PARÓQUIAS
DE NISA
Segunda,
23 de abril de 2018
Segunda da IV semana da Páscoa
SEGUNDA-FEIRA
da semana IV
S.
Jorge, mártir – MF
S. Adalberto, bispo e mártir – MF
Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 Act 11, 1-18; Sal 41 (42), 2-3: 42, 3. 4
Ev Jo 10, 1-10
S. Adalberto, bispo e mártir – MF
Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 Act 11, 1-18; Sal 41 (42), 2-3: 42, 3. 4
Ev Jo 10, 1-10
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Rom 6, 9
Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não pode morrer. A morte não tem domínio sobre Ele. Aleluia.
ORAÇÃO
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Actos 11, 1-18
«Portanto, Deus concedeu também aos pagãos o arrependimento que conduz à vida»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não pode morrer. A morte não tem domínio sobre Ele. Aleluia.
ORAÇÃO
Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Actos 11, 1-18
«Portanto, Deus concedeu também aos pagãos o arrependimento que conduz à vida»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, os Apóstolos e os irmãos da Judeia ouviram dizer que os gentios também tinham recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os que tinham vindo da circuncisão começaram a discutir com ele, dizendo: «Tu entraste em casa dos incircuncisos e comeste com eles». Pedro começou então a expor-lhes tudo por ordem: «Estava eu a orar na cidade de Jope, quando tive em êxtase uma visão: Era um objecto semelhante a uma toalha que descia do Céu, presa pelas quatro pontas, e chegou até junto de mim. Fitando os olhos nela, pus-me a observar e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu. Ouvi então uma voz que me dizia: ‘Levanta-te, Pedro; mata e come’. Mas eu respondi: ‘De modo nenhum, Senhor, porque na minha boca nunca entrou nada de profano ou impuro’. Pela segunda vez, falou a voz lá do Céu: ‘Não chames impuro ao que Deus purificou’. Isto sucedeu por três vezes e depois tudo foi novamente retirado para o Céu. Nisto, apresentaram-se três homens na casa em que estávamos, enviados de Cesareia à minha presença. O Espírito disse-me então que fosse com eles sem hesitar. Foram também comigo estes seis irmãos aqui presentes e entrámos em casa daquele homem. Ele contou-nos como tinha visto um Anjo apresentar-se em sua casa e dizer-lhe: ‘Envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem o sobrenome de Pedro. Ele te dirá palavras, pelas quais receberás a salvação, assim como toda a tua família’. Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, como sobre nós ao princípio. Lembrei-me então das palavras que o Senhor dizia: ‘João batizou com água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo’. Se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, por terem acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para poder opor-me a Deus?» Quando ouviram estas palavras, tranquilizaram-se e deram glória a Deus, dizendo: «Portanto, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento que conduz à vida».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 41 (42), 2.3; 42 (43), 3.4 (R. Salmo 41, 3a ou Aleluia)
Refrão: A minha alma tem sede do Deus vivo. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Como suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando irei contemplar a face de Deus? Refrão
Enviai a vossa luz e verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa
e ao vosso santuário. Refrão
E eu irei ao altar de Deus,
a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos louvarei,
Senhor, meu Deus. Refrão
ALELUIA Jo 10, 14
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. Refrão
EVANGELHO Jo 10, 1-10
«Eu sou a porta das ovelhas»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa; Vós que lhe destes tão grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 20, 19
Jesus apareceu aos seus discípulos e disse-lhes:
A paz esteja convosco. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Estou agradecido a todos os que
me responderam que não. É graças a eles que o que faço o faço por mim próprio».
ALBERT EINSTEIN
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Actos 11, 1-18: O
batismo de Cornélio, pagão, estrangeiro, por nascimento, em relação ao povo
judaico, e a explicação que Pedro faz do acontecimento levaram a comunidade dos
cristãos de origem judaica a compreenderem que a Igreja de Cristo seria a
comunidade universal de todos a quem chegasse a palavra de Deus e a Ele se
convertessem.
