PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 14 de fevereiro de 2018
Quarta-feira de cinzas
QUARTA-FEIRA
DE CINZAS
Roxo – Ofício da féria
(Semana IV do Saltério – Os salmos e o cântico de Laudes com suas antífonas
podem tomar-se da Sexta-feira III).
Missa da féria, pf. IV da Quaresma
L 1 Joel 2, 12-18; Sal 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14 e 17
L 2 2 Cor 5, 20 – 6, 2
Ev Mt 6, 1-6. 16-18
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Proibidas outras celebrações.
* Dia de jejum e abstinência.
Missa da féria, pf. IV da Quaresma
L 1 Joel 2, 12-18; Sal 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14 e 17
L 2 2 Cor 5, 20 – 6, 2
Ev Mt 6, 1-6. 16-18
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* Proibidas outras celebrações.
* Dia de jejum e abstinência.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Sab 11,
24-25.27
De todos Vos compadeceis, Senhor,
e amais tudo quanto fizestes;
perdoais aos pecadores arrependidos,
porque sois o Senhor nosso Deus.
Omite-se o ato penitencial, porque é substituído pela imposição das cinzas.
ORAÇÃO
Concedei-nos, Senhor, a graça de começar com santo jejum este tempo da Quaresma, para que, no combate contra o espírito do mal, sejamos fortalecidos com o auxílio da temperança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Joel 2, 12-18
«Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos»
Leitura da Profecia de Joel
De todos Vos compadeceis, Senhor,
e amais tudo quanto fizestes;
perdoais aos pecadores arrependidos,
porque sois o Senhor nosso Deus.
Omite-se o ato penitencial, porque é substituído pela imposição das cinzas.
ORAÇÃO
Concedei-nos, Senhor, a graça de começar com santo jejum este tempo da Quaresma, para que, no combate contra o espírito do mal, sejamos fortalecidos com o auxílio da temperança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Joel 2, 12-18
«Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos»
Leitura da Profecia de Joel
Diz agora o Senhor: «Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns,
lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos.
Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente
e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete. Quem sabe se Ele
não vai reconsiderar e desistir deles, deixando atrás de Si uma bênção, para
oferenda e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, ordenai um
jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, convocai a assembleia,
congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças. Saia o esposo do seu
aposento e a esposa do seu tálamo. Entre o vestíbulo e o altar, chorem os
sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: ‘Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso
povo e não entregueis a vossa herança à ignomínia e ao escárnio das nações.
Porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?’». O Senhor encheu-Se de
zelo pela sua terra e teve compaixão do seu povo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 50 (51), 3-4.5-6a.12-13.14.17 (R. cf. 3a)
Refrão: Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós. Repete-se
Ou: Tende compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores. Repete-se
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas. Refrão
Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos. Refrão
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. Refrão
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca cantará o vosso louvor. Refrão
LEITURA II 2 Cor 5, 20 — 6, 2
«Reconciliai-vos com Deus. Este é o tempo favorável»
Leitura da Segundo Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Nós somos embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso
intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A
Cristo, que não conhecera o pecado, identificou-O Deus com o pecado por amor de
nós, para que em Cristo nos tornássemos justiça de Deus. Como colaboradores de
Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça. Porque Ele diz:
«No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este
é o tempo favorável, este é o dia da salvação.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Salmo 94, 8ab
Refrão: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor.
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão
EVANGELHO Mt 6, 1-6.16-18
«Teu Pai, que vê no segredo, te dará a recompensa»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a ecompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».
Palavra da salvação.
Bênção das cinzas
Depois da homilia, o sacerdote, de pé, diz com as mãos juntas:
Irmãos caríssimos: Oremos fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne abençoar com a abundância da sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, em sinal de penitência.
E depois de alguns momentos de oração em silêncio, diz uma das orações seguintes:
Senhor nosso Deus, que Vos compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele que se arrepende, ouvi misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa bênção + sobre os vossos servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à observância quaresmal, mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do mistério pascal do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ou
Deus de infinita bondade, que não desejais a morte do pecador mas a sua conversão, ouvi misericordiosamente as nossas súplicas e dignai-Vos abençoar + estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, para que, reconhecendo que somos pó da terra e à terra havemos de voltar, alcancemos, pelo fervor da observância quaresmal, o perdão dos pecados e uma vida nova à imagem do vosso Filho ressuscitado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
O sacerdote asperge as cinzas com água benta, sem dizer nada.
