PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 21 de fevereiro de 2018
Quarta-feira da I semana da Quaresma
QUARTA-FEIRA da
semana I
Roxo – Ofício da
féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jonas 3, 1-10; Sal 50 (51), 3-4. 12-13. 18-19
Ev. Lc 11, 29-32
* Pode celebrar-se a memória de S. Pedro Damião, bispo e doutor da Igreja,
* Na Ordem Beneditina – Pode celebrar-se a memória de S. Pedro Damião.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Jonas 3, 1-10; Sal 50 (51), 3-4. 12-13. 18-19
Ev. Lc 11, 29-32
* Pode celebrar-se a memória de S. Pedro Damião, bispo e doutor da Igreja,
* Na Ordem Beneditina – Pode celebrar-se a memória de S. Pedro Damião.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Salmo 24,
6.3.22
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas. Não triunfe sobre nós o inimigo. Senhor, livrai-nos de todo o mal.
ORAÇÃO
Olhai com bondade, Senhor, para a devoção do vosso povo e fazei que, mortificando o corpo pela penitência, renovemos o espírito com o fruto das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jonas 3, 1-10
«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»
Leitura da Profecia de Jonas
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas. Não triunfe sobre nós o inimigo. Senhor, livrai-nos de todo o mal.
ORAÇÃO
Olhai com bondade, Senhor, para a devoção do vosso povo e fazei que, mortificando o corpo pela penitência, renovemos o espírito com o fruto das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Jonas 3, 1-10
«Os habitantes de Nínive converteram-se do seu mau caminho»
Leitura da Profecia de Jonas
A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade e caminhou durante um dia, apregoando: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de sacos, desde o maior ao mais pequeno. Logo que a notícia chegou ao rei de Nínive, ele ergueu-se do trono e tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Depois foi proclamado em Nínive um decreto do rei e dos seus ministros, que dizia: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas, não provem alimento, não pastem nem bebam água. Os homens e os animais revistam-se de sacos e clamem a Deus com vigor; afaste-se cada um do seu mau caminho e das violências que tenha praticado. Quem sabe? Talvez Deus reconsidere e desista, acalmando o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos». Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 50 (51), 3-4.12-13.18-19 (19a)
Refrão: Não desprezeis, Senhor,
o nosso coração humilhado e contrito. Repete-se
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as culpas. Refrão
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais afastar-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. Refrão
Não é do sacrifício que Vos agradais
e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis.
Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido:
não desprezareis, Senhor,
um espírito humilhado e contrito. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Joel 2, 12-13
Refrão: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo,
Nosso Senhor. Repete-se
Convertei-vos a Mim de todo o coração, diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso. Refrão
EVANGELHO Lc 11, 29-32
«Nenhum sinal será dado a esta geração, senão o sinal de Jonas»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, aglomerava-se uma grande multidão à volta de Jesus e Ele começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa: pede um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal de Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os habitantes de Nínive, assim o será também o Filho do homem para esta geração. No juízo final, a rainha do sul levantar-se-á com os homens desta geração e há de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e aqui está quem é maior do que Salomão. No juízo final, os homens de Nínive levantar-se-ão com esta geração e hão de condená-la, porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; e aqui está quem é maior do que Jonas».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei, Senhor, que estes dons que nos destes para os consagrarmos ao vosso nome, se transformem para nós, por meio deste sacramento, em remédio de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 5, 12
Exultem para sempre os que em Vós confiam, Senhor.
Vós protegeis e alegrais os que amam o vosso nome.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus, que sempre nos alimentais com os vossos sacramentos, concedei-nos que o alimento de Vós recebido seja para nós fonte de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Quando rezas falas com Jesus. Quando lês a Escritura é Deus que fala contigo»
Jerónimo de estridão
MÉTODO DE ORAÇÃO
BÍBLICA
3.Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Jonas 3, 1-10: Volta
hoje o tema da penitência, no sentido de conversão. Outrora, até os pagãos,
como os habitantes de Nínive, ao ouvirem a palavra de Deus, se converteram.
Hoje, não esperamos outros sinais do céu; é sempre essa mesma palavra que é
para os homens de todas as gerações o grande sinal. Para ser “sinal”, a
Palavra, o Verbo, o Filho de Deus, fez-Se homem e falou no meio dos homens, em
palavras humanas, para Se revelar e revelar o Pai aos humanos.
