PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 15 de fevereiro de 2018
Quinta-feira de cinzas
QUINTA-FEIRA
depois das Cinzas
Roxo
– Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Deut 30, 15-20; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6
Ev Lc 9, 22-25
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Deut 30, 15-20; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6
Ev Lc 9, 22-25
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 54,
17-20.23
Quando clamei ao Senhor, Ele ouviu a minha voz
e livrou-me dos inimigos.
Confia ao Senhor os teus cuidados
e Ele te salvará.
ORAÇÃO
Fazei, Senhor, que a vossa graça inspire sempre as nossas obras e as sustente até ao fim, para que toda a nossa atividade por Vós comece e em Vós acabe. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Deut 30, 15-20
«Ponho hoje diante de vós a bênção e a maldição»
Leitura do Livro do Deuteronómio
Quando clamei ao Senhor, Ele ouviu a minha voz
e livrou-me dos inimigos.
Confia ao Senhor os teus cuidados
e Ele te salvará.
ORAÇÃO
Fazei, Senhor, que a vossa graça inspire sempre as nossas obras e as sustente até ao fim, para que toda a nossa atividade por Vós comece e em Vós acabe. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Deut 30, 15-20
«Ponho hoje diante de vós a bênção e a maldição»
Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «Ponho hoje diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade. Se cumprires os mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te proponho – amando o Senhor, teu Deus, seguindo os seus caminhos e observando a sua lei, os seus mandamentos e preceitos – viverás e multiplicar-te-ás e o Senhor, teu Deus, te abençoará na terra de que vais tomar posse. Mas se o teu coração se desviar e não quiseres ouvir, se te deixares seduzir para adorar e servir outros deuses, declaro-te hoje que hás de perecer e não prolongarás os teus dias na terra em que vais entrar para dela tomar posse depois de passares o Jordão. Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós: proponho-vos a vida e a morte, a bênção e a maldição. Portanto, escolhe a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele. Disto depende a tua vida e a longa permanência na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacob».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 1, 1-2.3.4.6 (R. Salmo 39, 5a)
Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor. Repete-se
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite. Refrão
É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido. Refrão
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Mt 4, 17
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai. Repete-se
Arrependei-vos, diz o Senhor;
está próximo o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Lc 9, 22-25
«Quem perder a vida por minha causa, salvá-la-á»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». E, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, tem de perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei benignamente, Senhor, os dons que apresentamos sobre o altar, para que nos alcancem o perdão e dêem glória ao vosso nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 50, 12
Criai em mim, Senhor, um coração puro
e renovai em mim a firmeza de alma.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei, Deus omnipotente, que este alimento celeste que recebemos seja para nós fonte inesgotável de perdão e de salvação eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«A perseguição é algo de necessário na Igreja. Sabem porque? Porque a Verdade será sempre perseguida»
Óscar Romero
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Deut 30, 15-20: A
Quaresma começa por nos propor a espiritualidade dos dois caminhos, o da vida e
o da morte, o da bênção e o da maldição. É esta a espiritualidade do Salmo 1
que serve de abertura a todo o saltério, e que é conhecida dos cristãos desde o
princípio da Igreja. A Quaresma é tempo para se escolher, de novo, o caminho
que leva à comunhão com Deus em Cristo no Espírito Santo.
Lc
9, 22-25 :Desde o princípio da Quaresma nos é também proposto
o Mistério Pascal de Cristo morto e ressuscitado, mistério que vamos celebrar
no Tríduo Pascal. Mas o que a Igreja celebra na liturgia, ela o vive na vida de
cada dia, seguindo o Senhor Jesus Cristo, o qual deu a vida por nós para nos
levar à glória.
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos
sempre a verdade.
AGENDA
09.30 horas: Funeral no Pé da Serra
18.00 horas: Missa com imposição das cinzas em Nisa
21.00 horas: Reunião de catequistas em Nisa.
PALAVRA DO PASTOR
I.
