PARÓQUIAS
DE NISA
Terça,
28 de abril de 2020
Terça-feira da III semana do tempo
de Páscoa
ALELUIA!
ALELUIA! ALELUIA!
CRISTO
RESSUSCITOU!
CELEBREMOS
TERÇA-FEIRAda
semana III
S. Pedro
Chanel, presbítero e mártir – MF
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.
L 1 Act 7, 51 – 8, 1a; Sal 30 (31), 3cd-4. 6ab e 7b e 8a. 17 e 21ab
Ev Jo 6, 30-35
* Na Ordem Franciscana (III Ordem) – B. Luquésio, da III Ordem – MF
* Na Ordem de São Domingos – S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
* Na Congregação dos Irmãos Maristas – S. Pedro Chanel, presbítero e mártir – MO
* Na Congregação dos Missionários Monfortinos – S. Luís Maria Grignion de Montfort, Fundador da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação das Irmãs Dominicanas de S. Catarina de Sena – I Vésp. de S. Catarina de Sena.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Ap 19, 5; 12, 10
Louvai o Senhor, todos os seus servos, pequenos e grandes,
porque chegou a salvação e o poder e o reino de Cristo. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que abris as portas do vosso reino aos homens renascidos pela água e pelo Espírito Santo, aumentai em nós os dons da vossa graça, para que, purificados de toda a culpa, possamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 7, 51 - 8, 1a
«Senhor Jesus, recebe o meu espírito»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Louvai o Senhor, todos os seus servos, pequenos e grandes,
porque chegou a salvação e o poder e o reino de Cristo. Aleluia.
ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que abris as portas do vosso reino aos homens renascidos pela água e pelo Espírito Santo, aumentai em nós os dons da vossa graça, para que, purificados de toda a culpa, possamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Atos 7, 51 - 8, 1a
«Senhor Jesus, recebe o meu espírito»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Estêvão disse ao povo, aos anciãos e aos escribas: «Homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre resistis ao Espírito Santo. Como foram os vossos antepassados, assim sois vós também. A qual dos Profetas não perseguiram os vossos antepassados? Eles também mataram os que predisseram a vinda do Justo, do qual fostes agora traidores e assassinos, vós que recebestes a Lei pelo ministério dos Anjos e não a tendes cumprido». Ao ouvirem estas palavras, estremeciam de raiva em seu coração e rangiam os dentes contra Estêvão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, de olhos fitos no Céu, viu a glória de Deus e Jesus de pé à sua direita e exclamou: «Vejo o Céu aberto e o Filho do homem de pé à direita de Deus». Então levantaram um grande clamor e taparam os ouvidos; depois atiraram-se todos contra ele, empurraram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas colocaram os mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito». Depois ajoelhou-se e bradou com voz forte: «Senhor, não lhes atribuas este pecado». Dito isto, expirou. Saulo estava de acordo com a execução de Estêvão.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 3cd-4.6ab.7b.8a.17.21ab (R. 6a)
Refrão: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me. Refrão
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Em Vós, Senhor, ponho a minha confiança:
hei-de exultar e alegrar-me com a vossa misericórdia. Refrão
Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Como é grande, Senhor, a vossa bondade,
que tendes reservada para os que Vos temem. Refrão
ALELUIA Jo 6, 35ab
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o pão da vida, diz o Senhor;
quem vem a Mim nunca mais terá fome. Refrão
EVANGELHO Jo 6, 30-35
«Não é Moisés, mas meu Pai, que vos dá o verdadeiro pão do Céu»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse a multidão a Jesus: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão que vem do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa: Vós que lhe destes tão grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Rom 6, 8
Se morremos com Cristo, com Cristo viveremos. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.
« O Senhor sabe que uma opção fundamental
de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as
dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza:
«Não tenhas medo! Eu estou contigo».”».