Lc
11, 29-32: O povo aglomerava-se em volta de Jesus
para O ouvir. Mas Jesus faz-lhes sentir que eles são mais curiosos, sempre à
espera de qualquer sinal maravilhoso, do que desejosos de escutar a sua
palavra, que dá luz e leva à conversão. E lembra-lhes como os habitantes de
Ninive se converteram ao ouvirem Jonas, como recordava a primeira leitura, e
como a rainha de Sabá, veio de tão longe só para ouvir o sábio Salomão. E ali
estava Ele, maior que Jonas, e mais do que Salomão, mas que não era escutado
com fé semelhante à daqueles seus antepassados, nem eles se deixavam conduzir à
penitência como aqueles a quem Jonas pregava. Prefigurado por Jonas, mas maior
do que ele, e mais do que Salomão, cuja sabedoria atraía de longe a rainha de
Sabá, Jesus aqui está, também agora no meio da assembleia dos cristãos, a
fazer-Se, de novo, ouvir; como sempre que na Igreja se leem as Sagradas
Escrituras, como disse o Concílio Vaticano II (SC 7).
ORAÇÃO: Senhor, concede-nos que amemos
sempre a verdade.
AGENDA
17.00 horas: Missa em Gáfete
18.00 horas: Missa em Tolosa
18.00 horas: Missa em Nisa
21.00 horas: Reunião dos Conselhos Económicos da zona pastoral
Sexta: Dia de jejum pela Paz no Congo.
PALAVRA
DO PASTOR
I.
RECORDAR PARA VIVER E
TRANSMITIR
Começamos
a viver, com alegria e saudável determinação, a Quaresma. É um tempo exigente
que nos confronta com as exigências do nosso Batismo e nos prepara para a
Páscoa, a Festa por excelência dos cristãos. Neste tempo da Quaresma,
reconhecemos a nossa fragilidade mas reafirmamos também a nossa confiança em
Deus rico em misericórdia, pedimos-Lhe o perdão e a Sua Graça e entramos para a
Festa que Ele faz connosco. Faz festa porque regressamos, porque queremos ser
livres e caminhar! É a conversão de coração que, na Quaresma, tem na oração, na
esmola e no jejum as suas tradicionais e mais eficazes ferramentas para o
caminho de identificação com Cristo. Mas convém ter presente que o bom cristão
não é um mero cumpridor de preceitos. É o que cumpre, sim, mas cumpre para se
converter. Cumprir por cumprir não faz sentido, é masoquismo. Jesus até chama a
isso outra coisa, chama-lhe hipocrisia! Podemos, de facto, ser exímios
cumpridores e péssimos cristãos. Cristo não quer admiradores, não quer meros
cumpridores, quer discípulos, convertidos e missionários que O conheçam, vivam
n’Ele, com Ele, por Ele e O anunciem com alegria e esperança.
Sei
que muitos as vivem e, de forma bela e pedagógica, as ensinam a viver em
família. Mesmo assim, e a completar a Mensagem para a Quaresma aqui publicada
na Quarta-Feira de Cinzas, vou recordar as normas sobre o jejum e a abstinência
que a Conferência Episcopal, de acordo com o Código de Direito Canónico (cân.
1253), estabeleceu, em julho de 1984, para as Dioceses portuguesas:
“OS TEMPOS PENITENCIAIS
1.Na
pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados
à prática da penitência: a Quaresma e todas as sextas-feiras do ano. A
penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao
mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração
anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem
naturalmente a prática da penitência.
JEJUM E ABSTINÊNCIA
2.O
jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na
disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitado a
alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar
alimentos ligeiros às horas das outras refeições.
Ainda
que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão
cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de
alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.
A
abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e
pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção
de carne. Será muito aconselhável manter esta forma de abstinência,
particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela
privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e
dispendiosos ou da especial preferência de cada um. Contudo, devido à evolução
das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não
bastar para praticar a abstinência como ato penitencial. Lembrem-se os fiéis de
que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a
escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao
esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de caráter
penitencial.
DETERMINAÇÕES SOBRE JEJUM E
ABSTINÊNCIA
O
Jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-Feira de Cinzas e em
Sexta-Feira Santa.
A
abstinência é obrigatória, no decurso do ano, em todas as sextas-feiras que não
coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Esta forma de
penitência reveste-se, no entanto, de significado especial nas sextas-feiras da
Quaresma.
O
preceito de abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos. O
preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado
os 59. Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais
procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência,
sugerindo-lhes outros modos de a exprimir.
As
presentes determinações sobre o jejum e a abstinência apenas se aplicam em
condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da
sua observância.
Nas
sextas-feiras poderão os fiéis cumprir o preceito penitencial, quer fazendo
penitência como acima ficou dito, quer escolhendo formas de penitência
reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por
outras formas, de escolha pessoal, como, por exemplo, privar-se de fumar, de
algum espetáculo, etc.
No
que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de
exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da
Via-Sacra, a recitação do Rosário, a recitação de Laudes e Vésperas da Liturgia
das Horas, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da
Sagrada Escritura.
