PARÓQUIAS DE NISA
Domingo, 21 de fevereiro de 2021
I Domingo da quaresma
LITURGIA
DOMINGO I DA QUARESMA
Roxo – Ofício próprio (Semana I do Saltério).
+ Missa própria, Credo, pf. próprio.
Toma-se o Lecionário dominical (Ano B).
L 1 Gen 9, 8-15; Sal 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9
L 2 1 Pedro 3, 18-22
Ev Mc 1, 12-15
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
* II Vésp. do domingo. Compl. dep. II Vésp. dom.
No caso de não o ter recordado na Quarta-Feira de Cinzas, lembrar aos fiéis
que, em união com a Paixão do Senhor e em espírito de penitência mais visível,
nas sextas-feiras da Quaresma se deve escolher uma alimentação simples e pobre,
que poderá concretizar-se na abstenção de carne.
Lembrar-lhes também a finalidade das
Renúncias Quaresmais deste ano, proposta pelo Bispo da Diocese.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 90,
15-16
Quando me invocar, hei de atendê-lo; hei de libertá-lo
e dar-lhe glória. Favorecê-lo-ei com longa vida
e lhe mostrarei a minha salvação.
Não se diz o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Concedei-nos, Deus omnipotente,
que, pela observância quaresmal,
alcancemos maior compreensão do mistério de Cristo
e a nossa vida seja dele um digno testemunho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Gen 9, 8-15
A aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio
Leitura do Livro
do Génesis
Deus disse a Noé e a seus filhos: «Estabelecerei a minha aliança convosco, com
a vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham: as aves, os
animais domésticos, os animais selvagens que estão convosco, todos quantos
saíram da arca e agora vivem na terra. Estabelecerei convosco a minha aliança:
de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e
nunca mais um dilúvio devastará a terra». Deus disse ainda: «Este é o sinal da
aliança que estabeleço convosco e com todos os animais que vivem entre vós, por
todas as gerações futuras: farei aparecer o meu arco sobre as nuvens, que será
um sinal da aliança entre Mim e a terra. Sempre que Eu cobrir a terra de nuvens
e aparecer nas nuvens o arco, recordarei a minha aliança convosco e com todos
os seres vivos e nunca mais as águas formarão um dilúvio para destruir todas as
criaturas».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 24 (25), 4bc-5ab. 6-7bc. 8-9 (R. cf.
10)
Refrão: Todos os vossos caminhos, Senhor,
são amor e verdade
para os que são fiéis à vossa aliança. Repete-se
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador. Refrão
Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor. Refrão
O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança. Refrão
LEITURA II 1 Pedro 3, 18-22
«O Batismo que agora vos salva»
Leitura da
Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Cristo morreu uma só vez pelos pecados – o Justo pelos injustos –
para vos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo
Espírito. Foi por este Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que estavam na
prisão da morte e tinham sido outrora rebeldes, quando, nos dias de Noé, Deus
esperava com paciência, enquanto se construía a arca, na qual poucas pessoas,
oito apenas, se salvaram através da água. Esta água é figura do Batismo que
agora vos salva, que não é uma purificação da imundície corporal, mas o
compromisso para com Deus de uma boa consciência; ele vos salva pela
ressurreição de Jesus Cristo, que subiu ao Céu e está à direita de Deus, tendo
sob o seu domínio os Anjos, as Dominações e as Potestades.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Mt 4, 4b
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor. Repete-se
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Refrão
EVANGELHO Mc 1, 12-15
«Era tentado por Satanás e os Anjos serviam-n’O»
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no
deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens
e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a
Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está
próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Fazei que a nossa vida, Senhor,
corresponda à oferta das nossas mãos,
com a qual damos início à celebração
do tempo santo da Quaresma.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
PREFÁCIO As tentações do Senhor
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
por Cristo nosso Senhor.
Jejuando durante quarenta dias,
Ele santificou a observância quaresmal
e, triunfando das insídias da antiga serpente,
ensinou-nos a vencer as tentações do pecado,
para que, celebrando dignamente o mistério pascal,
passemos um dia à Páscoa eterna.
Por isso, com os Anjos e os Santos,
proclamamos a vossa glória,
cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Mt 4, 4
Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.
Ou Salmo 90, 4
O Senhor te cobrirá com as suas penas,
debaixo das suas asas encontrarás abrigo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Saciados com o pão do Céu,
que alimenta a fé, confirma a esperança e fortalece a caridade,
nós Vos pedimos, Senhor:
ensinai-nos a ter fome de Cristo, o verdadeiro pão da vida,
e a alimentar-nos de toda a palavra que da vossa boca nos vem.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:
1.
Leitura: - Lê, respeita, situa o que lês.
- Detém-te
no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: - Interioriza,
dialoga, atualiza o que leste.
- Deixa
que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28
3.
Oração: - Louva o Senhor, suplica, escuta.
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.
