PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 20 de fevereiro de 2018
Terça-feira da I semana da Quaresma
TERÇA-FEIRA da
semana I
Roxo
– Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 55, 10-11; Sal 33 (34), 4-5. 6-7. 16-17. 18-19
Ev Mt 6, 7-15
* Pode celebrar-se a memória dos SS. Francisco e Jacinta Marto.
* Na Diocese de Leiria-Fátima – SS. Francisco e Jacinta Marto – FESTA
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 55, 10-11; Sal 33 (34), 4-5. 6-7. 16-17. 18-19
Ev Mt 6, 7-15
* Pode celebrar-se a memória dos SS. Francisco e Jacinta Marto.
* Na Diocese de Leiria-Fátima – SS. Francisco e Jacinta Marto – FESTA
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 89, l-2
Senhor, tendes sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Desde sempre e por toda a eternidade, Vós sois Deus.
ORAÇÃO
Olhai, Senhor, para a vossa família e fazei que a nossa alma, purificada pela penitência corporal, resplandeça cada vez mais com a luz da vossa presença. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 55, 10-11
«A minha palavra cumpre a minha vontade»
Leitura do Livro de Isaías
Senhor, tendes sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Desde sempre e por toda a eternidade, Vós sois Deus.
ORAÇÃO
Olhai, Senhor, para a vossa família e fazei que a nossa alma, purificada pela penitência corporal, resplandeça cada vez mais com a luz da vossa presença. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 55, 10-11
«A minha palavra cumpre a minha vontade»
Leitura do Livro de Isaías
Assim fala o Senhor. «A chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a haverem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer. Assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 33 (34), 4-5.6-7.16-17.18-19 (R. 18b)
Refrão: Deus salva os justos
de todos os sofrimentos. Repete-se
Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade. Refrão
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias; Refrão
Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória. Refrão
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Mt 4, 4b
Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. Repete-se
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Refrão
EVANGELHO Mt 6, 7-15
«Orai assim»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito. Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes. Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas faltas».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus, criador e Senhor de todas as coisas, recebei estes dons que nos vieram das vossas mãos e transformai este alimento da nossa vida presente em sacramento de vida eterna. Por Nosso Senhor.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 4, 2
Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus, meu Salvador.
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-Vos de mim e ouvi a minha súplica.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Pela comunhão nos vossos mistérios, ensinai-nos, Senhor, a moderar os desejos das coisas terrenas e a amar os bens celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará»
JESUS (cf. Mt. 6,7-15)
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Is 55, 10-11: A
liturgia dos primeiros dias da Quaresma dá-nos as grandes linhas para a vida
cristã nesta preparação pascal. A primeira leitura de hoje apresenta a palavra
vinda de Deus como força portadora de vida, capaz de produzir em nós uma
renovação profunda. A palavra de Deus é o grande alimento deste tempo de jejum
quaresmal. A Palavra de Deus é, em última análise, o próprio Cristo, que saiu
do Pai e veio ao mundo para manifestar a vontade do Pai.
Mt 6, 7-15 :A
segunda leitura ensina-nos como responder à palavra de Deus na oração, no
diálogo profundo em que o homem derrama a sua alma diante de Deus, a quem ousa
chamar “Pai”. A oração é uma das ocupações principais do cristão na Quaresma.
Jesus ensina-nos hoje como a oração deve ser, antes de mais, a voz do coração
animado pela fé, pela esperança e pelo amor filial para com o Pai celeste, como
o próprio Senhor fez durante os 40 dias que passou no deserto.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos
sempre a verdade.
AGENDA
14.00 horas: Funeral em Gáfete
16.30 horas: Funeral no Pé da Serra
18.00 horas: Missa em Nisa
21.00 horas: Reunião dos Cursos de cristandade em Nisa.
PALAVRA
DO PASTOR
I.
