quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

 

 

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

 

Sexta-feira, 22 de janeiro de 2021 

 

 

LITURGIA

 

Sexta-feira da semana II

S. Vicente, diácono e mártir – MF
Verde ou verm. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L 1 Hebr 8, 6-13; Sal 84 (85), 8 e 10. 11-12. 13-14
Ev Mc 3, 13-19

* Na Diocese do Algarve – S. Vicente, Padroeiro principal – SOLENIDADE
* No Patriarcado de Lisboa – S. Vicente, Padroeiro principal do Patriarcado – SOLENIDADE; aniversário da Ordenação episcopal de D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, Cardeal Patriarca (2000).
* Na Congregação Salesiana – B. Laura Vicunha – MF
* No Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora – B. Laura Vicunha, virgem, aluna das Filhas de Maria Auxiliadora – MO
* Na Sociedade do Apostolado Católico (Padres Pallotinos) – S. Vicente Pallotti, presbítero, Fundador da Sociedade – SOLENIDADE
* 5º dia do Oitavário de Orações pela Unidade dos Cristãos.

 

MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 65, 4
Toda a terra Vos adore, Senhor,
e entoe hinos ao vosso nome, ó Altíssimo.


ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente,
que governais o céu e a terra,
escutai misericordiosamente as súplicas do vosso povo
e concedei a paz aos nossos dias.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I (anos ímpares) Hebr 8, 6-13
«Mediador de uma aliança mais perfeita»

Leitura da Epístola aos Hebreus


Irmãos: Jesus obteve um ministério tanto mais elevado, quanto mais perfeita é a aliança de que Ele é mediador, a qual foi estabelecida sobre melhores promessas. De facto, se a primeira aliança fosse irrepreensível, não haveria lugar para uma segunda. É em tom de censura que Deus lhes declara: «Dias virão – diz o Senhor – em que Eu estabelecerei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egipto. Como eles não permaneceram na minha aliança, também Eu Me desinteressei deles – diz o Senhor –. Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias – diz o Senhor –: Hei de imprimir as minhas leis no seu espírito e gravá-las no seu coração; Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Ninguém terá de instruir o seu próximo nem o seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor’. Porque todos Me conhecerão, desde o maior ao mais pequeno. Serei indulgente para com as suas faltas e não mais recordarei os seus pecados». Assim, ao falar de nova aliança, Deus declara antiquada a primeira. Ora aquilo que se torna antigo e envelhece está prestes a desaparecer.


Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 84 (85), 8 e 10.11-12.13-14 (R. 11a)
Refrão: Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade. Repete-se

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra. Refrão

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu. Refrão

O Senhor dará ainda o que é bom
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos. Refrão


ALELUIA 2 Cor 5, 19
Refrão: Aleluia. Repete-se
Em Cristo, Deus reconcilia o mundo consigo
e confiou-nos a palavra da reconciliação. Refrão


EVANGELHO Mc 3, 13-19
«Chamou à sua presença aqueles que entendeu»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, Jesus subiu a um monte. Chamou à sua presença aqueles que entendeu e eles aproximaram-se. Escolheu doze, para andarem com Ele e para os enviar a pregar, com poder de expulsar demónios. Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, isto é, «Filhos do trovão»; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago de Alfeu, Tadeu, Simão o Cananeu e Judas Iscariotes, que depois O traiu.


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Senhor,
a graça de participar dignamente nestes mistérios,
pois todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício
realiza-se a obra da nossa redenção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 22, 5
Para mim preparais a mesa
e o meu cálice transborda.

Ou 1 Jo 4, 16
Nós conhecemos e acreditámos
no amor de Deus para connosco.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Infundi em nós, Senhor, o vosso espírito de caridade,
para que vivam unidos num só coração e numa só alma
aqueles que saciastes com o mesmo pão do Céu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 

 2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

 

 

LEITURAS –  Hebr 8, 6-13: Cristo é Sacerdote perfeito; por isso, também a Aliança que Ele estabeleceu com o seu sacrifício é perfeita, mais perfeita do que a Aliança antiga. Esta Nova Aliança não é feita de ritos puramente exteriores, mas está gravada no coração dos crentes pelo Espírito de Deus. Desta Aliança é Jesus o Medianeiro, o Sacerdote. É uma Aliança que se traduz na comunhão com o Pai, no Espírito Santo. E toda a vida cristã será manifestação desta Aliança.

 

Mc 3, 13-19: Jesus rodeia-Se de Doze Apóstolos, os futuros pastores do povo de Deus, como, no antigo Israel, as tribos desse povo eram também em número de doze. É Jesus quem os escolhe, porque é Ele quem está na origem do povo da nova Aliança. Aos Doze Jesus comunica o seu poder sobre o reino demoníaco do mal, para que o seu triunfo pascal esteja sempre presente entre os homens, na Igreja, por meio deles, que hoje se continuam no Colégio ou Ordem dos Bispos.

