sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

 

 

PARÓQUIAS DE NISA

 

Sábado, 16 de janeiro de 2021 

 

LITURGIA

Sábado da semana I

Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 19, n. 18).

L 1 Hebr 4, 12-16; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15
Ev Mc 2, 13-17

* Na Diocese da Guarda – Aniversário da tomada de posse e entrada solene de D. Manuel da Rocha Felício.
* Na Ordem Agostiniana – Comemoração dos familiares defuntos dos Irmãos e Irmãs da Ordem.
* Na Ordem Franciscana – SS. Berardo, presbítero, e Companheiros, mártires, da I Ordem, Padroeiros da Província Portuguesa da O.F.M – FESTA; no Convento de Coimbra – SOLENIDADE
* Na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos – SS. Berardo, presbítero, e Companheiros, mártires – MO
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.

 

MISSA

 

ANTÍFONA DE ENTRADA
Sobre um trono elevado vi sentado um homem,
que uma multidão de Anjos adora, cantando em coro:
Eis Aquele que reina eternamente.


ORAÇÃO COLECTA
Atendei, Senhor, as orações do vosso povo;
dai-lhe luz para conhecer a vossa vontade
e coragem para a cumprir fielmente.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I (anos ímpares) Hebr 4, 12-16
«Vamos, cheios de confiança, ao trono da graça»


Leitura da Epístola aos Hebreus


Irmãos: A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes: ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito, das articulações e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração. Por isso não há criatura que possa fugir à sua presença: tudo está patente e descoberto aos olhos d’Aquele a quem devemos prestar contas. Tendo nós um sumo sacerdote eminente que atravessou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança, ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.


Palavra do Senhor.



SALMO RESPONSORIAL Salmo 18 B (19 B), 8.9.10.15 (R. Jo 6, 63c)
Refrão: As vossas palavras, Senhor,
são espírito e vida.
Repete-se

A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples. Refrão

Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração;
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos. Refrão

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos. Refrão

Aceitai as palavras da minha boca
e os pensamentos do meu coração
estejam na vossa presença:
Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor. Refrão


ALELUIA
Lc 4, 18
Refrão: Aleluia Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres,
a proclamar aos cativos a redenção.
Refrão


EVANGELHO Mc 2, 13-17
«Não vim chamar os justos, mas os pecadores»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, Jesus saiu de novo para a beira-mar. A multidão veio ao seu encontro, e Ele começou a ensinar a todos. Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Encontrando-Se Jesus à mesa em casa de Levi, muitos publicanos e pecadores estavam também a mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que O seguiam. Os escribas do partido dos fariseus, ao verem-n’O comer com os pecadores e os publicanos, diziam aos discípulos: «Por que motivo é que Ele come com publicanos e pecadores?». Jesus ouviu e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».


Palavra da salvação.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, a oblação do vosso povo
e fazei que ela santifique a nossa vida
e torne eficaz a nossa oração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 35, 10
Em Vós, Senhor, está a fonte da vida: na vossa luz veremos a luz.

Ou Jo 10, 10
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância, diz o Senhor.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus todo-poderoso,
que nos alimentais com os vossos sacramentos,
dai-nos a graça de Vos servir com uma vida santa.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA:

 

 

 

1. Leitura:  - Lê, respeita, situa o que lês.

     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 

 2. Meditação:  - Interioriza, dialoga, atualiza o que leste.

     - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 2020.11.28

 

3. Oração:  - Louva o Senhor, suplica, escuta.

     - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra.

 

 

LEITURAS –  Hebr 4, 12-16: Concluindo a referência à “voz do Senhor”, que nos convida a entrar no seu repouso, a epístola aprofunda o poder e a vitalidade da palavra de Deus, proclamada outrora pelos profetas e agora escutada diretamente da boca do Filho. E volta, de novo, a falar do Filho como sumo Sacerdote, compassivo para com as nossas fraquezas, e que entrou, de uma vez para sempre, nos Céus, onde, junto do Pai, é nosso Mediador, a Quem nos podemos dirigir cheios de confiança.

 

Mc 2, 13-17 : A missão de Jesus vai-se manifestando nas suas palavras, nos seus atos, nas suas atitudes. Tudo n’Ele são palavras da Palavra que Ele próprio é, Ele, o Verbo, a Palavra de Deus. E a sua missão é a de estabelecer a Aliança entre Deus e os homens; por isso, não receia comer com os pecadores. Mas, para o compreender, é preciso ter o coração aberto à linguagem do amor do Pai para com os homens, como Levi o tinha.