LEITURAS: Gen 9, 8-15: A
primeira leitura dos domingos da Quaresma não está em ligação com a do
Evangelho, como nos domingos do Tempo Comum. Refere-se à história da salvação,
mostrando como Deus encaminhou os passos da humanidade, desde os tempos mais
antigos até à realização da promessa da nova Aliança em Jesus Cristo. Este ano,
começamos com Noé. O dilúvio termina com uma aliança, que anuncia desde logo a
aliança estabelecida entre Deus e os homens na Morte e Ressurreição de Cristo.
Por outro lado, no próprio dilúvio Deus quis significar a regeneração
espiritual do batismo, pois nele, como no dilúvio, a água se tornou,
simbolicamente, “fim de vícios e origem de virtudes” (liturgia batismal).
1 Pedro 3, 18-22: S.
Pedro faz nesta leitura o comentário ao dilúvio, estabelecendo a comparação
entre este e o batismo. O batismo é hoje o verdadeiro dilúvio, que destrói o
pecado e faz nascer uma nova humanidade em Cristo. Assim, a história da
salvação chega a todas as gerações e todas elas são arrastadas na sua corrente
de graça.
Mc 1, 12-15: “O
Senhor Jesus Cristo era tentado pelo demónio no deserto. Mas em Cristo também
tu eras tentado, porque Ele tomou sobre Si a tua condição humana, para te dar a
salvação; para Si tomou as tuas tentações, para te dar a sua vitória” (S.
Agostinho). A vitória de Jesus sobre Satanás proclamada neste primeiro Domingo
da Quaresma anuncia desde já o triunfo pascal da sua Morte e Ressurreição, e
oferece-nos, ao mesmo tempo, a participação nessa sua vitória sobre o pecado e
a morte.
AGENDA DO DIA
11.30 horas: Missa em Nisa (Via
Facebook. Endereço: Zona pastoral de Nisa).
A VOZ DO PASTOR:
QUARESMA -
“SAÍA D’ELE UMA FORÇA QUE A TODOS CURAVA”
Na Igreja, a
Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de descoberta e redescoberta
da fé cristã como relação vital de absoluta confiança no Senhor Jesus Cristo.
Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de Cristo para onde a Quaresma
nos conduz, só ganhará densidade espiritual e existencial se a Quaresma se
assumir como caminho e exercício de descoberta e redescoberta da relação com
Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós, surpreende-se, comove-se
diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão nosso e tão de Deus, tão
humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da eternidade. Antes de nos
dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos, já Ele se nos
disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de proximidade, cativa-nos.
Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a nossa inteligência, a
nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos, por bênção sua,
capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres, estabelecemos com
Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde, doravante, passará a
vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém indiferente e cura todos
os males.
A fé não é,
portanto, uma invenção de religiões. Nenhuma imposição a conseguiria legitimar.
Nenhuma lei a conseguiria impor. Nenhum moralismo a conseguiria justificar e
ser seu alicerce. Nenhuma tradição, por si só, a conseguiria manter. Tudo isso
seriam insuficiências, andaimes solitários sem construção a erguer. Dom
recebido e resposta dada, a fé cristã vai buscar muitas das suas dinâmicas mais
elementares à vida humana. Mas é na surpresa graciosa do encontro com o dom de
Deus em Jesus Cristo que ela se radica como atitude e ritmo. É esta fé, vivida
como bênção, presença de Cristo sentida ao nosso lado, é esta fé que vai
atravessar a nossa vida com as suas graças e desgraças, os seus encantos e
desesperos, as suas alegrias e tristezas. É esta fé, vivida como bênção, que
purifica a nossa vida com paixão, com graciosidade e com ousadia profética de
batizados. É o nosso batismo, que o mesmo é dizer a nossa fé, que está em causa
em cada Quaresma. Conversão e penitência, jejum, esmola e oração são exercícios
batismais da nossa vida cristã porque são expressão da nossa vital confiança em
Jesus Cristo e da nossa reação ao tempo e aos modos da vida.
A pandemia
que atravessamos pode ser bem o contexto de humanidade em que a nossa fé é
chamada a redescobrir-se e a dar fruto. Exigidas pela situação de crise, há um
conjunto de ações que, nos crentes, são autênticos imperativos de consciência
da vida cristã: na solidão, saber ser presença construtiva e não escravo da
desconfiança; no desespero, saber ser força de esperança; na doença, saber ser
cuidador; na dificuldade económica ou social, saber partilhar e promover; na
prossecução do bem comum, saber comprometer-se e fazer caminho em comum; nas
palavras, saber edificar e promover a verdade; nas atitudes quotidianas, saber
eleger e construir a justiça; nas relações pessoais e de cidadania, saber
respeitar e acolher. A pandemia, com a doença e a pressão que exerce em toda a
sociedade, pode tornar-nos hipersensíveis, facilmente descarriláveis e
irascíveis. Pode pressionar-nos e trazer constrangimentos vários à nossa vida.
E é aí que é necessário ter sempre Cristo diante dos olhos, ter sempre Cristo
no coração e nas mãos. Os cristãos não temos de ser uma maioria social,
percentual, para sermos uma maioria virtuosa. Podemos até ser uma minoria, mas,
sem nos acanharmos e ganharmos complexo de seita, saberemos ser Igreja à
dimensão do mundo e à dimensão do próprio Cristo.
