PARÓQUIAS
DE NISA
Domingo,
26 de abril de 2020
III domingo do tempo de Páscoa
ALELUIA!
ALELUIA! ALELUIA!
CRISTO
RESSUSCITOU!
CELEBREMOS
DOMINGO III DA PÁSCOA
Branco – Ofício próprio (Semana III do
Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. pascal.
L 1 Act 2, 14. 22-33; Sal 15 (16), 1-2a e 5. 7-8. 9-10. 11
L 2 1 Pedro 1, 17-21
Ev Lc 24, 13-35
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. pascal.
L 1 Act 2, 14. 22-33; Sal 15 (16), 1-2a e 5. 7-8. 9-10. 11
L 2 1 Pedro 1, 17-21
Ev Lc 24, 13-35
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* Em todas as Dioceses do País – Começa hoje a LVII Semana de Oração pelas Vocações Consagradas.
* No Patriarcado de Lisboa – Ofertório para as Novas Igrejas.
* Na Diocese de Santiago (Cabo Verde) – Ofertório para os Seminários Diocesanos.
* II Vésp. do domingo – Compl. dep. II Vésp. dom.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 65, 1-2
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora
por se ver restituído à glória da adopção divina,
aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Actos 2, 14.22-33
«Não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores. Aleluia.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora
por se ver restituído à glória da adopção divina,
aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Actos 2, 14.22-33
«Não era possível que Ele ficasse sob o domínio da morte»
Leitura dos Atos dos Apóstolos
No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém, compreendei o que está a acontecer e ouvi as minhas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio. Diz David a seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes-me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nós. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne conheceu a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. 11a ou Aleluia)
Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino. Refrão
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei. Refrão
Por isso o meu coração se alegra
e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção. Refrão
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em vossa presença,
delícias eternas à vossa direita. Refrão
LEITURA II 1 Pedro 1, 17-21
«Fostes resgatados pelo sangue precioso
de Cristo, Cordeiro sem mancha»
O que S. Pedro pregou logo no dia de Pentecostes foi o mesmo que ele escreveu depois às Igrejas. Nós somos hoje essas Igrejas de Cristo, espalhadas por todo o mundo, mas todas radicadas na mesma fé em Cristo Jesus, o nosso Cordeiro pascal. A nós, pois, se dirige hoje a pregação do Apóstolo.
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Se invocais como Pai Aquele que, sem aceção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.
Palavra do Senhor.
ALELUIA cf. Lc 24, 32
Refrão: Aleluia. Repete-se
Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração. Refrão
EVANGELHO Lc 24, 13-35
«Conheceram-n’O ao partir o pão»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa.
Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria eterna. Por Nosso Senhor.
Prefácio pascal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Lc 24, 35
Os discípulos reconheceram o Senhor Jesus
ao partir o pão. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Olhai com bondade, Senhor, para o vosso povo e fazei chegar
à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.
«Acreditar é
preciso. A fé… faz tudo ficar mais bonito. E é ela quem nos impulsiona a
prosseguir».
