segunda-feira, 27 de abril de 2020







PARÓQUIAS DE NISA






Terça, 28 de abril de 2020











Terça-feira da III semana do tempo de Páscoa










ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

CRISTO RESSUSCITOU!

CELEBREMOS








TERÇA-FEIRAda semana III

S. Pedro Chanel, presbítero e mártir – MF
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF

Branco ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa da féria ou da memória, pf. pascal.

L 1 Act 7, 51 – 8, 1a; Sal 30 (31), 3cd-4. 6ab e 7b e 8a. 17 e 21ab
Ev Jo 6, 30-35


* Na Ordem Franciscana (III Ordem) – B. Luquésio, da III Ordem – MF
* Na Ordem de São Domingos – S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero – MF
* Na Congregação dos Irmãos Maristas – S. Pedro Chanel, presbítero e mártir – MO
* Na Congregação dos Missionários Monfortinos – S. Luís Maria Grignion de Montfort, Fundador da Congregação – SOLENIDADE
* Na Congregação das Irmãs Dominicanas de S. Catarina de Sena – I Vésp. de S. Catarina de Sena.







MISSA


ANTÍFONA DE ENTRADA Ap 19, 5; 12, 10
Louvai o Senhor, todos os seus servos, pequenos e grandes,
porque chegou a salvação e o poder e o reino de Cristo. Aleluia.


ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que abris as portas do vosso reino aos homens renascidos pela água e pelo Espírito Santo, aumentai em nós os dons da vossa graça, para que, purificados de toda a culpa, possamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Atos 7, 51 - 8, 1a
«Senhor Jesus, recebe o meu espírito»


Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Estêvão disse ao povo, aos anciãos e aos escribas: «Homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre resistis ao Espírito Santo. Como foram os vossos antepassados, assim sois vós também. A qual dos Profetas não perseguiram os vossos antepassados? Eles também mataram os que predisseram a vinda do Justo, do qual fostes agora traidores e assassinos, vós que recebestes a Lei pelo ministério dos Anjos e não a tendes cumprido». Ao ouvirem estas palavras, estremeciam de raiva em seu coração e rangiam os dentes contra Estêvão. Mas ele, cheio do Espírito Santo, de olhos fitos no Céu, viu a glória de Deus e Jesus de pé à sua direita e exclamou: «Vejo o Céu aberto e o Filho do homem de pé à direita de Deus». Então levantaram um grande clamor e taparam os ouvidos; depois atiraram-se todos contra ele, empurraram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas colocaram os mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito». Depois ajoelhou-se e bradou com voz forte: «Senhor, não lhes atribuas este pecado». Dito isto, expirou. Saulo estava de acordo com a execução de Estêvão.

Palavra do Senhor.



SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 3cd-4.6ab.7b.8a.17.21ab (R. 6a)
Refrão: Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se

Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação;
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me. Refrão

Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Em Vós, Senhor, ponho a minha confiança:
hei-de exultar e alegrar-me com a vossa misericórdia. Refrão

Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Como é grande, Senhor, a vossa bondade,
que tendes reservada para os que Vos temem. Refrão


ALELUIA Jo 6, 35ab
Refrão: Aleluia Repete-se
Eu sou o pão da vida, diz o Senhor;
quem vem a Mim nunca mais terá fome. Refrão


EVANGELHO Jo 6, 30-35
«Não é Moisés, mas meu Pai, que vos dá o verdadeiro pão do Céu»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse a multidão a Jesus: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão que vem do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa: Vós que lhe destes tão grande alegria, fazei-a tomar parte na felicidade eterna. Por Nosso Senhor.

Prefácio pascal


ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Rom 6, 8
Se morremos com Cristo, com Cristo viveremos. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.









« O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo».”».

