sábado, 21 de abril de 2018





PARÓQUIAS DE NISA



Domingo, 22 de abril de 2018










Domingo III da Páscoa

BOM PASTOR





DOMINGO IV DA PÁSCOA

Branco – Ofício próprio (Semana IV do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. pascal.

L 1 Act 4, 8-12; Sal 117 (118), 1 e 8-9. 21-23. 26 e 28cd e 29
L 2 1 Jo 3, 1-2
Ev Jo 10, 11-18


* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* Domingo do Bom Pastor.
* Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

 


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 32, 5-6
A bondade do Senhor encheu a terra,
a palavra do Senhor criou os céus. Aleluia.

Diz-se o Glória.

ORAÇÃO
Deus eterno e omnipotente,
conduzi-nos à posse das alegrias celestes,
para que o pequenino rebanho dos vossos fiéis
chegue um dia à glória do reino
onde já Se encontra o seu poderoso Pastor,
Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Atos 4, 8-12
«Em nenhum outro há salvação»


Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que veio a tornar-se pedra angular. E em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos».

Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 117 (118),1 e 8-9.21-23.26.28cd.29 (R. 22)
Refrão: A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular. Repete-se
Ou: Aleluia Repete-se

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos. Refrão

Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos. Refrão

Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia. Refrão


LEITURA II 1 Jo 3, 1-2
«Veremos a Deus tal como Ele é»

Leitura da Primeira Epístola de São João

Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos como Ele é.

Palavra do Senhor.


ALELUIA Jo 10, 14
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me. Refrão


EVANGELHO Jo 10, 11-18
«O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus: «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».
 
Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei, Senhor,
que em todo o tempo possamos alegrar-nos
com estes mistérios pascais,
de modo que o ato sempre renovado da nossa redenção
seja para nós causa de alegria eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio pascal

ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas
e Se entregou à morte pelo seu rebanho. Aleluia.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus, nosso Bom Pastor,
olhai benignamente para o vosso rebanho
e conduzi às pastagens eternas
as ovelhas que remistes com o precioso Sangue do vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo..






 «Os sábios crescem na sabedoria mas boca do insensato preanuncia desgraça».


LIVRO DOS PROVÉRBIOS, 10,14




MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA

3.Leitura:  Lê, respeita, situa o que lês 
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.


LEITURAS: Atos 4, 8-12: As primeiras pregações dos Apóstolos foram o anúncio global de Jesus Cristo e da salvação que Ele traz aos homens. Assim, hoje S. Pedro, aproveitando o ensejo que se lhe oferece quando se vê diante do tribunal judaico, declara, alto e bom som, que Jesus, a quem os homens rejeitaram, é a pedra fundamental da nova humanidade, é o Salvador esperado, a fonte da vida eterna, como o fora já da saúde temporal para o paralítico que Ele tinha acabado de curar.

1 Jo 3, 1-2: Nós somos filhos de Deus por termos acreditado em Jesus Cristo, seu Filho; mas esta situação só será, para nós, plenamente consciente depois desta vida, como, para Jesus, a glória da divindade só se manifestou plenamente na sua humanidade depois da sua Morte e Ressurreição.    

Jo 10, 11-18: O tema do Bom Pastor é especialmente próprio do tempo da Páscoa. A afirmação de Jesus de que “o Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” tornou-se realmente palpável na sua Morte na cruz. Aí Ele dá a vida, oferece-Se em oblação de amor ao Pai pelos homens. É na cruz que Ele Se revela o Bom Pastor, como é na ressurreição que reconhecemos o fruto desse sacrifício redentor. Por isso, a Páscoa é o tempo particularmente consagrado ao louvor e ação de graças.

ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos sempre a Vida.





AGENDA

09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo
10.45 horas: Missa em Tolosa
11.00 horas: Missa em Gáfete
12.30 horas: Misa em Monte Claro
12.30 horas: Celebração da Palavra na Falagueira
15,30 horas: Celebração da Palavra no Cacheiro
15.30 horas; Missa no Arneiro
15.30 horas; Missa em Montalvão



PALAVRA DO PASTOR
I.

