PARÓQUIAS DE NISA
Quarta, 02 de março de 2022
Quarta-feira de Cinzas
LITURGIA
Quarta-feira
de Cinzas
Roxo – Ofício da féria (Semana IV do
Saltério – Os salmos e o cântico de Laudes com suas antífonas podem tomar-se da
Sexta-feira III).
Missa da féria, pf. IV da Quaresma
L1: Joel 2, 12-18; Sal 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14 e 17
L2: 2 Cor 5, 20 – 6, 2
Ev: Mt 6, 1-6. 16-18
* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
* Proibidas as Missas rituais, as Missas para várias necessidades ou
circunstâncias e as Missas votivas.
* Dia de jejum e abstinência.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Sab 11, 24-25.27
De todos Vos compadeceis, Senhor,
e amais tudo quanto fizestes;
perdoais aos pecadores arrependidos,
porque sois o Senhor nosso Deus.
Omite-se o ato penitencial, porque é
substituído pela imposição das cinzas.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Senhor, a graça de começar com santo jejum este tempo da
Quaresma, para que, no combate contra o espírito do mal, sejamos fortalecidos
com o auxílio da temperança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Joel 2, 12-18
«Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos»
Leitura da
Profecia de Joel
Diz agora o Senhor: «Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns,
lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos.
Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo,
paciente e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete. Quem
sabe se Ele não vai reconsiderar e desistir deles, deixando atrás de Si uma
bênção, para oferenda e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em
Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, convocai a
assembleia, congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças. Saia o esposo
do seu aposento e a esposa do seu tálamo. Entre o vestíbulo e o altar, chorem
os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: ‘Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso
povo e não entregueis a vossa herança à ignomínia e ao escárnio das nações.
Porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?’». O Senhor encheu-Se de
zelo pela sua terra e teve compaixão do seu povo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 50 (51), 3-4.5-6a.12-13.14.17 (R. cf.
3a)
Refrão: Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós. Repete-se
Ou: Tende compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores. Repete-se
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas. Refrão
Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos. Refrão
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. Refrão
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca cantará o vosso louvor. Refrão
LEITURA II 2 Cor 5, 20 — 6, 2
«Reconciliai-vos com Deus. Este é o tempo favorável»
Leitura da Seg.
Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Nós somos embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso
intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A
Cristo, que não conhecera o pecado, identificou-O Deus com o pecado por amor de
nós, para que em Cristo nos tornássemos justiça de Deus. Como colaboradores de
Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça. Porque Ele diz:
«No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este
é o tempo favorável, este é o dia da salvação.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Salmo 94, 8ab
Refrão: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor.
Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão
EVANGELHO Mt 6, 1-6.16-18
«Teu Pai, que vê no segredo, te dará a
recompensa»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar
as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não
tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres
esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o
que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o
que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os
hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua
recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora
a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a ecompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram
o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já
receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava
o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que
está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a
recompensa».
Palavra da salvação.
Bênção das cinzas
Depois da homilia, o sacerdote, de pé,
diz com as mãos juntas:
Irmãos caríssimos: Oremos fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne
abençoar com a abundância da sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as
nossas cabeças, em sinal de penitência.
E depois de alguns momentos de oração em
silêncio, diz uma das orações seguintes:
Senhor nosso Deus, que Vos compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele
que se arrepende, ouvi misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa
bênção + sobre os vossos servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à
observância quaresmal, mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do
mistério pascal do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo.
Ou
Deus de infinita bondade, que não desejais a morte do pecador mas a sua
conversão, ouvi misericordiosamente as nossas súplicas e dignai-Vos abençoar @
estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, para que, reconhecendo
que somos pó da terra e à terra havemos de voltar, alcancemos, pelo fervor da
obser¬vância quaresmal, o perdão dos pecados e uma vida nova à imagem do vosso
Filho ressuscitado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade
do Espírito Santo.
O sacerdote asperge as cinzas com água
benta, sem dizer nada.
Imposição das cinzas
Em seguida, o sacerdote impõe as cinzas a
todos os presentes que se aproximam dele, dizendo a cada um:
Arrependei-vos e acreditai no Evangelho.
Mc 1, 15
Ou cf. Gen 3, 19
Lembra-te, homem, que és pó da terra e à
terra hás de voltar.
Entretanto, canta-se um cântico
apropriado, por exemplo:
ANTÍFONA cf. Joel 2 ,13
Mudemos as nossas vestes pela cinza e o cilício. Jejuemos e choremos diante do
Senhor, porque Deus é infinitamente misericordioso e perdoa os nossos pecados.
Ou cf. Joel 2,17; Est 13,17
Entre o vestíbulo e o altar, chorem os sacerdotes, ministros do Senhor,
dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, para que possa cantar sempre
os vossos louvores.
Ou Salmo 50, 3
Lavai-me de toda a iniquidade, Senhor.
Pode repetir-se esta antífona depois de
cada versículo ou estrofe do salmo 50 Compadecei-Vos de mim, ó Deus.