.Papa Francisco
(Do documento para a semana das vocações)







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia



1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS I: Atos 7, 51 - 8, 1a: A morte de S. Estêvão é apresentada como a morte de Jesus. O Rei dos Mártires continuará, no Corpo místico da sua Igreja, o mistério da sua própria Paixão. E à imitação do Senhor na Cruz, a Igreja, a começar por Estêvão, vai-se entregando a Deus em gesto de confiança no Pai e em oração, feita de amor pelos homens, a começar pelos que a perseguem

Jo 6, 30-35: Jesus continua a afirmar-Se como o verdadeiro alimento da fé. Ele é “o Pão que veio do Céu”, “o Pão de Deus”. Aos israelitas no deserto, tinha-lhes sido dado o maná, vindo do céu. Mas, muito mais do que o maná, é este Pão que Deus nos enviou, o seu próprio Filho, para que acreditemos n’Ele e O recebamos pela fé. Assim vai sendo explicado, ao longo de toda a fala de Jesus neste capítulo 6 de S. João, o “sinal” da multiplicação dos pães. A ideia principal está no fim da leitura de hoje. S. João usa uma linguagem simbólica.






AGENDA DO DIA



12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da epidemia covid – 19.
17.00 horas: Funeral no Cacheiro
18.00 horas: Missa paroquial.







A VOZ DO PASTOR




I.
O RUIDO DAS LIBERDADES DE ABRIL


A consciência da liberdade e da dignidade do homem, de mão dada com a afirmação dos direitos inalienáveis da pessoa e dos povos, é uma das características predominantes do nosso tempo. Antes do cristianismo era impensável, mesmo que agora ainda se possa fomentar de modo errado! A comunicação que Deus fez de si mesmo aos homens tornou Jesus Cristo o acontecimento da História de maior relevância para a Humanidade, ao ponto de dividir a História no antes e no depois de Cristo. Inverteu os valores, fez resplandecer a dignidade pessoal de cada individuo, deu aso à formulação dos direitos humanos mesmo que ainda muito espezinhados. “No mundo pré-cristão, procuraríamos em vão semelhante visão do Homem: nem Platão, que fala de forma sublime do eros, nem nos tratados de Aristóteles e de Cícero sobre a amizade, nem nos escritos dos estoicos se poderá encontrar qualquer atenção à pessoa humana, à qual só se dará fundamento a partir da revelação cristã” (Hans Urs von Balthasar).

Jesus, figura dominante da História, veio dar-lhe o seu significado autêntico, a sua direção permanente e definitiva. Não com armas e opressão, mas comprometendo-se com a sorte do homem, em amor e misericórdia. Ateus, crentes, filósofos, escritores, artistas, pessoas de todas as áreas do saber, do poder e do saber fazer, ninguém, ninguém ficou nem fica indiferente perante o que Ele disse e fez, perante o encanto da sua pessoa e da sua doação até ao extremo. Assim aconteceu com todos quantos se cruzaram com Ele ao longo da sua vida terrena e depois da sua Ressurreição, o Grande Dia para toda a Humanidade, a Páscoa. Sim, o Grande Dia, acredite-se ou não! À volta da sua pessoa, ontem e hoje, quantos encontros e desencontros, quanta alegria e entusiasmo, quantas certezas e dúvidas, quantas inquietações e esperanças, quantos, quantos amores apaixonados até ao martírio, quanta vida, quanto testemunho, quanto bem fazer, quantas expressões extraordinárias de arte e beleza em todas as áreas da atividade humana. No entanto, como perante Ele ninguém fica indiferente, também houve e há rejeições. E quantas delas por mera ignorância ou preconceitos como aquele que chegou ao ponto de mandar gravar uma cruz na sola dos sapatos para O espezinhar continuamente. Quanta  mentira ou iniciativa para O desmitificar, quantas banalizações e ofensas, quantas apropriações indevidas até para fazer guerras, quantas perseguições, quantos escritos para negar a sua divindade. “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”, rezou Cristo na Cruz (Lc 23,34).

Aquele “Tudo está consumado” dito por Jesus no alto do Calvário, não foi uma declaração conformada com o fim de tudo. Não foi uma humilhante rendição porque tudo fracassara. Não, não foi um cruzar de braços perante uma derrota. Foi um vigoroso Sim à vitória da vida sobre a morte, um Sim para restituir ao homem a dignidade perdida e indicar a toda a Humanidade o caminho da Liberdade, da Dignidade e do viver com sentido e esperança. Jesus falou e continua a falar com a simplicidade da sua vida, com a sua humanidade, com a sua obediência ao Pai, com a sua coerência, com a sua fidelidade à verdade e com o seu amor a toda a gente, sem fazer aceção de pessoas, dando prioridade aos que sofrem e aos esquecidos à margem da vida. Foi n’Ele e por Ele que o homem adquiriu plena consciência do sentido da sua vida, da sua dignidade e do valor transcendente da própria humanidade.