CADA PESSOA É UM CASO É UMA HISTÓRIA

O Instituto Politécnico de Portalegre tem, neste fim-de-semana, a Bênção dos Finalistas, a Bênção das Pastas como costuma dizer-se. Mais do que uma meta, é uma rampa de lançamento para o mercado de trabalho e para um futuro cheio de esperança, com grande júbilo de toda a comunidade académica. A Diocese de Portalegre-Castelo Branco, também neste fim-de-semana, e em Portalegre, vai constituir sacerdote um jovem na Ordem dos Presbíteros, para ir e ensinar, ao jeito de Cristo, n’Ele e com Ele. É neste ambiente de alegria e festa agradecida que vamos celebrar o Dia do Bom Pastor, que é Cristo, e o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

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No nosso Sínodo Diocesano, abordamos a sempre importante temática das vocações. É no Sínodo que me vou inspirar para reiterar aos jovens, rapazes e raparigas, que é importante e sabe bem parar, escutar e olhar. Parar, com travões suaves e seguros, travões de pé e de mão, para não se bater com o nariz nos vidros da caminhada nem se esbarrar contra uma qualquer parede a fazer partir a cabeça e a parede. Escutar, com ouvidos saudáveis e sem maleitas, sobretudo os ouvidos do coração, para ouvir bem a sinfonia do que é bom e não ser atropelado pelas trapalhadas da vida. E ver, ver sem uveítes nem cataratas, para rasgar estradas floridas e horizontes saudáveis e úteis, fazendo da vida uma verdadeira festa, de cariz pascal.
 A palavra “vocação” está relacionada com “voz” e com o radical latino “vocare”, chamar. É a palavra que chama e, neste caso, é a Palavra de Deus que o faz para indicar um caminho a seguir. Quem chama, convoca e provoca. Convocar e provocar implica resposta e opção. É sempre desafiante! Mas, para o ser, reclama capacidade de escuta e tempo para discernir, é um processo de maturação contínua. É chamamento, é diálogo, é oração, é tensão interior, é perceber os sinais, é escutar, é ir intuindo como havemos de viver a vida em serviço aos outros na certeza de que é dando que se recebe. Ter vocação não é ter jeito para isto ou aquilo, embora convenhamos que também é preciso ter algum jeitinho para se não ser um desajeitado no exercício da função! Na minha área, de quando em vez, lá aparece um ou outro muito santo e competente mas sempre desengonçado, tantas vezes a fazer rir ou a enervar... Ter vocação também não é o resultado de um esforço pessoal ou do mérito desse esforço. Pode até ir contra os nossos próprios gostos, sim, que o digam alguns ilustres personagens da História da Salvação. Estritamente falando, não é uma profissão ou um emprego. Não é um privilégio face aos outros, não confere poderes extraordinários, muito menos deve dar ares de importância a quem quer que seja o quê. Não se tem vocação porque se é mais santo que os outros ou porque se está desiludido com a vida já experimentada. A vocação é um dom que se vai descobrindo através dos contextos da vida e dos contextos em que a vida se passa. É um dom que se acolhe, se recebe, se agradece, se faz frutificar com alegria e esperança. É dom e tarefa. É um acontecimento tão especial que entra no mistério do inacessível. E cada pessoa é um caso, é uma história, é ela mesma, irrepetível, mesmo que por aí possa identificar alguns sósias. Na sua Mensagem para este dia, o Papa Francisco torna presente que a vocação implica escutar, discernir e viver o chamamento do Senhor.
Aponto três grandes caminhos vocacionais, três grandes caminhos de concretização dessa opção e chamamento, desse diálogo, desse dom e resposta. Todos eles sentem a necessidade de orientar as antenas para captar bem as ondas e escutar com atenção. Todos eles reclamam oração, seriedade, maturação, responsabilidade e acompanhamento: a vocação é uma realidade mediada, sozinhos autorreferenciamo-nos com facilidade e enxergamos vesgamente. Esses três grandes caminhos são: a) a vocação ao matrimónio entre um homem e uma mulher, comunidade de vida e de amor, formando um só na alteridade e na diferença, para sempre, e abertos à vida; b) a vocação ao ministério ordenado, a ser padre, para serviço aos crentes em nome de Cristo, para ir e ensinar, aprendendo e caminhando também com aqueles que conduz e a quem ensina; c) e a vocação à vida consagrada, religiosa ou laical, uma entrega total, ficando com cabeça, coração e mãos livres para Deus e para a humanidade, para a missão. As três radicam no batismo que é a primeira e fundamental vocação que floresce e se diversifica em dons e carismas. Estes não são dados para benefício de quem os recebe, mas para solidificar e fazer crescer a vida comunitária, daí que não se devam enterrar. Isto inclui sair de si mesmo, atenção aos outros, atração pelo compromisso, sentido do serviço gratuito, valorização do sacrifício e doação incondicional de si próprio. No entanto, todos os batizados, cada um pelo seu caminho, têm vocação à santidade, seja qual for a sua condição ou estado de vida (cf. LG11). E todos são chamados também ao sublime encargo de fazer com que a mensagem divina da salvação seja conhecida e aceite por todos os homens em toda a parte (cf. AA3). Na verdade, pelo