PARÓQUIAS
DE NISA
Sábado,
28 de abril de 2018
Sábado da IV semana da Páscoa
SÁBADO
da semana IV
S. Pedro Chanel, presbítero e mártir –
MF
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 Act 13, 44-52; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4
Ev Jo 14, 7-14
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 Act 13, 44-52; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4
Ev Jo 14, 7-14
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA 1 Pedro 2, 9
Povo resgatado, proclamai as maravilhas do Senhor,
que vos chamou das trevas para a sua luz admirável. Aleluia.
ORAÇÃO
Deus eterno e omnipotente, que nos renovastes pelo Baptismo, fazei-nos viver em plenitude o mistério pascal, para que dêmos fruto abundante e cheguemos às alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 13, 44-52
«Voltamo-nos para os pagãos»
Povo resgatado, proclamai as maravilhas do Senhor,
que vos chamou das trevas para a sua luz admirável. Aleluia.
ORAÇÃO
Deus eterno e omnipotente, que nos renovastes pelo Baptismo, fazei-nos viver em plenitude o mistério pascal, para que dêmos fruto abundante e cheguemos às alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 13, 44-52
«Voltamo-nos para os pagãos»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
No segundo sábado em que Paulo e Barnabé estiveram em Antioquia da Pisídia, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias às palavras de Paulo. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Mas uma vez que a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, porque assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem isto, os gentios encheram-se de alegria e glorificaram a palavra do Senhor; e todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé. Assim, a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus instigaram algumas senhoras piedosas mais distintas, bem como os homens principais da cidade, e moveram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, expulsando-os do território. Estes sacudiram contra eles a poeira dos pés e seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos ficavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4 (R. 3cd)
Refrão: Todos os confins da terra
viram a salvação do nosso Deus. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória. Refrão
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel. Refrão
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai. Refrão
ALELUIA Jo 8, 31b-32
Refrão: Aleluia Repete-se
Se permanecerdes na minha palavra,
sereis verdadeiramente meus discípulos
e conhecereis a verdade, diz o Senhor. Refrão
EVANGELHO Jo 14, 7-14
«Quem Me vê, vê o Pai»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim próprio, mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, Eu a farei».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Santificai, Senhor, estes dons que Vos oferecemos como sacrifício espiritual, e fazei de nós mesmos uma oblação eterna para vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Jo 17, 24
Eu quero, ó Pai, que estejam sempre comigo aqueles que Me deste, para que vejam a minha glória. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Depois de recebermos estes dons sagrados, humildemente Vos pedimos, Senhor: o sacramento que o vosso Filho nos mandou celebrar em sua memória, aumente sempre a nossa caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Se ajudar a ter esperança, nem
que seja a uma só pessoa, a minha vida já valeu a pena».
Luther King
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
- Atos 13, 44-52: Esta
passagem é muito importante. Trata-se da grande afirmação de S. Paulo, de que,
uma vez rejeitada a pregação do Evangelho pelos judeus, ele se vai voltar para
os pagãos. Assim estes, em lugar de serem os continuadores do povo escolhido do
Antigo Testamento, tornam-se quase os seus substitutos. Mas deste modo, se
verifica como é verdadeira a palavra de Deus a Abraão: “Farei de ti pai de muitas
nações”.
Jo
14, 7-14: Jesus é a revelação do Pai; mas esta revelação só é
acessível à fé. Filipe talvez exigisse qualquer manifestação espetacular do
Pai, mas essa manifestação está no próprio Filho: as suas palavras são as
palavras do Pai, as suas obras são sinais do poder do Pai que está no Filho,
como o Filho está no Pai. É este um grande passo na revelação do mistério da
vida íntima de Deus. Este ministério de Jesus de revelar o Pai, continuará no
ministério dos Apóstolos, garantido pela ação do Espírito Santo.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos sempre a Vida.
AGENDA
- Todo o dia: Dia diocesano do catequista em Cernache do Bonjardim
15.00 horas: Missa na Salavessa
15.30 horas: Funeral em Nisa - Misericórdia
15.00 horas: Missa na Salavessa
15.30 horas: Funeral em Nisa - Misericórdia
16.00 horas: Missa no Pé da Serra
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo.
PALAVRA
DO PASTOR
I.
CADA PESSOA É UM CASO É UMA
HISTÓRIA
O
Instituto Politécnico de Portalegre tem, neste fim-de-semana, a Bênção dos
Finalistas, a Bênção das Pastas como costuma dizer-se. Mais do que uma meta, é
uma rampa de lançamento para o mercado de trabalho e para um futuro cheio de
esperança, com grande júbilo de toda a comunidade académica. A Diocese de
Portalegre-Castelo Branco, também neste fim-de-semana, e em Portalegre, vai
constituir sacerdote um jovem na Ordem dos Presbíteros, para ir e ensinar, ao
jeito de Cristo, n’Ele e com Ele. É neste ambiente de alegria e festa
agradecida que vamos celebrar o Dia do Bom Pastor, que é Cristo, e o 55º Dia
Mundial de Oração pelas Vocações.