.Elliana García
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS I:
MEDITAÇÃO: Emaús é o lugar de encontro da humanidade consigo própria: mais do
que num passado bem recente, fazemos a experiência das nossas limitações, das
nossas fragilidades, da dor, do sofrimento, do fracasso e da morte… As
perguntas sobre o sentido da vida, que andávamos a adiar, são colocadas agora
com toda a transparência. E queremos que o Mestre fique connosco, que não nos
abandone, precisamente porque a sua palavra é hoje mais importante que nunca
para nos fazer compreender esta história. Estamos a ficar cansados de caminhar
sozinhos, de permanecer isolados porque, apesar de reconhecermos a importância
de nos fecharmos no nosso espaço, afecta-nos, como aos discípulos de Emaús, o
desespero, a descrença e a ignorância. A força das circunstâncias leva-nos a
fazer muitas perguntas e a tomar consciência de que sabemos bem pouco…
1. Do desencanto à compreensão
– Os discípulos de Emaús estão dececionados: tinham contactado com Jesus, tinham ouvido as suas palavras e visto as suas obras maravilhosas; acreditaram que deveria haver resultados visíveis, que mobilizassem as pessoas e mudassem o rumo da história…
– Partilhamos também este sentimento quando olhamos para a situação que vivemos, para o mundo à nossa volta, e verificamos que as coisas haviam de caminhar mais depressa para dar resposta aos problemas… Na realidade, parece que tardam em mudar, apesar de todos os esforços… E o desencanto apodera-se de nós face a tantas promessas e cenários idealizados…
– Uma experiência destas leva a desconfiar de qualquer boa notícia que seja proclamada. Não, não pode ser: as mulheres dizem que está vivo, o sepulcro foi encontrado vazio, mas ninguém O viu; portanto, não é verdade…
– Para aqueles discípulos, como para nós, há ainda um caminho a percorrer. E o ponto de apoio, a base da compreensão, são as Sagradas Escrituras… É esta explicação que Jesus dá quando se põe a caminhar com eles; e o mesmo faz Pedro naquele discurso do dia de Pentecostes… Para os primeiros cristãos, a morte de Jesus tinha sido um golpe terrível… Onde encontrar o sentido de tudo isto? Na Palavra de Deus: “Não me abandonareis na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso servo sofrer a corrupção” (Sl)…
– A leitura e a meditação da Palavra levam a compreender que a morte e a ressurreição de Cristo já estavam previstas no plano de Deus… O poder do mal, do sofrimento, da mentira, da injustiça e da inveja, não têm a última palavra. Esta pertence a Deus… E a Páscoa projecta a luz e dá sentido àquilo que nos parece obscuro…
2. A fração do pão como momento revelador
– Há um centro de vida para onde a narração projeta estes discípulos e nos lança a todos nós: a fracção do pão… Foi nesse momento que se lhe abriram os olhos…
– A fracção do pão resume toda a vida de Jesus: corpo entregue, sangue derramado por nós para a nossa salvação; Jesus conhece-se no gesto de dar, de repartir, e é também ali que está a chave da compreensão das Escrituras… Foi com aquele gesto que “se lhe abriram os olhos” para compreender o livro da vida…
– O ressuscitado encontra-se connosco na Escritura e na Fracção do Pão… É difícil admitir um caminho diferente deste por mais diversificados que sejam os caminhos de encontro com Deus!... Se não for por aqui, pode haver encontro com Deus, mas pode não ser cristão…
– Só por esta via somos integrados na comunidade: os discípulos foram dizer aos outros, aos apóstolos que estavam em Jerusalém… Também foi a fracção do pão que os levou aos apóstolos e depois os fez voltar para as suas vidas com outra atitude: ultrapassaram a decepção e começam a encarar a vida como ressuscitados…
AGENDA DO DIA
11.00 horas: Missa paroquial
12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da
epidemia covid – 19.
A VOZ DO PASTOR
O RUIDO
DAS LIBERDADES DE ABRIL
A
consciência da liberdade e da dignidade do homem, de mão dada com a afirmação
dos direitos inalienáveis da pessoa e dos povos, é uma das características
predominantes do nosso tempo. Antes do cristianismo era impensável, mesmo que
agora ainda se possa fomentar de modo errado! A comunicação que Deus fez de si
mesmo aos homens tornou Jesus Cristo o acontecimento da História de maior
relevância para a Humanidade, ao ponto de dividir a História no antes e no
depois de Cristo. Inverteu os valores, fez resplandecer a dignidade pessoal de
cada individuo, deu aso à formulação dos direitos humanos mesmo que ainda muito
espezinhados. “No mundo pré-cristão, procuraríamos em vão semelhante visão do
Homem: nem Platão, que fala de forma sublime do eros, nem nos tratados de
Aristóteles e de Cícero sobre a amizade, nem nos escritos dos estoicos se
poderá encontrar qualquer atenção à pessoa humana, à qual só se dará fundamento
a partir da revelação cristã” (Hans Urs von Balthasar).
