PARÓQUIAS
DE NISA
Sexta-feira,
04 de junho de 2021
LITURGIA
Sexta-feira da semana IX
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha
L 1 Tob 11, 5-17; Sal 145 (146), 1-2. 7. 8. 9. 10
Ev Mc 12, 35-37
* Na Ordem Agostiniana – B. Tiago de Viterbo, bispo – MO
* Na Ordem Beneditina (Singeverga e Casas dependentes) – Sufrágios pelos
Fundadores do Mosteiro, família Gouveia Azevedo (Laudes e Missa de defuntos).
* Na Ordem de São Domingos – S. Pedro de Verona, presbítero e mártir – MO
* Na Congregação da Paixão de Jesus Cristo – Ofício e Missa votivos da Paixão.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo
24, 16.18
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão, porque estou só e desamparado. Vede
a minha miséria e o meu tormento e perdoai todos os meus pecados.
ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso e eterno,
cuja providência não se engana em seus decretos,
humildemente Vos suplicamos:
afastai de nós todos os males
e concedei-nos todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Tob 11, 5-17
«Deus tinha-me ferido, mas agora vejo o meu filho»
Leitura do Livro
de Tobias
Naqueles dias, Ana, mulher de Tobit, estava sentada, percorrendo com a vista o
caminho por onde seu filho Tobias devia voltar. Quando verificou que ele estava
a chegar, disse a Tobit: «O teu filho está a chegar com o homem que o
acompanhou». O Anjo Rafael tinha dito a Tobias, antes de que ele se aproximasse
do pai: «Estou certo de que se abrirão os olhos de teu pai. Unta-lhe os olhos
com o fel de peixe: o remédio fará que as manchas se reduzam e desapareçam dos
seus olhos. Teu pai vai recuperar a vista e verá a luz». Ana correu a lançar-se
ao pescoço de seu filho e disse-lhe: «Já te vejo, meu filho. Agora posso
morrer». E começou a chorar. Tobit levantou-se e, embora tropeçando, conseguiu
sair pela porta do pátio. Tobias foi ao seu encontro, com o fel de peixe na
mão; soprou-lhe nos olhos, segurou-o e disse-lhe: «Coragem, pai!». Depois
aplicou-lhe o remédio e, com ambas as mãos, tirou-lhe uma espécie de pele dos
cantos dos olhos. Então Tobit lançou-se-lhe ao pescoço e chorou, dizendo: «Já
te vejo, meu filho, luz dos meus olhos». E exclamou: «Bendito seja Deus,
bendito seja o seu santo nome. Benditos sejam os seus santos Anjos por todos os
séculos. Porque Deus tinha-me ferido, mas compadeceu-Se de mim, e agora vejo
meu filho Tobias».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 145 (146), 1-2.7.8.9.10 (R. 1b)
Refrão: Ó minha alma, louva o Senhor. Repete-se
Ou: Aleluia. Repete-se
Louva, minha alma, o Senhor.
Louvarei o Senhor toda a minha vida,
cantarei ao meu Deus enquanto viver. Refrão
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos. Refrão
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. Refrão
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores. Refrão
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações. Refrão
ALELUIA Jo 14, 23
Refrão: Aleluia Repete-se
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra,
diz o Senhor:
meu Pai O amará e faremos nele a nossa morada. Refrão
EVANGELHO Mc 12, 35-37
«Como podem dizer que o Messias é filho de David?»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus ensinava no templo, dizendo: «Como podem os escribas dizer
que o Messias é filho de David? O próprio David afirmou, sob a ação do Espírito
Santo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-Te à minha direita, até que Eu faça
dos teus inimigos escabelo dos meus pés’. O próprio David Lhe chama ‘Senhor’.
Como pode ser seu filho?». E a numerosa multidão escutava com prazer o que
Jesus dizia.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Confiando na vossa bondade, Senhor,
trazemos ao altar os nossos dons,
para que estes mistérios que celebramos
nos purifiquem de todo o pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 16, 6
Escutai, Senhor, as minhas palavras,
respondei-me quando Vos invoco.
Ou Mc 11, 23.24
Tudo o que pedirdes na oração vos será concedido,
diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Guiai, Senhor, com o vosso Espírito
aqueles que alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
de modo que, dando testemunho de Vós,
não só com palavras mas em obras e verdade,
mereçamos entrar no reino dos Céus.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1. Leitura: - Lê, respeita, situa o
que lês.
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação: - Interioriza, dialoga,
atualiza o que leste.
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua
vida” 2020.11.28
3. Oração: - Louva o Senhor,
suplica, escuta.