RECORDAR PARA VIVER E
TRANSMITIR
Começamos
a viver, com alegria e saudável determinação, a Quaresma. É um tempo exigente que
nos confronta com as exigências do nosso Batismo e nos prepara para a Páscoa, a
Festa por excelência dos cristãos. Neste tempo da Quaresma, reconhecemos a
nossa fragilidade mas reafirmamos também a nossa confiança em Deus rico em
misericórdia, pedimos-Lhe o perdão e a Sua Graça e entramos para a Festa que
Ele faz connosco. Faz festa porque regressamos, porque queremos ser livres e
caminhar! É a conversão de coração que, na Quaresma, tem na oração, na esmola e
no jejum as suas tradicionais e mais eficazes ferramentas para o caminho de
identificação com Cristo. Mas convém ter presente que o bom cristão não é um
mero cumpridor de preceitos. É o que cumpre, sim, mas cumpre para se converter.
Cumprir por cumprir não faz sentido, é masoquismo. Jesus até chama a isso outra
coisa, chama-lhe hipocrisia! Podemos, de facto, ser exímios cumpridores e
péssimos cristãos. Cristo não quer admiradores, não quer meros cumpridores,
quer discípulos, convertidos e missionários que O conheçam, vivam n’Ele, com
Ele, por Ele e O anunciem com alegria e esperança.
Sei
que muitos as vivem e, de forma bela e pedagógica, as ensinam a viver em
família. Mesmo assim, e a completar a Mensagem para a Quaresma aqui publicada
na Quarta-Feira de Cinzas, vou recordar as normas sobre o jejum e a abstinência
que a Conferência Episcopal, de acordo com o Código de Direito Canónico (cân.
1253), estabeleceu, em julho de 1984, para as Dioceses portuguesas:
“OS TEMPOS PENITENCIAIS
1.Na
pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados
à prática da penitência: a Quaresma e todas as sextas-feiras do ano. A
penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao
mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da
celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor,
sugerem naturalmente a prática da penitência.
JEJUM E ABSTINÊNCIA
2.O
jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na
disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitado a
alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar
alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda
que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis
poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade
de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.
A
abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e
pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção
de carne. Será muito aconselhável manter esta forma de abstinência,
particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela
privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos
ou da especial preferência de cada um. Contudo, devido à evolução das condições
sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para
praticar a abstinência como ato penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o
essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha
de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só
assim a abstinência será privação e se revestirá de caráter penitencial.
DETERMINAÇÕES SOBRE JEJUM E
ABSTINÊNCIA
O
Jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-Feira de Cinzas e em
Sexta-Feira Santa.
A
abstinência é obrigatória, no decurso do ano, em todas as sextas-feiras que não
coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Esta forma de
penitência reveste-se, no entanto, de significado especial nas sextas-feiras da
Quaresma.
O
preceito de abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos. O
preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado
os 59. Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais
procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência,
sugerindo-lhes outros modos de a exprimir.
As
presentes determinações sobre o jejum e a abstinência apenas se aplicam em
condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da
sua observância.
Nas
sextas-feiras poderão os fiéis cumprir o preceito penitencial, quer fazendo
penitência como acima ficou dito, quer escolhendo formas de penitência
reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por
outras formas, de escolha pessoal, como, por exemplo, privar-se de fumar, de
algum espetáculo, etc.
No
que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de
exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da
Via-Sacra, a recitação do Rosário, a recitação de Laudes e Vésperas da Liturgia
das Horas, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da
Sagrada Escritura.
No
que respeita à esmola, poderão cumprir o preceito penitencial através da
partilha de bens materiais. Essa partilha deve ser proporcional às posses de
cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a
gastos dispensáveis ou supérfluos.
Os
cristãos que escolherem como forma de cumprimento do preceito da penitência uma
participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para uma
finalidade determinada, a indicar pelo Bispo diocesano.
Os
cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente
identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria Diocesana. Na
Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitantemente com ela, o
contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o
efeito fixado.
NÃO SE EXCLUEM, COMPLETAM-SE
É aconselhável que, no cumprimento
do preceito penitencial, os cristãos não se limitem a uma só forma de
penitência, mas antes as pratiquem todas, pois o jejum, a oração e a esmola
completam-se mutuamente, em ordem à caridade.”
