terça-feira, 28 de abril de 2020





PARÓQUIAS DE NISA




Quarta, 29 de abril de 2020






Quarta-feira da III semana do tempo de Páscoa






ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

CRISTO RESSUSCITOU!

CELEBREMOS




QUARTA-FEIRA da semana III
S. Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja,
Padroeira da Europa – FESTA
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. dos Santos.

L 1 1 Jo 1, 5 – 2, 2; Sal 102 (103), 1-2. 3-4. 8-9. 13-14. 17-18a
Ev Mt 11, 25-30


* Na Ordem de São Domingos e na Congregação das Irmãs Dominicanas de S. Catarina de Sena – S. Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja – FESTA e SOLENIDADE
* Na Congregação das Irmãs Missionárias de S. Pedro Claver – Aniversário da fundação do Instituto (1894).


S. CATARINA DE SENA, virgem e doutora da Igreja


Nota Histórica
Nasceu em Sena no ano 1347. Movida pelo desejo de perfeição, entrou na Ordem Terceira de S. Domingos quando era ainda adolescente. Inflamada no amor de Deus e do próximo, trabalhou incansavelmente pela paz e concórdia entre as cidades, defendeu com ardor os direitos e a liberdade do Romano Pontífice e promoveu a renovação da vida religiosa. Escreveu importantes obras de espiritualidade, cheias de boa doutrina e de inspiração celeste. Morreu no ano 1380.

MISSA


ANTÍFONA DE ENTRADA
Esta é a virgem sábia e prudente,
que, de lâmpada acesa, foi ao encontro de Cristo. Aleluia.


ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia infinita, que inflamastes Santa Catarina de Sena no amor divino, chamando-a à contemplação da paixão do Senhor e ao serviço da Igreja, fazei que o vosso povo, associado ao mistério de Cristo, se alegre para sempre na manifestação da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I 1 Jo 1, 5 – 2, 2
«O sangue de Jesus purifica-nos do pecado»

Leitura da Primeira Epístola de São João

Caríssimos: Esta é a mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos: Deus é luz e n’Ele não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com Ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas se caminharmos na luz, como Ele vive na luz, estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, purifica-nos de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a maldade. Se dissermos que não pecamos, fazemos d’Ele um mentiroso e a sua palavra não está em nós. Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 102 (103), 1-2.3-4.8-9.13-14.17-18a (R. 1a)
Refrão: Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Ou: Ó minha alma, louva o Senhor.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor,
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Não está sempre a repreender,
nem guarda ressentimento.

Como um pai se compadece de seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem.
Ele sabe de que somos formados
e não Se esquece de que somos pó da terra.

A bondade do Senhor permanece eternamente
sobre aqueles que O temem
e a sua justiça sobre os filhos dos seus filhos,
sobre aqueles que guardam a sua aliança.


EVANGELHO Mt 11, 25-30
«Escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus exclamou:
«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, Eu Te bendigo,
porque assim foi do teu agrado.
Tudo Me foi dado por meu Pai.
Ninguém conhece o Filho senão o Pai
e ninguém conhece o Pai senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Vinde a Mim,
todos os que andais cansados e oprimidos,
e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo
e aprendei de Mim,
que sou manso e humilde de coração,
e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, o sacrifício da salvação que Vos oferecemos na festa de Santa Catarina e fazei que os ensinamentos da sua vida tornem mais fervorosa a nossa ação de graças a Vós, único Deus verdadeiro. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. 1 Jo 1, 7
Se caminhamos na luz de Deus,
estamos em comunhão uns com os outros
e o Sangue de Jesus Cristo seu Filho
purifica-nos de todo o pecado. Aleluia.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso, o alimento que recebemos nesta mesa celeste e que sustentou Santa Catarina de Sena, até na sua vida temporal, seja para nós penhor de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.






« Sê o meu pastor, Senhor, e sê comigo o pastor das Tuas ovelhas, de modo que o meu coração não se desvie nem para a direita nem para a esquerda».

São João Damasceno







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia



1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS I:




AGENDA DO DIA



12.00 horas: Oração em rede pedindo a erradicação da epidemia covid – 19.
18.00 horas: Missa paroquial transmitida por internet.