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No
nosso Sínodo Diocesano, abordamos a sempre importante temática das vocações. É
no Sínodo que me vou inspirar para reiterar aos jovens, rapazes e raparigas,
que é importante e sabe bem parar, escutar e olhar. Parar, com travões suaves e
seguros, travões de pé e de mão, para não se bater com o nariz nos vidros da
caminhada nem se esbarrar contra uma qualquer parede a fazer partir a cabeça e
a parede. Escutar, com ouvidos saudáveis e sem maleitas, sobretudo os ouvidos
do coração, para ouvir bem a sinfonia do que é bom e não ser atropelado pelas trapalhadas
da vida. E ver, ver sem uveítes nem cataratas, para rasgar estradas floridas e
horizontes saudáveis e úteis, fazendo da vida uma verdadeira festa, de cariz
pascal.
A palavra “vocação” está relacionada com “voz”
e com o radical latino “vocare”, chamar. É a palavra que chama e, neste caso, é
a Palavra de Deus que o faz para indicar um caminho a seguir. Quem chama,
convoca e provoca. Convocar e provocar implica resposta e opção. É sempre
desafiante! Mas, para o ser, reclama capacidade de escuta e tempo para
discernir, é um processo de maturação contínua. É chamamento, é diálogo, é
oração, é tensão interior, é perceber os sinais, é escutar, é ir intuindo como
havemos de viver a vida em serviço aos outros na certeza de que é dando que se
recebe. Ter vocação não é ter jeito para isto ou aquilo, embora convenhamos que
também é preciso ter algum jeitinho para se não ser um desajeitado no exercício
da função! Na minha área, de quando em vez, lá aparece um ou outro muito santo
e competente mas sempre desengonçado, tantas vezes a fazer rir ou a enervar...
Ter vocação também não é o resultado de um esforço pessoal ou do mérito desse
esforço. Pode até ir contra os nossos próprios gostos, sim, que o digam alguns
ilustres personagens da História da Salvação. Estritamente falando, não é uma
profissão ou um emprego. Não é um privilégio face aos outros, não confere
poderes extraordinários, muito menos deve dar ares de importância a quem quer
que seja o quê. Não se tem vocação porque se é mais santo que os outros ou porque
se está desiludido com a vida já experimentada. A vocação é um dom que se vai
descobrindo através dos contextos da vida e dos contextos em que a vida se
passa. É um dom que se acolhe, se recebe, se agradece, se faz frutificar com
alegria e esperança. É dom e tarefa. É um acontecimento tão especial que entra
no mistério do inacessível. E cada pessoa é um caso, é uma história, é ela
mesma, irrepetível, mesmo que por aí possa identificar alguns sósias. Na sua
Mensagem para este dia, o Papa Francisco torna presente que a vocação implica
escutar, discernir e viver o chamamento do Senhor.
Aponto
três grandes caminhos vocacionais, três grandes caminhos de concretização dessa
opção e chamamento, desse diálogo, desse dom e resposta. Todos eles sentem a
necessidade de orientar as antenas para captar bem as ondas e escutar com
atenção. Todos eles reclamam oração, seriedade, maturação, responsabilidade e
acompanhamento: a vocação é uma realidade mediada, sozinhos
autorreferenciamo-nos com facilidade e enxergamos vesgamente. Esses três
grandes caminhos são: a) a vocação ao matrimónio entre um homem e uma mulher,
comunidade de vida e de amor, formando um só na alteridade e na diferença, para
sempre, e abertos à vida; b) a vocação ao ministério ordenado, a ser padre,
para serviço aos crentes em nome de Cristo, para ir e ensinar, aprendendo e
caminhando também com aqueles que conduz e a quem ensina; c) e a vocação à vida
consagrada, religiosa ou laical, uma entrega total, ficando com cabeça, coração
e mãos livres para Deus e para a humanidade, para a missão. As três radicam no
batismo que é a primeira e fundamental vocação que floresce e se diversifica em
dons e carismas. Estes não são dados para benefício de quem os recebe, mas para
solidificar e fazer crescer a vida comunitária, daí que não se devam enterrar.
Isto inclui sair de si mesmo, atenção aos outros, atração pelo compromisso,
sentido do serviço gratuito, valorização do sacrifício e doação incondicional
de si próprio. No entanto, todos os batizados, cada um pelo seu caminho, têm
vocação à santidade, seja qual for a sua condição ou estado de vida (cf. LG11).