Mensagem do Bispo D. Antonino para a Quaresma de 2018
QUARESMA 2018: A LÓGICA
DO DOM QUE GERA CONFIANÇA
O centro do Cristianismo católico e da vida da Igreja é a Pessoa e
o Mistério de Jesus Cristo. E o centro da Pessoa e do Mistério de Jesus Cristo
é o seu Mistério pascal. É a Sua encarnação e o dom de Si mesmo pela vida do
mundo. É a Sua morte na Cruz como plenitude da vida entregue por amor. É a
Ressurreição como revelação de que o amor é mais forte do que a própria morte.
Centro da vida de Jesus Cristo, o Mistério pascal de Cristo
mostra-nos o que é dar plenitude à vida: nascer e agradecer quotidianamente o
dom e o valor da vida, comungar a vida dos outros e servi-los particularmente
onde e quando necessitam, esquecermo-nos de nós próprios, unirmo-nos a Deus na
oração filial, acolher sem julgar, deixarmo-nos surpreender pela novidade de
Deus, não temer remar contra a corrente, ser radicalmente pela verdade que
liberta e pela justiça que responsabiliza e ajusta, despojar-se de tudo o que
impede de ajoelhar aos pés de Deus e das necessidades dos outros, deixar cair a
capa da autossuficiência, ser próximo e livre, amar e perdoar mesmo quando
parece impossível e o mundo refuta a motivação. É viver a fidelidade com amor
de oblação mesmo quando nela se vislumbra a Cruz, a solidão.
Todos os anos a Quaresma surge na Igreja como dom e tempo
favorável para, progressivamente, cada um de nós ser mais capaz de viver da
graça e do dom de Deus assumindo no nosso quotidiano o estilo de Jesus Cristo.
É o tempo por excelência de quem se prepara e dá passos para ser batizado na fé
em Jesus Cristo. É o tempo em que os cristãos, já batizados e a viver a
história de todos os dias, são desafiados a reavivar o dom do seu batismo e a
refontalizar a sua fé.
A fé cristã, a nossa fé cristã, tem sempre a marca existencial da
confiança absoluta em Jesus Cristo. A sua identidade envolve-nos, a sua Palavra
cria-nos e recria-nos, os seus gestos modelam a nossa maneira de agir, a sua
oração assume as nossas súplicas e ações de graças e ensina-nos a rezar. A fé
cristã é simultaneamente dom e resposta. É fundamentalmente uma atitude de
confiança em Jesus Cristo e na sua verdade revelada. É uma relação pessoal
vivida num enquadramento comunitário. É uma atitude existencial que envolve
tudo o que somos, fazemos e pensamos. É uma experiência de libertação porque de
caminho e de purificação. Ela envolve a esperança e o amor como dimensões da
sua realização. É histórica e dá sempre origem a um projeto de vida.
A fé tem, de facto, a marca da gratuidade. É da ordem e da lógica
do dom. Não espera recompensa para dar o passo, não exige retribuição para se
comprometer. Ao dom recebido responde sempre com a entrega confiante. É
motivação, confiança, liberdade e compromisso. Nunca obrigação. Não é assim que
a experimentamos!?
Para reavivar o dom do batismo, e, portanto, da fé, a Igreja
aponta-nos, tradicionalmente, neste tempo de Quaresma, três grandes sinais ou
atitudes: a oração, o jejum e a partilha. Não se trata de “mínimos legais” para
um qualquer acesso a um mundo desejado. São antes a oportunidade e ocasião da
redescoberta da fé. Reza-se para ouvir Deus e Lhe falar, para descobrirmos que
não nos faz bem a loucura de querer ocupar o lugar que só Deus pode ter.
Jejua-se para percebermos que há muitas coisas com as quais não podemos nunca
confundir-nos ou até misturar-nos. Partilha-se para descobrirmos e saborearmos
o gosto de nos sabermos amados e acompanhados em cada passo da vida.
