PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 22 de fevereiro de 2018
Quinta-feira da I semana da Quaresma
QUINTA-FEIRA da
semana I
Cadeira de S.
Pedro, Apóstolo – FESTA
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. dos Apóstolos.
L 1 1 Pedro 5, 1-4; Sal 22 (23), 1-3. 4. 5. 6
Ev Mt 16, 13-19
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. dos Apóstolos.
L 1 1 Pedro 5, 1-4; Sal 22 (23), 1-3. 4. 5. 6
Ev Mt 16, 13-19
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
CADEIRA DE S. PEDRO, Apóstolo
Nota
Histórica
A festa da Cadeira de
São Pedro era já celebrada neste dia em Roma no século IV, para significar a
unidade da Igreja, fundada sobre o Príncipe dos Apóstolos.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Lc 22, 32
Disse o Senhor a Simão Pedro:
Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.
E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO
Deus omnipotente,
não permitais que sejam perturbados por nenhuma adversidade
aqueles que edificastes sobre a pedra inabalável
da fé apostólica.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Pedro 5, 1-4
«Ancião como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo»
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Disse o Senhor a Simão Pedro:
Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.
E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO
Deus omnipotente,
não permitais que sejam perturbados por nenhuma adversidade
aqueles que edificastes sobre a pedra inabalável
da fé apostólica.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Pedro 5, 1-4
«Ancião como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo»
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos:
Recomendo aos anciãos que estão entre vós,
eu que sou ancião como eles
e testemunha dos sofrimentos de Cristo
e também participante da glória que há de ser revelada:
Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado,
velando por ele,
não constrangidos mas de boa vontade, segundo Deus,
não por ganância mas por dedicação,
nem como dominadores sobre aqueles que vos foram confiados,
mas tornando-vos modelos do rebanho.
E quando aparecer o supremo Pastor,
recebereis a coroa eterna de glória.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 1)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
ALELUIA Mt 16, 18
Refrão: Aleluia. Repete-se
Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. R.
EVANGELHO Mt 16, 13-19
«Tu és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe
e perguntou aos seus discípulos:
«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?».
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista,
outros que é Elias,
outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse:
«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe:
«Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram,
mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus:
tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».
Palavra da salvação.
Nas Missas votivas de S. Pedro, utilizam-se as leituras precedentes.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as ofertas e as orações da vossa Igreja
e fazei que ela reconheça em São Pedro
o mestre que a guarda na integridade da fé
e o siga como pastor que a conduz à vida eterna.
Por Nosso Senhor.
Prefácio dos Apóstolos I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 16, 16.18
Disse Pedro a Jesus: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo.
Jesus respondeu-lhe: Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
que na festa do apóstolo São Pedro
nos fortaleceis com o Corpo e Sangue de Cristo,
fazei que a participação neste mistério redentor
seja para nós sacramento de unidade e de paz.
Por Nosso Senhor.
«O demónio treme perante o jejum, a oração, a humildade e as boas obras, e é reduzido à impotência diante do sinal da Cruz»
antónio, abade
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos
sempre a verdade.
AGENDA
11.00 horas: Missa na Santa Casa de Gáfete – Missão País
16.00 horas: Missa na Santa Casa em Nisa
18.00 horas: Missa em Nisa
21.00 horas: Ensaio de canto na Igreja do Espírito Santo
____
Sexta: Dia de jejum pela Paz no Congo.
PALAVRA
DO PASTOR
I.
