PARÓQUIAS DE NISA
Segunda, 11 de fevereiro de 2019
Segunda da V semana do
tempo comum
Ofício do domingo
I semana
Dia mundial do doente
SEGUNDA-FEIRA da semana
V
Nossa Senhora de Lurdes
– MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Gen 1, 1-19; Sal 103 (104), 1-2a. 5-6. 10 e 12. 24 e 35c
Ev Mc 6, 53-56
* Dia Mundial do Doente.
* Na Diocese de Leiria-Fátima – Aniversário da Ordenação episcopal de D. António Augusto dos Santos Marto, Cardeal (2001).
* Na Ordem Beneditina – S. Bento de Aniano, abade – MF; Nossa Senhora de Lurdes – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 Gen 1, 1-19; Sal 103 (104), 1-2a. 5-6. 10 e 12. 24 e 35c
Ev Mc 6, 53-56
* Dia Mundial do Doente.
* Na Diocese de Leiria-Fátima – Aniversário da Ordenação episcopal de D. António Augusto dos Santos Marto, Cardeal (2001).
* Na Ordem Beneditina – S. Bento de Aniano, abade – MF; Nossa Senhora de Lurdes – MF
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 94, 6-7
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família;
e, porque só em Vós põe a sua confiança,
defendei-a sempre com a vossa protecção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA (anos ímpares) Gen 1, 1-19
«Deus disse e assim sucedeu»
Leitura do Livro do Génesis
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
O Senhor é o nosso Deus.
ORAÇÃO COLECTA
Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família;
e, porque só em Vós põe a sua confiança,
defendei-a sempre com a vossa protecção.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA (anos ímpares) Gen 1, 1-19
«Deus disse e assim sucedeu»
Leitura do Livro do Génesis
No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a superfície do abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: «Faça-se a luz». E a luz apareceu. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou ‘dia’ à luz e ‘noite’ às trevas. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: era o primeiro dia. Disse Deus: «Haja um firmamento no meio das águas, para as manter separadas umas das outras». Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das águas que estavam por cima dele. E ao firmamento chamou ‘céu’. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo dia. Disse Deus: «Juntem-se as águas que estão debaixo do firmamento num só lugar e apareça a terra seca». E assim sucedeu. À parte seca Deus chamou ‘terra’ e ‘mar’ ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. Disse Deus: «Cubra-se a terra de verdura: ervas que dêem sementes e árvores de fruto, que produzam sobre a terra frutos com a sua semente, segundo a própria espécie». E assim sucedeu. A terra produziu verdura: erva que produz semente, segundo a sua espécie, e árvores que dão frutos com a sua semente, segundo a própria espécie. Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia. Disse Deus: «Haja luzeiros no firmamento do céu, para distinguirem o dia da noite e servirem de sinais para as festas, os dias e os anos, para que brilhem no firmamento do céu e iluminem a terra». E assim sucedeu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia e o menor para presidir à noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento do céu para iluminarem a terra, para presidirem ao dia e à noite e separarem a luz das trevas. Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 103 (104), 1-2a.5-6.10 e 12.24 e 35c (R. cf. 31b)
Refrão: Rejubile o Senhor nas suas obras. Repete-se
Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Revestido de esplendor e majestade,
envolvido em luz como num manto! Refrão
Fundastes a terra sobre alicerces firmes:
não oscilará por toda a eternidade.
Vós a cobristes com o manto do oceano,
por sobre os montes pousavam as águas. Refrão
Transformais as fontes em rios
que correm entre as montanhas.
Nas suas margens habitam as aves do céu;
por entre a folhagem fazem ouvir o seu canto. Refrão
Como são grandes as vossas obras!
Tudo fizestes com sabedoria:
a terra está cheia das vossas criaturas.
