terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

 


 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021 

Quarta-feira de Cinzas

 

 

LITURGIA

 

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Roxo – Ofício da féria (Semana IV do Saltério – Os salmos e o cântico de Laudes com suas antífonas podem tomar-se da Sexta-feira III).
Missa da féria, pf. IV da Quaresma

L 1 Joel 2, 12-18; Sal 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14 e 17
L 2 2 Cor 5, 20 – 6, 2
Ev Mt 6, 1-6. 16-18

* Proibidas as Missas de defuntos, exceto a exequial.
* Proibidas as Missas rituais, as Missas para várias necessidades ou circunstâncias e as Missas votivas.
* Dia de jejum e abstinência.
* Na Diocese do Funchal – Aniversário da entrada solene e tomada de posse de D. Nuno Brás da Silva Martins.

Para o Ofício Divino toma-se o II volume da Liturgia das Horas.
Para a Missa tomam-se os Lecionários: dominical (Ano B); ferial (Quaresma – IV).

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA cf. Sab 11, 24-25.27
De todos Vos compadeceis, Senhor,
e amais tudo quanto fizestes;
perdoais aos pecadores arrependidos,
porque sois o Senhor nosso Deus.

Omite-se o acto penitencial, porque é substituído pela imposição das cinzas.


ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Senhor, a graça de começar com santo jejum este tempo da Quaresma, para que, no combate contra o espírito do mal, sejamos fortalecidos com o auxílio da temperança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I
Joel 2, 12-18
«Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos»


Leitura da Profecia de Joel


Diz agora o Senhor: «Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete. Quem sabe se Ele não vai reconsiderar e desistir deles, deixando atrás de Si uma bênção, para oferenda e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, convocai a assembleia, congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças. Saia o esposo do seu aposento e a esposa do seu tálamo. Entre o vestíbulo e o altar, chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: ‘Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo e não entregueis a vossa herança à ignomínia e ao escárnio das nações. Porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?’». O Senhor encheu-Se de zelo pela sua terra e teve compaixão do seu povo.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 50 (51), 3-4.5-6a.12-13.14.17 (R. cf. 3a)

Refrão: Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós. Repete-se
Ou: Tende compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores. Repete-se

Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas. Refrão

Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos. Refrão

Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade. Refrão

Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca cantará o vosso louvor. Refrão


LEITURA II 2 Cor 5, 20 — 6, 2
«Reconciliai-vos com Deus. Este é o tempo favorável»


Leitura da Seg. Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios


Irmãos: Nós somos embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, identificou-O Deus com o pecado por amor de nós, para que em Cristo nos tornássemos justiça de Deus. Como colaboradores de Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça. Porque Ele diz: «No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação.


Palavra do Senhor.


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Salmo 94, 8ab
Refrão: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor.

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão

EVANGELHO Mt 6, 1-6.16-18
«Teu Pai, que vê no segredo, te dará a recompensa»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a ecompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».


Palavra da salvação.


Bênção das cinzas

Depois da homilia, o sacerdote, de pé, diz com as mãos juntas:

Irmãos caríssimos: Oremos fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne abençoar com a abundância da sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, em sinal de penitência.

E depois de alguns momentos de oração em silêncio, diz uma das orações seguintes:
Senhor nosso Deus, que Vos compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele que se arrepende, ouvi misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa bênção + sobre os vossos servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à observância quaresmal, mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do mistério pascal do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ou
Deus de infinita bondade, que não desejais a morte do pecador mas a sua conversão, ouvi misericordiosamente as nossas súplicas e dignai-Vos abençoar @ estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, para que, reconhecendo que somos pó da terra e à terra havemos de voltar, alcancemos, pelo fervor da obser¬vância quaresmal, o perdão dos pecados e uma vida nova à imagem do vosso Filho ressuscitado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

O sacerdote asperge as cinzas com água benta, sem dizer nada.
Imposição das cinzas
Em seguida, o sacerdote impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, dizendo a cada um:


Arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Mc 1, 15

Ou cf. Gen 3, 19
Lembra-te, homem, que és pó da terra
e à terra hás-de voltar.


Entretanto, canta-se um cântico apropriado, por exemplo:


ANTÍFONA cf. Joel 2 ,13
Mudemos as nossas vestes pela cinza e o cilício. Jejuemos e choremos diante do Senhor, porque Deus é infinitamente misericordioso e perdoa os nossos pecados.

Ou cf. Joel 2,17; Est 13,17
Entre o vestíbulo e o altar, chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo, para que possa cantar sempre os vossos louvores.

Ou Salmo 50, 3
Lavai-me de toda a iniquidade, Senhor.

Pode repetir-se esta antífona depois de cada versículo ou estrofe do salmo 50 Compadecei-Vos de mim, ó Deus.

RESPONSÓRIO cf. Bar 3, 2; Salmo 78, 9
V. Renovemos a nossa vida,
reparemos o mal que fizemos,
para que não nos surpreenda o dia da morte
e nos falte o tempo para nos convertermos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende compaixão de nós,
porque somos pecadores.
V. Ajudai-nos, Senhor, para glória do vosso nome;
perdoai as nossas culpas e salvai-nos.
R. Ouvi-nos, Senhor, e tende compaixão de nós,
porque somos pecadores.
Terminada a imposição das cinzas, o sacerdote lava as mãos. O rito conclui-se com a oração universal ou oração dos fiéis. Não se diz o Credo
.


