PARÓQUIAS DE NISA
Quinta, 06 de janeiro de 2022
Quinta-feira depois da Epifania
LITURGIA
Quinta-feira
depois da Epifania
Branco – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Epifania ou do Natal.
L1: 1 Jo 4, 19 – 5, 4; Sal 71 (72), 2. 14-15bc. 17
Ev: Lc 4, 14-22a
* Aniversário da Ordenação episcopal de D. Amândio José Tomás (2002), Bispo
Emérito de Vila Real.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA cf.
Jo l, l
No princípio, antes da criação do universo,
o Verbo era Deus.
Ele dignou-Se nascer para salvar o mundo.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que por meio do vosso Filho manifestastes a todos os povos a luz da
sabedoria eterna, concedei aos vossos fiéis que, iluminados plenamente pelo
esplendor da redenção de Cristo e progredindo sempre no conhecimento da
verdade, alcancem a claridade da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Jo 4, 19 – 5, 4
«Quem ama a Deus ame também o seu irmão»
Leitura da
Primeira Epístola de São João
Caríssimos: Nós devemos amar, porque
Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: «Amo a Deus» e odiar o seu irmão, é
mentiroso. Quem não ama o seu irmão, que vê, não pode amar a Deus, que não vê.
É este o mandamento que recebemos d’Ele: quem ama a Deus ame também o seu
irmão. Quem acredita que Jesus é o Messias nasceu de Deus e quem ama Aquele que
gerou ama também o que d’Ele nasceu. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus
quando amamos a Deus, cumprindo os seus mandamentos, porque o amor de Deus
consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados,
porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o
mundo: a nossa fé.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 71 (72), 2.14.15bc.17 (R. cf. 11)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor,
todos os povos da terra. Repete-se
Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade. Refrão
Ele os libertará da opressão e da violência
e o sangue deles será precioso a seus olhos;
por ele hão-de rezar sempre
e todos os dias o bendirão. Refrão
O seu nome será eternamente bendito
e durará tanto como a luz do sol;
nele serão abençoadas todas as nações,
todos os povos da terra o hão-de bendizer. Refrão
ALELUIA Lc 4, 18
Refrão: Aleluia Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova,
a proclamar aos cativos a redenção. Refrão
EVANGELHO Lc 4, 14-22a
«Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e a sua
fama propagou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e era elogiado por
todos. Foi então a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou
na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o
livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava
escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para
anunciar a boa nova aos pobres; Ele Me enviou a proclamar a redenção aos
cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a
proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro, entregou-o ao
ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga.
Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura
que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam da
mensagem da graça que saía da sua boca.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, a oblação que trazemos ao vosso altar nesta admirável permuta
de dons, de modo que, oferecendo-Vos o que nos destes, mereçamos receber-Vos a
Vós mesmo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 3, 16
Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito.
Quem acredita n’Ele tem a vida eterna.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que a nossa vida seja constantemente fortalecida
pela comunhão nos vossos santos mistérios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: 1
Jo 4, 19 – 5, 4: Quem
tem fé em Jesus Cristo torna-se filho de Deus, nasce de Deus. Por isso, quem
ama a Deus ame também os seus filhos, que são nossos irmãos. Amor de Deus e
amor do próximo andam sempre juntos. A fé está na base deste amor, a fé que
torna o homem vitorioso sobre o mundo, como Jesus foi vitorioso sobre o Mundo
(Jo 16, 33).
Lc
4, 14-22a: Esta
passagem apresenta a primeira pregação de Jesus. Foi em Nazaré e numa
celebração litúrgica. Jesus, segundo o uso da Sinagoga, fez a leitura, e depois
a homilia. Aplicando a Si próprio a passagem do profeta que acabava de ler,
Jesus manifesta-Se como sendo Ele mesmo o Ungido de Deus, o Messias, o Cristo
esperado desde os tempos antigos. A sua homilia foi aqui, pela primeira vez, a
proclamação do Evangelho na celebração litúrgica.
AGENDA DO DIA:
18.00
horas: Missa em Nisa.