Glória a Deus para sempre. Refrão
ALELUIA cf. Mt 4, 23
Refrão: Aleluia Repete-se
Jesus proclamava o Evangelho do reino
e curava todas as doenças entre o povo. Refrão
EVANGELHO Mc 6, 53-56
«Todos os que O tocavam ficavam curados»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos fizeram a travessia do lago e vieram para terra em Genesaré, onde aportaram. Quando saíram do barco, as pessoas reconheceram logo Jesus; então percorreram toda aquela região e começaram a trazer os doentes nos catres, para onde ouviam dizer que Ele estava. Nas aldeias, cidades ou casais onde Jesus entrasse, colocavam os enfermos nas praças públicas e pediam que os deixasse tocar-Lhe ao menos na orla do manto. E todos os que O tocavam ficavam curados.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Senhor nosso Deus,
que criastes o pão e o vinho
para auxílio da nossa fraqueza
concedei que eles se tornem para nós
sacramento de vida eterna.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 106, 8-9
Dêmos graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens,
porque Ele deu de beber aos que tinham sede
e saciou os que tinham fome.
Ou Mt 5, 5-6
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de bondade,
que nos fizestes participantes do mesmo pão e do mesmo cálice,
concedei que, unidos na alegria e no amor de Cristo,
dêmos fruto abundante para a salvação do mundo.
Por Nosso Senhor.
«Quando preenches a tua vida com o amor, sobra sempre alguma coisa para os
outros»
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do
dia
1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem
que leste
2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de
Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou
através da Sua Palavra
LEITURA: Gen
1, 1-19: Começamos hoje a ler, em leitura semi-contínua, o
primeiro livro da Bíblia, chamado Génesis, que quer dizer “Origens”. De uma
forma poética, toda imaginativa, o autor apresenta a criação inteira saindo das
mãos de Deus. À medida que o tempo caminha nós vamos captando o sentido último
da criação, desde a criatura mais simples até ao mais alto grau da vida, que só
em Jesus Cristo se alcança, porque Ele é o próprio Deus encarnado numa
criatura, é o novo Adão, é o Primeiro e o Último, como se lê no Apocalipse.
Mc
6, 53-56: De novo, Jesus Se revela como a fonte da vida: todos
os que O tocam são curados. Mas não é o gesto, em si mesmo, de O tocar
materialmente que os aproxima de Jesus, mas a fé que lhes move o coração e lhes
faz ver para além daquilo aonde os olhos podem chegar. Os milagres de Jesus vêm
sempre remediar situações deficientes do homem. Assim, Jesus vai anunciando
desde já, pelos sinais que vai realizando, a sua Páscoa, que levará a cabo a
nova criação.
_________________
LEITURA DO EVANGELHO:
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Ajuda-nos, Senhor, a
gostar de nós mesmos, simplesmente porque tu nos amas.
AGENDA
21.00 horas: Oração de louvor no Calvário.
A VOZ DO PASTOR
QUE TENS TU QUE NÃO
TENHAS RECEBIDO?
Em dia litúrgico de Nossa Senhora de
Lurdes, 11 de fevereiro, celebramos o XXVII Dia Mundial do Doente, sob o lema
«Recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10,8). Na sua Mensagem para este dia, o
Papa vem-nos lembrar que o caminho mais credível da evangelização está nos
“gestos de dom gratuito como os do Bom Samaritano” e que “o cuidado dos doentes
precisa de profissionalismo e de ternura, de gestos gratuitos, imediatos e
simples”. A saúde “é relacional, depende da interação com os outros e precisa
de confiança, amizade e solidariedade”. Para que conheçamos e sintonizemos com
a Mensagem de Francisco para este dia, vou rebuscar daí algumas passagens.
Instituído em 1992 por São João Paulo
II, o Dia Mundial do Doente celebra-se sempre neste dia e em toda a parte. Este
ano, a celebração mais solene tem lugar em Calcutá, na Índia. Francisco refere
que foi aqui que Santa Teresa de Calcutá tornou visível o amor de Deus pelos
pobres e pelos doentes. Foi aqui que ela se fez “disponível a todos, através do
acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e dos abandonados e
descartados” Foi aqui que ela desceu “até às pessoas indefesas, deixadas
moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera”.