E todos são chamados também ao sublime encargo de fazer com que a mensagem
divina da salvação seja conhecida e aceite por todos os homens em toda a parte
(cf. AA3). Na verdade, pelo batismo, todos somos chamados à santidade e a ser
bons pastores no Bom Pastor. O Bom Pastor convida cada um de nós, os batizados,
a sermos pastores do Seu rebanho, com Ele e n’Ele, e ao Seu jeito. O Bom Pastor
congrega, defende, conduz, cuida, alimenta o seu rebanho. Sejamos bispos,
padres ou diáconos, profissionais da saúde ou empresários, operários ou
funcionários, professores ou prestadores de outros nobres serviços à sociedade,
na política ou na economia, nas artes ou nos ofícios, em tudo quanto seja
contribuir para o progresso justo e sustentável, casado ou solteiro, pai ou
mãe, jovem ou adulto, ninguém se deveria esquecer que Jesus, o Bom Pastor, a
todos nos convoca à santidade e a todos nos confia a sublime missão de sermos
Suas testemunhas, testemunhas qualificadas e comprometidas na própria vocação,
quer seja no matrimónio, quer - quem sabe? nunca é tarde e nada é impossível!
-, quer seja no ministério ordenado ou na vida consagrada, religiosa ou laical,
quer seja permanecendo solteiro porque se entende que não se tem vocação nem
para o matrimónio, nem para o ministério ordenado, nem para a vida consagrada.
Não porque se tenha medo de responder positivamente, não porque se queira fugir
a responsabilidades, não porque se deseja viver a vida de forma leviana e
descomprometida, não porque se queira ficar solteirão ou solteirona, mas
porque, depois de tudo considerar, rezar e ponderar, se entende que o caminho e
a melhor forma de servir a comunidade humana é permanecer solteiro, doando a
própria vida, com exigência e dedicação contagiante. Por tantos lados, estas pessoas
assim disponíveis, são a alma das comunidades, a sua referência e o seu motor.
E o mais engraçado de tudo isto é que ninguém tem nada com isso. Todos devemos
respeitar as opções devidamente ponderadas dos outros, estimular e ajudar a que
sejam muito felizes ajudando os outros a sê-lo também. Cada um é o que é. A
nossa pessoa é o que somos e o que vamos aprendendo a ser.
As
famílias são o espaço privilegiado da formação humana e cristã. Elas constituem
a primeira e melhor escola não só para o desabrochar de vocações ao ministério
ordenado e à vida consagrada, mas também a que tenhamos muitas e santas
vocações à vida matrimonial. Há famílias inteiras, pais e filhos, que também
saem em missão para países estrangeiros. É a força da Palavra escutada, discernida
e vivida! Uma jovem família da cidade de Castelo Branco, o casal e os seus oito
filhos ainda menores, saíram em missão evangelizadora, estão no Vietnam, há já
alguns anos.
“A
Messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da Messe,
que mande operários para a Sua Messe” (Mt 9, 37-38).
Antonino
Dias
Portalegre,
20-04-2018.
II.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»
Queridos irmãos e irmãs!
No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens,
particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos
oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à
alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os
homens e mulheres de todos os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral
Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a
ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos
submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário,
a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.
Também nestes nossos agitados tempos, o mistério
da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é
Deus connosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da
nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade,
chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e
eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra
que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos
talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos
para a plenitude da felicidade.
Estes três aspetos – escuta,
discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de
Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua
sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da
missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4,
16-21).
Escutar
A chamada do Senhor – fique claro desde já – não
possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou
tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem
Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada
pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso
coração.
Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta
profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do
nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e
manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não poderemos descobrir a chamada especial e
pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos
nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do
próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista
daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.
Também Jesus foi chamado e enviado; por isso,
precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com
a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado
relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.
Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez
mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância
frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda
exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde
frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar,
provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos
da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio
amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer
rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível
individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas
profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro impercetível
da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).
Discernir
Na sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do
profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e
apresenta-o aos que esperavam o Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim;
porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a
libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade
os oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4,
18-19).
De igual modo, cada um de nós só pode descobrir
a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um «processo pelo
qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a
fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos
Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em particular, descobrimos que a vocação cristã
tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são
enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise
espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão,
esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a
falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne
os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas
trevas da história, os sinais duma aurora.
Também hoje temos grande necessidade do
discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo
e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e
situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão deveria poder
desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para
quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.
Viver
Por último, Jesus anuncia a novidade da hora
presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo,
sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver
a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura.
Precisamente «cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que
acabais de ouvir» (Lc 4, 20).
A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro
com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não
nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera
dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o
risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento
presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida
sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se
tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Realmente este «hoje» proclamado por Jesus
assegura-nos que Deus continua a «descer» para salvar esta nossa humanidade e
fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para
viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço
direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu
Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e
para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!
O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não
temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso
«eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher
a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal
na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.
Maria Santíssima, a jovem menina de periferia
que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre
acompanhe no nosso caminho.
Vaticano,
3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.
Franciscus
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