 

AGENDA DO DIA

 

15.00 horas: Missa na Salavessa

16.00 horas: Missa no Pardp

18.00 horas: Missa em Nisa

18.00 horas: Missa  em Alpalhão.

 

 

A VOZ DO PASTOR:

 

PENSAR DÁ MUITA TRABALHEIRA!... Oh!, se não dá!...

 

Já pensaste bem naquele teu e meu presente que nos foi dado no Natal?!... Então, anda daí, junta-te a nós e vamos desembrulhá-lo. Às vezes, fala-se sem pensar. Não raro, mesmo quando se pensa, cumpre-se o ditado: “cada cavadela sua minhoca”, ou então: “ou entra mosca ou sai asneira”! Pensar é uma exigência do bom senso em ordem à verdade, ao bem e ao melhor. Muitas coisas não aconteceriam, ou aconteceriam, se, primeiro, se pensasse bem nas consequências do fazer ou do não fazer. É consensual que a Verdade anda por aí a lamentar-se e a manquejar, sente-se desconsiderada e muito mal tratada, desconfia-se dela, descarta-se, tantas vezes por indiferença, subserviências, interesses ou maldade. Coisas dos homens!... E das mulheres também!... Parte-se do princípio de que a diversidade de posições são todas iguais, têm todas o mesmo valor, o que interessa é falar!. No entanto, só a Verdade é verdadeira, embora a mentira possa ter alguma coisa de verdade. Há quem, por exemplo, use meias verdades para levar a água ao seu moinho. É uma forma de gerar embustes entre pessoas ou na própria sociedade. Faz-se passar mentiras muito bem empanadas em doces meias verdades. Mas só a Verdade é capaz de iluminar, orientar e promover a pessoa e o sentido da própria vida. Só a Verdade é o alicerce seguro da construção do bem comum. Só a Verdade nos restabelecerá de situações menos felizes que acontecem na nossa própria vida. Será na Verdade, que, um dia, no fim dos tempos, apesar dos muitos desencontros, encontros e encontrões por este vale de lágrimas, todos haveremos de nos encontrar.

O diálogo pode ser um ótimo meio para encontrar a Verdade. Não o diálogo-conversa-de-café onde cada um diz o que lhe apetece e parece, sem fundamento nem conhecimento de causa. Não o diálogo para o qual se parte com preconceitos, com conclusões preestabelecidas, com o desejo de vencer ou o medo de perder. Não o diálogo em que, em nome da liberdade, a pessoa se desvincula da referência à Verdade, nega a capacidade de a poder conhecer e de reconhecer o que é verdadeiro. Não o diálogo que usa formas de argumentar que encapotam aquele relativismo e subjetividade que, nada reconhecendo como definitivo, tem como medida o próprio EU e as suas decisões subjetivas, partindo do pressuposto de que a Verdade se manifesta, de modo igual, nas mais diversas situações e doutrinas, mesmo que contraditórias. Só o diálogo feito com reta intenção, com capacidade de escuta, com respeito mútuo, humildade e inteligência, dará frutos. É da discussão que nasce a luz. Se é a Verdade que se procura, a Verdade, poderá demorar em se mostrar, mas acabará por dar a mão à palmatória e saltar, não porque lhe doeram as reguadas, mas com a alegria de ter sido encontrada. Não a minha verdade, não a tua verdade, não a nossa verdade - ninguém tem o monopólio da verdade! -, mas aquela Verdade que todos procuramos. De facto, somos verdadeiros na medida em que buscamos a Verdade e nela procuramos viver, sem favorecer quem se esmera em defender interesses dúbios, quem usa ideologias esfarrapadas ou arrogância intimidatória. O respeito por todos não significa que possa haver indiferença perante a Verdade e o Bem. Pelo contrário, é o próprio amor que exige e incita a que se anuncie a todos o Bem que edifica e a Verdade que salva.