.Papa Francisco
(Do documento
para a semana das vocações)
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS I:
Atos 7, 51 - 8, 1a: A morte de S. Estêvão é apresentada como a morte de Jesus. O
Rei dos Mártires continuará, no Corpo místico da sua Igreja, o mistério da sua
própria Paixão. E à imitação do Senhor na Cruz, a Igreja, a começar por
Estêvão, vai-se entregando a Deus em gesto de confiança no Pai e em oração,
feita de amor pelos homens, a começar pelos que a perseguem
Jo 6, 30-35: Jesus continua a afirmar-Se como o verdadeiro alimento da
fé. Ele é “o Pão que veio do Céu”, “o Pão de Deus”. Aos israelitas no deserto,
tinha-lhes sido dado o maná, vindo do céu. Mas, muito mais do que o maná, é
este Pão que Deus nos enviou, o seu próprio Filho, para que acreditemos n’Ele e
O recebamos pela fé. Assim vai sendo explicado, ao longo de toda a fala de
Jesus neste capítulo 6 de S. João, o “sinal” da multiplicação dos pães. A ideia
principal está no fim da leitura de hoje. S. João usa uma linguagem simbólica.
AGENDA DO DIA
12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da
epidemia covid – 19.
17.00 horas: Funeral no Cacheiro
18.00 horas: Missa
paroquial.
A VOZ DO PASTOR
I.
O RUIDO DAS LIBERDADES DE ABRIL
A
consciência da liberdade e da dignidade do homem, de mão dada com a afirmação
dos direitos inalienáveis da pessoa e dos povos, é uma das características
predominantes do nosso tempo. Antes do cristianismo era impensável, mesmo que
agora ainda se possa fomentar de modo errado! A comunicação que Deus fez de si
mesmo aos homens tornou Jesus Cristo o acontecimento da História de maior
relevância para a Humanidade, ao ponto de dividir a História no antes e no
depois de Cristo. Inverteu os valores, fez resplandecer a dignidade pessoal de
cada individuo, deu aso à formulação dos direitos humanos mesmo que ainda muito
espezinhados. “No mundo pré-cristão, procuraríamos em vão semelhante visão do
Homem: nem Platão, que fala de forma sublime do eros, nem nos tratados de
Aristóteles e de Cícero sobre a amizade, nem nos escritos dos estoicos se
poderá encontrar qualquer atenção à pessoa humana, à qual só se dará fundamento
a partir da revelação cristã” (Hans Urs von Balthasar).
Jesus,
figura dominante da História, veio dar-lhe o seu significado autêntico, a sua
direção permanente e definitiva. Não com armas e opressão, mas comprometendo-se
com a sorte do homem, em amor e misericórdia. Ateus, crentes, filósofos,
escritores, artistas, pessoas de todas as áreas do saber, do poder e do saber
fazer, ninguém, ninguém ficou nem fica indiferente perante o que Ele disse e
fez, perante o encanto da sua pessoa e da sua doação até ao extremo. Assim
aconteceu com todos quantos se cruzaram com Ele ao longo da sua vida terrena e
depois da sua Ressurreição, o Grande Dia para toda a Humanidade, a Páscoa. Sim,
o Grande Dia, acredite-se ou não! À volta da sua pessoa, ontem e hoje, quantos
encontros e desencontros, quanta alegria e entusiasmo, quantas certezas e
dúvidas, quantas inquietações e esperanças, quantos, quantos amores apaixonados
até ao martírio, quanta vida, quanto testemunho, quanto bem fazer, quantas
expressões extraordinárias de arte e beleza em todas as áreas da atividade
humana. No entanto, como perante Ele ninguém fica indiferente, também houve e
há rejeições. E quantas delas por mera ignorância ou preconceitos como aquele
que chegou ao ponto de mandar gravar uma cruz na sola dos sapatos para O
espezinhar continuamente. Quanta mentira
ou iniciativa para O desmitificar, quantas banalizações e ofensas, quantas
apropriações indevidas até para fazer guerras, quantas perseguições, quantos
escritos para negar a sua divindade. “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que
fazem!”, rezou Cristo na Cruz (Lc 23,34).
Aquele
“Tudo está consumado” dito por Jesus no alto do Calvário, não foi uma
declaração conformada com o fim de tudo. Não foi uma humilhante rendição porque
tudo fracassara. Não, não foi um cruzar de braços perante uma derrota. Foi um
vigoroso Sim à vitória da vida sobre a morte, um Sim para restituir ao homem a
dignidade perdida e indicar a toda a Humanidade o caminho da Liberdade, da
Dignidade e do viver com sentido e esperança. Jesus falou e continua a falar
com a simplicidade da sua vida, com a sua humanidade, com a sua obediência ao
Pai, com a sua coerência, com a sua fidelidade à verdade e com o seu amor a
toda a gente, sem fazer aceção de pessoas, dando prioridade aos que sofrem e
aos esquecidos à margem da vida. Foi n’Ele e por Ele que o homem adquiriu plena
consciência do sentido da sua vida, da sua dignidade e do valor transcendente
da própria humanidade.