PENSAMENTO DO DIA
A VOZ DO PASTOR
QUEM DERA QUE NINGUÉM TREPASSE POR AÍ...
Quando recebemos coisas de mão beijada, como, por
exemplo, a saúde, a paz social, o bem estar familiar, regra geral não damos por
isso, não as agradecemos nem lhes damos grande apreço. Logo que as perdemos,
ficamos lacrimosos como bebés a quem se lhes retira a chupeta da boca! Sem
querer ser acusa-pilatos, e desafiando quem quer que seja a atirar-lhes a
primeira pedra, Adão e Eva escaqueiraram a harmonia paradisíaca. A riqueza que
receberam, e gratuitamente usufruíam, foi por eles mandada às urtigas. Só depois
de a terem perdido, é que lhe reconheceram o valor e a falta. Nada custa
imaginar que após essa trágica aventura, possivelmente já em tensão um com o
outro, tivessem zarpado lá para o fundo do quintal a carpir as mágoas de tal
desgraça, sentados por lá numa qualquer pedra filosofal em jeito de poltrona
almofadada e com a cobra feita mirone a gargalhar por ter levado a melhor.
Assustados e de olhos arregalados até às orelhas, é de crer que se voltassem um
para o outro e dissessem, tristes e amargurados: “eia!..., como a vida está
difícil!...”.
Segundo a narração, logo ouviram passos no jardim a
martelar-lhes a consciência. “Adão, onde é que tu estás?”. Ora, ora, onde é que
ele estaria!... Reconhecendo a borrasca do seu gesto, uma desobediência que os
coca-bichinhos gostariam de saber em que é que teria consistido, puseram-se ao
fresco e ao largo. Foram-se esconder por entre o arvoredo e a vegetação, com
medo e vergonha, sem assumir o erro, esgravatando desculpas. Como criaturas,
tinham ultrapassado os limites que livremente deveriam reconhecer e respeitar.
Não quiseram viver segundo o Criador. Queriam ser como Ele, mas sem Ele ou em
vez d’Ele. Aceitar as leis da criação e as normas morais que regulam o
exercício da liberdade não foi coisa que apreciassem. Preferiram optar por si
próprios. Esqueceram a sua condição de criaturas, agiram contra todo o
equilíbrio ecológico e contra o seu próprio bem. A sua dignidade e sentido
existencial foram-se às malvas. Perderam a graça da santidade e da justiça
originais que tinham recebido, não só para si, mas para toda a natureza humana.
Assim, por um só homem entrou o pecado no mundo, e, pelo pecado, toda a criação
ficou sujeita à servidão da corrupção e da morte. Embora não cometido por nós,
embora fosse uma falta pessoal de Adão e Eva, e não nossa, todos ficamos
privados da santidade e da justiça originais. A esta privação chamamos pecado
original. Um pecado que se tornou próprio de cada um de nós. Todos nascemos com
ele, por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada
da santidade e justiça originais. Chama-se pecado por analogia, por ser
contraído, não cometido, por ser um estado, não um ato. Mas porquê, assim?
Porque todo o género humano é, em Adão, como um só corpo dum único homem. De
facto, como refere o Catecismo da Igreja Católica sobre esta matéria, que
aconselho a ler desde o número 396 a 412, e donde fiz esta síntese sem
preocupação de colocar algumas aspas, a transmissão do pecado original é um
mistério que não podemos compreender plenamente, mas cujas consequências jamais
deixaram de nos bater à porta.
Deus, porém, nunca desistiu de nós. Foi-nos
manifestando a sua presença e cuidado por muitos meios e modos. Como expressão
máxima da sua condescendência e pedagogia infinitas, enviou-nos o seu próprio
Filho. Jesus é a Palava do Pai, é o Verbo encarnado entre nós! O Criador fez-se
criatura para nos falar, para nos revelar o seu amor, para servir a humanidade
e dar a vida em resgate de todos, para nos redimir, nos libertar do vínculo da
culpa original. E assim, face à unidade de todo o género humano, como pelo
pecado de um só veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra
de justiça de um só veio para todos a justificação que dá a vida (cf. Rm 5,
18). À universalidade do pecado e da morte, opõe-se a universalidade da
salvação em Cristo, onde abundou o pecado, superabundou a graça (cf. Rom 5,20).