A terminar o tempo festivo do Natal, celebramos o Batismo do Senhor, no rio Jordão. Não tendo pecado, Jesus meteu-se na fila, misturou-se com os penitentes para ser batizado por João. Ao sair da água, porém, viu descer sobre si o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, e ouviu o Pai a chamar-lhe Filho muito amado. Um dia, o encavacado Pilatos perguntou a Jesus o que era a Verdade. Jesus, porém, não lhe respondeu, até porque Pilatos não estava interessado na Verdade, só queria ouvir de Jesus o que ele e o povo gostariam de ouvir. Mas Jesus apresentou-se aos seus como o Caminho, a Verdade e a Vida. Para nós, cristãos, a Verdade plena é Jesus Cristo. Uma Verdade que nunca se impôs ou impõe, apenas se propõe e convida todas as pessoas à conversão e à fé, à alegria de viver na Verdade e de caminhar em direção à Verdade plena.

Para continuar esta missão que o Pai lhe confiara, Jesus instituiu a Igreja que, depois da Ressurreição, a enviou por todo o mundo, em seu nome, para chegar a todos e a cada um. Movida pelo Espírito Santo, a Igreja, apesar das suas debilidades e fraquezas - que são muitas porque também é humana -, tem o dever de obedecer e continuar a missão de Cristo, convidando à mudança de vida e de mentalidade, convidando à conversão e à Verdade, à vida nova em Cristo e à receção do Batismo. A missão de batizar está implicada na missão de evangelizar. O Batismo não é um simples rito, formalidade ou tradição. É uma verdadeira festa da família e comunidade cristãs, sobretudo quando todos estão conscientes do que celebram: um Sacramento, instituído por Cristo. Por ele, somos imersos na fonte de vida que é a morte de Jesus, o mais sublime ato de amor de toda a história. Por ele, ‘ressuscitamos’ para uma vida nova na comunhão com Deus e os irmãos. Por ele, tornamo-nos membros da Igreja e participantes do sacerdócio, profetismo e realeza de Jesus Cristo. Por ele, temos acesso à celebração dos outros sacramentos, todos eles graça do Espírito Santo, que alimentam, fortificam, exprimem a fé e tornam-nos portadores de uma nova esperança, os quais, para os crentes, são necessários para a salvação.

Ao celebrarmos o Batismo do Senhor, também fazemos memória do nosso próprio Batismo. Somos batizados no Espírito da Verdade, o qual nos transmite a ternura do perdão divino, nos impele para a Verdade e faz ecoar em nós a voz do Pai a chamar-nos filhos muito amados! Filhos e herdeiros, colaboradores na construção do seu reino, usufruindo de todas as graças que o Senhor nos oferece, na e pela sua Igreja, riqueza sem igual e tão pouco interiorizada!...

Constata-se que muitas pessoas batizadas, nunca avaliaram a riqueza do dom do Batismo, nunca refletiram sobre os seus efeitos e consequências, nunca lhe procuraram corresponder, comprometidos e agradecidos. Uns, por deficiente formação cristã, culpável ou não. Outros, por preconceitos ou indiferença. Outros, talvez por resistência à força da Palavra e ação do Espírito Santo, mesmo quando comprovadas pelo testemunho de quem anuncia. Mas quase todos, assim o acredito, porque nunca pararam para pensar! Estou convencido que, se se pensasse e se buscasse a Verdade, descobrindo o que significa ser batizado em nome da Santíssima Trindade, com certeza que não se negaria o Batismo aos filhos. Não se adiaria sem razão. Saber-se-ia escolher os padrinhos em função do seu testemunho eclesial. Ninguém, por respeito a si próprio e aos outros, ninguém aceitaria ser padrinho se a sua própria vida fosse vivida à margem da Igreja. Não se fugiria à preparação da celebração. Iria agradecer-se e ensinar a agradecer tão grande graça que o Senhor nos concede. A própria celebração aconselharia toda a família, ou pelo menos os pais e padrinhos, ao Sacramento da Reconciliação para receberem a Sagrada Eucaristia e testemunharem a comunhão em Cristo que, na Igreja e pela Igreja, batiza aquela criança tornando-a templo da Santíssima Trindade. Isto levaria a um melhor compromisso no dever de viver, defender, apoiar, espevitar e fazer crescer a fé da criança. Mesmo aos adultos não batizados, o Senhor diz: “Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações” (Sl 94). Estou certo de que, se pensassem, procurassem e descobrissem a Verdade, iriam, com certeza, afirmar como Santo Agostinho, afastado de Deus na sua juventude: “Tarde vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-Vos! ... Porém, chamastes-me, com uma voz tão forte, que rompestes a minha Surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira!... Saboreei-Vos e, agora, tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi, no desejo da Vossa Paz”.