A VOZ DO PASTOR


I.
O RUIDO DAS LIBERDADES DE ABRIL

A consciência da liberdade e da dignidade do homem, de mão dada com a afirmação dos direitos inalienáveis da pessoa e dos povos, é uma das características predominantes do nosso tempo. Antes do cristianismo era impensável, mesmo que agora ainda se possa fomentar de modo errado! A comunicação que Deus fez de si mesmo aos homens tornou Jesus Cristo o acontecimento da História de maior relevância para a Humanidade, ao ponto de dividir a História no antes e no depois de Cristo. Inverteu os valores, fez resplandecer a dignidade pessoal de cada individuo, deu aso à formulação dos direitos humanos mesmo que ainda muito espezinhados. “No mundo pré-cristão, procuraríamos em vão semelhante visão do Homem: nem Platão, que fala de forma sublime do eros, nem nos tratados de Aristóteles e de Cícero sobre a amizade, nem nos escritos dos estoicos se poderá encontrar qualquer atenção à pessoa humana, à qual só se dará fundamento a partir da revelação cristã” (Hans Urs von Balthasar).

Jesus, figura dominante da História, veio dar-lhe o seu significado autêntico, a sua direção permanente e definitiva. Não com armas e opressão, mas comprometendo-se com a sorte do homem, em amor e misericórdia. Ateus, crentes, filósofos, escritores, artistas, pessoas de todas as áreas do saber, do poder e do saber fazer, ninguém, ninguém ficou nem fica indiferente perante o que Ele disse e fez, perante o encanto da sua pessoa e da sua doação até ao extremo. Assim aconteceu com todos quantos se cruzaram com Ele ao longo da sua vida terrena e depois da sua Ressurreição, o Grande Dia para toda a Humanidade, a Páscoa. Sim, o Grande Dia, acredite-se ou não! À volta da sua pessoa, ontem e hoje, quantos encontros e desencontros, quanta alegria e entusiasmo, quantas certezas e dúvidas, quantas inquietações e esperanças, quantos, quantos amores apaixonados até ao martírio, quanta vida, quanto testemunho, quanto bem fazer, quantas expressões extraordinárias de arte e beleza em todas as áreas da atividade humana. No entanto, como perante Ele ninguém fica indiferente, também houve e há rejeições. E quantas delas por mera ignorância ou preconceitos como aquele que chegou ao ponto de mandar gravar uma cruz na sola dos sapatos para O espezinhar continuamente. Quanta  mentira ou iniciativa para O desmitificar, quantas banalizações e ofensas, quantas apropriações indevidas até para fazer guerras, quantas perseguições, quantos escritos para negar a sua divindade. “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”, rezou Cristo na Cruz (Lc 23,34).

Aquele “Tudo está consumado” dito por Jesus no alto do Calvário, não foi uma declaração conformada com o fim de tudo. Não foi uma humilhante rendição porque tudo fracassara. Não, não foi um cruzar de braços perante uma derrota. Foi um vigoroso Sim à vitória da vida sobre a morte, um Sim para restituir ao homem a dignidade perdida e indicar a toda a Humanidade o caminho da Liberdade, da Dignidade e do viver com sentido e esperança. Jesus falou e continua a falar com a simplicidade da sua vida, com a sua humanidade, com a sua obediência ao Pai, com a sua coerência, com a sua fidelidade à verdade e com o seu amor a toda a gente, sem fazer aceção de pessoas, dando prioridade aos que sofrem e aos esquecidos à margem da vida. Foi n’Ele e por Ele que o homem adquiriu plena consciência do sentido da sua vida, da sua dignidade e do valor transcendente da própria humanidade.