RESPONSÓRIO cf. Bar 3, 2; Salmo 78, 9
V. Renovemos a nossa vida,
reparemos o mal que fizemos,
para que não nos surpreenda o dia da morte
e nos falte o tempo para nos convertermos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende compaixão de nós,
porque somos pecadores.
V. Ajudai-nos, Senhor, para glória do vosso nome;
perdoai as nossas culpas e salvai-nos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende
compaixão de nós,
porque somos pecadores.
Terminada
a imposição das cinzas, o sacerdote lava as mãos. O rito conclui-se com a oração
universal ou oração dos fiéis. Não se diz o Credo.
Liturgia Eucarística
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, este sacrifício, com o qual iniciamos solenemente a Quaresma,
e fazei que, pela penitência e pela caridade, nos afastemos do caminho do mal,
a fim de que, livres de todo o pecado, nos preparemos para celebrar
fervorosamente a paixão de Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade
do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma III ou IV
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 1, 2-3
Aquele que medita dia e noite na lei do Senhor
dará fruto a seu tempo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, fazei que este sacramento nos leve a praticar o verdadeiro jejum que
seja agradável a vossos olhos e sirva de remédio aos nossos males. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
A bênção e imposição das cinzas pode fazer-se também fora da Missa. Nesse caso,
convém que preceda uma liturgia da palavra, utilizando a antífona de entrada, a
oração colecta, as leituras e seus cânticos, como na Missa. Depois da homilia,
procede-se à bênção e imposição das cinzas. O rito conclui com a oração
universal.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da
passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através
da Sua Palavra.
LEITURAS: Joel 2, 12-18: Pela palavra do profeta da
penitência somos convocados para a assembleia do povo de Deus. Somos todos
convocados, sem exceção, seja qual for a nossa condição humana. Aí
aprenderemos, ao longo destes dias, como faremos penitência em ordem à renovação
pascal. Todo o cristão se há de manifestar, na Quaresma, membro de um povo que
se regenera, renovando em si a vida batismal por meio de uma profunda
reconversão.
Mt
6, 1-6.16-18: O
tempo da Quaresma deve ser tempo de prática mais intensa das boas obras,
particularmente das chamadas “obras de misericórdia”, sob a forma mais adequada
às circunstâncias de cada um; mas, em qualquer caso, tudo há de sair do coração
sincero e penitente e conduzir à renovação, cada ano mais profunda desse mesmo
coração, sob o único olhar de Deus. “A discrição é o perfume de todas as
virtudes”, diz um Santo.
AGENDA DO DIA:
10.30
horas: Missas em Montalvão
10.30
horas: Missas em Amieira do Tejo
12.00
horas: Funeral em Nisa - Cemitério
16.00
horas: Oração pela Paz em Amieira, Montalvão, Alpalhão e Gáfete
17.00
horas: Missa em Gáfete
17.00
horas: Oração pela Paz em Nisa
17.00
horas: Missa em Alpalhão
17.00
horas: Oração pela em Tolosa
18.00
horas: Missa em Tolosa
18.00
horas: Missa em Nisa.
IGREJAS DA ZONA
PASTORAL DE NISA:
Capela de Santo Estêvão - Montalvão (numa zona rural) |
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2022
A HORA DA FERIDA É A HORA DA GRAÇA
Pai, nas vossas mãos entrego
o Meu Espírito, é uma das mais fortes palavras de Cristo na cruz. Todos os anos
nos é oferecido um tempo para que, com o coração em construção, melhor nos
preparemos para a Páscoa. É a Quaresma, tempo favorável porque tem ritmo
batismal. Tempo de graça porque é dom do Espírito. Tempo de purificação porque
ocasião de reconstrução e fortalecimento da nossa relação com Deus, com os
outros, com a vida, connosco próprios.
A Páscoa, mistério da
morte e ressurreição de Cristo, não se resume ao final feliz de uma história
dramática. E se é verdade que existem feridas que dão origem a vidas
completamente novas, insuspeitadamente novas e não apenas cicatrizadas, então a
Páscoa é a evidência subversiva da graça de Deus que se entranha na humanidade.
No meio de uma
humanidade dilacerada por solidões, incompreensões, invejas, divisões e
discórdias, feridas diversas, reconhecem-se os sinais da graça e da
misericórdia de Deus quando a dureza do coração humano se dobra e se prepara
para a reconciliação e para a alegria. Reconhecem-se os sinais da graça quando,
movidos os corações por ação do Espírito Santo, os inimigos procuram
entender-se, os adversários se dão as mãos, os povos se encontram na paz e na
concórdia. Reconhece-se a evidência subversiva da graça quando o desejo da paz
põe fim à guerra, o amor vence o ódio e a vingança dá lugar ao perdão (Cf.
Oração Eucarística da Reconciliação II).