batismo, todos somos chamados à santidade e a ser bons pastores no Bom Pastor. O Bom Pastor convida cada um de nós, os batizados, a sermos pastores do Seu rebanho, com Ele e n’Ele, e ao Seu jeito. O Bom Pastor congrega, defende, conduz, cuida, alimenta o seu rebanho. Sejamos bispos, padres ou diáconos, profissionais da saúde ou empresários, operários ou funcionários, professores ou prestadores de outros nobres serviços à sociedade, na política ou na economia, nas artes ou nos ofícios, em tudo quanto seja contribuir para o progresso justo e sustentável, casado ou solteiro, pai ou mãe, jovem ou adulto, ninguém se deveria esquecer que Jesus, o Bom Pastor, a todos nos convoca à santidade e a todos nos confia a sublime missão de sermos Suas testemunhas, testemunhas qualificadas e comprometidas na própria vocação, quer seja no matrimónio, quer - quem sabe? nunca é tarde e nada é impossível! -, quer seja no ministério ordenado ou na vida consagrada, religiosa ou laical, quer seja permanecendo solteiro porque se entende que não se tem vocação nem para o matrimónio, nem para o ministério ordenado, nem para a vida consagrada. Não porque se tenha medo de responder positivamente, não porque se queira fugir a responsabilidades, não porque se deseja viver a vida de forma leviana e descomprometida, não porque se queira ficar solteirão ou solteirona, mas porque, depois de tudo considerar, rezar e ponderar, se entende que o caminho e a melhor forma de servir a comunidade humana é permanecer solteiro, doando a própria vida, com exigência e dedicação contagiante. Por tantos lados, estas pessoas assim disponíveis, são a alma das comunidades, a sua referência e o seu motor. E o mais engraçado de tudo isto é que ninguém tem nada com isso. Todos devemos respeitar as opções devidamente ponderadas dos outros, estimular e ajudar a que sejam muito felizes ajudando os outros a sê-lo também. Cada um é o que é. A nossa pessoa é o que somos e o que vamos aprendendo a ser.
As famílias são o espaço privilegiado da formação humana e cristã. Elas constituem a primeira e melhor escola não só para o desabrochar de vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, mas também a que tenhamos muitas e santas vocações à vida matrimonial. Há famílias inteiras, pais e filhos, que também saem em missão para países estrangeiros. É a força da Palavra escutada, discernida e vivida! Uma jovem família da cidade de Castelo Branco, o casal e os seus oito filhos ainda menores, saíram em missão evangelizadora, estão no Vietnam, há já alguns anos.
“A Messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da Messe, que mande operários para a Sua Messe” (Mt 9, 37-38).

Antonino Dias
Portalegre, 20-04-2018.

II.

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)

Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»

Queridos irmãos e irmãs!
No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens, particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os homens e mulheres de todos os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.
Também nestes nossos agitados tempos, o mistério da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é Deus connosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade, chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.
Estes três aspetos – escuta, discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4, 16-21).
Escutar
A chamada do Senhor – fique claro desde já – não possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.
Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não poderemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.
Também Jesus foi chamado e enviado; por isso, precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.
Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar, provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro impercetível da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).
Discernir
Na sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o aos que esperavam o Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4, 18-19).
De igual modo, cada um de nós só pode descobrir a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um «processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em particular, descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas trevas da história, os sinais duma aurora.
Também hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.
Viver
Por último, Jesus anuncia a novidade da hora presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura. Precisamente «cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» (Lc 4, 20).
A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Realmente este «hoje» proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a «descer» para salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!
O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso «eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.
Maria Santíssima, a jovem menina de periferia que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.

Vaticano, 3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.

Franciscus



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