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS: Tob 11, 5-17 :A
cura da cegueira de Tobit, pela aplicação do medicamento extraído do peixe, é
uma das graças maiores que Deus concede àquela família, e que ela bem sabe
reconhecer e agradecer. Por outro lado, todo o ambiente da vida desta família é
uma grande graça de Deus. Aqui, viver é conviver. O quadro termina outra vez,
num belo momento de oração de louvor e ação de graças, no estilo das orações de
“bênção”, ou orações “eucarísticas” da Bíblia: ‘Bendito seja Deus!...’
Mc 12, 35-37: Agora
é Jesus que interroga. Citando um versículo de um salmo de David, que se aplica
ao Messias, a quem David trata por “Senhor”, Jesus apresenta a questão que
finalmente define quem é o Messias: é filho ou senhor de David? Falando à
maneira dos mestres da época, Jesus fez compreender aos seus ouvintes que Ele não
é apenas filho de David, mas que lhe é superior. Ele é seu Senhor.
AGENDA DO DIA:
18.00 horas: Missa em
Nisa
18.00 horas: Missa em Alpalhão.
A VOZ DO
PASTOR:
NÃO ADORES NUNCA NINGUÉM MAIS...
Celebramos “o mistério central da
fé e da vida cristã”, o mistério da Santíssima Trindade! Porque é um mistério,
por mais que nele penetremos, permanecerá sempre mistério. O mistério, porém,
não é uma parede contra a qual esbarremos. É antes, um mar saudável onde
mergulhamos, explorando, com serenidade contemplativa, a sua beleza
inesgotável, a sua profundidade sem pé. A Trindade experimenta-se, vive-se,
reza-se, ama-se.
Com os judeus e os muçulmanos,
nós, cristãos, proclamamos que o nosso Deus é o único e verdadeiro Deus, não há
outro. Mas este Deus verdadeiro e único, na sua condescendência e pedagogia sem
igual, enviou o seu Filho ao mundo, Jesus Cristo, Deus amor total no centro da
história. Jesus falou-nos de Deus Pai, origem e causa do amor. Enviou-nos o
Espírito Santo, Espírito de vida e comunhão. É, pois, através da vida e dos
ensinamentos de Jesus, que nós, cristãos, tivemos conhecimento, tanto quanto
nos é possível entender, do mistério da Santíssima Trindade. Basta recordar a
Anunciação, o Batismo de Jesus, a Transfiguração e tantas outras palavras,
atitudes e promessas de Jesus, bem como o mandato que Ele nos deu de ir por
todo o mundo a anunciar e a batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. Nós, cristãos, professamos, pois, a nossa fé em Deus Pai, eterno e omnipotente,
mas que, com o seu Filho Unigénito e o Espírito Santo, são um só Deus, um só
Senhor, não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza.
Mesmo que esta afirmação nos faça parar e olhar para trás para reler e tentar
saber como isso jogará - um só Deus, um só Senhor, não na unidade de uma só
pessoa, mas na trindade de uma só natureza -, mesmo que isso aconteça, é-nos
revelado que Deus é relação, é comunidade, é família. Não uma família ou
comunidade cujos membros vivam de costas voltadas uns para os outros, isolados,
amuados, ciumentos, ingratos, desinteressados, indiferentes, só valentes em
gritarias e violência. Mas uma família comunidade de vida e de amor, com tudo o
que isso implica de pura relação.
Fomos criados à imagem e semelhança
deste Deus que é único e família. Por isso, também cada um de nós é único,
todos iguais mas todos diferentes, ninguém pode ser em vez do outro, o outro
não pode ser em vez de mim, cada um é cada qual, é ele mesmo, único. Ao mesmo
tempo, porém, porque criados à imagem deste Deus único, mas comunidade de
pessoas, também somos seres sociais, só nos realizamos em comunidade, em
relação com os outros. Mais: mesmo que Deus não tenha definição possível, São
João Evangelista indicou-nos uma maneira de penetrarmos no seu mistério, de
falar d’Ele e sobre Ele, dizendo-nos que “Deus é amor”. O amor, porém, afirmou
Bento XVI, “é sempre um mistério, uma realidade que supera a razão sem a
contradizer, antes exalta as suas potencialidades”. Ora, se fomos criados à
imagem deste Deus único e social que é Amor, fomos criados por amor e só nos
realizaremos amando. São João, ao dizer que Deus é amor, acrescenta uma espécie
de recado para nós: “amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Quem
não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” (Jo 4,8). Essa é a novidade
cristã: o amor é a experiência original e originante de toda a vida deveras
vivida: “quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14).