Cada país tem o seu Dia Nacional, o qual, infelizmente, nem sempre é o dia da conquista da liberdade, dentro daquela Liberdade e Dignidade de filhos de Deus. Por paradoxal que pareça, esses dias nacionais vão-se sucedendo uns aos outros, tal como aquelas afirmações que são tão verdade enquanto não vem outro e diz o contrário. Parece que cada tempo tem de ter forçosamente os seus heróis. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, sobretudo quando os que governam se esquecem da sua verdadeira missão ao serviço do povo. O último acontecimento mais digno de registo ou tido como revolucionário, para o bem ou para o mal, é sempre o único, o mais nobre e o mais importante para quem o levou acabo, mesmo que o seja para desgraça de um povo. E sempre há gente que está com quem está, quer quando o regime se apoia na razão da força, quer quando se pauta pela força da razão. O virar da casaca é imediato, num esfregar de olhos. A subserviência aos da nova situação é tal que nunca os deixa livres para avaliarem qualquer dos sistemas. E como a fama é um objetivo apetecível, há quem, dentro da façanha revolucionária, não passando de um mero e suplente apanha bolas devido às circunstâncias do momento e das quais porventura não conseguiu fugir, há quem não se canse de gritar ao mundo a fazer crer que foi um grande craque no relvado, um herói indispensável na hora da mudança e a merecer lugar de sócio correspondente e de número na academia da história pátria, quiçá, um cantinho no panteão! Ai estes bípedes humanos que engraçados que somos!...

E assim, uns, como é o nosso caso, festejam com alegria o dia em que a liberdade foi conquistada e se instalou a democracia e os direitos de cidadania. Há festa, vestem-se os fatos de domingar e calçam-se os sapatos de ir à missa, como soe dizer-se, para se entrar no Salão Nobre da República onde os representantes do povo têm a sua cátedra de diagnóstico das maleitas e do receituário para as doenças do Nação. Há discursos empolgados com esticadas reflexões, há palmas e aplausos. E bem, é preciso comemorar e fazer festa. Há conquistas inesquecíveis a merecer festa em qualquer tempo e a qualquer pretexto, com terno e gravata. A ferir a história dos povos, idênticas manifestações também fazem as ditaduras, com desfiles militares a quererem assustar o mundo, discursos empolgados a olhar para o umbigo, aplausos e palmas a aquecer as mãos e a atordoar os ouvidos. Os demagogos encontram aí uma grande ocasião para espraiarem o seu ego por entre discursos inflamados a ecoar por mundo fora. O povo, esse, e conforme os casos, ou se manifesta livremente na alegria e gratidão de ter a liberdade, ou na obrigação de fingir e repudiar a tristeza que lhe vai na alma. Nas próprias escolas, a história última que se estuda, é sempre a história feita pelos últimos vencedores, por aqueles que se encontram ao leme dos países, quer seja a construída pelos que conquistaram a liberdade, quer seja a feita pelos que a esconjuraram. Para uns e outros, importa denegrir o passado como nada tendo de bom, e empolgar o presente como maravilha sem igual. Mas isto também acontece, em democracia, dentro dos partidos que se alternem no poder. Nenhum consegue viver sem denegrir o do turno anterior para que possa engrandecer o que ele agora está a fazer. A história humana, que é cíclica, lá se vai desenvolvendo por entre tais enredos, tantas vezes com a humilhação do povo, do qual, quem manda, se julga dono e senhor, esquecendo que o seu poder é um poder delegado pelo próprio povo, em nome de Deus. E disse Pilatos a Jesus: “Não sabes que tenho autoridade para Te soltar e autoridade para Te crucificar?” Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre Mim se ela não te fosse dada do alto” (Jo 19,10-11).

Portugal, nos últimos tempos, saboreou ambos os momentos. Quem agora se apresenta como presa fácil às garras desse traste que é o covid-19, sabe apreciar bem a diferença. Muita gente festejou - ou suportou ver festejar! -, com gosto ou sem gosto, contrariado ou por obrigação, o 28 de maio. Mesmo que o Dia da Restauração e o da República estejam dormentes nos braços de Morfeu, festejemos o 25 de abril, que, neste ano, já deu água pela barba àqueles que, quando falaram sobre os festejos, de tal modo falaram que até as andorinhas suspenderam o voar e as árvores se torceram para os escutar. Mas não gostaram, o efeito foi fraco e era escusado! Esperemos que o povo, que sabe rir dessas horas menos boas dos seus Servidores, não deixe de viver, com gosto e ao seu jeito, e como melhor o conseguir fazer, esse Dia Nacional que a todos nos orgulha e enobrece o país.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 24-04-2020.