Cada país tem o seu Dia Nacional, o qual, infelizmente, nem sempre é o dia da conquista da liberdade, dentro daquela Liberdade e Dignidade de filhos de Deus. Por paradoxal que pareça, esses dias nacionais vão-se sucedendo uns aos outros, tal como aquelas afirmações que são tão verdade enquanto não vem outro e diz o contrário. Parece que cada tempo tem de ter forçosamente os seus heróis. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, sobretudo quando os que governam se esquecem da sua verdadeira missão ao serviço do povo. O último acontecimento mais digno de registo ou tido como revolucionário, para o bem ou para o mal, é sempre o único, o mais nobre e o mais importante para quem o levou acabo, mesmo que o seja para desgraça de um povo. E sempre há gente que está com quem está, quer quando o regime se apoia na razão da força, quer quando se pauta pela força da razão. O virar da casaca é imediato, num esfregar de olhos. A subserviência aos da nova situação é tal que nunca os deixa livres para avaliarem qualquer dos sistemas. E como a fama é um objetivo apetecível, há quem, dentro da façanha revolucionária, não passando de um mero e suplente apanha bolas devido às circunstâncias do momento e das quais porventura não conseguiu fugir, há quem não se canse de gritar ao mundo a fazer crer que foi um grande craque no relvado, um herói indispensável na hora da mudança e a merecer lugar de sócio correspondente e de número na academia da história pátria, quiçá, um cantinho no panteão! Ai estes bípedes humanos que engraçados que somos!...

E assim, uns, como é o nosso caso, festejam com alegria o dia em que a liberdade foi conquistada e se instalou a democracia e os direitos de cidadania. Há festa, vestem-se os fatos de domingar e calçam-se os sapatos de ir à missa, como soe dizer-se, para se entrar no Salão Nobre da República onde os representantes do povo têm a sua cátedra de diagnóstico das maleitas e do receituário para as doenças do Nação. Há discursos empolgados com esticadas reflexões, há palmas e aplausos. E bem, é preciso comemorar e fazer festa. Há conquistas inesquecíveis a merecer festa em qualquer tempo e a qualquer pretexto, com terno e gravata. A ferir a história dos povos, idênticas manifestações também fazem as ditaduras, com desfiles militares a quererem assustar o mundo, discursos empolgados a olhar para o umbigo, aplausos e palmas a aquecer as mãos e a atordoar os ouvidos. Os demagogos encontram aí uma grande ocasião para espraiarem o seu ego por entre discursos inflamados a ecoar por mundo fora. O povo, esse, e conforme os casos, ou se manifesta livremente na alegria e gratidão de ter a liberdade, ou na obrigação de fingir e repudiar a tristeza que lhe vai na alma. Nas próprias escolas, a história última que se estuda, é sempre a história feita pelos últimos vencedores, por aqueles que se encontram ao leme dos países, quer seja a construída pelos que conquistaram a liberdade, quer seja a feita pelos que a esconjuraram. Para uns e outros, importa denegrir o passado como nada tendo de bom, e empolgar o presente como maravilha sem igual. Mas isto também acontece, em democracia, dentro dos partidos que se alternem no poder. Nenhum consegue viver sem denegrir o do turno anterior para que possa engrandecer o que ele agora está a fazer. A história humana, que é cíclica, lá se vai desenvolvendo por entre tais enredos, tantas vezes com a humilhação do povo, do qual, quem manda, se julga dono e senhor, esquecendo que o seu poder é um poder delegado pelo próprio povo, em nome de Deus. E disse Pilatos a Jesus: “Não sabes que tenho autoridade para Te soltar e autoridade para Te crucificar?” Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre Mim se ela não te fosse dada do alto” (Jo 19,10-11).