Cada
país tem o seu Dia Nacional, o qual, infelizmente, nem sempre é o dia da
conquista da liberdade, dentro daquela Liberdade e Dignidade de filhos de Deus.
Por paradoxal que pareça, esses dias nacionais vão-se sucedendo uns aos outros,
tal como aquelas afirmações que são tão verdade enquanto não vem outro e diz o
contrário. Parece que cada tempo tem de ter forçosamente os seus heróis.
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, sobretudo quando os que governam se
esquecem da sua verdadeira missão ao serviço do povo. O último acontecimento
mais digno de registo ou tido como revolucionário, para o bem ou para o mal, é
sempre o único, o mais nobre e o mais importante para quem o levou acabo, mesmo
que o seja para desgraça de um povo. E sempre há gente que está com quem está,
quer quando o regime se apoia na razão da força, quer quando se pauta pela
força da razão. O virar da casaca é imediato, num esfregar de olhos. A
subserviência aos da nova situação é tal que nunca os deixa livres para
avaliarem qualquer dos sistemas. E como a fama é um objetivo apetecível, há
quem, dentro da façanha revolucionária, não passando de um mero e suplente apanha
bolas devido às circunstâncias do momento e das quais porventura não conseguiu
fugir, há quem não se canse de gritar ao mundo a fazer crer que foi um grande
craque no relvado, um herói indispensável na hora da mudança e a merecer lugar
de sócio correspondente e de número na academia da história pátria, quiçá, um
cantinho no panteão! Ai estes bípedes humanos que engraçados que somos!...
E
assim, uns, como é o nosso caso, festejam com alegria o dia em que a liberdade
foi conquistada e se instalou a democracia e os direitos de cidadania. Há
festa, vestem-se os fatos de domingar e calçam-se os sapatos de ir à missa,
como soe dizer-se, para se entrar no Salão Nobre da República onde os
representantes do povo têm a sua cátedra de diagnóstico das maleitas e do receituário
para as doenças do Nação. Há discursos empolgados com esticadas reflexões, há
palmas e aplausos. E bem, é preciso comemorar e fazer festa. Há conquistas
inesquecíveis a merecer festa em qualquer tempo e a qualquer pretexto, com
terno e gravata. A ferir a história dos povos, idênticas manifestações também
fazem as ditaduras, com desfiles militares a quererem assustar o mundo,
discursos empolgados a olhar para o umbigo, aplausos e palmas a aquecer as mãos
e a atordoar os ouvidos. Os demagogos encontram aí uma grande ocasião para
espraiarem o seu ego por entre discursos inflamados a ecoar por mundo fora. O
povo, esse, e conforme os casos, ou se manifesta livremente na alegria e
gratidão de ter a liberdade, ou na obrigação de fingir e repudiar a tristeza
que lhe vai na alma. Nas próprias escolas, a história última que se estuda, é
sempre a história feita pelos últimos vencedores, por aqueles que se encontram
ao leme dos países, quer seja a construída pelos que conquistaram a liberdade,
quer seja a feita pelos que a esconjuraram. Para uns e outros, importa denegrir
o passado como nada tendo de bom, e empolgar o presente como maravilha sem
igual. Mas isto também acontece, em democracia, dentro dos partidos que se
alternem no poder. Nenhum consegue viver sem denegrir o do turno anterior para
que possa engrandecer o que ele agora está a fazer. A história humana, que é
cíclica, lá se vai desenvolvendo por entre tais enredos, tantas vezes com a
humilhação do povo, do qual, quem manda, se julga dono e senhor, esquecendo que
o seu poder é um poder delegado pelo próprio povo, em nome de Deus. E disse
Pilatos a Jesus: “Não sabes que tenho autoridade para Te soltar e autoridade
para Te crucificar?” Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre Mim
se ela não te fosse dada do alto” (Jo 19,10-11).