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II.
Semana das Vocações

LANÇAR AS REDES PARA ALÉM DO AQUÁRIO

Estamos a viver a semana de oração e ação em prol da cultura vocacional, cuja solicitude no terreno sempre reclama um “salto de qualidade”. Falamos daquela dimensão da vida que procura responder à busca de sentido, que estrutura e dá uma nova compreensão à existência de cada pessoa: “Senhor, que queres de mim, que queres que eu seja?”. Já noutros escritos, apoiado nos documentos da Igreja, me tenho referido a estas grandes opções de vida que são, assim o podemos sintetizar: ou o matrimónio ou o ministério ordenado ou a vida consagrada (religiosa e laical), ou, mesmo quando a pessoa conclui que não se sente chamada a nenhuma das citadas vocações e, por opção responsável, refletida, rezada e acompanhada, permanece solteira, não para fugir a responsabilidades ou para levar uma vida leviana ou descomprometia, mas por opção responsável e determinada. E quantas causas nobres de serviços à sociedade e à Igreja acontecem e se desenvolvem devido à ação destas pessoas que, durante toda a vida, se lhes dedicam total e generosamente. Mas seja qual for a resposta a dar ao estado de vida a que cada um se sente chamado, não se pode dar uma resposta a ver se vai dar certo ou apenas por um determinado tempo, a prazo. Espera-se que seja uma resposta séria e definitiva, para toda a vida. Uma resposta dada com amor, alegria e esperança, o que implica saber o que cada uma reclama de formação, preparação, responsabilidade, atenção constante e capacidade de saber ultrapassar as dificuldades que venham a surgir porque nada é tão linear como se sonha. E, isto, mesmo depois de já se estar a viver no matrimónio ou na vida consagrada ou no ministério ordenado. Se assim não for, este pucarinho de barro que cada um de nós é pode esboroar-se, fazer-nos perder o entusiasmo da primeira hora e conduzir-nos a um desfecho de infidelidade e abandono. Mesmo que se invoquem razões que possam desculpar ou diminuir a responsabilidade desse final, é sempre consequência de algo que correu menos bem, fosse em que tempo fosse. Como refere o Papa Francisco na Mensagem para este ano, é importante “que cada um possa descobrir com GRATIDÃO o chamamento que Deus lhe dirige, encontrar a CORAGEM de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de LOUVOR, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”. Se o Senhor nos chamou por este ou aquele caminho, Ele está connosco e devemos-lhe estar gratos por ter passado pela nossa vida, por nos ter dado coragem para arriscarmos na certeza de que Ele nos estende a mão no meio das tempestades da vida, e continua a chamar-nos dentro da vocação e a dizer-nos que não tenhamos medo.

O documento “Novas Vocações para uma Nova Europa”, refere que hoje “são necessários «pais» e «mães» abertos à vida e ao dom da vida; esposos e esposas que testemunhem e celebrem a beleza do amor humano abençoado por Deus; pessoas capazes de diálogo e de «caridade cultural», para a transmissão da mensagem cristã, mediante as linguagens da nossa sociedade; profissionais e pessoas simples, capazes de imprimir a transparência da verdade e a intensidade da caridade cristã ao compromisso na vida civil e às relações de trabalho e de amizade; mulheres que redescubram na fé cristã a possibilidade de viver plenamente o seu gênio feminino; presbíteros de coração grande, como o do Bom Pastor; diáconos permanentes que anunciem a Palavra e a liberdade do serviço aos mais pobres; apóstolos consagrados capazes de se imergirem no mundo e na história com coração contemplativo, e místicos tão familiarizados com o mistério de Deus, que saibam celebrar a experiência do divino e apontar Deus presente no vivo da ação” (NVNE,12).

