PARÓQUIAS DE NISA
Terça, 03 de janeiro de 2022
Terça-feira depois da Epifania
LITURGIA
Terça-feira
depois da Epifania
Branco – Ofício da
féria.
Missa da féria, pf. da Epifania ou do Natal.
L1: 1 Jo 4, 7-10; Sal 71 (72), 2. 3-4ab. 7-8
Ev: Mc 6, 34-44
* Na Ordem dos Carmelitas Descalços – S. Ciríaco Elias Chavara, presbítero – MF
* Na Ordem de São Domingos – S. Zedislava de Lemberk – MF
* Na Ordem Franciscana (III Ordem) – B. Ângela de Folinho, religiosa, da III
Ordem – MF
* Na Congregação da Missão e na Companhia das Filhas da Caridade – S. Isabel
Ana Seton, religiosa – MO
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 117,
26-27
Bendito o que vem em nome do Senhor.
O Senhor fez brilhar sobre nós a sua luz.
ORAÇÃO COLECTA
Deus omnipotente, cujo Filho Unigénito Se manifestou aos homens na realidade da
nossa natureza, concedei-nos que, reconhecendo-O exteriormente semelhante a
nós, sejamos por Ele interiormente renovados. Ele que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Jo 4, 7-10
«Deus é amor»
Leitura da
Primeira Epístola de São João
Caríssimos: Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele
que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus
enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste
o seu amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e nos
enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 71 (72), 2.3-4ab.7-8. (R. cf. 11)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos
os povos da terra. Refrão
Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. Refrão
Os montes trarão a paz ao povo
e as colinas a justiça.
Ele fará justiça aos humildes
e salvará os indigentes. Refrão
Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra. Refrão
ALELUIA Lc 4, 18
Refrão: Aleluia Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova,
a proclamar aos cativos a redenção. Refrão
EVANGELHO Mc 6, 34-44
Ao multiplicar os pães, Jesus manifestou-Se como profeta
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram
como ovelhas sem pastor. Começou então a ensiná-los demoradamente. Como a hora
ia já muito adiantada, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «O
local é deserto e a hora já vai adiantada. Manda-os embora, para irem aos
casais e aldeias mais próximas comprar de comer». Jesus respondeu-lhes:
«Dai-lhes vós mesmos de comer». Disseram-Lhe eles: «Havemos de ir comprar
duzentos denários de pão, para lhes darmos de comer?» Jesus perguntou-lhes:
«Quantos pães tendes? Ide ver». Eles foram verificar e responderam: «Temos
cinco pães e dois peixes». Ordenou-lhes então que os fizessem sentar a todos,
por grupos, sobre a verde relva. Eles sentaram-se, repartindo-se em grupos de
cem e de cinquenta. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos
ao Céu e pronunciou a bênção. Depois partiu os pães e foi-os dando aos
discípulos, para que eles os distribuíssem. Repartiu por todos também os
peixes. Todos comeram até ficarem saciados; e encheram ainda doze cestos com os
pedaços de pão e de peixe. Os que comeram dos pães eram cinco mil homens.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, os dons da vossa Igreja, para que receba nestes
santos mistérios os bens em que pela fé acredita. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Ef 2, 4; Rom 8, 3
Deus amou-nos com amor infinito.
Por isso enviou o seu Filho ao mundo
com uma natureza semelhante à do homem pecador.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade, que, pela participação neste sacramento, vindes ao
nosso encontro, fazei-nos sentir os seus frutos de santidade, para que o dom
recebido nos disponha a recebê-lo cada vez melhor. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Jo 4, 7-10: Deus
é a fonte do amor. Deus ama os homens, ama o seu povo, manifestou este amor
desde sempre, mas foi sobretudo ao enviar ao mundo o seu Filho que Ele
manifestou este amor. A grande Manifestação que a Epifania celebra é em última
análise a do amor de Deus, amor que se revela tanto maior quanto é verdade que
o Filho de Deus veio para os homens quando eles ainda eram pecadores, não
purificados pelo Sangue do Salvador.
