permanecer solteiro, doando a
própria vida, com exigência e dedicação contagiante. Por tantos lados, estas
pessoas assim disponíveis, são a alma das comunidades, a sua referência e o seu
motor. E o mais engraçado de tudo isto é que ninguém tem nada com isso. Todos
devemos respeitar as opções devidamente ponderadas dos outros, estimular e
ajudar a que sejam muito felizes ajudando os outros a sê-lo também. Cada um é o
que é. A nossa pessoa é o que somos e o que vamos aprendendo a ser.
As famílias são o espaço
privilegiado da formação humana e cristã. Elas constituem a primeira e melhor
escola não só para o desabrochar de vocações ao ministério ordenado e à vida
consagrada, mas também a que tenhamos muitas e santas vocações à vida
matrimonial. Há famílias inteiras, pais e filhos, que também saem em missão
para países estrangeiros. É a força da Palavra escutada, discernida e vivida!
Uma jovem família da cidade de Castelo Branco, o casal e os seus oito filhos
ainda menores, saíram em missão evangelizadora, estão no Vietnam, há já alguns
anos.
“A Messe é grande, mas os operários
são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da Messe, que mande operários para a Sua
Messe” (Mt 9, 37-38).
Antonino Dias
Portalegre, 20-04-2018.
II.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»
Queridos irmãos e irmãs!
No
próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens, particularmente à relação
entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos oportunidade de aprofundar
como, no centro da nossa vida, está a chamada à alegria que Deus nos dirige,
constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os homens e mulheres de todos
os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se
duma boa notícia, cujo anúncio volta a ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de
Oração pelas Vocações: não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série
de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo
são fruto duma vocação divina.
Também
nestes nossos agitados tempos, o mistério da Encarnação lembra-nos que Deus não
cessa jamais de vir ao nosso encontro: é Deus connosco, acompanha-nos ao longo
das estradas por vezes poeirentas da nossa vida e, sabendo da nossa pungente
nostalgia de amor e felicidade, chama-nos à alegria. Na diversidade e
especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar,
discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo
que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos
de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.
Estes
três aspetos – escuta, discernimento e vida – servem de
moldura também ao início da missão de Jesus: passados os quarenta dias de
oração e luta no deserto, visita a sua sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à
escuta da Palavra, discerne o conteúdo da missão que o Pai Lhe confia e anuncia
que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4, 16-21).
Escutar
A
chamada do Senhor – fique claro desde já – não possui a evidência própria de
uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência
diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa
liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas
inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.
Por
isso, é preciso preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida,
prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os
acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não
poderemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se
ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem
desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a
oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história
única e original que Deus quer escrever connosco.
Também
Jesus foi chamado e enviado; por isso, precisou de Se recolher no silêncio,
escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com a luz e a força do Espírito Santo,
desvendou em plenitude o seu significado relativamente à sua própria pessoa e à
história do povo de Israel.
Hoje
este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos
numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que
enchem a nossa jornada. À barafunda exterior, que às vezes domina as nossas
cidades e bairros, corresponde frequentemente uma dispersão e confusão
interior, que não nos permite parar, provar o gosto da contemplação, refletir
com serenidade sobre os acontecimentos da nossa vida e realizar um profícuo
discernimento, confiados no desígnio amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas,
como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a atenção
(cf. Lc 17, 21), e só é possível individuar os seus germes
quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas profundezas do nosso espírito,
deixando que este se abra ao sopro impercetível da brisa divina (cf. 1
Re 19, 11-13).
Discernir
Na
sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do profeta Isaías, Jesus discerne o
conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o aos que esperavam o
Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me ungiu para anunciar a
Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos
cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar
o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 18-19).
De
igual modo, cada um de nós só pode descobrir a sua própria vocação através do
discernimento espiritual, um «processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o
Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a
começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral
Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em
particular, descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma dimensão profética.
Como nos atesta a Escritura, os profetas são enviados ao povo, em situações de
grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar
em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação. Como um vento
que levanta o pó, o profeta perturba a falsa tranquilidade da consciência que
esqueceu a Palavra do Senhor, discerne os acontecimentos à luz da promessa de
Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas trevas da história, os sinais duma
aurora.
Também
hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as
tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o
Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama.
Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a
vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser
continuador da sua missão.
Viver
Por
último, Jesus anuncia a novidade da hora presente, que entusiasmará a muitos e
endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por
Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar
o amor misericordioso de Deus a toda a criatura. Precisamente «cumpriu-se hoje
– afirma Jesus – esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» (Lc 4,
20).
A
alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode
esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos
debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável;
nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A
vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é
chamado – à vida laical no matrimónio, à vida sacerdotal no ministério
ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do
Senhor, aqui e agora.
Realmente
este «hoje» proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a «descer» para
salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor
continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação
de proximidade ao seu serviço direto. E, se fizer intuir que nos chama a
consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma
graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço
dos irmãos!
O
Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos
perfeitos para dar como resposta o nosso generoso «eis-me aqui», nem
assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor
com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no
mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.
Maria
Santíssima, a jovem menina de periferia que escutou, acolheu e viveu a Palavra
de Deus feita carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.
Vaticano,
3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.
Franciscus
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