PARÓQUIAS DE NISA
Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
I semana da quaresma
LITURGIA
DOMINGO I DA QUARESMA
Roxo – Ofício próprio (Semana I do
Saltério).+ Missa própria, Credo, pf. próprio.
Toma-se o Lecionário dominical (Ano B).L 1 Gen 9, 8-15; Sal 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9L 2 1 Pedro 3, 18-22Ev Mc 1, 12-15
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.* II Vésp. do domingo. Compl. dep. II Vésp. dom.
No caso de não o ter recordado na Quarta-Feira de Cinzas, lembrar aos fiéis
que, em união com a Paixão do Senhor e em espírito de penitência mais visível,
nas sextas-feiras da Quaresma se deve escolher uma alimentação simples e pobre,
que poderá concretizar-se na abstenção de carne.
CADEIRA DE S. PEDRO, Apóstolo
Nota
Histórica
A festa da Cadeira de São Pedro era
já celebrada neste dia em Roma no século IV, para significar a unidade da
Igreja, fundada sobre o Príncipe dos Apóstolos.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Lc
22, 32
Disse o Senhor a Simão Pedro:
Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.
E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Deus omnipotente,
não permitais que sejam perturbados por nenhuma adversidade
aqueles que edificastes sobre a pedra inabalável
da fé apostólica.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I 1 Pedro 5, 1-4
«Ancião como eles e testemunha dos
sofrimentos de Cristo»
Leitura da
Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos:
Recomendo aos anciãos que estão entre vós,
eu que sou ancião como eles
e testemunha dos sofrimentos de Cristo
e também participante da glória que há-de ser revelada:
Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado,
velando por ele,
não constrangidos mas de boa vontade, segundo Deus,
não por ganância mas por dedicação,
nem como dominadores sobre aqueles que vos foram confiados,
mas tornando-vos modelos do rebanho.
E quando aparecer o supremo Pastor,
recebereis a coroa eterna de glória.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 1)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me
faltará.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
ALELUIA Mt 16, 18
Refrão: Aleluia. Repete-se
Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. R.
EVANGELHO Mt 16, 13-19
«Tu és Pedro e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele
tempo,
Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe
e perguntou aos seus discípulos:
«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?».
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista,
outros que é Elias,
outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse:
«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe:
«Feliz de ti, Simão, filho de Jonas,
porque não foram a carne e o sangue que to revelaram,
mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro;
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus:
tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».
Palavra da salvação.
Nas Missas votivas de S. Pedro, utilizam-se as leituras precedentes.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai, Senhor, as ofertas e as orações da vossa Igreja
e fazei que ela reconheça em São Pedro
o mestre que a guarda na integridade da fé
e o siga como pastor que a conduz à vida eterna.
Por Nosso Senhor.
Prefácio dos Apóstolos I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 16, 16.18
Disse Pedro a Jesus: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo.
Jesus respondeu-lhe: Tu és Pedro
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor nosso Deus,
que na festa do apóstolo São Pedro
nos fortaleceis com o Corpo e Sangue de Cristo,
fazei que a participação neste mistério redentor
seja para nós sacramento de unidade e de paz.
Por Nosso Senhor.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te
no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa
que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS:
AGENDA DO DIA
A VOZ DO PASTOR:
O NOSSO
PARLAMENTO E OS APELOS DA QUARESMA
Vivemos em democracia, é certo e bonito. O debate é sempre possível e
salutar, não existe a lei da rolha, pelo menos em teoria. No entanto, o uso
deste dom maravilhoso que é a liberdade de pensar e dizer, é muito assaltado
pela apetência de ultrapassar linhas vermelhas que interpelam pela negativa.
Acho estranho que, no século XXI, o Estado, em nome do progresso
civilizacional, ainda se sinta no direito e dever de fomentar a cultura da
morte em vez de garantir o necessário apoio para que cada pessoa se sinta
estimada e cuidada até à morte e morte natural. Inclusive com os cuidados
paliativos a que tem direito, mas que a maior parte do povo nem sabe que
existem, nem o que são, nem para que servem, nem lhe é explicado tanto quanto
baste, não convém!
É estranho que, para satisfazer desejos pessoais, por mais respeitáveis que
eles sejam, o Estado, não satisfeito com os filhos órfãos de pais vivos, queira
ser causador do nascimento de filhos órfãos por inseminação ‘post mortem’,
desvalorizando todas as consequências e o direito de todas as crianças a ter um
pai e uma mãe, em comunidade familiar de vida e amor. Tendo em atenção o caso
que provocou este debate, alguém insinua que uma criança assim concebida, é
mais olhada como instrumento e remédio para satisfazer o sofrimento saudosista
de alguém, mesmo que compreensível, do que considerada como um valor em si
mesma. O dever do Estado é cuidar do bem comum, não de casos pontuais fruto de
meros sentimentos de alguém.