Imposição das cinzas
Em seguida, o sacerdote impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, dizendo a cada um:
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Mc 1, 15
Ou cf. Gen 3, 19
Lembra-te, homem, que és pó da terra
e à terra hás de voltar.
Entretanto, canta-se um cântico apropriado, por exemplo:
ANTÍFONA cf. Joel 2 ,13
Mudemos as nossas vestes pela cinza e o cilício. Jejuemos e choremos diante do Senhor, porque Deus é infinitamente misericordioso e perdoa os nossos pecados.
Ou cf. Joel 2,17; Est 13,17
Entre o vestíbulo e o altar, chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, para que possa cantar sempre os vossos louvores.
Ou Salmo 50, 3
Lavai-me de toda a iniquidade, Senhor.
Pode repetir-se esta antífona depois de cada versículo ou estrofe do salmo 50 Compadecei-Vos de mim, ó Deus.
RESPONSÓRIO cf. Bar 3, 2; Salmo 78, 9
V. Renovemos a nossa vida,
reparemos o mal que fizemos,
para que não nos surpreenda o dia da morte
e nos falte o tempo para nos convertermos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende compaixão de nós,
porque somos pecadores.
V. Ajudai-nos, Senhor, para glória do vosso nome;
perdoai as nossas culpas e salvai-nos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende compaixão de nós,
porque somos pecadores.
Terminada a imposição das cinzas, o sacerdote lava as mãos. O rito conclui-se com a oração universal ou oração dos fiéis.
Não se diz o Credo.
Liturgia Eucarística
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, este sacrifício, com o qual iniciamos solenemente a Quaresma, e fazei que, pela penitência e pela caridade, nos afastemos do caminho do mal, a fim de que, livres de todo o pecado, nos preparemos para celebrar fervorosamente a paixão de Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma III ou IV
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 1, 2-3
Aquele que medita dia e noite na lei do Senhor
dará fruto a seu tempo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, fazei que este sacramento nos leve a praticar o verdadeiro jejum que seja agradável a vossos olhos e sirva de remédio aos nossos males. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia Eucarística
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, este sacrifício, com o qual iniciamos solenemente a Quaresma, e fazei que, pela penitência e pela caridade, nos afastemos do caminho do mal, a fim de que, livres de todo o pecado, nos preparemos para celebrar fervorosamente a paixão de Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma III ou IV
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 1, 2-3
Aquele que medita dia e noite na lei do Senhor
dará fruto a seu tempo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, fazei que este sacramento nos leve a praticar o verdadeiro jejum que seja agradável a vossos olhos e sirva de remédio aos nossos males. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
A bênção e imposição das cinzas pode fazer-se também fora da Missa. Nesse caso, convém que preceda uma liturgia da palavra, utilizando a antífona de entrada, a oração coleta, as leituras e seus cânticos, como na Missa. Depois da homilia, procede-se à bênção e imposição das cinzas. O rito conclui com a oração universal.
.
«A Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do jejum»
Papa Francisco
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Joel 2, 12-18: Pela
palavra do profeta da penitência somos convocados para a assembleia do povo de
Deus. Somos todos convocados, sem exceção, seja qual for a nossa condição
humana. Aí aprenderemos, ao longo destes dias, como faremos penitência em ordem
à renovação pascal. Todo o cristão se há de manifestar, na Quaresma, membro de
um povo que se regenera, renovando em si a vida batismal por meio de uma
profunda reconversão.
2
Cor 5, 20 — 6, 2: A Igreja e os seus ministros são os
arautos de Deus para chamarem o povo à conversão e à reconciliação,
especialmente neste tempo, para isso particularmente favorável. Mas é Deus
quem, no fundo, convida, como é Deus quem perdoa e reconcilia. Ele é sempre o
princípio e o termo da nossa conversão.