Jesus,
figura dominante da História, veio dar-lhe o seu significado autêntico, a sua
direção permanente e definitiva. Não com armas e opressão, mas comprometendo-se
com a sorte do homem, em amor e misericórdia. Ateus, crentes, filósofos,
escritores, artistas, pessoas de todas as áreas do saber, do poder e do saber
fazer, ninguém, ninguém ficou nem fica indiferente perante o que Ele disse e
fez, perante o encanto da sua pessoa e da sua doação até ao extremo. Assim
aconteceu com todos quantos se cruzaram com Ele ao longo da sua vida terrena e
depois da sua Ressurreição, o Grande Dia para toda a Humanidade, a Páscoa. Sim,
o Grande Dia, acredite-se ou não! À volta da sua pessoa, ontem e hoje, quantos
encontros e desencontros, quanta alegria e entusiasmo, quantas certezas e
dúvidas, quantas inquietações e esperanças, quantos, quantos amores apaixonados
até ao martírio, quanta vida, quanto testemunho, quanto bem fazer, quantas
expressões extraordinárias de arte e beleza em todas as áreas da atividade
humana. No entanto, como perante Ele ninguém fica indiferente, também houve e
há rejeições. E quantas delas por mera ignorância ou preconceitos como aquele
que chegou ao ponto de mandar gravar uma cruz na sola dos sapatos para O
espezinhar continuamente. Quanta mentira
ou iniciativa para O desmitificar, quantas banalizações e ofensas, quantas
apropriações indevidas até para fazer guerras, quantas perseguições, quantos
escritos para negar a sua divindade. “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que
fazem!”, rezou Cristo na Cruz (Lc 23,34).
Aquele
“Tudo está consumado” dito por Jesus no alto do Calvário, não foi uma
declaração conformada com o fim de tudo. Não foi uma humilhante rendição porque
tudo fracassara. Não, não foi um cruzar de braços perante uma derrota. Foi um
vigoroso Sim à vitória da vida sobre a morte, um Sim para restituir ao homem a
dignidade perdida e indicar a toda a Humanidade o caminho da Liberdade, da
Dignidade e do viver com sentido e esperança. Jesus falou e continua a falar com
a simplicidade da sua vida, com a sua humanidade, com a sua obediência ao Pai,
com a sua coerência, com a sua fidelidade à verdade e com o seu amor a toda a
gente, sem fazer aceção de pessoas, dando prioridade aos que sofrem e aos esquecidos
à margem da vida. Foi n’Ele e por Ele que o homem adquiriu plena consciência do
sentido da sua vida, da sua dignidade e do valor transcendente da própria
humanidade.
Cada país tem o seu Dia Nacional, o
qual, infelizmente, nem sempre é o dia da conquista da liberdade, dentro
daquela Liberdade e Dignidade de filhos de Deus. Por paradoxal que pareça,
esses dias nacionais vão-se sucedendo uns aos outros, tal como aquelas
afirmações que são tão verdade enquanto não vem outro e diz o contrário. Parece
que cada tempo tem de ter forçosamente os seus heróis. Mudam-se os tempos
mudam-se as vontades, sobretudo quando os que governam se esquecem da sua
verdadeira missão ao serviço do povo. O último acontecimento mais digno de
registo ou tido como revolucionário, para o bem ou para o mal, é sempre o
único, o mais nobre e o mais importante para quem o levou acabo, mesmo que o
seja para desgraça de um povo. E sempre há gente que está com quem está, quer
quando o regime se apoia na razão da força, quer quando se pauta pela força da
razão. O virar da casaca é imediato, num esfregar de olhos. A subserviência aos
da nova situação é tal que nunca os deixa livres para avaliarem qualquer dos
sistemas. E como a fama é um objetivo apetecível, há quem, dentro da façanha
revolucionária, não passando de um mero e suplente apanha bolas devido às
circunstâncias do momento e das quais porventura não conseguiu fugir, há quem não
se canse de gritar ao mundo a fazer crer que foi um grande craque no relvado,
um herói indispensável na hora da mudança e a merecer lugar de sócio correspondente
e de número na academia da história pátria, quiçá, um cantinho no panteão! Ai
estes bípedes humanos que engraçados que somos!...