Perante tão estranhas questões da nossa polis, constatam-se vários
posicionamentos. Uns, os filósofos de serviço, esmeram-se em busca de
altíssimas razões, as suas, para provar a justeza e a oportunidade destes
temas. Puxam da sua pieguice e dó em favor da dignidade e da humanidade de quem
sofre, iludindo os menos precavidos. Outros, fidelizados até ao tutano aos seus
mentores ou chefes, mesmo discordando na matéria, engrunham-se na hora de bater
o pé, preferindo onerar a sua própria consciência e tornarem-se cúmplices do
que vier a acontecer, a morte dos mais frágeis, o matar através do Serviço
Nacional de Saúde! Outros, porém, menos pensantes e sem qualquer opinião,
voláteis, preferem dar ares de progressista, encostando-se, amorfos, a fazer
monte e número, na defesa de tais causas. Outros, ainda, da esquerda à direita,
têm os pés bem assentes no chão, buscam o melhor, sabem ouvir quem mais sabe e
têm a noção das consequências de tais iniciativas, mas nada conseguem fazer
valer perante o desertar da razoabilidade dos seus pares. A vergonha
assalta-os, o País parece que manifesta saudades pela pena de morte! Sendo a
política uma arte nobre que deve ser exercida com nobreza, é estranho que, os
representantes do povo, uma vez eleitos, se tenham logo como omniscientes e
omnipotentes, desprezando até a ciência e os mais elementares princípios da
Ética e do próprio bom senso ou do senso comum, em jeito de l’état cést moi.
Enquanto que a imprensa, nacional e estrangeira, refere que estamos na
cauda da Europa, e do mundo!, em mortes covid, por exemplo, não se desiste de
estar na linha da frente em causas fraturantes. É a forma encontrada pelo
Estado para se esquecer das verdadeiras mazelas sociais e se devotar à promoção
da cultura da morte e dar nas vistas, pelas piores razões. As filas da fome em
busca da marmita não incomodam tais arautos, apesar de ser garantida por quem
lhes merece o maior repúdio: a Caridade, o Amor! Negando o mais fundamental dos
princípios humanos, isto é, o direito à vida e a garantia da sua
inviolabilidade, lutam pela eutanásia, isto é, pela morte assistida, ou melhor
ainda, defendem o homicídio e o suicídio, aquilo a que, para confundirem o povo
e gerarem simpatia, eufemisticamente apelidam de morte medicamente assistida,
como se de um ato médico se tratasse. Enchem-se de fogo, e zelo! De forma
beata, fingindo muita compaixão por quem sofre, falam ao sentimento e compaixão
de outros – não à razão! -, para arrebanhar prosélitos mesmo que estes nem
saibam bem do que é que se trata. O que interessa é o ruído, o monte, o número.
Se escutam alguém, não ouvem, nem sequer prestam atenção aos pareceres
negativos dos especialistas em Ética, do Conselho Nacional de Ética para as
Ciências da Vida, do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida,
assim como de professores universitários, juristas, Associação de médicos,
especialistas em bioética ou de entidades como a Associação Portuguesa de
Fertilidade ou o Conselho Superior do Ministério Público, e de tantas outras, e
de tantos outros. Inclusive, tapam os ouvidos e os olhos aos abusos e aos interesses
imparáveis que já acontecem noutros países onde se abriu essa porta, uma porta
a desembocar numa rampa cada vez mais larga e inclinada a convidar a tais
abusos e interesses, interesses até de famílias e herdeiros.
Avalia-se o progresso civilizacional, não construído sobre o melhor que se
recebe do passado e já confirmado pela História e pela convivência sadia dos
povos, mas tentando inovar, sofregamente, se possível de forma rápida e em
tempos de distração do povo, sobre matérias como se da descoberta da pólvora se
tratasse e fossem até passíveis de prémio Nobel. Quantos erros por se fazer
vista grossa às lições da História! Por razões semelhantes, até Jesus Cristo
chorou sobre o povo e a cidade de Jerusalém, pois os seus chefes agiam como
donos e levianamente, conduzindo a todos, sobretudo o povo, para a tragédia sem
igual!
Entre nós, ao quererem levar a água ao seu moinho, quem contrariar tais
pretensões, é logo rotulado de direita, de conservador, de tradicionalista, ou,
então, se for alguém da Igreja, autoridade ou cristão assumido, é tido como
retrogrado e obscurantista, a quererem fazer crer que, o que estes defendem,
não passa de uma questão meramente religiosa, desprezível, e não de uma causa
verdadeiramente humana e justa, de verdadeiro progresso histórico e humano. É a
sua versão da lei da rolha, importa fazer calar!
O ruído em favor da cultura da morte e da orfandade vai continuar. Tal como
aconteceu com a morte das crianças, isto é, com o aborto, ao qual, para
suavizar e iludir, chamam, eufemisticamente, interrupção voluntária da
gravidez, esperam que o mesmo aconteça com a eutanásia e com a introdução da
inseminação ‘post mortem’ na lei da procriação medicamente assistida. Resta-nos
a certeza de saber que aquilo que é legal, nem sempre é moral e eticamente
aconselhável. A verdade e a dignidade humana não dependem de maiorias
parlamentares, muito menos quando a maioria obtida é feita de silêncios
pusilânimes ou subservientes, e na busca de uma nesga na Constituição para que
tais leis possam por lá furar e dizerem: vencemos!, como se de uma vitória se
tratasse. Além disso, a objeção de consciência é uma saudável arma na mão
daqueles a quem querem impor a aplicação dessas leis, se, de facto, vierem a
ser aprovadas.