Mt
6, 1-6.16-18: O tempo da Quaresma deve ser tempo de
prática mais intensa das boas obras, particularmente das chamadas “obras de
misericórdia”, sob a forma mais adequada às circunstâncias de cada um; mas, em
qualquer caso, tudo há de sair do coração sincero e penitente e conduzir à
renovação, cada ano mais profunda desse mesmo coração, sob o único olhar de
Deus. “A discrição é o perfume de todas as virtudes”, diz um Santo.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos
sempre a verdade.
AGENDA
16.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Amieira
16.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Montalvão
17.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Gáfete
17.30 horas: Missa com imposição das cinzas em Arez
18.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Tolosa
18.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Nisa.
PALAVRA DO PASTOR
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2018
PARA A QUARESMA DE 2018
«Porque
se multiplicará a iniquidade,
vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)
vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)
Amados
irmãos e irmãs!
Mais
uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a
finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma,
«sinal sacramental da nossa conversão», que anuncia e torna possível
voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida.
Com
a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver,
neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela
seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus: «Porque se
multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (24, 12).
Esta
frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em
Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do
Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande
tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos
crentes: à vista de fenómenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a
muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de
todo o Evangelho.
Os falsos profetas
Escutemos
este trecho, interrogando-nos sobre as formas que assumem os falsos profetas?
Uns
assemelham-se a «encantadores de serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções
humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos
filhos de Deus acabam encandeados pelas adulações dum prazer de poucos
instantes que se confunde com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem
fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna
escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se
bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!
Outros
falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e
imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente
ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações
passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa
vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas
depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo
que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a
dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos
leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do
ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é
«mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e o
falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de
nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado pelas
mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no nível
imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto bom e
mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem.
Um coração frio
Na Divina
Comédia, ao descrever o Inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num
trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então:
Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre
o risco de se apagar em nós?
O
que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, «raiz de todos
os males» (1 Tm 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e,
consequentemente, de encontrar consolação n'Ele, preferindo a nossa desolação
ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos. Tudo isto se permuta em
violência que se abate sobre quantos são considerados uma ameaça para as nossas
«certezas»: o bebé nascituro, o idoso doente, o hóspede de passagem, o
estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas.
A
própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra
está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os
mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos
náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam
a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de
morte.
E
o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na Exortação apostólica Evangelii gaudium procurei descrever
os sinais mais evidentes desta falta de amor. São eles a acédia egoísta, o
pessimismo estéril, a tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras
fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se apenas do que dá nas
vistas, reduzindo assim o ardor missionário.
Que fazer?
Se
porventura detetamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de
descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a
Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio
doce da oração, da esmola e do jejum.
Dedicando
mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras
secretas, com que nos enganamos a nós mesmos, para procurar finalmente a
consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.
A
prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que
o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a
esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que,
como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade
de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão
que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de
São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a
comunidade de Jerusalém: «Isto é o que vos convém» (2 Cor 8, 10). Isto
vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem
coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria
também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede
ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma
ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se
hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover
também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?
Por
fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo
uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o
que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia
as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito,
faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos
mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único
que sacia a nossa fome.
Gostaria
que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a
todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos
aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo
que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade
comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente
connosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!
O
fogo da Páscoa
Convido,
sobretudo os membros da Igreja, a empreender com ardor o caminho da Quaresma,
apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em
muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá
novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar.
Ocasião
propícia será, também este ano, a iniciativa «24 horas para o Senhor», que
convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração
eucarística. Em 2018, aquela terá lugar nos dias 9 e 10 de março – uma
sexta-feira e um sábado –, inspirando -se nestas palavras do Salmo 130: «Em Ti,
encontramos o perdão» (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará
aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e
da confissão sacramental.
Na
noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz,
tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia
litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas
do coração e do espírito», para que todos possamos reviver a experiência
dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão
Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança
e amor.
Abençoo-vos
de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais de rezar por mim.
Vaticano,
1 de Novembro de 2017
Solenidade de Todos os Santos
Francisco
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