Portugal, nos últimos tempos, saboreou ambos os momentos. Quem agora se apresenta como presa fácil às garras desse traste que é o covid-19, sabe apreciar bem a diferença. Muita gente festejou - ou suportou ver festejar! -, com gosto ou sem gosto, contrariado ou por obrigação, o 28 de maio. Mesmo que o Dia da Restauração e o da República estejam dormentes nos braços de Morfeu, festejemos o 25 de abril, que, neste ano, já deu água pela barba àqueles que, quando falaram sobre os festejos, de tal modo falaram que até as andorinhas suspenderam o voar e as árvores se torceram para os escutar. Mas não gostaram, o efeito foi fraco e era escusado! Esperemos que o povo, que sabe rir dessas horas menos boas dos seus Servidores, não deixe de viver, com gosto e ao seu jeito, e como melhor o conseguir fazer, esse Dia Nacional que a todos nos orgulha e enobrece o país.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 24-04-2020.

_____________________________



II.

Semana das Vocações


LANÇAR AS REDES PARA ALÉM DO AQUÁRIO


Estamos a viver a semana de oração e ação em prol da cultura vocacional, cuja solicitude no terreno sempre reclama um “salto de qualidade”. Falamos daquela dimensão da vida que procura responder à busca de sentido, que estrutura e dá uma nova compreensão à existência de cada pessoa: “Senhor, que queres de mim, que queres que eu seja?”. Já noutros escritos, apoiado nos documentos da Igreja, me tenho referido a estas grandes opções de vida que são, assim o podemos sintetizar: ou o matrimónio ou o ministério ordenado ou a vida consagrada (religiosa e laical), ou, mesmo quando a pessoa conclui que não se sente chamada a nenhuma das citadas vocações e, por opção responsável, refletida, rezada e acompanhada, permanece solteira, não para fugir a responsabilidades ou para levar uma vida leviana ou descomprometia, mas por opção responsável e determinada. E quantas causas nobres de serviços à sociedade e à Igreja acontecem e se desenvolvem devido à ação destas pessoas que, durante toda a vida, se lhes dedicam total e generosamente. Mas seja qual for a resposta a dar ao estado de vida a que cada um se sente chamado, não se pode dar uma resposta a ver se vai dar certo ou apenas por um determinado tempo, a prazo. Espera-se que seja uma resposta séria e definitiva, para toda a vida. Uma resposta dada com amor, alegria e esperança, o que implica saber o que cada uma reclama de formação, preparação, responsabilidade, atenção constante e capacidade de saber ultrapassar as dificuldades que venham a surgir porque nada é tão linear como se sonha. E, isto, mesmo depois de já se estar a viver no matrimónio ou na vida consagrada ou no ministério ordenado. Se assim não for, este pucarinho de barro que cada um de nós é pode esboroar-se, fazer-nos perder o entusiasmo da primeira hora e conduzir-nos a um desfecho de infidelidade e abandono. Mesmo que se invoquem razões que possam desculpar ou diminuir a responsabilidade desse final, é sempre consequência de algo que correu menos bem, fosse em que tempo fosse. Como refere o Papa Francisco na Mensagem para este ano, é importante “que cada um possa descobrir com GRATIDÃO o chamamento que Deus lhe dirige, encontrar a CORAGEM de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de LOUVOR, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”. Se o Senhor nos chamou por este ou aquele caminho, Ele está connosco e devemos-lhe estar gratos por ter passado pela nossa vida, por nos ter dado coragem para arriscarmos na certeza de que Ele nos estende a mão no meio das tempestades da vida, e continua a chamar-nos dentro da vocação e a dizer-nos que não tenhamos medo.

O documento “Novas Vocações para uma Nova Europa”, refere que hoje “são necessários «pais» e «mães» abertos à vida e ao dom da vida; esposos e esposas que testemunhem e celebrem a beleza do amor humano abençoado por Deus; pessoas capazes de diálogo e de «caridade cultural», para a transmissão da mensagem cristã, mediante as linguagens da nossa sociedade; profissionais e pessoas simples, capazes de imprimir a transparência da verdade e a intensidade da caridade cristã ao compromisso na vida civil e às relações de trabalho e de amizade; mulheres que redescubram na fé cristã a possibilidade de viver plenamente o seu gênio feminino; presbíteros de coração grande, como o do Bom Pastor; diáconos permanentes que anunciem a Palavra e a liberdade do serviço aos mais pobres; apóstolos consagrados capazes de se imergirem no mundo e na história com coração contemplativo, e místicos tão familiarizados com o mistério de Deus, que saibam celebrar a experiência do divino e apontar Deus presente no vivo da ação” (NVNE,12).