Este ano, e
por vontade do Papa Francisco, conjugam-se com a nossa Quaresma o Ano da
“Família Amoris Laetitia” e o Ano de S. José. Na sua Carta Apostólica para este
ano, o Papa Francisco diz-nos que foi com “coração de pai” que José amou Jesus.
Humilde, discreto, trabalhador, sempre pronto a realizar a vontade de Deus,
homem do silêncio como escuta, atento aos sinais de Deus e aos sinais dos
tempos, corajoso, pedagogo e, sobretudo, justo. Em José confrontamo-nos com um
homem que é justo porque se ajustou a Deus. E é por se ajustar a Deus que cedo
aprendeu a pensar como Deus, a agir como Deus, a amar como Deus. A sua fé e a
alegria do seu amor foram o grande motor da sua vida. É também a alegria do
amor que o Papa Francisco nos convida a encontrar na família cristã quando
promove o Ano “Família Amoris Laetitia”. Ele insiste na leitura da Exortação
Apostólica Amoris Laetitia e deseja levar ao aprofundamento da identidade da
família cristã como dom de pessoas e como dom à Igreja e ao mundo. Deseja
promover o acompanhamento dos esposos, a educação integral dos filhos, a
reflexão sobre as luzes e sombras da vida da família cristã, as crises
familiares, a participação das famílias nas estruturas de evangelização e da
Igreja. Tempo de redescoberta e revitalização da nossa fé, a Quaresma deste ano
faz com que se cruzem a fé e a pandemia, a fé e a família, a fé e a gratidão
pelo dom da santidade de S. José.
De Jesus, na
sua Palavra, nos seus gestos, na vida da Igreja como Comunidade, brota uma
força que não deixa ninguém indiferente. Como discípulos de Jesus sempre em
processo de conversão, somos, pois, desafiados a viver mais uma Quaresma, mais
um dom que acontece ao longo da nossa existência. Se a mundaneidade convida ao
ter, ao parecer e ao poder, a Quaresma pede especial atenção ao ser. É um tempo
de penitência e conversão. Um tempo de oração filial que nos ajuda a limpar,
arrumar e romper a dureza do coração, convertendo-nos a Deus e aos irmãos. Uma
oração que leve ao jejum do pecado, à mudança menos boa de estar, pensar e
falar, à privação do que não é essencial, à penitência e austeridade pessoal,
ao sacrifício que liberta. Uma oração que converta e leve àquela partilha a que
chamamos “renúncia quaresmal” e que tem um destino determinado por cada Bispo
diocesano, tornado público no início da Quaresma e, ao longo da Quaresma,
entregue em cada paróquia. Não se trata de renunciar para poupar, não se trata
de um peditório, não se trata de uma recolha de fundos, não se trata de dar
para ficar arrumado e não me incomodarem mais, não se trata de pagar, não se
trata tanto de dar uma esmola a quem a pede ou necessita, embora não se deva
permanecer indiferente e fazer vista grossa. Trata-se duma caminhada espiritual
disciplinada e vivida na alegria da oração, da conversão interior, do pensar em
Deus e nos outros, do sentir a importância da gratuidade e da fraternidade.
Trata-se da mudança de mentalidade e de coração que também se pode traduzir em
renunciar a isto ou àquilo, que, embora se julgue apetecível, não é necessário,
e o seu custo se coloca de parte para a causa social anunciada. Para além
disso, a conversão pode mesmo implicar o aliviar dos bolsos (Lc 19, 1-10; Lc
18, 18-23). É uma pedagogia familiar de que tantas crianças e tantos jovens nos
dão tão belos testemunhos, renunciando a um bolo, a um cigarro, a um café, a um
programa televisivo, a ser escravo das redes socias... ou os leva a estudar
mais e melhor, a programar momentos de oração, a visitar o vizinho acamado ou a
viver mais comprometido nas causas da fé e do bem comum, a respeitar os apelos
ao confinamento e a vivê-lo com esperança, pensando na própria saúde e saúde
dos outros... Enfim, trata-se de cada um, pelos caminhos possíveis, viver a
Quaresma de tal forma que o conduza à Páscoa, descobrindo e redescobrindo cada
vez mais o gesto do amor de Deus para connosco manifestado em Cristo Jesus seu
Filho.
A Renúncia
Quaresmal de 2020, em toda a Diocese, e devido ao ambiente de confinamento
rigoroso, foi mesmo mesmo residual (1.769,34€). Tinha como destino ajudar à
construção de um Centro de Acolhimento e Saúde na Arquidiocese de Kananga,
República Democrática do Congo, donde temos dois sacerdotes a trabalhar nesta
nossa Diocese. Este ano de 2021, destinamos 60% para o mesmo fim e 40% para o
Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas. De um Arciprestado, chegou à Cúria
Diocesana uma verba de renúncia quaresmal atrasada, a qual será enviada para o
destino anunciado nessa altura.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 12-02-2021.
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