RECORDAR PARA VIVER E
TRANSMITIR
Começamos
a viver, com alegria e saudável determinação, a Quaresma. É um tempo exigente
que nos confronta com as exigências do nosso Batismo e nos prepara para a
Páscoa, a Festa por excelência dos cristãos. Neste tempo da Quaresma,
reconhecemos a nossa fragilidade mas reafirmamos também a nossa confiança em
Deus rico em misericórdia, pedimos-Lhe o perdão e a Sua Graça e entramos para a
Festa que Ele faz connosco. Faz festa porque regressamos, porque queremos ser
livres e caminhar! É a conversão de coração que, na Quaresma, tem na oração, na
esmola e no jejum as suas tradicionais e mais eficazes ferramentas para o
caminho de identificação com Cristo. Mas convém ter presente que o bom cristão
não é um mero cumpridor de preceitos. É o que cumpre, sim, mas cumpre para se
converter. Cumprir por cumprir não faz sentido, é masoquismo. Jesus até chama a
isso outra coisa, chama-lhe hipocrisia! Podemos, de facto, ser exímios
cumpridores e péssimos cristãos. Cristo não quer admiradores, não quer meros
cumpridores, quer discípulos, convertidos e missionários que O conheçam, vivam
n’Ele, com Ele, por Ele e O anunciem com alegria e esperança.
Sei
que muitos as vivem e, de forma bela e pedagógica, as ensinam a viver em
família. Mesmo assim, e a completar a Mensagem para a Quaresma aqui publicada
na Quarta-Feira de Cinzas, vou recordar as normas sobre o jejum e a abstinência
que a Conferência Episcopal, de acordo com o Código de Direito Canónico (cân.
1253), estabeleceu, em julho de 1984, para as Dioceses portuguesas:
“OS TEMPOS PENITENCIAIS
1.Na
pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados
à prática da penitência: a Quaresma e todas as sextas-feiras do ano. A
penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao
mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da
celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor,
sugerem naturalmente a prática da penitência.
JEJUM E ABSTINÊNCIA
2.O
jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na
disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitado a
alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar
alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda
que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis
poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade
de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.
A
abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e
pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção
de carne. Será muito aconselhável manter esta forma de abstinência,
particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela
privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e
dispendiosos ou da especial preferência de cada um. Contudo, devido à evolução
das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não
bastar para praticar a abstinência como ato penitencial. Lembrem-se os fiéis de
que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a
escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao
esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de caráter
penitencial.
DETERMINAÇÕES SOBRE JEJUM E
ABSTINÊNCIA
O
Jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-Feira de Cinzas e em
Sexta-Feira Santa.
A
abstinência é obrigatória, no decurso do ano, em todas as sextas-feiras que não
coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Esta forma de
penitência reveste-se, no entanto, de significado especial nas sextas-feiras da
Quaresma.
O
preceito de abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos. O
preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado
os 59. Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais
procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência,
sugerindo-lhes outros modos de a exprimir.
As
presentes determinações sobre o jejum e a abstinência apenas se aplicam em
condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da
sua observância.
Nas
sextas-feiras poderão os fiéis cumprir o preceito penitencial, quer fazendo
penitência como acima ficou dito, quer escolhendo formas de penitência
reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por
outras formas, de escolha pessoal, como, por exemplo, privar-se de fumar, de algum
espetáculo, etc.
No
que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de
exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da
Via-Sacra, a recitação do Rosário, a recitação de Laudes e Vésperas da Liturgia
das Horas, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da
Sagrada Escritura.
No
que respeita à esmola, poderão cumprir o preceito penitencial através da
partilha de bens materiais. Essa partilha deve ser proporcional às posses de
cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a
gastos dispensáveis ou supérfluos.
Os
cristãos que escolherem como forma de cumprimento do preceito da penitência uma
participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para uma finalidade
determinada, a indicar pelo Bispo diocesano.
Os
cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente
identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria Diocesana. Na
Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitantemente com ela, o
contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o
efeito fixado.
NÃO SE EXCLUEM, COMPLETAM-SE
É aconselhável que, no cumprimento
do preceito penitencial, os cristãos não se limitem a uma só forma de penitência,
mas antes as pratiquem todas, pois o jejum, a oração e a esmola completam-se
mutuamente, em ordem à caridade.”
Antonino Dias
Portalegre, 16-02-2018
II
QUARESMA 2018: A LÓGICA
DO DOM QUE GERA CONFIANÇA
Mensagem do Bispo D. Antonino para a Quaresma de
2018
O centro do Cristianismo católico e da vida da Igreja é a Pessoa e
o Mistério de Jesus Cristo. E o centro da Pessoa e do Mistério de Jesus Cristo
é o seu Mistério pascal. É a Sua encarnação e o dom de Si mesmo pela vida do
mundo. É a Sua morte na Cruz como plenitude da vida entregue por amor. É a
Ressurreição como revelação de que o amor é mais forte do que a própria morte.