 

 

AGENDA DO DIA

 

15.00 horas: Funeral em Gáfete

18.00 horas: Missa em Nisa

18.00 horas: Missa em Alpalhão

 

A VOZ DO PASTOR:

 

E POR QUE NÃO?!... VAMOS A ISSO!...

Aplaudida em pleno confinamento, a prova já está na rua! A largada ou partida foi solene e festiva. Sabemos que muitos até já chegaram à meta. E a meta lá está, preparada com gosto, pompa e circunstância, e muita música, muita! Os caminhos a percorrer, porém, merecem atenção, há silvas e solavancos. Os princípios, as regras, a sinalética, o alimento, tudo o que é necessário para a prova está garantido. A preparação da mochila, essa sim, é da responsabilidade pessoal. Devem dispensar-se bolsas e sacolas, mas um bom cajado será muito útil para se deferem de lobos e minhoquices. Se alguém levar muita tralha, tenha cuidado, pode ficar peado, atrasar-se ou não chegar a tempo. Se não levar o preciso, pode perder a vontade, ter medo de continuar e desistir. Segundo as suas debilidades, exigências e circunstâncias existenciais, cada um deve ponderar bem e optar apenas pelo essencial, de forma equilibrada, nem demais nem de menos, como o sal na comida. A meta está ao alcance de todos, mesmo das pessoas doentes e portadoras de deficiência. Estas, atendendo à sua desenvoltura interior, são quase sempre as primeiras classificadas e a subir ao pódio. O trofeu a conquistar é valiosíssimo. Nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou por qualquer cabecinha pensadora o que está reservado a quem cortar a meta. O estafe de apoio garante o necessário para que ninguém fique pelo caminho ou fraqueje, é uma espécie de hospital de campanha. Por isso, não haverá carro vassoura. Mas o que é mesmo importante para o bom desempenho de todos os atletas é estar bem familiarizado com o Manual de procedimentos. Apelo sobretudo aos jovens, aos jovens em idade e em espírito, mesmo que idosos, apelo à sua criatividade e influência. É indispensável conhecer bem e ajudar a divulgar este indispensável instrumento de vida e ação, muito útil para pessoas, famílias, comunidades, estruturas setoriais e sociedade em geral, mesmo que algumas pareçam demasiadamente debruçadas sobre o seu umbigo e afuniladas na sua verdade. Quem sabe se não irão rasgar horizontes e prestar mais atenção ao que liberta e salva?!...

E eis que faço a todos uma pergunta muito indiscreta: já têm esse Manual? Aonde está? Na estante para se dar ares de intelectual? No fundo da gaveta para não se estragar? Têm-no manuseado e ajudado a manusear para que mais pessoas o conheçam e saibam ler nas linhas e entrelinhas? Pois é, todas essas instruções estão lá, nesse Manual, o Livro oficial da prova. Mas não basta dizer que se tem, tampouco basta passar-lhe os olhos como o gato por cima das brasas. Ele está escrito com a intenção de que ninguém se perca ou fique pelo caminho. O seu conteúdo é tremendamente perigoso e revolucionário. Segundo Mahatma Gandhi, ele “tem em si uma quantidade de dinamite suficiente para fazer explodir em mil pedaços a civilização inteira”. E Francisco, que cita Gandhi, afirma que em certos países quem possui esse Livro “é tratado como se escondesse granadas no armário!”. De facto, a sua eficácia é enorme. O rebuliço que provoca, porém, não é bélico, é de paz e de dentro para fora. Age a partir do coração, concerta os cacos dos estilhaçados, consola os feridos, aquece os gelados, trabalha os de pedra, apela à razão e ao compromisso no bem. Se levado a sério, contagia muitos, não no isolamento de atleta egoísta, mas na alegria de atuar em equipa para melhor servir, abraçando os outros, o bem e o melhor! Importante é que todos, desinfetados das covides mundanas, possam entrar e participar na interminável festa final, uma verdadeira festa de gala onde não se podem dispensar o cante alentejano e a veste nupcial.

