terça-feira, 1 de junho de 2021

 

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Quarta-feira, 02 de junho de 2021

 

IX semana do tempo comum

 

 

LITURGIA

 

Quarta-feira da semana IX

S. Marcelino e S. Pedro, mártires – MF
Verde ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L 1 Tob 3, 1-11a. 16-17a; Sal 24 (25), 2-3. 4-5ab. 6-7bc. 8-9
Ev Mc 12, 18-27

* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – S. Félix de Nicosia, religioso – MF
* Em Portugal – I Vésp. do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Compl. dep. I Vésp. dom.

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 24, 16.18
Olhai para mim, Senhor, e tende compaixão, porque estou só e desamparado. Vede a minha miséria e o meu tormento e perdoai todos os meus pecados.


ORAÇÃO COLECTA
Deus todo-poderoso e eterno,
cuja providência não se engana em seus decretos,
humildemente Vos suplicamos:
afastai de nós todos os males
e concedei-nos todos os bens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I (anos ímpares) Tob 3, 1-11a.16-17a
«A prece de ambos foi escutada pelo Deus da glória»


Leitura do Livro de Tobias


Naqueles dias, eu, Tobit, de alma angustiada, gemendo e chorando, comecei a dizer entre suspiros a seguinte oração: «Vós sois justo, Senhor, e são justas todas as vossas obras. Os vossos caminhos são misericórdia e fidelidade, Vós sois o juiz do mundo. Agora, Senhor, lembrai-Vos de mim e olhai para mim. Não me castigueis pelos meus pecados e erros, nem pelos dos meus antepassados, que cometemos na vossa presença, desobedecendo aos vossos mandamentos. Por isso Vós nos entregastes à pilhagem, ao cativeiro e à morte, ao escárnio, à zombaria e ao insulto de todos os povos entre os quais nos dispersastes. Na verdade, todas as vossas sentenças são justas, quando me tratais assim, por causa dos meus pecados e pelos dos meus antepassados, porque não cumprimos os vossos mandamentos, nem procedemos fielmente para convosco. Mas agora tratai-me como for do vosso agrado, ordenai que me seja tirada a vida, para que eu desapareça da face da terra e em terra me venha a tornar. Para mim, na verdade, é melhor morrer do que viver, pois tive de ouvir ofensas caluniosas e sinto uma grande tristeza. Senhor, fazei que eu me livre desta aflição, deixai-me partir para a eterna morada. Não afasteis de mim o vosso rosto, Senhor, porque para mim é melhor morrer do que suportar tão grande aflição na minha vida e ter de ouvir tantos insultos». No mesmo dia, sucedeu que Sara, filha de Raguel, que vivia em Ecbátana da Média, também foi insultada por uma serva de seu pai. Ela tinha casado sete vezes, mas Asmodeu, o demónio malfazejo, matava-lhe os maridos, antes de viverem com ela, conforme está prescrito às esposas. A serva dizia-lhe: «És tu que matas os teus maridos: já casaste com sete homens e não usaste o nome de nenhum deles. Porque nos tratas mal por causa da sua morte? Vai-te com eles e que nunca se veja nascer de ti filho nem filha». Nesse dia, Sara entristeceu-se profundamente e começou a chorar. Subiu à sala do andar superior da casa de seu pai e quis enforcar-se. Mas, refletindo, pensou: «Talvez insultem meu pai e lhe digam: ‘Só tinhas uma filha querida e ela enforcou-se por causa das suas desgraças’. Assim faria descer meu pai à morada dos mortos, cheio de desgosto na sua velhice. É melhor que, em vez de me enforcar, eu suplique ao Senhor que me faça morrer, para não mais ter de ouvir insultos na minha vida. Então estendeu as mãos para a janela e começou a rezar. Nesse momento, a prece de ambos foi escutada pelo Deus da glória e o Anjo Rafael foi enviado para dar remédio a Tobit e a Sara.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 24 (25), 2-3. 4-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. cf. 1b)
Refrão: Senhor, meu Deus, em Vós confio. Repete-se

Senhor, meu Deus, em Vós confio,
Não seja confundido
nem escarneçam de mim os inimigos.
Não serão confundidos os que esperam em Vós,
mas serão confundidos
os que sem razão faltam à palavra. Refrão

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. Refrão

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor. Refrão

O Senhor é bom e reto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. Refrão


ALELUIA Jo 11, 25a.26
Refrão: Aleluia Repete-se

Eu sou a ressurreição e a vida, diz o Senhor:
quem acredita em Mim não morrerá.
Refrão


EVANGELHO Mc 12, 18-27
«Não é Deus de mortos, mas de vivos»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, foram ter com Jesus alguns saduceus – que afirmam não haver ressurreição – e perguntaram-lhe: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe esposa sem filhos, esse homem deve casar-se com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência. O segundo casou com a viúva e também morreu sem deixar descendência. O mesmo sucedeu ao terceiro. E nenhum dos sete deixou descendência. Por fim morreu também a mulher. Na ressurreição, quando voltarem à vida, de qual deles será ela esposa? Porque todos os sete se casaram com ela». Disse-lhes Jesus: «Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus? Na verdade, quando ressuscitarem dos mortos, nem eles se casam, nem elas são dadas em casamento; mas serão como os Anjos nos Céus. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no Livro de Moisés, no episódio da sarça ardente, como Deus disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’? Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Vós andais muito enganados».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Confiando na vossa bondade, Senhor,
trazemos ao altar os nossos dons,
para que estes mistérios que celebramos
nos purifiquem de todo o pecado.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 16, 6
Escutai, Senhor, as minhas palavras,
respondei-me quando Vos invoco.