No
que respeita à esmola, poderão cumprir o preceito penitencial através da
partilha de bens materiais. Essa partilha deve ser proporcional às posses de
cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a
gastos dispensáveis ou supérfluos.
Os
cristãos que escolherem como forma de cumprimento do preceito da penitência uma
participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para uma
finalidade determinada, a indicar pelo Bispo diocesano.
Os
cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente
identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria Diocesana. Na
Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitantemente com ela, o
contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o
efeito fixado.
NÃO SE EXCLUEM, COMPLETAM-SE
É aconselhável que, no cumprimento
do preceito penitencial, os cristãos não se limitem a uma só forma de
penitência, mas antes as pratiquem todas, pois o jejum, a oração e a esmola
completam-se mutuamente, em ordem à caridade.”
Antonino Dias
Portalegre, 16-02-2018
II
QUARESMA 2018: A LÓGICA
DO DOM QUE GERA CONFIANÇA
Mensagem do Bispo D. Antonino para a Quaresma de
2018
O centro do Cristianismo católico e da vida da Igreja é a Pessoa e
o Mistério de Jesus Cristo. E o centro da Pessoa e do Mistério de Jesus Cristo
é o seu Mistério pascal. É a Sua encarnação e o dom de Si mesmo pela vida do
mundo. É a Sua morte na Cruz como plenitude da vida entregue por amor. É a
Ressurreição como revelação de que o amor é mais forte do que a própria morte.
Centro da vida de Jesus Cristo, o Mistério pascal de Cristo
mostra-nos o que é dar plenitude à vida: nascer e agradecer quotidianamente o
dom e o valor da vida, comungar a vida dos outros e servi-los particularmente
onde e quando necessitam, esquecermo-nos de nós próprios, unirmo-nos a Deus na
oração filial, acolher sem julgar, deixarmo-nos surpreender pela novidade de
Deus, não temer remar contra a corrente, ser radicalmente pela verdade que
liberta e pela justiça que responsabiliza e ajusta, despojar-se de tudo o que
impede de ajoelhar aos pés de Deus e das necessidades dos outros, deixar cair a
capa da autossuficiência, ser próximo e livre, amar e perdoar mesmo quando
parece impossível e o mundo refuta a motivação. É viver a fidelidade com amor
de oblação mesmo quando nela se vislumbra a Cruz, a solidão.
Todos os anos a Quaresma surge na Igreja como dom e tempo
favorável para, progressivamente, cada um de nós ser mais capaz de viver da
graça e do dom de Deus assumindo no nosso quotidiano o estilo de Jesus Cristo.
É o tempo por excelência de quem se prepara e dá passos para ser batizado na fé
em Jesus Cristo. É o tempo em que os cristãos, já batizados e a viver a
história de todos os dias, são desafiados a reavivar o dom do seu batismo e a
refontalizar a sua fé.
A fé cristã, a nossa fé cristã, tem sempre a marca existencial da
confiança absoluta em Jesus Cristo. A sua identidade envolve-nos, a sua Palavra
cria-nos e recria-nos, os seus gestos modelam a nossa maneira de agir, a sua
oração assume as nossas súplicas e ações de graças e ensina-nos a rezar. A fé
cristã é simultaneamente dom e resposta. É fundamentalmente uma atitude de
confiança em Jesus Cristo e na sua verdade revelada. É uma relação pessoal
vivida num enquadramento comunitário. É uma atitude existencial que envolve
tudo o que somos, fazemos e pensamos. É uma experiência de libertação porque de
caminho e de purificação. Ela envolve a esperança e o amor como dimensões da
sua realização. É histórica e dá sempre origem a um projeto de vida.
A fé tem, de facto, a marca da gratuidade. É da ordem e da lógica
do dom. Não espera recompensa para dar o passo, não exige retribuição para se
comprometer. Ao dom recebido responde sempre com a entrega confiante. É
motivação, confiança, liberdade e compromisso. Nunca obrigação. Não é assim que
a experimentamos!?
Para reavivar o dom do batismo, e, portanto, da fé, a Igreja
aponta-nos, tradicionalmente, neste tempo de Quaresma, três grandes sinais ou
atitudes: a oração, o jejum e a partilha. Não se trata de “mínimos legais” para
um qualquer acesso a um mundo desejado. São antes a oportunidade e ocasião da
redescoberta da fé. Reza-se para ouvir Deus e Lhe falar, para descobrirmos que
não nos faz bem a loucura de querer ocupar o lugar que só Deus pode ter.
Jejua-se para percebermos que há muitas coisas com as quais não podemos nunca
confundir-nos ou até misturar-nos. Partilha-se para descobrirmos e saborearmos
o gosto de nos sabermos amados e acompanhados em cada passo da vida.