Jo
10, 1-10: Estamos ainda a celebrar a Páscoa. “Páscoa”
significa “Passagem”. Pela morte na Cruz, Cristo passou para o Pai. Nesta
leitura, Ele Se apresenta agora como a “Porta”; de facto, é por que Ele todos
passamos também para o Pai. A imagem do rebanho, que segue atrás do pastor, é
figura muito expressiva desta passagem do mundo terrestre ao mundo celeste, por
Cristo, o Bom Pastor, ao mesmo tempo que a da Porta, por onde o rebanho pode
passar. A imagem da Porta e a do Pastor completam-se uma à outra.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos sempre a Vida.
AGENDA
21.00 horas: No Calvário. oração de louvor
21.00 horas: No Calvário, encontro de pais do 1º ano da catequese
PALAVRA
DO PASTOR
I.
CADA PESSOA É UM CASO É UMA
HISTÓRIA
O
Instituto Politécnico de Portalegre tem, neste fim-de-semana, a Bênção dos
Finalistas, a Bênção das Pastas como costuma dizer-se. Mais do que uma meta, é
uma rampa de lançamento para o mercado de trabalho e para um futuro cheio de
esperança, com grande júbilo de toda a comunidade académica. A Diocese de
Portalegre-Castelo Branco, também neste fim-de-semana, e em Portalegre, vai constituir
sacerdote um jovem na Ordem dos Presbíteros, para ir e ensinar, ao jeito de
Cristo, n’Ele e com Ele. É neste ambiente de alegria e festa agradecida que
vamos celebrar o Dia do Bom Pastor, que é Cristo, e o 55º Dia Mundial de Oração
pelas Vocações.
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No
nosso Sínodo Diocesano, abordamos a sempre importante temática das vocações. É
no Sínodo que me vou inspirar para reiterar aos jovens, rapazes e raparigas,
que é importante e sabe bem parar, escutar e olhar. Parar, com travões suaves e
seguros, travões de pé e de mão, para não se bater com o nariz nos vidros da
caminhada nem se esbarrar contra uma qualquer parede a fazer partir a cabeça e
a parede. Escutar, com ouvidos saudáveis e sem maleitas, sobretudo os ouvidos
do coração, para ouvir bem a sinfonia do que é bom e não ser atropelado pelas
trapalhadas da vida. E ver, ver sem uveítes nem cataratas, para rasgar estradas
floridas e horizontes saudáveis e úteis, fazendo da vida uma verdadeira festa,
de cariz pascal.
A palavra “vocação” está relacionada com “voz”
e com o radical latino “vocare”, chamar. É a palavra que chama e, neste caso, é
a Palavra de Deus que o faz para indicar um caminho a seguir. Quem chama,
convoca e provoca. Convocar e provocar implica resposta e opção. É sempre
desafiante! Mas, para o ser, reclama capacidade de escuta e tempo para
discernir, é um processo de maturação contínua. É chamamento, é diálogo, é
oração, é tensão interior, é perceber os sinais, é escutar, é ir intuindo como
havemos de viver a vida em serviço aos outros na certeza de que é dando que se
recebe. Ter vocação não é ter jeito para isto ou aquilo, embora convenhamos que
também é preciso ter algum jeitinho para se não ser um desajeitado no exercício
da função! Na minha área, de quando em vez, lá aparece um ou outro muito santo
e competente mas sempre desengonçado, tantas vezes a fazer rir ou a enervar...
