Quarta, 16 de junho de 2022
Quarta-feira da XI semana do tempo comum
LITURGIA
Quarta-feira
da semana XI
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).
L1: 2 Reis 2, 1. 6-14; Sal 30 (31), 20. 21. 24
Ev: Mt 6, 1-6. 16-18
* Na Congregação das Irmãs Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da
Caridade (Fundadora) e na Congregação dos Missionários do Coração de Maria – S.
Maria Micaela do Santíssimo Sacramento, virgem – SOLENIDADE e MO
* Nas Congregações e Institutos da Família Paulista – Aniversário da fundação
das «Filhas de S. Paulo» (1915).
* Em Portugal – I Vésp. do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Compl. dep. I
Vésp. dom.
MISSA
Antífona de entrada Cf. Sl 26, 7.9
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica.
Vós sois o meu refúgio:
não me abandoneis, meu Deus, meu Salvador.
Oração
coleta
Senhor nosso Deus,
fortaleza dos que esperam em Vós,
atendei propício as nossas súplicas;
e, como sem Vós nada pode a fraqueza humana,
concedei-nos sempre o auxílio da vossa graça,
para que as nossas vontades e ações Vos sejam agradáveis,
no cumprimento fiel dos vossos mandamentos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA
I (anos pares) 2 Reis 2, 1.6-14
«Apareceu um carro de fogo e Elias subiu para o céu»
Leitura
do Segundo Livro dos Reis
Naqueles dias, quando o Senhor quis levar o profeta Elias para o céu, Elias e
Eliseu partiram de Gálgala. Quando chegaram a Jericó, Elias disse a Eliseu:
«Fica aqui, porque o Senhor envia-me ao Jordão». Eliseu respondeu-lhe: «Tão
certo como o Senhor estar vivo e tu também, não te deixarei». E os dois
seguiram juntos. Seguiram-nos cinquenta dos discípulos dos profetas, que
ficaram parados a certa distância, enquanto Elias e Eliseu se detinham na
margem do Jordão. Então Elias tomou o seu manto e enrolou-o, bateu com ele nas
águas, que se apartaram para um e outro lado, e ambos passaram a pé enxuto.
Depois de terem atravessado, Elias disse a Eliseu: «Pede-me o que quiseres,
antes que eu seja arrebatado para longe de ti». Eliseu respondeu: «Possa eu
herdar uma dupla porção do teu espírito». Elias disse: «Pedes uma coisa
difícil. Contudo, se me vires quando eu for arrebatado para longe de ti, terás
o que pedes. Mas se não me vires, não o terás». Continuavam eles o seu caminho
a conversar, quando um carro de fogo, com dois cavalos também de fogo, os
separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. Eliseu, ao vê-lo,
exclamava: «Meu pai, meu pai! Carro e condutor de Israel!». Quando deixou de o
ver, tomou a sua túnica e rasgou-a em duas partes. Apanhou o manto que tinha
caído a Elias e voltou para a margem do Jordão. Com o manto que tinha caído a
Elias, bateu nas águas, mas elas não se dividiram. Então Eliseu disse: «Onde
está o Senhor, o Deus de Elias?». Tornou a bater nas águas, que se apartaram
para um e outro lado, e Eliseu passou para a outra margem.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 30 (31), 20.21.24 (R. 25)
Refrão: Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor. Repete-se
Como é grande, Senhor, a vossa bondade,
que tendes reservada para os que Vos temem!
À vista dos homens Vós a concedeis
àqueles que em Vós confiam. Refrão
Ao abrigo da vossa face Vós os defendeis
das maquinações dos homens;
no vosso tabernáculo Vós os escondeis
das línguas provocadoras. Refrão
Amai o Senhor,
vós todos os seus fiéis.
O Senhor defende os que Lhe são fiéis,
mas castiga com rigor os orgulhosos. Refrão
ALELUIA Jo 14, 23
Refrão: Aleluia Repete-se
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra;
meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada. Refrão
EVANGELHO Mt 6, 1-6.16-18
«Teu Pai, que vê no que está oculto, te dará a recompensa»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar
as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não
tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres
esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o
que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que
vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os
hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua
recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora
a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a
recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que
desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo:
já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e
lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai,
que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará
a recompensa».
Palavra da salvação.
Oração
sobre as oblatas
Senhor nosso Deus,
que pelo pão e pelo vinho, apresentados ao vosso altar,
dais ao género humano o alimento que o sustenta
e o sacramento que o renova,
fazei que nunca falte este auxílio ao nosso corpo e à nossa alma.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Sl 26, 4
Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.
Ou: Cf. Jo 17, 11
Pai santo, guarda no teu nome os que Me deste,
para que sejam em nós confirmados na unidade, diz o Senhor.