O grande fã e organizador é o Papa Francisco, o qual não esmorece nem deixa de insistir na necessidade de se conhecer bem esse Manual de procedimentos. No seu zelo pelo bem de todos e para que todos o conheçam e se abram ao seu conteúdo, Francisco, até determinou, em 30 de setembro de 2019, que o III Domingo do tempo comum de cada ano, lhe fosse totalmente dedicado, apelando à criatividade e capacidade de quem atua no terreno para que se atinjam os verdadeiros objetivos. Não é monopólio de ninguém, não é “património só de alguns”, não é “uma coletânea de livros para poucos privilegiados”. O Papa chamou a esse dia o “Dia da Palavra de Deus”. É o dia da Bíblia, da Sagrada Escritura, do Livro do povo de Deus, escrito com a inspiração e o fogo do Espírito Santo e que deve ser celebrado, refletido e divulgado. É o Livro que se deve “explicar e fazer compreender a todos”, em linguagem “simples e adaptada”, falando “com o coração para chegar ao coração”, para que todos possam captar a sua beleza e a traduzir em atitudes de vida. Sem a Palavra de Deus, “o coração fica frio e os olhos permanecem fechados, atingidos, como somos, por inumeráveis formas de cegueira”. Estas cegueiras dificilmente deixam aplanar os caminhos que conduzem à meta. Quando, porém, a Palavra de Deus toca o coração das pessoas, faz-se luz, arreguilam-se os olhos. É uma Palavra que ensina, refuta, corrige, abre à partilha e à fraternidade, educa na justiça, faz compreender o que o Senhor quer dizer, constrói a Igreja e a sociedade civil, transcende os tempos, tem em si a eternidade, a vida eterna.

Com certeza que o amigo leitor já está em prova. O sinal da partida foi dado aquando do seu Batismo. A Igreja, apesar de também humana, frágil e pecadora, é o estafe de apoio com tudo o que é preciso para ajudar a vencer no meio de todos os sacrifícios e dificuldades. Umas vezes ela vai à frente, a puxar. Outras vezes vai ao lado, dando a mão, indicando o caminho, ajudando a levantar de tropeções e queda. Outras vezes toca no ombro, para que não se adormeça ou se fique distraído. Outras vezes fica atrás, responsabilizando e confiando. Como Mãe cuidadosa, ela exorta a que se confie no verdadeiro amigo e companheiro de viagem, Aquele que sempre nos repete: “Não tenhais medo!”. “Vinde a Mim todos vós que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei”.

Deixo uma sugestão: que cada família, como pequenina Igreja e primeira escola de fé e oração, no próximo dia 24, Dia da Palavra de Deus, destaque, lá em casa, em local nobre, com ternura e beleza, a Sagrada Escritura. E como São Marcos é o Evangelista deste ano litúrgico, sugiro a leitura do seu Evangelho. É o Evangelho das periferias, da identidade de Jesus, da nossa relação com Ele, do que significa ser discípulo.

Vamos a isso!

 

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 15-01-2021.

 

 

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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE

PAPA FRANCISCO

PARA O

XXIX DIA MUNDIAL DO DOENTE

(11 de fevereiro de 2021)

 

«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23,8)

A relação de confiança na base do cuidado dos doentes

 

 

Queridos irmãos e irmãs!

 

A celebração do XXIX Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 2021, memória de Nossa Senhora de Lurdes, é momento propício para prestar uma atenção especial às pessoas doentes e a quantos as assistem, quer nos centros de saúde quer no seio das famílias e das comunidades. Penso de modo particular nas pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus. A todos, especialmente aos mais pobres e marginalizados, expresso a minha proximidade espiritual, assegurando a solicitude e o afeto da Igreja.

 

1. O tema deste Dia inspira-se no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem (cf. Mt 23,1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo que se professa e a vida real. O risco é grave; por isso Jesus usa expressões fortes, para acautelar do perigo de derrapagem na idolatria de si mesmo, e afirma: «Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (v. 8).

Esta crítica feita por Jesus àqueles que «dizem e não fazem» (v. 3) é sempre salutar para todos, pois ninguém está imune do mal da hipocrisia, um mal muito grave, cujo efeito é impedir-nos de desabrochar como filhos do único Pai, chamados a viver uma fraternidade universal.

Diante da condição de necessidade do irmão e da irmã, Jesus apresenta um modelo de comportamento totalmente oposto à hipocrisia: propõe deter-se, escutar, estabelecer uma relação direta e pessoal, sentir empatia e enternecimento, deixar-se comover pelo seu sofrimento até se encarregar dele, servindo-o (cf. Lc 10,30-35).

 

2. A experiência da doença faz-nos sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade inata do outro. Torna ainda mais nítida a nossa condição de criaturas, experimentando de maneira evidente a nossa dependência de Deus. De facto, quando estamos doentes, a incerteza, o temor e, por vezes, o pavor impregnam a mente e o coração; encontramo-nos numa situação de impotência, porque a saúde não depende das nossas capacidades nem do nosso afã (cf. Mt 6,27).

A doença impõe uma pergunta sobre o sentido que, na fé, se dirige a Deus. Uma pergunta que procura um significado novo e uma nova direção para a existência e que, por vezes, pode não encontrar imediatamente uma resposta. Os próprios amigos e familiares nem sempre são capazes de nos ajudar nesta procura desgastante.