A Igreja valoriza a vocação de todos e confia em todos para promover uma verdadeira cultura vocacional. E se contamos com todos para esse trabalho, nesta Semana das Vocações, porém, todos temos especialmente em conta as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, as vocações de especial consagração. Hoje é difícil este anúncio vocacional e torna-se fácil a tentação do desânimo em quem tem a missão de o fazer. Os valores que hoje se nos apresentam são diversos e contrastantes. A cultura é pluralista e ambivalente, “politeísta” e neutra. Há excesso de possibilidades, de ocasiões, de solicitações e, a par, a carência de projetos de vida. Há códigos de leitura e de avaliação, de orientação e de comportamento que se repercutem no plano vocacional. E os jovens são fruto deste tempo, desta cultura frágil e complexa, em que a reivindicação da subjetividade se transforma tantas vezes em subjetivismo e o desejo de liberdade em livre arbítrio. E se há quem procure autenticidade e afeto, relacionamentos pessoais e amizades sadias, vastidão de horizontes e simpatia pela vida entendida como valor absoluto, muitas vezes sentem-se um pouco à deriva, sozinhos, feridos pelo bem-estar, desiludidos das ideologias, das políticas não respeitosas do próprio direito à vida, confusos por causa da desorientação ética, como refere o documento que citei. Mas este é o nosso mundo, o mundo em que nós vivemos e exercemos a nossa missão por mandato do Senhor, não temos outro! Além disso, temos de estar conscientes que este trabalho só será possível com o otimismo da fé e através de uma conversão ao dever de mediar a voz que chama, de forma pedagógica e sem perder a força da esperança: o Senhor da messe não deixará faltar operários para a sua messe. Por isso, não pode haver desânimo nem faltar a esperança nos presbíteros, nos educadores, nas famílias cristãs, nas famílias religiosas, nos institutos seculares, nos pais, educadores, professores, catequistas, animadores e nas próprias comunidades cristãs. Todos somos chamados por Deus a colaborar, de muitas maneiras e cada um a seu modo, neste desafio vocacional, contagiando as crianças, os adolescentes e os jovens, com proximidade, gerando empatia e vivendo com alegria. E sem esquecer que Jesus usou o contacto pessoal, chamou-os pelo nome, acompanhou-os por longo tempo tal como eles eram, foi-os formando e orientando, rezou por eles...

A resposta vocacional vai-se descobrindo numa dinâmica relacional, isto é, entre Deus que chama e vai dando sinais e a pessoa que é chamada. Lendo e interpretando os sinais e a própria vida à luz de Jesus Cristo, cada um, com a sorte de ter a seu lado um verdadeiro cireneu que o ajude a discernir, vai-se dizendo e descobrindo a si próprio. E de tal modo que acabará por se tornar numa experiência de resposta livre, concreta e agradecida a Deus que chama. Nesta pedagogia da descoberta vocacional, são indispensáveis a Palavra, os sacramentos, a oração, a comunidade eclesial e a forma como nos relacionamos com os outros e somos para os outros.

 Não podemos julgar-nos conhecedores do terreno e bem entendidos nos projetos divinos. A lógica de Deus não é a nossa lógica. Houve um momento em que os Apóstolos assim fizeram, mas não se saíram bem, tiveram de meter a viola ao saco. Julgando-se conhecedores do mar, experientes naquelas lides da pesca e sem nada terem conseguido ao longo de toda a noite, ripostaram ao que o Senhor lhes pedia, e se o fizeram fizeram-no a contar com o fracasso para Lhe mostrar que eles é que tinham razão. E disse a Pedro: “Avança para as águas mais profundas e lança as redes para a pesca”. Simão respondeu: «Mestre, tentamos a noite inteira e não apanhamos nada. Mas em atenção à Tua palavra, vou lançar as redes». Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam” (Lc5,4-6).

 Como Igreja em saída, acreditemos na Palavra do Senhor. Avancemos, com esperança. Façamo-nos ao largo, para além do aquário talvez demasiadamente apaparicado mas amoldado a ouvir e a virar as costas a qualquer nova proposta, talvez já inquinado. Lancemos as redes para “águas mais profundas” e reacendamos em nós o zelo das origens (cf. NMI40).


Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-04-2020.





Sem comentários:

Enviar um comentário