Todos estamos implicados no pecado de Adão do mesmo modo que todos estamos
implicados na justificação de Cristo. Se não fosse coisa séria, como é que Deus
Pai, que é infinitamente bom, enviaria o seu Filho à terra sabendo que iria ser
morto, por nada, no vexame da cruz? É a partir desta certeza da fé, que a
Igreja, em fidelidade a Cristo (Mt 28,18-20), anuncia, aconselha e celebra o Batismo
para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer
pecado pessoal. O Batismo, instituído por Cristo, não se deve adiar sem razão,
o Papa Francisco tem insistido nisso. Ele apaga o pecado original, confere a
vida da graça, reorienta-nos para Deus, torna-nos membros da Igreja, faz-nos
templos do Espírito Santo e socio-cooperadores na construção do Reino de Deus,
faz-nos usufruir de todas as graças que o Senhor nos oferece na sua Igreja e
pela sua Igreja e das quais não devemos privar as próprias crianças. O Batismo
é um dom, e tudo o que é dom de Deus implica colaboração humana. Sim, apesar de
redimida por Cristo, a natureza humana ficou e persiste enfraquecida e
inclinada para o mal. Dentro da sua liberdade, precisa de se concentrar no
essencial, precisa de combate espiritual, precisa de aceitar e seguir a
sinalética e as pistas que Jesus apontou para quem quiser trilhar os caminhos
duma vida com sentido. Como afirmava São João Paulo II, “Ignorar que o homem
tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no
domínio da educação, da política, da ação social e dos costumes”.
Em fim de um ano civil, fazem-se análises e balanços,
sempre em busca da verdade. Se há deficit, se há coisas mal feitas, procura-se
ver como solucionar e como trepar no futuro. Num outro campo de ação, cada
cristão também poderá provocar dentro de si a pergunta que Deus fez a Adão,
ouvindo o próprio Deus a chamar-lhe pelo nome e a perguntar-lhe, não já sobre o
resultado das empresas e empreendimentos, mas sobre o seu desempenho
espiritual: “...onde é que tu estás?” Oxalá não seja a trepar pela infidelidade
a Deus, à família, à Igreja, aos deveres laborais e sociais. Oxalá não seja a
procurar desculpas para fugir a toda e qualquer espécie de compromisso em favor
do bem comum e da boa cidadania. Oxalá ninguém esteja escondido por entre as
esquinas do seu dia-a-dia para fazer o que quer e não o que deve. Oxalá ninguém
se sinta com medo e vergonha porque despido de dignidade pela vida que leva ou locais
que frequenta. Porque ninguém merece destruir-se, é importante dar sentido à
vida, estar aberto às surpresas de Deus, agradecer-lhe o seu gesto de
misericórdia para connosco e sentir a sua paz, uma paz que nos dinamiza em
direção aos outros e na prática do bem.
Por estes dias, lemos, ouvimos e rezamos uma bênção a
crescer em três tempos. Segundo os estudiosos da matéria, no original hebraico
essa bênção tem três palavras na primeira parte, cinco na segunda e sete na
terceira. Na Bíblia, os números ímpares são simbólicos, indicam a perfeição,
têm qualidade. Ao iniciarmos um novo ano que todos desejamos seja o mais
possível dentro da perfeição e da qualidade, aqui deixo essa bênção em jeito de
oração por cada um: “O Senhor te abençoe e te proteja; O Senhor faça brilhar
sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e
te conceda a paz”.
Os Reis Magos, depois de terem encontrado, adorado e
presenteado Jesus, regressaram a casa por outro caminho. Foi sempre assim: quem
se deixa guiar pela Estrela e encontra Jesus, regressa sempre a casa por outro
caminho, o caminho da conversão, da alegria e da paz dinâmica.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 31-12-2021
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