Portugal,
nos últimos tempos, saboreou ambos os momentos. Quem agora se apresenta como
presa fácil às garras desse traste que é o covid-19, sabe apreciar bem a
diferença. Muita gente festejou - ou suportou ver festejar! -, com gosto ou sem
gosto, contrariado ou por obrigação, o 28 de maio. Mesmo que o Dia da
Restauração e o da República estejam dormentes nos braços de Morfeu, festejemos
o 25 de abril, que, neste ano, já deu água pela barba àqueles que, quando
falaram sobre os festejos, de tal modo falaram que até as andorinhas
suspenderam o voar e as árvores se torceram para os escutar. Mas não gostaram,
o efeito foi fraco e era escusado! Esperemos que o povo, que sabe rir dessas
horas menos boas dos seus Servidores, não deixe de viver, com gosto e ao seu
jeito, e como melhor o conseguir fazer, esse Dia Nacional que a todos nos
orgulha e enobrece o país.
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 24-04-2020.
_____________________________
II.
Semana das Vocações
LANÇAR AS REDES PARA ALÉM DO AQUÁRIO
Estamos a viver a semana de oração e ação em prol da cultura vocacional,
cuja solicitude no terreno sempre reclama um “salto de qualidade”. Falamos
daquela dimensão da vida que procura responder à busca de sentido, que
estrutura e dá uma nova compreensão à existência de cada pessoa: “Senhor, que
queres de mim, que queres que eu seja?”. Já noutros escritos, apoiado nos
documentos da Igreja, me tenho referido a estas grandes opções de vida que são,
assim o podemos sintetizar: ou o matrimónio ou o ministério ordenado ou a vida
consagrada (religiosa e laical), ou, mesmo quando a pessoa conclui que não se
sente chamada a nenhuma das citadas vocações e, por opção responsável,
refletida, rezada e acompanhada, permanece solteira, não para fugir a
responsabilidades ou para levar uma vida leviana ou descomprometia, mas por
opção responsável e determinada. E quantas causas nobres de serviços à
sociedade e à Igreja acontecem e se desenvolvem devido à ação destas pessoas
que, durante toda a vida, se lhes dedicam total e generosamente. Mas seja qual
for a resposta a dar ao estado de vida a que cada um se sente chamado, não se
pode dar uma resposta a ver se vai dar certo ou apenas por um determinado
tempo, a prazo. Espera-se que seja uma resposta séria e definitiva, para toda a
vida. Uma resposta dada com amor, alegria e esperança, o que implica saber o
que cada uma reclama de formação, preparação, responsabilidade, atenção
constante e capacidade de saber ultrapassar as dificuldades que venham a surgir
porque nada é tão linear como se sonha. E, isto, mesmo depois de já se estar a
viver no matrimónio ou na vida consagrada ou no ministério ordenado. Se assim
não for, este pucarinho de barro que cada um de nós é pode esboroar-se,
fazer-nos perder o entusiasmo da primeira hora e conduzir-nos a um desfecho de
infidelidade e abandono. Mesmo que se invoquem razões que possam desculpar ou
diminuir a responsabilidade desse final, é sempre consequência de algo que
correu menos bem, fosse em que tempo fosse. Como refere o Papa Francisco na
Mensagem para este ano, é importante “que cada um possa descobrir com GRATIDÃO
o chamamento que Deus lhe dirige, encontrar a CORAGEM de dizer «sim», vencer a
fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de LOUVOR, oferecer a
própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”. Se o Senhor nos
chamou por este ou aquele caminho, Ele está connosco e devemos-lhe estar gratos
por ter passado pela nossa vida, por nos ter dado coragem para arriscarmos na certeza
de que Ele nos estende a mão no meio das tempestades da vida, e continua a
chamar-nos dentro da vocação e a dizer-nos que não tenhamos medo.
O documento “Novas Vocações para uma Nova Europa”, refere que hoje “são
necessários «pais» e «mães» abertos à vida e ao dom da vida; esposos e esposas
que testemunhem e celebrem a beleza do amor humano abençoado por Deus; pessoas
capazes de diálogo e de «caridade cultural», para a transmissão da mensagem
cristã, mediante as linguagens da nossa sociedade; profissionais e pessoas
simples, capazes de imprimir a transparência da verdade e a intensidade da
caridade cristã ao compromisso na vida civil e às relações de trabalho e de
amizade; mulheres que redescubram na fé cristã a possibilidade de viver
plenamente o seu gênio feminino; presbíteros de coração grande, como o do Bom
Pastor; diáconos permanentes que anunciem a Palavra e a liberdade do serviço
aos mais pobres; apóstolos consagrados capazes de se imergirem no mundo e na
história com coração contemplativo, e místicos tão familiarizados com o
mistério de Deus, que saibam celebrar a experiência do divino e apontar Deus
presente no vivo da ação” (NVNE,12).