Com isto, não estou a defender o proselitismo. Este é sempre de rejeitar, é negativo, não se coaduna com o espírito do Evangelho, não salvaguarda a liberdade e a dignidade da pessoa. Com isto estou apenas a propor e a pedir um tempinho para desembrulhar esse presente do Natal, para pensar e descobrir a riqueza do Batismo. Cada criança, cada jovem, cada pessoa, tem o direito de ouvir a Boa Nova da salvação, tem o direito de saber que Deus a ama e se entregou a si mesmo por ela. A este direito de cada pessoa corresponde o dever que a Igreja tem de ir e anunciar, no respeito pela liberdade de quem ouve e na consciência de que, se o encontro com Cristo acontecer, ele se deve à força da Palavra, à ação do Espírito Santo e ao testemunho de quem anuncia. Anunciar e testemunhar, com alegria e esperança, são o primeiro e o mais importante serviço de Caridade e Amor que os cristãos podem prestar à humanidade, começando pelas pessoas que mais se amam, a família. “Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações” (Sl 94).

Antonino Dias

Portalegre-Castelo Branco, 2021-01-08.

 

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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE

PAPA FRANCISCO

PARA O

XXIX DIA MUNDIAL DO DOENTE

(11 de fevereiro de 2021)

 

«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23,8)

A relação de confiança na base do cuidado dos doentes

 

 

Queridos irmãos e irmãs!

 

A celebração do XXIX Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 2021, memória de Nossa Senhora de Lurdes, é momento propício para prestar uma atenção especial às pessoas doentes e a quantos as assistem, quer nos centros de saúde quer no seio das famílias e das comunidades. Penso de modo particular nas pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus. A todos, especialmente aos mais pobres e marginalizados, expresso a minha proximidade espiritual, assegurando a solicitude e o afeto da Igreja.

 

1. O tema deste Dia inspira-se no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem (cf. Mt 23,1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo que se professa e a vida real. O risco é grave; por isso Jesus usa expressões fortes, para acautelar do perigo de derrapagem na idolatria de si mesmo, e afirma: «Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (v. 8).

Esta crítica feita por Jesus àqueles que «dizem e não fazem» (v. 3) é sempre salutar para todos, pois ninguém está imune do mal da hipocrisia, um mal muito grave, cujo efeito é impedir-nos de desabrochar como filhos do único Pai, chamados a viver uma fraternidade universal.

Diante da condição de necessidade do irmão e da irmã, Jesus apresenta um modelo de comportamento totalmente oposto à hipocrisia: propõe deter-se, escutar, estabelecer uma relação direta e pessoal, sentir empatia e enternecimento, deixar-se comover pelo seu sofrimento até se encarregar dele, servindo-o (cf. Lc 10,30-35).

 

2. A experiência da doença faz-nos sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade inata do outro. Torna ainda mais nítida a nossa condição de criaturas, experimentando de maneira evidente a nossa dependência de Deus. De facto, quando estamos doentes, a incerteza, o temor e, por vezes, o pavor impregnam a mente e o coração; encontramo-nos numa situação de impotência, porque a saúde não depende das nossas capacidades nem do nosso afã (cf. Mt 6,27).

A doença impõe uma pergunta sobre o sentido que, na fé, se dirige a Deus. Uma pergunta que procura um significado novo e uma nova direção para a existência e que, por vezes, pode não encontrar imediatamente uma resposta. Os próprios amigos e familiares nem sempre são capazes de nos ajudar nesta procura desgastante.

A este respeito, é emblemática a figura bíblica de Job. A esposa e os amigos não conseguem acompanhá-lo na sua desventura; até o acusam, aumentando nele a solidão e o desorientamento. Job cai num estado de abandono e de incompreensão. Mas é precisamente através desta fragilidade extrema, rejeitando toda a hipocrisia e escolhendo o caminho da sinceridade para com Deus e os outros, que faz chegar com insistência o seu grito a Deus que acaba por responder-lhe, abrindo um novo horizonte. Confirma que o seu sofrimento não é uma punição ou um castigo, nem mesmo um estado de distanciamento de Deus ou um sinal da sua indiferença. Assim, do coração ferido e reparado de Job, brota aquela vibrante e comovente declaração ao Senhor: «Só Vos conhecia por ouvir falar de Vós, mas agora já Vos viram os meus próprios olhos» (Job 42,5).