Ou Mc 11, 23.24
Tudo o que pedirdes na oração vos será concedido,
diz o Senhor.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Guiai, Senhor, com o vosso Espírito
aqueles que alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
de modo que, dando testemunho de Vós,
não só com palavras mas em obras e verdade,
mereçamos entrar no reino dos Céus.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste 

2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra

LEITURAS: Tob 3, 1-11a.16-17a: Esta passagem manifesta o sentido e o valor da oração, que sai do coração contrito, humilde e confiante. Tobit, o homem fiel e bom, não reza apoiado nas suas boas obras. Antes, pelo contrário, a sua oração é uma longa confissão de seus pecados. Porque os reconhece, confessa-os, e, porque os confessa, também a sua oração é atendida.

Mc 12, 18-27: Os saduceus, embora da linhagem sacerdotal de Israel, interrogam Jesus, de modo quase grosseiro, para ver se apanham o Senhor numa cilada, com um problema que diz respeito a mortos. Jesus mostra-lhes que eles são mestres, mas ignorantes. Leem as Escrituras, mas não lhes entendem o espírito; são materialistas. E, citando também a Escritura, Jesus mostra como Deus, que já em Moisés Se revelara aos seus antepassados como Deus vivo, Ele, que é fiel, assim continua a ser, vivo e fonte de vida. A ressurreição é possível.

 

AGENDA DO DIA:

18.00 horas: Missa em Nisa

 

 

 

 

A VOZ DO PASTOR:

 

 

NÃO ADORES NUNCA NINGUÉM MAIS...

 

Celebramos “o mistério central da fé e da vida cristã”, o mistério da Santíssima Trindade! Porque é um mistério, por mais que nele penetremos, permanecerá sempre mistério. O mistério, porém, não é uma parede contra a qual esbarremos. É antes, um mar saudável onde mergulhamos, explorando, com serenidade contemplativa, a sua beleza inesgotável, a sua profundidade sem pé. A Trindade experimenta-se, vive-se, reza-se, ama-se.

Com os judeus e os muçulmanos, nós, cristãos, proclamamos que o nosso Deus é o único e verdadeiro Deus, não há outro. Mas este Deus verdadeiro e único, na sua condescendência e pedagogia sem igual, enviou o seu Filho ao mundo, Jesus Cristo, Deus amor total no centro da história. Jesus falou-nos de Deus Pai, origem e causa do amor. Enviou-nos o Espírito Santo, Espírito de vida e comunhão. É, pois, através da vida e dos ensinamentos de Jesus, que nós, cristãos, tivemos conhecimento, tanto quanto nos é possível entender, do mistério da Santíssima Trindade. Basta recordar a Anunciação, o Batismo de Jesus, a Transfiguração e tantas outras palavras, atitudes e promessas de Jesus, bem como o mandato que Ele nos deu de ir por todo o mundo a anunciar e a batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Nós, cristãos, professamos, pois, a nossa fé em Deus Pai, eterno e omnipotente, mas que, com o seu Filho Unigénito e o Espírito Santo, são um só Deus, um só Senhor, não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza. Mesmo que esta afirmação nos faça parar e olhar para trás para reler e tentar saber como isso jogará - um só Deus, um só Senhor, não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza -, mesmo que isso aconteça, é-nos revelado que Deus é relação, é comunidade, é família. Não uma família ou comunidade cujos membros vivam de costas voltadas uns para os outros, isolados, amuados, ciumentos, ingratos, desinteressados, indiferentes, só valentes em gritarias e violência. Mas uma família comunidade de vida e de amor, com tudo o que isso implica de pura relação.

Fomos criados à imagem e semelhança deste Deus que é único e família. Por isso, também cada um de nós é único, todos iguais mas todos diferentes, ninguém pode ser em vez do outro, o outro não pode ser em vez de mim, cada um é cada qual, é ele mesmo, único. Ao mesmo tempo, porém, porque criados à imagem deste Deus único, mas comunidade de pessoas, também somos seres sociais, só nos realizamos em comunidade, em relação com os outros. Mais: mesmo que Deus não tenha definição possível, São João Evangelista indicou-nos uma maneira de penetrarmos no seu mistério, de falar d’Ele e sobre Ele, dizendo-nos que “Deus é amor”. O amor, porém, afirmou Bento XVI, “é sempre um mistério, uma realidade que supera a razão sem a contradizer, antes exalta as suas potencialidades”. Ora, se fomos criados à imagem deste Deus único e social que é Amor, fomos criados por amor e só nos realizaremos amando. São João, ao dizer que Deus é amor, acrescenta uma espécie de recado para nós: “amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” (Jo 4,8). Essa é a novidade cristã: o amor é a experiência original e originante de toda a vida deveras vivida: “quem não ama permanece na morte” (1Jo 3,14).