Mc 6, 34-44: Estamos
no tempo da Epifania, da Manifestação do Senhor, isto é, das manifestações de
Jesus que O revelam como Filho de Deus e Deus Ele mesmo. Hoje Jesus
manifesta-Se Senhor da própria natureza, cujas leis estão nas suas mãos;
manifesta-Se como o novo Moisés, ao alimentar o povo no deserto, ao ter
compaixão das multidões, guiando-as como Pastor e instruindo-as como Mestre.
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Missa em Alpalhão.
18.00
horas: Missa em Nisa.
PENSAMENTO DO DIA
PARA TODOS: UM ANO ABENÇOADO
A VOZ DO PASTOR
QUEM DERA QUE NINGUÉM TREPASSE POR AÍ...
Quando recebemos coisas de mão beijada, como, por
exemplo, a saúde, a paz social, o bem estar familiar, regra geral não damos por
isso, não as agradecemos nem lhes damos grande apreço. Logo que as perdemos,
ficamos lacrimosos como bebés a quem se lhes retira a chupeta da boca! Sem
querer ser acusa-pilatos, e desafiando quem quer que seja a atirar-lhes a
primeira pedra, Adão e Eva escaqueiraram a harmonia paradisíaca. A riqueza que
receberam, e gratuitamente usufruíam, foi por eles mandada às urtigas. Só depois
de a terem perdido, é que lhe reconheceram o valor e a falta. Nada custa
imaginar que após essa trágica aventura, possivelmente já em tensão um com o
outro, tivessem zarpado lá para o fundo do quintal a carpir as mágoas de tal
desgraça, sentados por lá numa qualquer pedra filosofal em jeito de poltrona
almofadada e com a cobra feita mirone a gargalhar por ter levado a melhor.
Assustados e de olhos arregalados até às orelhas, é de crer que se voltassem um
para o outro e dissessem, tristes e amargurados: “eia!..., como a vida está
difícil!...”.
Segundo a narração, logo ouviram passos no jardim a
martelar-lhes a consciência. “Adão, onde é que tu estás?”. Ora, ora, onde é que
ele estaria!... Reconhecendo a borrasca do seu gesto, uma desobediência que os
coca-bichinhos gostariam de saber em que é que teria consistido, puseram-se ao
fresco e ao largo. Foram-se esconder por entre o arvoredo e a vegetação, com
medo e vergonha, sem assumir o erro, esgravatando desculpas. Como criaturas,
tinham ultrapassado os limites que livremente deveriam reconhecer e respeitar.
Não quiseram viver segundo o Criador. Queriam ser como Ele, mas sem Ele ou em
vez d’Ele. Aceitar as leis da criação e as normas morais que regulam o
exercício da liberdade não foi coisa que apreciassem. Preferiram optar por si
próprios. Esqueceram a sua condição de criaturas, agiram contra todo o
equilíbrio ecológico e contra o seu próprio bem. A sua dignidade e sentido
existencial foram-se às malvas. Perderam a graça da santidade e da justiça
originais que tinham recebido, não só para si, mas para toda a natureza humana.
Assim, por um só homem entrou o pecado no mundo, e, pelo pecado, toda a criação
ficou sujeita à servidão da corrupção e da morte. Embora não cometido por nós,
embora fosse uma falta pessoal de Adão e Eva, e não nossa, todos ficamos
privados da santidade e da justiça originais. A esta privação chamamos pecado
original. Um pecado que se tornou próprio de cada um de nós. Todos nascemos com
ele, por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada
da santidade e justiça originais. Chama-se pecado por analogia, por ser
contraído, não cometido, por ser um estado, não um ato. Mas porquê, assim?
Porque todo o género humano é, em Adão, como um só corpo dum único homem. De
facto, como refere o Catecismo da Igreja Católica sobre esta matéria, que
aconselho a ler desde o número 396 a 412, e donde fiz esta síntese sem
preocupação de colocar algumas aspas, a transmissão do pecado original é um
mistério que não podemos compreender plenamente, mas cujas consequências jamais
deixaram de nos bater à porta.