 

3. A doença tem sempre um rosto, e até mais que um: o rosto de cada pessoa doente, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais (cf. Encíclica Fratelli tutti, 22). A atual pandemia pôs em evidência muitas insuficiências dos sistemas de saúde e carências na assistência às pessoas doentes. Aos idosos, aos mais frágeis e vulneráveis, nem sempre é garantido o acesso aos cuidados médicos, ou não o é sempre de forma equitativa. Isto depende das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade. Investir recursos nos cuidados e na assistência às pessoas doentes é uma prioridade ditada pelo princípio de que a saúde é um bem comum primário. Ao mesmo tempo, a pandemia pôs também em evidência a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas que, com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares. Uma série silenciosa de homens e mulheres que optaram por olhar para aqueles rostos, ocupando-se das feridas de pacientes que sentiam como próximos em virtude da pertença comum à família humana.

Com efeito, a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença. Enquanto cristãos, vivemos uma tal proximidade como expressão do amor de Jesus Cristo, o bom Samaritano, que com compaixão Se fez próximo de todo o ser humano, ferido pelo pecado. Unidos a Ele pela ação do Espírito Santo, somos chamados a ser misericordiosos como o Pai e a amar, de modo especial, os irmãos doentes, frágeis e atribulados (cf. Jo 13,34-35). E vivemos esta proximidade pessoalmente, mas também de forma comunitária: na realidade, o amor fraterno em Cristo gera uma comunidade capaz de curar, que não abandona ninguém, que inclui e acolhe sobretudo os mais frágeis.

A propósito, quero recordar a importância da solidariedade fraterna, que se manifesta concretamente no serviço, podendo assumir formas muito diferentes, mas todas elas tendentes a apoiar o próximo. «Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo» (Homilia em Havana, 20 de setembro de 2015). Neste compromisso, cada um é capaz «de pôr de lado as suas exigências e expectativas, os seus desejos de omnipotência, diante do olhar concreto dos mais frágeis [...]. O serviço olha sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade até, em alguns casos, a “sofrer”, e procura a promoção do irmão. Por isso, o serviço nunca é ideológico, já que não servimos ideias, mas pessoas» (ibid.).

 

4. Para que haja uma boa terapêutica é decisivo o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística da pessoa doente. A valorização deste aspeto ajuda também os médicos, enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal de confiança (cf. Nova Carta dos Agentes de Saúde, [2016], 4). Trata-se, pois, de estabelecer um pacto entre as pessoas carecidas de cuidados e aqueles que as tratam; um pacto baseado na confiança e no respeito mútuos, na sinceridade, na disponibilidade, de modo a superar toda e qualquer barreira defensiva, colocar no centro a dignidade da pessoa doente, tutelar o profissionalismo dos agentes de saúde e manter um bom relacionamento com as famílias dos doentes.

Esta relação com a pessoa doente encontra uma fonte inesgotável de motivações e energias precisamente na caridade de Cristo, como demonstra o testemunho milenar de homens e mulheres que se santificaram servindo os enfermos. Efetivamente, do mistério da morte e ressurreição de Cristo brota aquele amor que é capaz de dar sentido pleno, tanto à condição do doente, como à da pessoa que dele cuida. Assim o atesta muitas vezes o Evangelho quando mostra que as curas realizadas por Jesus nunca são gestos mágicos, mas fruto de um encontro, uma relação interpessoal, em que ao dom de Deus, oferecido por Jesus, corresponde a fé de quem o acolhe, como se resume nesta frase que Jesus repete com frequência: “Foi a tua fé que te salvou”.

 

5. Queridos irmãos e irmãs, o mandamento do amor, que Jesus deixou aos seus discípulos, encontra uma realização concreta também no relacionamento com os doentes. Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado.

Confio todas as pessoas doentes, os agentes de saúde e quantos se prodigalizam junto aos que sofrem, a Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos. Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. A todos e cada um concedo, de coração, a minha bênção.

 

Roma, em São João de Latrão, a 20 de dezembro de 2020, IV Domingo de Advento.

 

Francisco

 

 

 

 

 

 

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