Oração
depois da comunhão
Fazei, Senhor, que a sagrada comunhão nos vossos mistérios,
sinal da nossa união convosco,
realize a unidade na vossa Igreja.
Por Cristo nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS 2
Reis 2, 1.6-14: Esta leitura sublinha
a herança espiritual do profeta Elias, recebida agora pelo seu discípulo
Eliseu. Elias é um dos grandes “espirituais” do Antigo Testamento. A herança
dos homens espirituais, isto é, dos que vivem do Espírito de Deus, é também
toda ela de ordem espiritual. No caso de Elias, bem o manifesta a maneira como
é apresentado o termo da sua vida sobre a terra por meio da chamada “Ascensão
de Elias”; para o homem de fogo só a subida ao céu num carro de fogo.
Mt 6, 1-6.16-18: O homem que quer
viver conforme a verdade, que é o mesmo que dizer, conforme Deus, há-de
procurar, antes de mais, ter uma consciência recta, porque é no mais profundo
do coração que o homem é o que é. Ostentação do próprio ou aplausos dos outros,
se não correspondem ao ser interior que escapa aos olhares alheios, são pura
vaidade e engano. A lei de Cristo não atinge o homem apenas no seu
comportamento exterior, como por vezes fazem as leis humanas, mas desce ao mais
íntimo do próprio coração, porque é aí, como Jesus o diz noutro lugar, que está
a raiz de tudo o que no homem nasce de bom e de mau.
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Funeral em Amieira do Tejo
18.00
horas: Missa em Nisa
MAIO, MÊS DE MARIA
A VOZ DO PASTOR
OS MAUS FÍGADOS DE GENTE SEM PAZ
A saúde da paz foi
sempre muito precária, muito débil. Sempre houve gente de maus fígados,
prepotente, volúvel. Gente fascinada pela cultura da morte, por imperialismos
históricos, por arsenais de armamento escondido a espreitar por detrás da porta
para provocar, ameaçar ou atingir quem está ou passa inocente. “Se queres
conhecer o vilão, mete-lhe o pau na mão”, diz o nosso povo. E di-lo sem grande
esperança em qualquer espécie de profilaxia ou de terapia. O povo sabe que
estes ‘doentes’ são maus doentes, não colaboram na possível cura. Antes pelo
contrário, orgulham-se dela, promovem e agravam a doença por entre os
estridentes aplausos dos seus aduladores e subservientes de serviço. Apesar de
ser um dos seus principais deveres, o mundo, graças a estas patologias humanas,
tem muita dificuldade em se governar na paz. Depressa esquece que todos fazemos
parte do género humano, da fraternidade universal, que todos somos irmãos,
responsáveis uns pelos outros.
Entre nós, porém, também
há sinais de retrocesso no que à paz diz respeito. Há quem, em pezinhos de lá e
com linguagem subtil, ocultando chamar os bois pelo nome, se esforce por levar
a água ao seu moinho para triturar e inverter o que tanto tem custado a
conquistar ao longo dos tempos: o respeito pela vida: “não matarás”. Há quem
defenda a cultura da morte como se de um salto civilizacional se tratasse ou
como se essa fosse a questão mais premente das políticas de saúde pública ou da
vida social a resolver. Se a vida é o vértice da paz, se a paz e a vida são
bens por excelência da condição humana e de qualquer ordem social, se a paz e a
vida são bens interdependentes ou correlativos, a paz não pode ser senão a
vitória do direito e a feliz celebração da vida devidamente cuidada e
assistida. Toda e qualquer ofensa à vida é um atentado contra a paz. Se queres
a paz, respeita a vida, a paz começa em ti. Esta paz que começa em cada um de
nós, porém, não é possível se baseada em sofismas ou fantasias que levem à
eliminação da própria vida ou da vida de terceiros, seja em forma de aborto, de
eutanásia ou de qualquer outra forma de violência fratricida: “não matarás”.
Mal da sociedade e do progresso quando o direito perde o seu caráter humano,
quando deixa de ser o que deve ser e se empanturra de indiferença, frieza e
deturpações, deixando de defender a vida e a pessoa diferente, criando dela uma
imagem negativa e incómoda ou fabricando uma falsa compaixão por ela, ao ponto
de a excluir ou destruir, sobretudo as mais frágeis. E tudo isto invocando o
direito à plena liberdade e à dignidade pessoal de quem o faz ou pede que lho
façam, e ao dever de quem o deve permitir ou colaborar. De facto, somos uns
artistas sem igual em busca de razões sem razão só para manifestar maus
fígados, satisfazer ideologias e egoísmos vários e não fazer o que devemos
fazer para acompanhar e cuidar! Porque não é fácil enfrentar a verdade e
edificar sobre a rocha, governa-se e vive-se ao som dos ventos, das modas e dos
interesses, construindo sobre areia movediça e querendo voar contra o SOL
esquecendo que as asas são de cera!... Nenhum projeto civilizacional se aguenta
quando construído sobre os alicerces da cultura da morte! Infelizmente,
perde-se a memória, ignoram-se as lições da história!...