Antonino Dias
Portalegre, 16-02-2018
II
QUARESMA 2018: A LÓGICA
DO DOM QUE GERA CONFIANÇA
Mensagem do Bispo D. Antonino para a Quaresma de
2018
O centro do Cristianismo
católico e da vida da Igreja é a Pessoa e o Mistério de Jesus Cristo. E o
centro da Pessoa e do Mistério de Jesus Cristo é o seu Mistério pascal. É a Sua
encarnação e o dom de Si mesmo pela vida do mundo. É a Sua morte na Cruz como
plenitude da vida entregue por amor. É a Ressurreição como revelação de que o
amor é mais forte do que a própria morte.
Centro da vida de Jesus
Cristo, o Mistério pascal de Cristo mostra-nos o que é dar plenitude à vida:
nascer e agradecer quotidianamente o dom e o valor da vida, comungar a vida dos
outros e servi-los particularmente onde e quando necessitam, esquecermo-nos de
nós próprios, unirmo-nos a Deus na oração filial, acolher sem julgar,
deixarmo-nos surpreender pela novidade de Deus, não temer remar contra a
corrente, ser radicalmente pela verdade que liberta e pela justiça que
responsabiliza e ajusta, despojar-se de tudo o que impede de ajoelhar aos pés
de Deus e das necessidades dos outros, deixar cair a capa da autossuficiência,
ser próximo e livre, amar e perdoar mesmo quando parece impossível e o mundo
refuta a motivação. É viver a fidelidade com amor de oblação mesmo quando nela
se vislumbra a Cruz, a solidão.
Todos os anos a Quaresma
surge na Igreja como dom e tempo favorável para, progressivamente, cada um de
nós ser mais capaz de viver da graça e do dom de Deus assumindo no nosso
quotidiano o estilo de Jesus Cristo. É o tempo por excelência de quem se
prepara e dá passos para ser batizado na fé em Jesus Cristo. É o tempo em que
os cristãos, já batizados e a viver a história de todos os dias, são desafiados
a reavivar o dom do seu batismo e a refontalizar a sua fé.
A fé cristã, a nossa fé
cristã, tem sempre a marca existencial da confiança absoluta em Jesus Cristo. A
sua identidade envolve-nos, a sua Palavra cria-nos e recria-nos, os seus gestos
modelam a nossa maneira de agir, a sua oração assume as nossas súplicas e ações
de graças e ensina-nos a rezar. A fé cristã é simultaneamente dom e resposta. É
fundamentalmente uma atitude de confiança em Jesus Cristo e na sua verdade
revelada. É uma relação pessoal vivida num enquadramento comunitário. É uma
atitude existencial que envolve tudo o que somos, fazemos e pensamos. É uma
experiência de libertação porque de caminho e de purificação. Ela envolve a
esperança e o amor como dimensões da sua realização. É histórica e dá sempre
origem a um projeto de vida.
A fé tem, de facto, a
marca da gratuidade. É da ordem e da lógica do dom. Não espera recompensa para
dar o passo, não exige retribuição para se comprometer. Ao dom recebido
responde sempre com a entrega confiante. É motivação, confiança, liberdade e
compromisso. Nunca obrigação. Não é assim que a experimentamos!?
Para reavivar o dom do
batismo, e, portanto, da fé, a Igreja aponta-nos, tradicionalmente, neste tempo
de Quaresma, três grandes sinais ou atitudes: a oração, o jejum e a partilha.
Não se trata de “mínimos legais” para um qualquer acesso a um mundo desejado.
São antes a oportunidade e ocasião da redescoberta da fé. Reza-se para ouvir
Deus e Lhe falar, para descobrirmos que não nos faz bem a loucura de querer
ocupar o lugar que só Deus pode ter. Jejua-se para percebermos que há muitas
coisas com as quais não podemos nunca confundir-nos ou até misturar-nos.
Partilha-se para descobrirmos e saborearmos o gosto de nos sabermos amados e
acompanhados em cada passo da vida.