E assim, uns, como é o nosso caso,
festejam com alegria o dia em que a liberdade foi conquistada e se instalou a
democracia e os direitos de cidadania. Há festa, vestem-se os fatos de domingar
e calçam-se os sapatos de ir à missa, como soe dizer-se, para se entrar no Salão
Nobre da República onde os representantes do povo têm a sua cátedra de diagnóstico
das maleitas e do receituário para as doenças do Nação. Há discursos empolgados
com esticadas reflexões, há palmas e aplausos. E bem, é preciso comemorar e
fazer festa. Há conquistas inesquecíveis a merecer festa em qualquer tempo e a
qualquer pretexto, com terno e gravata. A ferir a história dos povos, idênticas
manifestações também fazem as ditaduras, com desfiles militares a quererem
assustar o mundo, discursos empolgados a olhar para o umbigo, aplausos e palmas
a aquecer as mãos e a atordoar os ouvidos. Os demagogos encontram aí uma grande
ocasião para espraiarem o seu ego por entre discursos inflamados a ecoar por
mundo fora. O povo, esse, e conforme os casos, ou se manifesta livremente na
alegria e gratidão de ter a liberdade, ou na obrigação de fingir e repudiar a
tristeza que lhe vai na alma. Nas próprias escolas, a história última que se
estuda, é sempre a história feita pelos últimos vencedores, por aqueles que se
encontram ao leme dos países, quer seja a construída pelos que conquistaram a
liberdade, quer seja a feita pelos que a esconjuraram. Para uns e outros,
importa denegrir o passado como nada tendo de bom, e empolgar o presente como
maravilha sem igual. Mas isto também acontece, em democracia, dentro dos
partidos que se alternem no poder. Nenhum consegue viver sem denegrir o do
turno anterior para que possa engrandecer o que ele agora está a fazer. A
história humana, que é cíclica, lá se vai desenvolvendo por entre tais enredos,
tantas vezes com a humilhação do povo, do qual, quem manda, se julga dono e
senhor, esquecendo que o seu poder é um poder delegado pelo próprio povo, em
nome de Deus. E disse Pilatos a Jesus: “Não sabes que tenho autoridade para Te
soltar e autoridade para Te crucificar?” Jesus respondeu: “Não terias nenhuma
autoridade sobre Mim se ela não te fosse dada do alto” (Jo 19,10-11).
Portugal, nos últimos tempos, saboreou
ambos os momentos. Quem agora se apresenta como presa fácil às garras desse traste
que é o covid-19, sabe apreciar bem a diferença. Muita gente festejou - ou
suportou ver festejar! -, com gosto ou sem gosto, contrariado ou por obrigação,
o 28 de maio. Mesmo que o Dia da Restauração e o da República estejam dormentes
nos braços de Morfeu, festejemos o 25 de abril, que, neste ano, já deu água
pela barba àqueles que, quando falaram sobre os festejos, de tal modo falaram
que até as andorinhas suspenderam o voar e as árvores se torceram para os escutar.
Mas não gostaram, o efeito foi fraco e era escusado! Esperemos que o povo, que sabe
rir dessas horas menos boas dos seus Servidores, não deixe de viver, com gosto
e ao seu jeito, e como melhor o conseguir fazer, esse Dia Nacional que a todos
nos orgulha e enobrece o país.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 24-04-2020.
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