A este respeito, é emblemática a figura bíblica de Job. A esposa e os amigos não conseguem acompanhá-lo na sua desventura; até o acusam, aumentando nele a solidão e o desorientamento. Job cai num estado de abandono e de incompreensão. Mas é precisamente através desta fragilidade extrema, rejeitando toda a hipocrisia e escolhendo o caminho da sinceridade para com Deus e os outros, que faz chegar com insistência o seu grito a Deus que acaba por responder-lhe, abrindo um novo horizonte. Confirma que o seu sofrimento não é uma punição ou um castigo, nem mesmo um estado de distanciamento de Deus ou um sinal da sua indiferença. Assim, do coração ferido e reparado de Job, brota aquela vibrante e comovente declaração ao Senhor: «Só Vos conhecia por ouvir falar de Vós, mas agora já Vos viram os meus próprios olhos» (Job 42,5).

 

3. A doença tem sempre um rosto, e até mais que um: o rosto de cada pessoa doente, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais (cf. Encíclica Fratelli tutti, 22). A atual pandemia pôs em evidência muitas insuficiências dos sistemas de saúde e carências na assistência às pessoas doentes. Aos idosos, aos mais frágeis e vulneráveis, nem sempre é garantido o acesso aos cuidados médicos, ou não o é sempre de forma equitativa. Isto depende das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade. Investir recursos nos cuidados e na assistência às pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário. Ao mesmo tempo, a pandemia pôs também em evidência a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas que, com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares. Uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por olhar para aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximos em virtude da pertença comum à família humana.

Com efeito, a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença. Enquanto cristãos, vivemos uma tal proximidade como expressão do amor de Jesus Cristo, o bom Samaritano, que com compaixão Se fez próximo de todo o ser humano, ferido pelo pecado. Unidos a Ele pela ação do Espírito Santo, somos chamados a ser misericordiosos como o Pai e a amar, de modo especial, os irmãos doentes, frágeis e atribulados (cf. Jo 13,34-35). E vivemos esta proximidade pessoalmente, mas também de forma comunitária: na realidade, o amor fraterno em Cristo gera uma comunidade capaz de curar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe sobretudo os mais frágeis.

A propósito, quero recordar a importância da solidariedade fraterna, que se manifesta concretamente no serviço, podendo assumir formas muito diferentes, mas todas elas tendentes a apoiar o próximo. «Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo» (Homilia em Havana, 20 de setembro de 2015). Neste compromisso, cada um é capaz «de pôr de lado as suas exigências e expectativas, os seus desejos de omnipotência, diante do olhar concreto dos mais frágeis [...]. O serviço olha sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade até, em alguns casos, a “sofrer”, e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, já que não servimos ideias, mas pessoas» (ibid.).

 

4. Para que haja uma boa terapêutica é decisivo o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística da pessoa doente. A valorização deste aspeto ajuda também os médicos, enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal de confiança (cf. Nova Carta dos Agentes de Saúde, [2016], 4). Trata-se, pois, de estabelecer um pacto entre as pessoas carecidas de cuidados e aqueles que as tratam; um pacto baseado na confiança e no respeito mútuos, na sinceridade, na disponibilidade, de modo a superar toda e qualquer barreira defensiva, colocar no centro a dignidade da pessoa doente, tutelar o profissionalismo dos agentes de saúde e manter um bom relacionamento com as famílias dos doentes.

Esta relação com a pessoa doente encontra uma fonte inesgotável de motivações e energias precisamente na caridade de Cristo, como demonstra o testemunho milenar de homens e mulheres que se santificaram servindo os enfermos. Efetivamente, do mistério da morte e ressurreição de Cristo brota aquele amor que é capaz de dar sentido pleno, tanto à condição do doente, como à da pessoa que dele cuida. Assim o atesta muitas vezes o Evangelho quando mostra que as curas realizadas por Jesus nunca são gestos mágicos, mas fruto de um encontro, uma relação interpessoal, em que ao dom de Deus, oferecido por Jesus, corresponde a fé de quem o acolhe, como se resume nesta frase que Jesus repete com frequência: “Foi a tua fé que te salvou”.

 

5. Queridos irmãos e irmãs, o mandamento do amor, que Jesus deixou aos seus discípulos, encontra uma realização concreta também no relacionamento com os doentes. Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado.

Confio todas as pessoas doentes, os agentes de saúde e quantos se prodigalizam junto aos que sofrem, a Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos. Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. A todos e cada um concedo, de coração, a minha bênção.

 

Roma, em São João de Latrão, a 20 de dezembro de 2020, IV Domingo de Advento.

 

Francisco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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