Centro da vida de Jesus Cristo, o Mistério pascal de Cristo
mostra-nos o que é dar plenitude à vida: nascer e agradecer quotidianamente o
dom e o valor da vida, comungar a vida dos outros e servi-los particularmente
onde e quando necessitam, esquecermo-nos de nós próprios, unirmo-nos a Deus na
oração filial, acolher sem julgar, deixarmo-nos surpreender pela novidade de Deus,
não temer remar contra a corrente, ser radicalmente pela verdade que liberta e
pela justiça que responsabiliza e ajusta, despojar-se de tudo o que impede de
ajoelhar aos pés de Deus e das necessidades dos outros, deixar cair a capa da
autossuficiência, ser próximo e livre, amar e perdoar mesmo quando parece
impossível e o mundo refuta a motivação. É viver a fidelidade com amor de
oblação mesmo quando nela se vislumbra a Cruz, a solidão.
Todos os anos a Quaresma surge na Igreja como dom e tempo favorável
para, progressivamente, cada um de nós ser mais capaz de viver da graça e do
dom de Deus assumindo no nosso quotidiano o estilo de Jesus Cristo. É o tempo
por excelência de quem se prepara e dá passos para ser batizado na fé em Jesus
Cristo. É o tempo em que os cristãos, já batizados e a viver a história de
todos os dias, são desafiados a reavivar o dom do seu batismo e a refontalizar
a sua fé.
A fé cristã, a nossa fé cristã, tem sempre a marca existencial da
confiança absoluta em Jesus Cristo. A sua identidade envolve-nos, a sua Palavra
cria-nos e recria-nos, os seus gestos modelam a nossa maneira de agir, a sua
oração assume as nossas súplicas e ações de graças e ensina-nos a rezar. A fé
cristã é simultaneamente dom e resposta. É fundamentalmente uma atitude de
confiança em Jesus Cristo e na sua verdade revelada. É uma relação pessoal
vivida num enquadramento comunitário. É uma atitude existencial que envolve
tudo o que somos, fazemos e pensamos. É uma experiência de libertação porque de
caminho e de purificação. Ela envolve a esperança e o amor como dimensões da
sua realização. É histórica e dá sempre origem a um projeto de vida.
A fé tem, de facto, a marca da gratuidade. É da ordem e da lógica
do dom. Não espera recompensa para dar o passo, não exige retribuição para se
comprometer. Ao dom recebido responde sempre com a entrega confiante. É
motivação, confiança, liberdade e compromisso. Nunca obrigação. Não é assim que
a experimentamos!?
Para reavivar o dom do batismo, e, portanto, da fé, a Igreja
aponta-nos, tradicionalmente, neste tempo de Quaresma, três grandes sinais ou
atitudes: a oração, o jejum e a partilha. Não se trata de “mínimos legais” para
um qualquer acesso a um mundo desejado. São antes a oportunidade e ocasião da
redescoberta da fé. Reza-se para ouvir Deus e Lhe falar, para descobrirmos que
não nos faz bem a loucura de querer ocupar o lugar que só Deus pode ter.
Jejua-se para percebermos que há muitas coisas com as quais não podemos nunca
confundir-nos ou até misturar-nos. Partilha-se para descobrirmos e saborearmos
o gosto de nos sabermos amados e acompanhados em cada passo da vida.
Há tanto aborrecimento por falta de objetivos! Há tanto luxo por
falta de disponibilidade! Há tanta solidão por falta de olhar para fora de si
mesmo! E, neste caminho, a Palavra de Deus, a celebração do perdão e da
reconciliação, a participação na Eucaristia mostram-nos a paixão de Cristo por
nosso amor e surpreendem-nos com a conversão. O Santo Padre, na esperança de
que “o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor”, convida-nos
também a “empreender com ardor o caminho da Quaresma apoiados na esmola, no
jejum e na oração”, recorda-nos a iniciativa das “24 horas para o Senhor” que
este ano decorre no dia 9 e 10 de março, e pede-nos que, em cada Diocese, pelo
menos uma igreja fique aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a
possibilidade de adoração e da confissão sacramental.