Ter vocação também não é o resultado de um esforço pessoal ou do mérito desse
esforço. Pode até ir contra os nossos próprios gostos, sim, que o digam alguns
ilustres personagens da História da Salvação. Estritamente falando, não é uma
profissão ou um emprego. Não é um privilégio face aos outros, não confere
poderes extraordinários, muito menos deve dar ares de importância a quem quer
que seja o quê. Não se tem vocação porque se é mais santo que os outros ou
porque se está desiludido com a vida já experimentada. A vocação é um dom que
se vai descobrindo através dos contextos da vida e dos contextos em que a vida
se passa. É um dom que se acolhe, se recebe, se agradece, se faz frutificar com
alegria e esperança. É dom e tarefa. É um acontecimento tão especial que entra
no mistério do inacessível. E cada pessoa é um caso, é uma história, é ela
mesma, irrepetível, mesmo que por aí possa identificar alguns sósias. Na sua
Mensagem para este dia, o Papa Francisco torna presente que a vocação implica
escutar, discernir e viver o chamamento do Senhor.
Aponto
três grandes caminhos vocacionais, três grandes caminhos de concretização dessa
opção e chamamento, desse diálogo, desse dom e resposta. Todos eles sentem a
necessidade de orientar as antenas para captar bem as ondas e escutar com
atenção. Todos eles reclamam oração, seriedade, maturação, responsabilidade e
acompanhamento: a vocação é uma realidade mediada, sozinhos
autorreferenciamo-nos com facilidade e enxergamos vesgamente. Esses três
grandes caminhos são: a) a vocação ao matrimónio entre um homem e uma mulher,
comunidade de vida e de amor, formando um só na alteridade e na diferença, para
sempre, e abertos à vida; b) a vocação ao ministério ordenado, a ser padre,
para serviço aos crentes em nome de Cristo, para ir e ensinar, aprendendo e
caminhando também com aqueles que conduz e a quem ensina; c) e a vocação à vida
consagrada, religiosa ou laical, uma entrega total, ficando com cabeça, coração
e mãos livres para Deus e para a humanidade, para a missão. As três radicam no
batismo que é a primeira e fundamental vocação que floresce e se diversifica em
dons e carismas. Estes não são dados para benefício de quem os recebe, mas para
solidificar e fazer crescer a vida comunitária, daí que não se devam enterrar.
Isto inclui sair de si mesmo, atenção aos outros, atração pelo compromisso,
sentido do serviço gratuito, valorização do sacrifício e doação incondicional
de si próprio. No entanto, todos os batizados, cada um pelo seu caminho, têm
vocação à santidade, seja qual for a sua condição ou estado de vida (cf. LG11).
E todos são chamados também ao sublime encargo de fazer com que a mensagem
divina da salvação seja conhecida e aceite por todos os homens em toda a parte
(cf. AA3). Na verdade, pelo batismo, todos somos chamados à santidade e a ser
bons pastores no Bom Pastor. O Bom Pastor convida cada um de nós, os batizados,
a sermos pastores do Seu rebanho, com Ele e n’Ele, e ao Seu jeito. O Bom Pastor
congrega, defende, conduz, cuida, alimenta o seu rebanho. Sejamos bispos,
padres ou diáconos, profissionais da saúde ou empresários, operários ou
funcionários, professores ou prestadores de outros nobres serviços à sociedade,
na política ou na economia, nas artes ou nos ofícios, em tudo quanto seja
contribuir para o progresso justo e sustentável, casado ou solteiro, pai ou
mãe, jovem ou adulto, ninguém se deveria esquecer que Jesus, o Bom Pastor, a
todos nos convoca à santidade e a todos nos confia a sublime missão de sermos
Suas testemunhas, testemunhas qualificadas e comprometidas na própria vocação,
quer seja no matrimónio, quer - quem sabe? nunca é tarde e nada é impossível!
-, quer seja no ministério ordenado ou na vida consagrada, religiosa ou laical,
quer seja permanecendo solteiro porque se entende que não se tem vocação nem
para o matrimónio, nem para o ministério ordenado, nem para a vida consagrada.