Na experiência do amor há sempre qualquer coisa de uno e trino. Há sempre qualquer coisa de unidade e de alteridade, tão exigente para a comunidade como para o indivíduo. Há um EU que ama, há um TU que é amado, há o AMOR que une esse eu e esse tu, dando origem ao nós. É assim connosco, em nós e entre nós. Apesar de diferentes, somos com os outros, para os outros e a partir dos outros. Os outros não são o inferno, contrariando Sartre. Não são o inferno para nós e nós não podemos ser o inferno para os outros. Se o amor é verdadeiro, se as pessoas se amam verdadeiramente, cada uma acolhe e reconhece a outra como outra, como dom, não se diluem, não se assimilam, não se invadem, mantêm a sua alteridade pessoal, são um valor em si mesmas, nenhuma pode ser usada ou sacrificada por qualquer interesse seja ele qual for. Há respeito mútuo, corresponsabilidade, participação, diálogo, atenção constante ao bem do outro. Em Deus único, há três pessoas que não se diluem, nem se assimilam, mantêm a sua alteridade e missão distinta, em liberdade comum e criatividade amorosa, num dinamismo constante de mútuo dar-se e receber-se. É na experiência do outro e, sobretudo, na experiência do amor ao outro que está muito daquilo que confessamos em Deus Trindade. Esta analogia trinitária do amor não pretende esgotar nem será, por certo, a única possibilidade da experiência do amor. Ela permanece aberta a que sempre se possa dizer muito mais, mas ajuda-nos a entrar nos dinamismos do amor da Santíssima Trindade. Há o Pai, aquele que ama. Há o Filho, aquele que é amado. Há o Espírito Santo, o amor que tudo unifica, renova e transforma.

Acreditar, celebrar, falar, refletir, rezar e contemplar a Santíssima Trindade deveria levar a pessoa, a Igreja, a família, a sociedade e os diversos setores da atividade humana, não só a pastoral, mas também a economia, a cultura, a vida social, etc., a tirarem conclusões para a sua maneira de ser, estar e agir. Não que a Santíssima Trindade seja uma espécie de guião pastoral, político, económico ou cultural. Não para esperar que ela dite soluções ou dispense alguém do que deve fazer. Mas para que se busque a sua inspiração e a experiência do outro seja, para todos, tudo o que idealmente pode ser, dentro dos dinamismos do amor.

A Igreja tem a sua origem fundamental no mistério da Trindade e existe para a realização do desígnio de Deus na história: o Deus amor que criou o universo e gerou um povo, o Deus que se fez homem, morreu e ressuscitou por todos nós, o Deus que, pelo seu Espírito, tudo transforma e leva à plenitude, o Deus Criador, Salvador e Santificador. Ela nasceu do coração de Deus Pai, foi prefigurada desde toda a eternidade, foi preparada ao longo de todo o Velho Testamento, foi instituída por Cristo, foi manifestada pelo Espírito Santo, há de ser consumada no fim dos tempos, na glória (cf.LG2). Se ela é obra do Pai e do Filho e do Espírito Santo, se a vida que existe em Deus, no seio da Trindade, é o Amor, a Igreja não tem outra missão senão a de reproduzir no mundo a vida que existe no seio da Trindade, Ela é extensão da Trindade no tempo. Por isso, a Igreja será tanto mais fiel a si mesma, quanto mais for, no tempo, agente fomentador do amor, isto é, da proximidade, da cultura do diálogo, da corresponsabilidade, da participação, da delicadeza, do perdão, do compromisso, da justiça, da verdade, da alegria, da paz, do entendimento. Mas esta Igreja não são os outros, melhor, também são os outros, mas esta Igreja é cada um de nós. Por isso, cada um de nós será tanto mais fiel a Deus e à Igreja, quanto mais for, individual e coletivamente, fomentador dessa mesma cultura no mundo em que vive.

De igual modo a família. Também ela é ícone da Trindade, devendo deixar-se inspirar na sua maneira de ser, estar, agir, viver e conviver. E que bom seria se toda a sociedade humana descobrisse que é na Trindade que também se encontra a sua origem e o seu modelo social! Haveria mais amor, amor desinteressado, de uns para com os outros, lutar-se-ia mais abnegadamente pela justiça, inverter-se-iam tantos procedimentos e estruturas em favor dos mais desfavorecidos, fomentar-se-ia a reciprocidade entre todos, sempre em testemunho alegre mesmo que por entre adversidades e perseguições.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 28-05-2021.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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