Na experiência do amor há sempre
qualquer coisa de uno e trino. Há sempre qualquer coisa de unidade e de
alteridade, tão exigente para a comunidade como para o indivíduo. Há um EU que
ama, há um TU que é amado, há o AMOR que une esse eu e esse tu, dando origem ao
nós. É assim connosco, em nós e entre nós. Apesar de diferentes, somos com os
outros, para os outros e a partir dos outros. Os outros não são o inferno,
contrariando Sartre. Não são o inferno para nós e nós não podemos ser o inferno
para os outros. Se o amor é verdadeiro, se as pessoas se amam verdadeiramente,
cada uma acolhe e reconhece a outra como outra, como dom, não se diluem, não se
assimilam, não se invadem, mantêm a sua alteridade pessoal, são um valor em si
mesmas, nenhuma pode ser usada ou sacrificada por qualquer interesse seja ele
qual for. Há respeito mútuo, corresponsabilidade, participação, diálogo,
atenção constante ao bem do outro. Em Deus único, há três pessoas que não se
diluem, nem se assimilam, mantêm a sua alteridade e missão distinta, em
liberdade comum e criatividade amorosa, num dinamismo constante de mútuo dar-se
e receber-se. É na experiência do outro e, sobretudo, na experiência do amor ao
outro que está muito daquilo que confessamos em Deus Trindade. Esta analogia
trinitária do amor não pretende esgotar nem será, por certo, a única possibilidade
da experiência do amor. Ela permanece aberta a que sempre se possa dizer muito
mais, mas ajuda-nos a entrar nos dinamismos do amor da Santíssima Trindade. Há
o Pai, aquele que ama. Há o Filho, aquele que é amado. Há o Espírito Santo, o
amor que tudo unifica, renova e transforma.
Acreditar, celebrar, falar,
refletir, rezar e contemplar a Santíssima Trindade deveria levar a pessoa, a
Igreja, a família, a sociedade e os diversos setores da atividade humana, não
só a pastoral, mas também a economia, a cultura, a vida social, etc., a tirarem
conclusões para a sua maneira de ser, estar e agir. Não que a Santíssima
Trindade seja uma espécie de guião pastoral, político, económico ou cultural.
Não para esperar que ela dite soluções ou dispense alguém do que deve fazer.
Mas para que se busque a sua inspiração e a experiência do outro seja, para
todos, tudo o que idealmente pode ser, dentro dos dinamismos do amor.
A Igreja tem a sua origem fundamental no mistério da
Trindade e existe para a realização do desígnio de Deus na história: o Deus
amor que criou o universo e gerou um povo, o Deus que se fez homem, morreu e
ressuscitou por todos nós, o Deus que, pelo seu Espírito, tudo transforma e
leva à plenitude, o Deus Criador, Salvador e Santificador. Ela nasceu do coração
de Deus Pai, foi prefigurada desde toda a eternidade, foi preparada ao longo de
todo o Velho Testamento, foi instituída por Cristo, foi manifestada pelo
Espírito Santo, há de ser consumada no fim dos tempos, na glória (cf.LG2). Se
ela é obra do Pai e do Filho e do Espírito Santo, se a vida que existe em Deus,
no seio da Trindade, é o Amor, a Igreja não tem outra missão senão a de
reproduzir no mundo a vida que existe no seio da Trindade, Ela é extensão da
Trindade no tempo. Por isso, a Igreja será tanto mais fiel a si mesma, quanto
mais for, no tempo, agente fomentador do amor, isto é, da proximidade, da
cultura do diálogo, da corresponsabilidade, da participação, da delicadeza, do
perdão, do compromisso, da justiça, da verdade, da alegria, da paz, do
entendimento. Mas esta Igreja não são os outros, melhor, também são os outros,
mas esta Igreja é cada um de nós. Por isso, cada um de nós será tanto mais fiel
a Deus e à Igreja, quanto mais for, individual e coletivamente, fomentador
dessa mesma cultura no mundo em que vive.
De igual modo a família. Também
ela é ícone da Trindade, devendo deixar-se inspirar na sua maneira de ser,
estar, agir, viver e conviver. E que bom seria se toda a sociedade humana
descobrisse que é na Trindade que também se encontra a sua origem e o seu
modelo social! Haveria mais amor, amor desinteressado, de uns para com os
outros, lutar-se-ia mais abnegadamente pela justiça, inverter-se-iam tantos
procedimentos e estruturas em favor dos mais desfavorecidos, fomentar-se-ia a
reciprocidade entre todos, sempre em testemunho alegre mesmo que por entre
adversidades e perseguições.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco,
28-05-2021.
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