Deus, porém, nunca desistiu de nós. Foi-nos
manifestando a sua presença e cuidado por muitos meios e modos. Como expressão
máxima da sua condescendência e pedagogia infinitas, enviou-nos o seu próprio
Filho. Jesus é a Palava do Pai, é o Verbo encarnado entre nós! O Criador fez-se
criatura para nos falar, para nos revelar o seu amor, para servir a humanidade
e dar a vida em resgate de todos, para nos redimir, nos libertar do vínculo da
culpa original. E assim, face à unidade de todo o género humano, como pelo
pecado de um só veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra
de justiça de um só veio para todos a justificação que dá a vida (cf. Rm 5,
18). À universalidade do pecado e da morte, opõe-se a universalidade da
salvação em Cristo, onde abundou o pecado, superabundou a graça (cf. Rom 5,20).
Todos estamos implicados no pecado de Adão do mesmo modo que todos estamos
implicados na justificação de Cristo. Se não fosse coisa séria, como é que Deus
Pai, que é infinitamente bom, enviaria o seu Filho à terra sabendo que iria ser
morto, por nada, no vexame da cruz? É a partir desta certeza da fé, que a
Igreja, em fidelidade a Cristo (Mt 28,18-20), anuncia, aconselha e celebra o Batismo
para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer
pecado pessoal. O Batismo, instituído por Cristo, não se deve adiar sem razão,
o Papa Francisco tem insistido nisso. Ele apaga o pecado original, confere a
vida da graça, reorienta-nos para Deus, torna-nos membros da Igreja, faz-nos
templos do Espírito Santo e socio-cooperadores na construção do Reino de Deus,
faz-nos usufruir de todas as graças que o Senhor nos oferece na sua Igreja e
pela sua Igreja e das quais não devemos privar as próprias crianças. O Batismo
é um dom, e tudo o que é dom de Deus implica colaboração humana. Sim, apesar de
redimida por Cristo, a natureza humana ficou e persiste enfraquecida e
inclinada para o mal. Dentro da sua liberdade, precisa de se concentrar no
essencial, precisa de combate espiritual, precisa de aceitar e seguir a
sinalética e as pistas que Jesus apontou para quem quiser trilhar os caminhos
duma vida com sentido. Como afirmava São João Paulo II, “Ignorar que o homem
tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no
domínio da educação, da política, da ação social e dos costumes”.
Em fim de um ano civil, fazem-se análises e balanços,
sempre em busca da verdade. Se há deficit, se há coisas mal feitas, procura-se
ver como solucionar e como trepar no futuro. Num outro campo de ação, cada
cristão também poderá provocar dentro de si a pergunta que Deus fez a Adão,
ouvindo o próprio Deus a chamar-lhe pelo nome e a perguntar-lhe, não já sobre o
resultado das empresas e empreendimentos, mas sobre o seu desempenho
espiritual: “...onde é que tu estás?” Oxalá não seja a trepar pela infidelidade
a Deus, à família, à Igreja, aos deveres laborais e sociais. Oxalá não seja a
procurar desculpas para fugir a toda e qualquer espécie de compromisso em favor
do bem comum e da boa cidadania. Oxalá ninguém esteja escondido por entre as
esquinas do seu dia-a-dia para fazer o que quer e não o que deve. Oxalá ninguém
se sinta com medo e vergonha porque despido de dignidade pela vida que leva ou locais
que frequenta. Porque ninguém merece destruir-se, é importante dar sentido à
vida, estar aberto às surpresas de Deus, agradecer-lhe o seu gesto de
misericórdia para connosco e sentir a sua paz, uma paz que nos dinamiza em
direção aos outros e na prática do bem.
Por estes dias, lemos, ouvimos e rezamos uma bênção a
crescer em três tempos. Segundo os estudiosos da matéria, no original hebraico
essa bênção tem três palavras na primeira parte, cinco na segunda e sete na
terceira. Na Bíblia, os números ímpares são simbólicos, indicam a perfeição,
têm qualidade. Ao iniciarmos um novo ano que todos desejamos seja o mais
possível dentro da perfeição e da qualidade, aqui deixo essa bênção em jeito de
oração por cada um: “O Senhor te abençoe e te proteja; O Senhor faça brilhar
sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e
te conceda a paz”.
Os Reis Magos, depois de terem encontrado, adorado e
presenteado Jesus, regressaram a casa por outro caminho. Foi sempre assim: quem
se deixa guiar pela Estrela e encontra Jesus, regressa sempre a casa por outro
caminho, o caminho da conversão, da alegria e da paz dinâmica.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 31-12-2021
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