Não há Páscoa sem
Cristo e não é imaginável pensar Cristo sem o mistério pascal. É a vida de
Cristo agarrada à Cruz e superando-a, que é a grande escola da humanidade
subvertida por uma ferida de amor. Em Cristo, a hora da ferida e a hora da
graça coincidem. É a desproporção do amor paciente, bondoso e partilhado, sem
arrogância e sem soberba, sem irritação e sem ressentimento ou rancor. É o amor
justo que se regozija com a verdade, que tudo desculpa e tudo crê, que tudo
espera e tudo suporta (cf. 1Cor 13, 4 s). A ferida não é para ficar a chorar, é
para abrir o coração e reaprender a confiar. E, assim, fazem-se novas todas as
coisas. A Páscoa não é apenas uma experiência fugaz, um momento. É dom de Deus.
E tão forte que se acolhe como vocação; tão profundo que se erige como
identidade; tão inteiro que unifica toda a vida. Páscoa é um modo de ser. O de
Cristo. O dos cristãos.
A Quaresma surge
precisamente porque, em Igreja e seguindo Cristo, é necessário aprender o seu
modo pascal de ser e de viver. Como poderíamos saborear e viver em pleno a sua
Páscoa se não nos exercitássemos no seu modo de amar e de se dar!?
Vivemos, por muitas
razões e vicissitudes históricas, num mundo ferido. A Igreja, a nível local e
universal, defronta-se com imensos desafios, questionamentos e fraquezas. O
Sínodo é um desafio, como o são as Jornadas Mundiais da Juventude, mas a Igreja
confronta-se também com a sua história e a sua credibilidade pastoral e
evangélica. A pandemia feriu o tecido social e afetou pessoas e instituições. A
mesma pandemia alterou o acesso aos cuidados de saúde de tantos pacientes,
desvaneceu projetos económicos familiares, empobreceu agregados familiares,
deixou muitos no desemprego, levou à rutura de imensas possibilidades. A
insegurança e a incerteza, aliadas ao receio, alteraram os estilos de vida. As
desigualdades sociais e continentais aumentaram. A dimensão relacional das
nossas comunidades ressentiu-se. Os ritmos da socialização e até do luto foram
alterados. Enfim, e sem ser exaustivo, o mundo, próximo e longínquo,
desorganizou-se. Além da dor da ferida, pessoas e comunidades cederam à
tentação da comiseração e da lamentação que fez emergir outras dores e abrir
outras feridas. São feridas de todos nós.
Na Cruz de Cristo, a
hora da maior dor foi também a hora do maior amor: “A minha vida sou Eu que a
dou” (Jo 10, 18). O aparente abandono de Deus naquele momento revelou-se, sim,
o abandono de Jesus nas mãos de Deus. Cristo faz da sua morte um ato de
confiança e de abandono absolutos nas mãos de um Deus em quem se pode confiar:
“Tudo vem de Ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão” (1 Cro
29,14).
É assim que a
confiança se inscreve na história dos homens: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23, 46). Na palavra de Cristo que Se entrega totalmente nas mãos
do Pai podemos perceber o dinamismo de vida e de amor que está inscrito como
confiança no mais íntimo da autêntica existência humana. É o amor mais radical
porque diz que não nos bastamos a nós próprios e nos coloca em despojamento.
Então, a ferida tornou-se o lugar insuspeitado da revelação de Deus e do seu
amor. A ferida deu lugar à leitura retrospetiva da vida. E purificou o projeto
seguinte. A ferida tornou-se a lente que permitiu ver a vida com maior verdade.
A ferida revelou a sua autêntica dimensão e dispensou vaidades. A ferida, mais
do que apenas uma cicatrização indolor e estética, esperou e ansiou a cura. E
isso é caminho.
Caminho é também a
Quaresma que, preparando a Páscoa, pode ser bem a experiência de abrirmos e
expormos as nossas feridas a Deus e, assim, nos aproximarmos das feridas dos
outros e do mundo. É legítimo imaginar um mundo sem feridas, mas é também uma
ilusão pressupor uma vida e uma história sem feridas. Se percebermos melhor as
nossas feridas estaremos mais preparados para valer aos outros nas suas.
Olhando para as feridas existentes à nossa volta, a Renúncia Quaresmal deste
ano voltará a ser partilhada com a Arquidiocese de Kananga, República
Democrática do Congo, nos derradeiros esforços para a conclusão da construção
do Centro de Acolhimento e Saúde, já conhecido da nossa Diocese.
Pela oração, pela
partilha e misericórdia, pelo jejum, das nossas feridas pode brotar uma vida
nova para nós e para os que vivem ao nosso lado. Todos podemos comprometer-nos
mais na consecução do bem comum, na dignificação da pessoa humana. Todos
podemos partilhar o que temos e o que nos falta. Todos podemos libertar-nos de
dependências e de vaidades. Todos podemos superar-nos no acesso à verdade.
Todos podemos empreender caminhos em conjunto, escutando-nos, falando do que
nos vai na alma. Todos podemos exercitar e viver o abandono e a confiança nas
mãos de Deus. A hora da ferida é a hora da graça. É a Páscoa!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 25-02-2022.
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