Foi aqui que ela fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem
a sua culpa diante dos crimes” da pobreza que eles próprios tinham criado. Foi
aqui, “nas periferias das cidades e nas periferias existenciais” que ela deu ao
mundo “um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres
entre os pobres». Foi aqui que ela testemunhou ter como único critério de ação
“o amor gratuito para com todos, sem distinção de língua, cultura, etnia ou
religião. Foi aqui que ela rasgou “horizontes de alegria e esperança para a
humanidade necessitada de compreensão e ternura, especialmente para as pessoas
que sofrem”.
A vida é um dom de Deus, de
reconhecimento recíproco, todos tudo recebemos, gratuitamente. Sim, “em que és
tu mais do que os outros? O que tens tu que não tenhas recebido?» (1 Cor
4,7). No entanto, porque o homem é sempre humano,
continua pretensioso, a esticar-se e a chegar-se à frente para se fazer valer
diante dos outros e se autorreferenciar. Nada de novo sobre a face da terra, já
lá dizia Coélet no século III antes de Cristo: Vaidade das vaidades, tudo é
vaidade! (cf. Ecles 1, 2).
Contra a cultura desumana do descarte e
da indiferença, o Papa afirma “que há de colocar-se o dom como paradigma capaz
de desafiar o individualismo e a fragmentação social dos nossos dias”. Há que
promover novos vínculos e várias formas de cooperação humana, tendo, como
pressuposto do dom, o diálogo, que abre espaços relacionais de crescimento e
progresso humano e rompe com esquemas de poder consolidados. E acrescenta: “Dar
não se identifica com o ato de oferecer um presente, porque só pode dizer-se
“dom” se nos dermos a nós mesmos: não pode reduzir-se à mera transferência de
uma propriedade ou de algum objeto. Distingue-se de “oferecer um presente”
precisamente porque inclui o dom de si mesmo e supõe o desejo de estabelecer um
vínculo. O dom “é um reconhecimento recíproco, que constitui o caráter
indispensável do vínculo social. No dom há o reflexo do amor de Deus que
culmina na encarnação do Filho Jesus e na efusão do Espírito Santo”.
Cada um de nós, sem exceção, “é pobre,
necessitado e indigente. Quando nascemos, para viver tivemos necessidade dos
cuidados dos nossos pais; de forma semelhante, em cada fase e etapa da vida,
cada um de nós nunca conseguirá, de todo, ver-se livre da necessidade e da
ajuda dos outros, nunca conseguirá arrancar de si mesmo o limite da impotência
face a alguém ou a alguma coisa” Por isso, o reconhecimento leal desta verdade
“convida-nos a permanecer humildes e a praticar com coragem a solidariedade,
como virtude indispensável à existência”. Estando, por natureza, ligados uns
aos outros e sentindo-nos como irmãos, somos impelidos “a uma práxis
responsável e responsabilizadora”, socialmente solidária e orientada para o bem
comum. “Não devemos ter medo de nos reconhecermos necessitados e incapazes de
nos darmos tudo aquilo de que teríamos necessidade, porque não conseguimos,
sozinhos e apenas com as nossas forças, vencer todos os limites. Não temamos
este reconhecimento, porque o próprio Deus, em Jesus, desceu (cf. Flp 2,8), e
desce até nós e até às nossas pobrezas para nos ajudar e nos dar aqueles bens
que, sozinhos, nunca poderíamos ter”.