Nesta Quaresma poderíamos, por isso, eleger como grande propósito
da nossa caminhada a redescoberta e o reavivar da nossa fé cristã. Cristãos de
prática dita regular, comprometidos em Comunidades e em Movimentos, ou Cristãos
mais ao longe, sem regularidade de presença e, sobretudo, sem serenidade de
pertença, poderíamos viver este tempo como um regresso à casa em que fomos
batizados.
Nos últimos tempos muita coisa mudou, é verdade. A nossa fé andou
por dentro e por fora das mudanças. E a grande pergunta é se as mudanças a
enriqueceram ou a empobreceram. Não nos sentimos, muitas vezes, numa paisagem e
numa sociedade de tipo agnóstico? Não nos damos conta de que esse agnosticismo
pode perpassar ou perpassa já a nossa fé cristã? As nossas incertezas, as
nossas desconfianças, as nossas dúvidas, o estilhaçar das nossas seguranças, as
dificuldades da nossa comunhão, a nossa exclusiva autoconfiança, a
representação que fazemos de Deus, as resistências ao sentido de pertença à
Igreja, a nossa vivência dos sacramentos por tradição, as eucaristias
distraídas, o sentido apenas abstrato da nossa vocação à santidade, as nossas
dificuldades em rezar, dificuldades silenciosamente vividas, vividas a par dos
ritos cristãos mas dando sempre corpo às nossas escolhas… tudo isto, e o mais
que quisermos acrescentar, não nos deixa aquela sensação de que o agnosticismo
também ataca fortemente o coração da nossa própria fé cristã? E nos tira força,
e nos faz esmorecer na alegria de sermos cristãos e no entusiasmo da primeira
hora?
Tempo de descobrir e redescobrir Jesus Cristo, de reavivar a fé,
de refontalizar as nossas vidas, a Quaresma é tempo de descobrir e redescobrir
a essência do Cristianismo (cf. Elmar Salmann). Crês em Jesus Cristo!? Creio!
Firmemente!
Quaresma é, por isso, o tempo favorável da abertura do nosso
coração a Deus: uma oração mais confiante, uma simplicidade mais natural, uma
partilha mais alegre, a ensinar e a viver também em família. Deus espera por
nós! Os outros esperam por nós. E nós temos necessidade de reavivar a fé para
não perdermos o sentido da vida e da nossa integração na Igreja.
Destinamos 75% da Renúncia Quaresmal deste ano para a construção
de um Centro de Saúde na Arquidiocese de Kananga, Província do Kasai Central na
República Democrática do Congo. O objetivo deste Centro de Saúde é, sobretudo,
socorrer as crianças roubadas às famílias e usadas como soldados ou que perderam
os seus pais na guerra. Temos na nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco um
sacerdote desse país a trabalhar na zona pastoral de Nisa. Aí, nesse país, “as
pessoas que acreditam demonstram uma grande fé no Senhor da vida” a quem gritam
“na dor e na angústia”, mas as atrocidades, os massacres, a instabilidade e o
sofrimento são enormes, agravados ainda com as carências de todo o tipo. O
próprio Papa Francisco, tendo em mente a República Democrática do Congo e o
Sudão do Sul, convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela paz, a 23 de
fevereiro, primeira sexta-feira da Quaresma, à qual não devemos ficar
indiferentes. Os outros 25% da Renúncia Quaresmal destinam-se ao Fundo Social
Diocesano gerido pela Cáritas, um Fundo que prestou todo o seu apoio à
reconstrução, e a outros gastos inerentes, de 14 casas de primeira habitação
ardidas nos incêndios do verão passado na nossa Diocese, na zona do Pinhal. A
todo o momento surgem novas necessidades na Diocese.
Antonino Dias, Bispo
Diocesano.
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