Há tanto aborrecimento por falta de objetivos! Há tanto luxo por
falta de disponibilidade! Há tanta solidão por falta de olhar para fora de si
mesmo! E, neste caminho, a Palavra de Deus, a celebração do perdão e da
reconciliação, a participação na Eucaristia mostram-nos a paixão de Cristo por
nosso amor e surpreendem-nos com a conversão. O Santo Padre, na esperança de
que “o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor”, convida-nos
também a “empreender com ardor o caminho da Quaresma apoiados na esmola, no
jejum e na oração”, recorda-nos a iniciativa das “24 horas para o Senhor” que este
ano decorre no dia 9 e 10 de março, e pede-nos que, em cada Diocese, pelo menos
uma igreja fique aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a
possibilidade de adoração e da confissão sacramental.
Nesta Quaresma poderíamos, por isso, eleger como grande propósito
da nossa caminhada a redescoberta e o reavivar da nossa fé cristã. Cristãos de
prática dita regular, comprometidos em Comunidades e em Movimentos, ou Cristãos
mais ao longe, sem regularidade de presença e, sobretudo, sem serenidade de pertença,
poderíamos viver este tempo como um regresso à casa em que fomos batizados.
Nos últimos tempos muita coisa mudou, é verdade. A nossa fé andou
por dentro e por fora das mudanças. E a grande pergunta é se as mudanças a
enriqueceram ou a empobreceram. Não nos sentimos, muitas vezes, numa paisagem e
numa sociedade de tipo agnóstico? Não nos damos conta de que esse agnosticismo
pode perpassar ou perpassa já a nossa fé cristã? As nossas incertezas, as
nossas desconfianças, as nossas dúvidas, o estilhaçar das nossas seguranças, as
dificuldades da nossa comunhão, a nossa exclusiva autoconfiança, a
representação que fazemos de Deus, as resistências ao sentido de pertença à
Igreja, a nossa vivência dos sacramentos por tradição, as eucaristias
distraídas, o sentido apenas abstrato da nossa vocação à santidade, as nossas
dificuldades em rezar, dificuldades silenciosamente vividas, vividas a par dos
ritos cristãos mas dando sempre corpo às nossas escolhas… tudo isto, e o mais
que quisermos acrescentar, não nos deixa aquela sensação de que o agnosticismo
também ataca fortemente o coração da nossa própria fé cristã? E nos tira força,
e nos faz esmorecer na alegria de sermos cristãos e no entusiasmo da primeira
hora?
Tempo de descobrir e redescobrir Jesus Cristo, de reavivar a fé,
de refontalizar as nossas vidas, a Quaresma é tempo de descobrir e redescobrir
a essência do Cristianismo (cf. Elmar Salmann). Crês em Jesus Cristo!? Creio!
Firmemente!
Quaresma é, por isso, o tempo favorável da abertura do nosso
coração a Deus: uma oração mais confiante, uma simplicidade mais natural, uma
partilha mais alegre, a ensinar e a viver também em família. Deus espera por
nós! Os outros esperam por nós. E nós temos necessidade de reavivar a fé para
não perdermos o sentido da vida e da nossa integração na Igreja.
Destinamos 75% da Renúncia Quaresmal deste ano para a construção
de um Centro de Saúde na Arquidiocese de Kananga, Província do Kasai Central na
República Democrática do Congo. O objetivo deste Centro de Saúde é, sobretudo,
socorrer as crianças roubadas às famílias e usadas como soldados ou que
perderam os seus pais na guerra. Temos na nossa Diocese de Portalegre-Castelo
Branco um sacerdote desse país a trabalhar na zona pastoral de Nisa. Aí, nesse
país, “as pessoas que acreditam demonstram uma grande fé no Senhor da vida” a
quem gritam “na dor e na angústia”, mas as atrocidades, os massacres, a
instabilidade e o sofrimento são enormes, agravados ainda com as carências de
todo o tipo. O próprio Papa Francisco, tendo em mente a República Democrática
do Congo e o Sudão do Sul, convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela
paz, a 23 de fevereiro, primeira sexta-feira da Quaresma, à qual não devemos
ficar indiferentes. Os outros 25% da Renúncia Quaresmal destinam-se ao Fundo Social
Diocesano gerido pela Cáritas, um Fundo que prestou todo o seu apoio à
reconstrução, e a outros gastos inerentes, de 14 casas de primeira habitação
ardidas nos incêndios do verão passado na nossa Diocese, na zona do Pinhal. A
todo o momento surgem novas necessidades na Diocese.