A Igreja valoriza a vocação de todos e confia em todos para promover uma verdadeira cultura vocacional. E se contamos com todos para esse trabalho, nesta Semana das Vocações, porém, todos temos especialmente em conta as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, as vocações de especial consagração. Hoje é difícil este anúncio vocacional e torna-se fácil a tentação do desânimo em quem tem a missão de o fazer. Os valores que hoje se nos apresentam são diversos e contrastantes. A cultura é pluralista e ambivalente, “politeísta” e neutra. Há excesso de possibilidades, de ocasiões, de solicitações e, a par, a carência de projetos de vida. Há códigos de leitura e de avaliação, de orientação e de comportamento que se repercutem no plano vocacional. E os jovens são fruto deste tempo, desta cultura frágil e complexa, em que a reivindicação da subjetividade se transforma tantas vezes em subjetivismo e o desejo de liberdade em livre arbítrio. E se há quem procure autenticidade e afeto, relacionamentos pessoais e amizades sadias, vastidão de horizontes e simpatia pela vida entendida como valor absoluto, muitas vezes sentem-se um pouco à deriva, sozinhos, feridos pelo bem-estar, desiludidos das ideologias, das políticas não respeitosas do próprio direito à vida, confusos por causa da desorientação ética, como refere o documento que citei. Mas este é o nosso mundo, o mundo em que nós vivemos e exercemos a nossa missão por mandato do Senhor, não temos outro! Além disso, temos de estar conscientes que este trabalho só será possível com o otimismo da fé e através de uma conversão ao dever de mediar a voz que chama, de forma pedagógica e sem perder a força da esperança: o Senhor da messe não deixará faltar operários para a sua messe. Por isso, não pode haver desânimo nem faltar a esperança nos presbíteros, nos educadores, nas famílias cristãs, nas famílias religiosas, nos institutos seculares, nos pais, educadores, professores, catequistas, animadores e nas próprias comunidades cristãs. Todos somos chamados por Deus a colaborar, de muitas maneiras e cada um a seu modo, neste desafio vocacional, contagiando as crianças, os adolescentes e os jovens, com proximidade, gerando empatia e vivendo com alegria. E sem esquecer que Jesus usou o contacto pessoal, chamou-os pelo nome, acompanhou-os por longo tempo tal como eles eram, foi-os formando e orientando, rezou por eles...
A resposta vocacional vai-se descobrindo numa dinâmica relacional, isto é,
entre Deus que chama e vai dando sinais e a pessoa que é chamada. Lendo e
interpretando os sinais e a própria vida à luz de Jesus Cristo, cada um, com a
sorte de ter a seu lado um verdadeiro cireneu que o ajude a discernir, vai-se
dizendo e descobrindo a si próprio. E de tal modo que acabará por se tornar
numa experiência de resposta livre, concreta e agradecida a Deus que chama.
Nesta pedagogia da descoberta vocacional, são indispensáveis a Palavra, os
sacramentos, a oração, a comunidade eclesial e a forma como nos relacionamos
com os outros e somos para os outros.
Não podemos julgar-nos conhecedores do terreno e bem entendidos nos
projetos divinos. A lógica de Deus não é a nossa lógica. Houve um momento em
que os Apóstolos assim fizeram, mas não se saíram bem, tiveram de meter a viola
ao saco. Julgando-se conhecedores do mar, experientes naquelas lides da pesca e
sem nada terem conseguido ao longo de toda a noite, ripostaram ao que o Senhor
lhes pedia, e se o fizeram fizeram-no a contar com o fracasso para Lhe mostrar
que eles é que tinham razão. E disse a Pedro: “Avança para as águas mais
profundas e lança as redes para a pesca”. Simão respondeu: «Mestre, tentamos a
noite inteira e não apanhamos nada. Mas em atenção à Tua palavra, vou lançar as
redes». Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se
rompiam” (Lc5,4-6).
Como Igreja em saída, acreditemos na Palavra do Senhor. Avancemos,
com esperança. Façamo-nos ao largo, para além do aquário talvez demasiadamente
apaparicado mas amoldado a ouvir e a virar as costas a qualquer nova proposta,
talvez já inquinado. Lancemos as redes para “águas mais profundas” e
reacendamos em nós o zelo das origens (cf. NMI40).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-04-2020.
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