A Igreja valoriza a vocação de todos e confia em todos para promover uma verdadeira cultura vocacional. E se contamos com todos para esse trabalho, nesta Semana das Vocações, porém, todos temos especialmente em conta as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, as vocações de especial consagração. Hoje é difícil este anúncio vocacional e torna-se fácil a tentação do desânimo em quem tem a missão de o fazer. Os valores que hoje se nos apresentam são diversos e contrastantes. A cultura é pluralista e ambivalente, “politeísta” e neutra. Há excesso de possibilidades, de ocasiões, de solicitações e, a par, a carência de projetos de vida. Há códigos de leitura e de avaliação, de orientação e de comportamento que se repercutem no plano vocacional. E os jovens são fruto deste tempo, desta cultura frágil e complexa, em que a reivindicação da subjetividade se transforma tantas vezes em subjetivismo e o desejo de liberdade em livre arbítrio. E se há quem procure autenticidade e afeto, relacionamentos pessoais e amizades sadias, vastidão de horizontes e simpatia pela vida entendida como valor absoluto, muitas vezes sentem-se um pouco à deriva, sozinhos, feridos pelo bem-estar, desiludidos das ideologias, das políticas não respeitosas do próprio direito à vida, confusos por causa da desorientação ética, como refere o documento que citei. Mas este é o nosso mundo, o mundo em que nós vivemos e exercemos a nossa missão por mandato do Senhor, não temos outro! Além disso, temos de estar conscientes que este trabalho só será possível com o otimismo da fé e através de uma conversão ao dever de mediar a voz que chama, de forma pedagógica e sem perder a força da esperança: o Senhor da messe não deixará faltar operários para a sua messe. Por isso, não pode haver desânimo nem faltar a esperança nos presbíteros, nos educadores, nas famílias cristãs, nas famílias religiosas, nos institutos seculares, nos pais, educadores, professores, catequistas, animadores e nas próprias comunidades cristãs. Todos somos chamados por Deus a colaborar, de muitas maneiras e cada um a seu modo, neste desafio vocacional, contagiando as crianças, os adolescentes e os jovens, com proximidade, gerando empatia e vivendo com alegria. E sem esquecer que Jesus usou o contacto pessoal, chamou-os pelo nome, acompanhou-os por longo tempo tal como eles eram, foi-os formando e orientando, rezou por eles...

A resposta vocacional vai-se descobrindo numa dinâmica relacional, isto é, entre Deus que chama e vai dando sinais e a pessoa que é chamada. Lendo e interpretando os sinais e a própria vida à luz de Jesus Cristo, cada um, com a sorte de ter a seu lado um verdadeiro cireneu que o ajude a discernir, vai-se dizendo e descobrindo a si próprio. E de tal modo que acabará por se tornar numa experiência de resposta livre, concreta e agradecida a Deus que chama. Nesta pedagogia da descoberta vocacional, são indispensáveis a Palavra, os sacramentos, a oração, a comunidade eclesial e a forma como nos relacionamos com os outros e somos para os outros.

 Não podemos julgar-nos conhecedores do terreno e bem entendidos nos projetos divinos. A lógica de Deus não é a nossa lógica. Houve um momento em que os Apóstolos assim fizeram, mas não se saíram bem, tiveram de meter a viola ao saco. Julgando-se conhecedores do mar, experientes naquelas lides da pesca e sem nada terem conseguido ao longo de toda a noite, ripostaram ao que o Senhor lhes pedia, e se o fizeram fizeram-no a contar com o fracasso para Lhe mostrar que eles é que tinham razão. E disse a Pedro: “Avança para as águas mais profundas e lança as redes para a pesca”. Simão respondeu: «Mestre, tentamos a noite inteira e não apanhamos nada. Mas em atenção à Tua palavra, vou lançar as redes». Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam” (Lc5,4-6).

 Como Igreja em saída, acreditemos na Palavra do Senhor. Avancemos, com esperança. Façamo-nos ao largo, para além do aquário talvez demasiadamente apaparicado mas amoldado a ouvir e a virar as costas a qualquer nova proposta, talvez já inquinado. Lancemos as redes para “águas mais profundas” e reacendamos em nós o zelo das origens (cf. NMI40).

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-04-2020.



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