Ninguém vai pedir aos senhores parlamentares que entrem num processo de
metanoia. Até porque, se pararem, refletirem e tiverem como referência a
verdade e o bem comum, a sua consciência o fará. Apenas lhes pedimos que não
esqueçam os verdadeiros problemas do povo que neles confiou e a quem prometeram
servir. Que lhe proporcionem uma vida saudável e feliz e que não fomentem a
cultura da morte e outras velharias mais. Legislar e executar a morte, é
estimular à morte, não é humano! Pode até o sofrimento físico, à partida, não
ser grande, mas porque o sofrimento tem muitas caras e feitios, pode tornar-se
“em situação de sofrimento intolerável”, sobretudo quando a pessoa percebe e
sente que está a ser um grande incómodo ou um enorme peso para a família ou a
sociedade, e entende que lhe estão a apontar a porta para que se suicide ou
peça a um homicida que a mate! Como afirmava Miguel Torga, “o mais trágico na
velhice doente é vermo-nos morrer antecipadamente no cansaço e no enfado de
quem nos rodeia”. Entre quem nos rodeia, estão estes tão misericordiosos e
sábios legisladores!...
Antonino
Dias
Portalegre-Castelo
Branco, 19-02-2021.
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QUARESMA -
“SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS CURAVA”
Na Igreja, a
Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de descoberta e
redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança no Senhor
Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de Cristo para
onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e existencial se a
Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e redescoberta da
relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós, surpreende-se,
comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão nosso e tão de
Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da eternidade.
Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos, já Ele se nos
disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de proximidade, cativa-nos.
Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a nossa inteligência, a
nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos, por bênção sua,
capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres, estabelecemos com
Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde, doravante, passará a
vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém indiferente e cura todos
os males.
A fé não é,
portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria legitimar.
Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria justificar e
ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria manter. Tudo isso
seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a erguer. Dom
recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas dinâmicas mais
elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do encontro com o dom de
Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e ritmo. É esta fé, vivida
como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado, é esta fé que vai
atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os seus encantos e
desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida como bênção, que
purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com ousadia profética de
batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa fé, que está em causa
em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e oração são exercícios
batismais da nossa vida cristã porque são expressão da nossa vital confiança em
Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da vida.
A pandemia
que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa fé é
chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise, há um
conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de consciência
da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não escravo da
desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença, saber ser
cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e promover; na
prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em comum; nas
palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes quotidianas, saber
eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de cidadania, saber
respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que exerce em toda a
sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente descarriláveis e
irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos vários à nossa vida.
E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos olhos, ter sempre Cristo
no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser uma maioria social,
percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até ser uma minoria, mas,
sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita, saberemos ser Igreja à
dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.
Este ano, e
por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da
“Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este
ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus.
Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus,
homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos
tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um
homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo
aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a
alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do
amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando
promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da
família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja
promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a
reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises
familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da
Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano
faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão
pelo dom da santidade de S. José.
De Jesus, na
sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade, brota uma
força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus sempre em
processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma Quaresma, mais
um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a mundaneidade convida ao
ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial atenção ao ser. É um tempo
de penitência e conversão. Um tempo de oração filial que nos ajuda a limpar,
arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a Deus e aos irmãos. Uma
oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa de estar, pensar e
falar, à privação do que não é essencial, à penitência e austeridade pessoal,
ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve àquela partilha a que
chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino determinado por cada Bispo
diocesano, tornado público no início da Quaresma e, ao longo da Quaresma,
entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para poupar, não se trata
de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos, não se trata de dar
para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata de pagar, não se
trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita, embora não se deva
permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma caminhada espiritual
disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão interior, do pensar em
Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade e da fraternidade.
Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também se pode traduzir em
renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue apetecível, não é necessário,
e o seu custo se coloca de parte para a causa social anunciada. Para além
disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc
18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas crianças e tantos jovens nos
dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo, a um cigarro, a um café, a um
programa televisivo, a ser escravo das redes socias... ou os leva a estudar
mais e melhor, a programar momentos de oração, a visitar o vizinho acamado ou a
viver mais comprometido nas causas da fé e do bem comum, a respeitar os apelos
ao confinamento e a vivê-lo com esperança, pensando na própria saúde e saúde
dos outros... Enfim, trata-se de cada um, pelos caminhos possíveis, viver a
Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa, descobrindo e redescobrindo cada
vez mais o gesto do amor de Deus para connosco manifestado em Cristo Jesus seu
Filho.
A Renúncia
Quaresmal de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento
rigoroso, foi mesmo mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à
construção de um Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga,
República Democrática do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta
nossa Diocese. Este ano de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o
Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria
Diocesana uma verba de renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o
destino anunciado nessa altura.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 12-02-2021.
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