Há tanto aborrecimento por falta de objetivos! Há tanto luxo por
falta de disponibilidade! Há tanta solidão por falta de olhar para fora de si
mesmo! E, neste caminho, a Palavra de Deus, a celebração do perdão e da
reconciliação, a participação na Eucaristia mostram-nos a paixão de Cristo por
nosso amor e surpreendem-nos com a conversão. O Santo Padre, na esperança de
que “o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor”, convida-nos
também a “empreender com ardor o caminho da Quaresma apoiados na esmola, no
jejum e na oração”, recorda-nos a iniciativa das “24 horas para o Senhor” que
este ano decorre no dia 9 e 10 de março, e pede-nos que, em cada Diocese, pelo
menos uma igreja fique aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a
possibilidade de adoração e da confissão sacramental.
Nesta Quaresma poderíamos, por isso, eleger como grande propósito
da nossa caminhada a redescoberta e o reavivar da nossa fé cristã. Cristãos de
prática dita regular, comprometidos em Comunidades e em Movimentos, ou Cristãos
mais ao longe, sem regularidade de presença e, sobretudo, sem serenidade de
pertença, poderíamos viver este tempo como um regresso à casa em que fomos
batizados.
Nos últimos tempos muita coisa mudou, é verdade. A nossa fé andou
por dentro e por fora das mudanças. E a grande pergunta é se as mudanças a
enriqueceram ou a empobreceram. Não nos sentimos, muitas vezes, numa paisagem e
numa sociedade de tipo agnóstico? Não nos damos conta de que esse agnosticismo
pode perpassar ou perpassa já a nossa fé cristã? As nossas incertezas, as
nossas desconfianças, as nossas dúvidas, o estilhaçar das nossas seguranças, as
dificuldades da nossa comunhão, a nossa exclusiva autoconfiança, a
representação que fazemos de Deus, as resistências ao sentido de pertença à Igreja,
a nossa vivência dos sacramentos por tradição, as eucaristias distraídas, o
sentido apenas abstrato da nossa vocação à santidade, as nossas dificuldades em
rezar, dificuldades silenciosamente vividas, vividas a par dos ritos cristãos
mas dando sempre corpo às nossas escolhas… tudo isto, e o mais que quisermos
acrescentar, não nos deixa aquela sensação de que o agnosticismo também ataca
fortemente o coração da nossa própria fé cristã? E nos tira força, e nos faz
esmorecer na alegria de sermos cristãos e no entusiasmo da primeira hora?
Tempo de descobrir e redescobrir Jesus Cristo, de reavivar a fé,
de refontalizar as nossas vidas, a Quaresma é tempo de descobrir e redescobrir
a essência do Cristianismo (cf. Elmar Salmann). Crês em Jesus Cristo!? Creio!
Firmemente!
Quaresma é, por isso, o tempo favorável da abertura do nosso
coração a Deus: uma oração mais confiante, uma simplicidade mais natural, uma
partilha mais alegre, a ensinar e a viver também em família. Deus espera por
nós! Os outros esperam por nós. E nós temos necessidade de reavivar a fé para
não perdermos o sentido da vida e da nossa integração na Igreja.
Destinamos 75% da Renúncia Quaresmal deste ano para a construção
de um Centro de Saúde na Arquidiocese de Kananga, Província do Kasai Central na
República Democrática do Congo. O objetivo deste Centro de Saúde é, sobretudo,
socorrer as crianças roubadas às famílias e usadas como soldados ou que
perderam os seus pais na guerra. Temos na nossa Diocese de Portalegre-Castelo
Branco um sacerdote desse país a trabalhar na zona pastoral de Nisa. Aí, nesse
país, “as pessoas que acreditam demonstram uma grande fé no Senhor da vida” a
quem gritam “na dor e na angústia”, mas as atrocidades, os massacres, a
instabilidade e o sofrimento são enormes, agravados ainda com as carências de
todo o tipo. O próprio Papa Francisco, tendo em mente a República Democrática
do Congo e o Sudão do Sul, convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela
paz, a 23 de fevereiro, primeira sexta-feira da Quaresma, à qual não devemos
ficar indiferentes. Os outros 25% da Renúncia Quaresmal destinam-se ao Fundo
Social Diocesano gerido pela Cáritas, um Fundo que prestou todo o seu apoio à
reconstrução, e a outros gastos inerentes, de 14 casas de primeira habitação
ardidas nos incêndios do verão passado na nossa Diocese, na zona do Pinhal. A
todo o momento surgem novas necessidades na Diocese.
Antonino Dias, Bispo
Diocesano.
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