Não porque se tenha medo de responder positivamente, não porque se queira fugir
a responsabilidades, não porque se deseja viver a vida de forma leviana e
descomprometida, não porque se queira ficar solteirão ou solteirona, mas
porque, depois de tudo considerar, rezar e ponderar, se entende que o caminho e
a melhor forma de servir a comunidade humana é permanecer solteiro, doando a
própria vida, com exigência e dedicação contagiante. Por tantos lados, estas
pessoas assim disponíveis, são a alma das comunidades, a sua referência e o seu
motor. E o mais engraçado de tudo isto é que ninguém tem nada com isso. Todos
devemos respeitar as opções devidamente ponderadas dos outros, estimular e
ajudar a que sejam muito felizes ajudando os outros a sê-lo também. Cada um é o
que é. A nossa pessoa é o que somos e o que vamos aprendendo a ser.
As
famílias são o espaço privilegiado da formação humana e cristã. Elas constituem
a primeira e melhor escola não só para o desabrochar de vocações ao ministério
ordenado e à vida consagrada, mas também a que tenhamos muitas e santas
vocações à vida matrimonial. Há famílias inteiras, pais e filhos, que também
saem em missão para países estrangeiros. É a força da Palavra escutada,
discernida e vivida! Uma jovem família da cidade de Castelo Branco, o casal e
os seus oito filhos ainda menores, saíram em missão evangelizadora, estão no
Vietnam, há já alguns anos.
“A
Messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da Messe,
que mande operários para a Sua Messe” (Mt 9, 37-38).
Antonino
Dias
Portalegre,
20-04-2018.
II.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)
Tema: «Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor»
Queridos irmãos e irmãs!
No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens,
particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos
oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à
alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo «o projeto de Deus para os
homens e mulheres de todos os tempos» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral
Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução).
Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a
ressoar com vigor no 55.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos
submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário,
a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.
Também nestes nossos agitados tempos, o mistério
da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é
Deus connosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da
nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade,
chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e
eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra
que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos
talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos
para a plenitude da felicidade.
Estes três aspetos – escuta,
discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de
Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua
sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da
missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la «hoje» (cf. Lc 4,
16-21).
Escutar
A chamada do Senhor – fique claro desde já – não
possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou
tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem
Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada
pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso
coração.
Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta
profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do
nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e
manter-se aberto às surpresas do Espírito.
Não poderemos descobrir a chamada especial e
pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos
nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do
próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se
protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever connosco.
Também Jesus foi chamado e enviado; por isso,
precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com
a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado
relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.
Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez
mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância
frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda
exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde
frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar,
provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos
da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio
amoroso de Deus a nosso respeito.
Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer
rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível
individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas
profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro impercetível
da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).
Discernir
Na sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do
profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o
aos que esperavam o Messias: «O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me
ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação
aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os
oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4,
18-19).
De igual modo, cada um de nós só pode descobrir
a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um «processo pelo
qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a
fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida» (Sínodo dos
Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2).
Em particular, descobrimos que a vocação cristã
tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são
enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise
espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão,
esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a
falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne
os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas
trevas da história, os sinais duma aurora.
Também hoje temos grande necessidade do
discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do
fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares,
instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão
deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar
onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua
missão.
Viver
Por último, Jesus anuncia a novidade da hora
presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo,
sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver
a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura.
Precisamente «cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que
acabais de ouvir» (Lc 4, 20).
A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro
com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não
nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera
dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o
risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento
presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimónio, à vida
sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se
tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.
Realmente este «hoje» proclamado por Jesus
assegura-nos que Deus continua a «descer» para salvar esta nossa humanidade e
fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para
viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço
direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu
Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e
para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!
O Senhor continua hoje a chamar para O seguir.
Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso
generoso «eis-me aqui», nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados,
mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa
missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus
nos concede.
Maria Santíssima, a jovem menina de periferia
que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre
acompanhe no nosso caminho.
Vaticano,
3 de dezembro - I domingo do Advento – de 2017.
Franciscus
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