Antonino Dias, Bispo Diocesano
II
MENSAGEM
DO PAPA FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2018
PARA A QUARESMA DE 2018
«Porque
se multiplicará a iniquidade,
vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)
vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)
Amados
irmãos e irmãs!
Mais
uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a
finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a
Quaresma, «sinal sacramental da nossa conversão», que anuncia e torna
possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida.
Com
a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver,
neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela
seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus: «Porque se
multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (24, 12).
Esta
frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em
Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do
Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande
tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos
crentes: à vista de fenómenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a
muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de
todo o Evangelho.
Os falsos profetas
Escutemos
este trecho, interrogando-nos sobre as formas que assumem os falsos profetas?
Uns
assemelham-se a «encantadores de serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções
humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos
filhos de Deus acabam encandeados pelas adulações dum prazer de poucos
instantes que se confunde com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem
fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna
escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se
bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!
Outros
falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e
imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente
ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações
passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa
vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas
depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo
que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a
dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos
leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do
ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é
«mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e o
falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de
nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado pelas
mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no nível
imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto bom e
mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem.
Um coração frio
Na Divina
Comédia, ao descrever o Inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num
trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então:
Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor
corre o risco de se apagar em nós?
O
que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, «raiz de todos
os males» (1 Tm 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e,
consequentemente, de encontrar consolação n'Ele, preferindo a nossa desolação
ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos. Tudo isto se permuta em
violência que se abate sobre quantos são considerados uma ameaça para as nossas
«certezas»: o bebé nascituro, o idoso doente, o hóspede de passagem, o
estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas.
A
própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra
está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os
mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos
náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam
a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de
morte.
E
o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na Exortação apostólica Evangelii
gaudium procurei descrever os sinais mais evidentes desta falta de
amor. São eles a acédia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar
empenhando-se em contínuas guerras fratricidas, a mentalidade mundana que induz
a ocupar-se apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor missionário.
Que fazer?
Se
porventura detetamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de
descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a
Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio
doce da oração, da esmola e do jejum.
Dedicando
mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras
secretas, com que nos enganamos a nós mesmos, para procurar finalmente a
consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.
A
prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que
o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a
esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que,
como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade
de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão
que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de
São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a
comunidade de Jerusalém: «Isto é o que vos convém» (2 Cor 8, 10). Isto
vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem
coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria
também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede
ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma
ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se
hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover
também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?
Por
fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo
uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o
que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia
as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito,
faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos
mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único
que sacia a nossa fome.
Gostaria
que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a
todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos
aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo
que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade
comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente
connosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!
O
fogo da Páscoa
Convido,
sobretudo os membros da Igreja, a empreender com ardor o caminho da Quaresma,
apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em
muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá
novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar.
Ocasião
propícia será, também este ano, a iniciativa «24 horas para o Senhor», que
convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração
eucarística. Em 2018, aquela terá lugar nos dias 9 e 10 de março – uma
sexta-feira e um sábado –, inspirando -se nestas palavras do Salmo 130: «Em Ti,
encontramos o perdão» (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará
aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e
da confissão sacramental.
Na
noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz,
tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a
assembleia litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe
as trevas do coração e do espírito», para que todos possamos reviver a
experiência dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos
do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé,
esperança e amor.
Abençoo-vos
de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais de rezar por mim.
Vaticano,
1 de Novembro de 2017
Solenidade de Todos os Santos
Francisco
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