Liturgia Eucarística


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei, Senhor, este sacrifício, com o qual iniciamos solenemente a Quaresma, e fazei que, pela penitência e pela caridade, nos afastemos do caminho do mal, a fim de que, livres de todo o pecado, nos preparemos para celebrar fervorosamente a paixão de Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Quaresma III ou IV


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 1, 2-3
Aquele que medita dia e noite na lei do Senhor
dará fruto a seu tempo.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Senhor, fazei que este sacramento nos leve a praticar o verdadeiro jejum que seja agradável a vossos olhos e sirva de remédio aos nossos males. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

A bênção e imposição das cinzas pode fazer-se também fora da Missa. Nesse caso, convém que preceda uma liturgia da palavra, utilizando a antífona de entrada, a oração colecta, as leituras e seus cânticos, como na Missa. Depois da homilia, procede-se à bênção e imposição das cinzas. O rito conclui com a oração universal.

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 

 2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

 

 

LEITURAS: Joel 2, 12-18: Pela palavra do profeta da penitência somos convocados para a assembleia do povo de Deus. Somos todos convocados, sem exceção, seja qual for a nossa condição humana. Aí aprenderemos, ao longo destes dias, como faremos penitência em ordem à renovação pascal. Todo o cristão se há de manifestar, na Quaresma, membro de um povo que se regenera, renovando em si a vida batismal por meio de uma profunda reconversão.

2 Cor 5, 20 — 6, 2: A Igreja e os seus ministros são os arautos de Deus para chamarem o povo à conversão e à reconciliação, especialmente neste tempo, para isso particularmente favorável. Mas é Deus quem, no fundo, convida, como é Deus quem perdoa e reconcilia. Ele é sempre o princípio e o termo da nossa conversão..

Mt 6, 1-6.16-18: O tempo da Quaresma deve ser tempo de prática mais intensa das boas obras, particularmente das chamadas “obras de misericórdia”, sob a forma mais adequada às circunstâncias de cada um; mas, em qualquer caso, tudo há de sair do coração sincero e penitente e conduzir à renovação, cada ano mais profunda desse mesmo coração, sob o único olhar de Deus. “A discrição é o perfume de todas as virtudes”, diz um Santo.

 

AGENDA DO DIA

 

18.00 horas: Missa em Nisa ( Via Facebook. Endereço: Zona pastoral de Nisa).

 

A VOZ DO PASTOR:

 

QUARESMA - “SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS CURAVA”

 

 

Na Igreja, a Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de descoberta e redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança no Senhor Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de Cristo para onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e existencial se a Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e redescoberta da relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós, surpreende-se, comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão nosso e tão de Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da eternidade. Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos, já Ele se nos disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de proximidade, cativa-nos. Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a nossa inteligência, a nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos, por bênção sua, capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres, estabelecemos com Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde, doravante, passará a vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém indiferente e cura todos os males.

 

A fé não é, portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria legitimar. Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria justificar e ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria manter. Tudo isso seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a erguer. Dom recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas dinâmicas mais elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do encontro com o dom de Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e ritmo. É esta fé, vivida como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado, é esta fé que vai atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os seus encantos e desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida como bênção, que purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com ousadia profética de batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa fé, que está em causa em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e oração são exercícios batismais da nossa vida cristã porque são expressão da nossa vital confiança em Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da vida.

 

A pandemia que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa fé é chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise, há um conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de consciência da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não escravo da desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença, saber ser cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e promover; na prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em comum; nas palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes quotidianas, saber eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de cidadania, saber respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que exerce em toda a sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente descarriláveis e irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos vários à nossa vida. E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos olhos, ter sempre Cristo no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser uma maioria social, percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até ser uma minoria, mas, sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita, saberemos ser Igreja à dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.

 

Este ano, e por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da “Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus. Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus, homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão pelo dom da santidade de S. José.

 

De Jesus, na sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade, brota uma força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus sempre em processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma Quaresma, mais um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a mundaneidade convida ao ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial atenção ao ser. É um tempo de penitência e conversão. Um tempo de oração filial que nos ajuda a limpar, arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a Deus e aos irmãos. Uma oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa de estar, pensar e falar, à privação do que não é essencial, à penitência e austeridade pessoal, ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve àquela partilha a que chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino determinado por cada Bispo diocesano, tornado público no início da Quaresma e, ao longo da Quaresma, entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para poupar, não se trata de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos, não se trata de dar para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata de pagar, não se trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita, embora não se deva permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma caminhada espiritual disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão interior, do pensar em Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade e da fraternidade. Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também se pode traduzir em renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue apetecível, não é necessário, e o seu custo se coloca de parte para a causa social anunciada. Para além disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc 18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas crianças e tantos jovens nos dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo, a um cigarro, a um café, a um programa televisivo, a ser escravo das redes socias... ou os leva a estudar mais e melhor, a programar momentos de oração, a visitar o vizinho acamado ou a viver mais comprometido nas causas da fé e do bem comum, a respeitar os apelos ao confinamento e a vivê-lo com esperança, pensando na própria saúde e saúde dos outros... Enfim, trata-se de cada um, pelos caminhos possíveis, viver a Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa, descobrindo e redescobrindo cada vez mais o gesto do amor de Deus para connosco manifestado em Cristo Jesus seu Filho.

 

A Renúncia Quaresmal de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento rigoroso, foi mesmo mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à construção de um Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga, República Democrática do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta nossa Diocese. Este ano de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria Diocesana uma verba de renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o destino anunciado nessa altura.

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 12-02-2021.

 

 

 

 

 

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