Há tanto aborrecimento
por falta de objetivos! Há tanto luxo por falta de disponibilidade! Há tanta
solidão por falta de olhar para fora de si mesmo! E, neste caminho, a Palavra
de Deus, a celebração do perdão e da reconciliação, a participação na
Eucaristia mostram-nos a paixão de Cristo por nosso amor e surpreendem-nos com
a conversão. O Santo Padre, na esperança de que “o nosso coração volte a
inflamar-se de fé, esperança e amor”, convida-nos também a “empreender com
ardor o caminho da Quaresma apoiados na esmola, no jejum e na oração”,
recorda-nos a iniciativa das “24 horas para o Senhor” que este ano decorre no
dia 9 e 10 de março, e pede-nos que, em cada Diocese, pelo menos uma igreja
fique aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de
adoração e da confissão sacramental.
Nesta Quaresma
poderíamos, por isso, eleger como grande propósito da nossa caminhada a
redescoberta e o reavivar da nossa fé cristã. Cristãos de prática dita regular,
comprometidos em Comunidades e em Movimentos, ou Cristãos mais ao longe, sem
regularidade de presença e, sobretudo, sem serenidade de pertença, poderíamos
viver este tempo como um regresso à casa em que fomos batizados.
Nos últimos tempos muita
coisa mudou, é verdade. A nossa fé andou por dentro e por fora das mudanças. E
a grande pergunta é se as mudanças a enriqueceram ou a empobreceram. Não nos
sentimos, muitas vezes, numa paisagem e numa sociedade de tipo agnóstico? Não
nos damos conta de que esse agnosticismo pode perpassar ou perpassa já a nossa
fé cristã? As nossas incertezas, as nossas desconfianças, as nossas dúvidas, o
estilhaçar das nossas seguranças, as dificuldades da nossa comunhão, a nossa
exclusiva autoconfiança, a representação que fazemos de Deus, as resistências
ao sentido de pertença à Igreja, a nossa vivência dos sacramentos por tradição,
as eucaristias distraídas, o sentido apenas abstrato da nossa vocação à
santidade, as nossas dificuldades em rezar, dificuldades silenciosamente
vividas, vividas a par dos ritos cristãos mas dando sempre corpo às nossas
escolhas… tudo isto, e o mais que quisermos acrescentar, não nos deixa aquela
sensação de que o agnosticismo também ataca fortemente o coração da nossa
própria fé cristã? E nos tira força, e nos faz esmorecer na alegria de sermos
cristãos e no entusiasmo da primeira hora?
Tempo de descobrir e
redescobrir Jesus Cristo, de reavivar a fé, de refontalizar as nossas vidas, a
Quaresma é tempo de descobrir e redescobrir a essência do Cristianismo (cf.
Elmar Salmann). Crês em Jesus Cristo!? Creio! Firmemente!
Quaresma é, por isso, o
tempo favorável da abertura do nosso coração a Deus: uma oração mais confiante,
uma simplicidade mais natural, uma partilha mais alegre, a ensinar e a viver
também em família. Deus espera por nós! Os outros esperam por nós. E nós temos
necessidade de reavivar a fé para não perdermos o sentido da vida e da nossa
integração na Igreja.
Destinamos 75% da
Renúncia Quaresmal deste ano para a construção de um Centro de Saúde na
Arquidiocese de Kananga, Província do Kasai Central na República Democrática do
Congo. O objetivo deste Centro de Saúde é, sobretudo, socorrer as crianças
roubadas às famílias e usadas como soldados ou que perderam os seus pais na
guerra. Temos na nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco um sacerdote desse
país a trabalhar na zona pastoral de Nisa. Aí, nesse país, “as pessoas que
acreditam demonstram uma grande fé no Senhor da vida” a quem gritam “na dor e
na angústia”, mas as atrocidades, os massacres, a instabilidade e o sofrimento
são enormes, agravados ainda com as carências de todo o tipo. O próprio Papa
Francisco, tendo em mente a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul,
convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela paz, a 23 de fevereiro,
primeira sexta-feira da Quaresma, à qual não devemos ficar indiferentes. Os
outros 25% da Renúncia Quaresmal destinam-se ao Fundo Social Diocesano gerido
pela Cáritas, um Fundo que prestou todo o seu apoio à reconstrução, e a outros
gastos inerentes, de 14 casas de primeira habitação ardidas nos incêndios do
verão passado na nossa Diocese, na zona do Pinhal. A todo o momento surgem
novas necessidades na Diocese.
Antonino Dias, Bispo
Diocesano
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