Sabemos que a par dos
conflitos que acompanham a história humana, o homem sempre buscou a paz. Mas,
que paz? É certo que o mundo pode proporcionar uma certa tranquilidade a
pessoas e sociedades, levando-as a viver sem grandes preocupações e
dificuldades. Deus dá graças comuns a toda a gente, “faz nascer o sol sobre
maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos.” (Mt 5, 44-45). A isso,
porém, só latamente se pode chamar paz, não só porque se limita ao âmbito
material e exterior, mas também porque leva a pensar que a paz consiste na
ausência de guerra. Sem negar essa tranquilidade que o mundo pode dar, Cristo
disse-nos: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. A paz que vos dou não é a paz
que o mundo dá” (Jo 14, 27). Realço: a Paz que Jesus nos dá não é “a paz que o
mundo dá”, é a paz que Ele nos alcançou através da morte, reconciliando-nos com
Deus, servindo, amando, lavando os pés aos outros, dando a vida. Por isso nos
diz: “dou-vos a Minha paz”. É uma paz própria, caraterística d’Ele. Não como o
mundo a dá por medo de consequências, por cansaço de violências, de injustiças,
de humilhações. É uma paz que não se pode reivindicar nem comprar porque não
está armazenada nem à venda, mas pode e deve-se pedir e construir. É uma paz
dada gratuitamente, por amor, como dom e prenda confiada aos homens, não como
prémio merecido. Jesus dá essa paz onde e quando a vontade de competir, de
dominar, de ser o mais importante e o mais forte, ceder lugar ao serviço, ao
amor desinteressado pelos últimos, à humildade de reconhecer que todos somos
irmãos e responsáveis uns pelos outros. Esta paz não é mera ausência de guerra,
é presença de Deus que é amor, é paz com Deus, é paz em Deus reconciliados que
fomos com Ele pela morte de seu Filho, o Príncipe da Paz. E se a vida nos
apresenta dificuldades, não devemos ficar perturbados nem ter medo, estamos com
Ele, Ele venceu o mundo: “Disse-vos estas coisas para que tenhais a Minha paz.
Neste mundo tereis aflições, mas tende coragem: Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
São Paulo VI escreveu
assim: “A paz, para nós, cristãos, não é somente um equilíbrio exterior, uma
ordem jurídica, um conjunto de relações públicas disciplinadas; para nós, a Paz
é, antes de mais nada, o resultado da atuação dos desígnios de sapiência e de
amor com que Deus quis instaurar relações sobrenaturais com a humanidade. A Paz
é o primeiro efeito desta nova economia, a que nós chamamos a Graça; “graça e
paz”, repete o Apóstolo; é um dom de Deus que se torna estilo da vida cristã, é
uma fase messiânica que reflete a sua luz e a sua esperança também sobre a
cidade temporal e que fortalece com razões bem mais elevadas aquelas mesmas
razões sobre as quais ela assenta a sua paz. Na verdade, à dignidade de
cidadãos do mundo, a Paz de Cristo acrescenta a de filhos do Pai celeste; à
igualdade natural dos homens, ela ajunta a da fraternidade cristã; às
desavenças humanas que sempre comprometem e violam a paz, aquela Paz de Cristo
enfraquece os pretextos, contesta os motivos e aponta-lhes as vantagens de uma
ordem moral ideal e superior e revela-lhes ainda a prodigiosa virtude religiosa
e civil do perdão generoso; à insuficiência da habilidade humana para criar uma
paz sólida e estável, a Paz de Cristo fornece o auxílio do seu otimismo
inexaurível; à falsidade da política do prestígio orgulhoso e do interesse
material, a Paz de Cristo sugere a política da caridade; à justiça, muitas
vezes cobarde e impaciente, que afirma as suas exigências com o furor das
armas, a Paz de Cristo infunde a coragem invencível do direito, haurido das
razões profundas da natureza humana e do destino transcendente do homem. E
acentue-se ainda que não é medo da força e da resistência a Paz de Cristo, a
qual recebe o seu espírito do sacrifício que redime; não é fraqueza transigente
perante as desgraças e as deficiências dos homens sem sorte e sem defesa, esta
Paz de Cristo possui a compreensão da dor e das necessidades humanas e sabe
encontrar oportunamente amor e dádivas para os pobres, para os fracos, para os
deserdados, para os que sofrem, para os que são humilhados e para os vencidos.
Por outras palavras: a Paz de Cristo, mais do que qualquer outra fórmula
humanitária, é solícita pelos Direitos do Homem” (II Dia Mundial da Paz, 1969).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 10-06-2022.
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