A Papa refere ainda a gratuidade humana
como sendo “o fermento da ação dos voluntários, que têm tanta importância, quer
no sector social, quer no da saúde, e que vivem de modo eloquente a
espiritualidade do Bom Samaritano”. Insiste na necessidade de promover a
cultura da gratuidade e do dom, indispensável para superar a cultura do lucro e
do descarte. Encoraja todas as associações de voluntariado, aquelas que se
ocupam do transporte e assistência dos doentes, aquelas que possibilitam as
doações de sangue, de tecidos e de órgãos, aqueles que, com a sua presença,
expressam a solicitude da Igreja junto dos doentes, sobretudo de quantos se
veem afetados por patologias que exigem cuidados especiais, aqueles que prestam
os seus serviços de voluntariado nas estruturas de saúde e no domicílio, desde
a assistência ao apoio espiritual. O voluntário, afirma Francisco, “é um amigo
desinteressado, a quem se pode confidenciar pensamentos e emoções; através da
escuta, ele cria as condições para que o doente deixe de ser objeto passivo de
cuidados e se torne sujeito ativo e protagonista duma relação de reciprocidade,
capaz de recuperar a esperança e mais capaz de aceitar os tratamentos. O
voluntariado comunica valores, comportamentos e estilos de vida que, no centro,
têm o fermento da doação. Deste modo realiza-se também a humanização dos
cuidados”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 8-02-2019.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
27º Dia Mundial do Enfermo (11 de fevereiro de 2019)
Boletim da Santa Sé
«Recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 8)
Queridos irmãos e irmãs!
«Recebestes de graça, dai de graça» (Mt 10, 8): estas são palavras
pronunciadas por Jesus, quando enviou os apóstolos a espalhar o Evangelho, para
que, através de gestos de amor gratuito, se propagasse o seu Reino.
Por ocasião do XXVII Dia Mundial do Doente, que será celebrado de modo
solene em Calcutá, na Índia, a 11 de fevereiro de 2019, a Igreja – Mãe de todos
os seus filhos, mas com uma solicitude especial pelos doentes – lembra que o
caminho mais credível de evangelização são gestos de dom gratuito como os do
Bom Samaritano. O cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de
gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos
sentir ao outro que nos é «querido».
A vida é dom de Deus, pois – como adverte São Paulo – «que tens tu que
não tenhas recebido?» (1 Cor 4, 7). E, precisamente porque é dom, a existência
não pode ser considerada como mera possessão ou propriedade privada, sobretudo
à vista das conquistas da medicina e da biotecnologia, que poderiam induzir o
homem a ceder à tentação de manipular a «árvore da vida» (cf. Gn 3, 24).
Contra a cultura do descarte e da indiferença, cumpre-me afirmar que se
há de colocar o dom como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a
fragmentação social dos nossos dias, para promover novos vínculos e várias
formas de cooperação humana entre povos e culturas. Como pressuposto do dom,
temos o diálogo, que abre espaços relacionais de crescimento e progresso humano
capazes de romper os esquemas consolidados de exercício do poder na sociedade.
O dar não se identifica com o ato de oferecer um presente, porque só se pode
dizer tal se for um dar-se a si mesmo: não se pode reduzir a mera transferência
duma propriedade ou dalgum objeto. Distingue-se de presentear, precisamente
porque inclui o dom de si mesmo e supõe o desejo de estabelecer um vínculo.
Assim, antes de mais nada, o dom é um reconhecimento recíproco, que constitui o
caráter indispensável do vínculo social. No dom, há o reflexo do amor de Deus,
que culmina na encarnação do Filho Jesus e na efusão do Espírito Santo.
Todo o homem é pobre, necessitado e indigente. Quando nascemos, para
viver tivemos necessidade dos cuidados dos nossos pais; de forma semelhante, em
cada fase e etapa da vida, cada um de nós nunca conseguirá, de todo, ver-se
livre da necessidade e da ajuda alheia, nunca conseguirá arrancar de si mesmo o
limite da impotência face a alguém ou a alguma coisa. Também esta é uma
condição que carateriza o nosso ser de «criaturas». O reconhecimento leal desta
verdade convida-nos a permanecer humildes e a praticar com coragem a
solidariedade, como virtude indispensável à existência.
Esta consciência impele-nos a uma práxis responsável e
responsabilizadora, tendo em vista um bem que é indivisivelmente pessoal e
comum. Apenas quando o homem se concebe, não como um mundo fechado em si mesmo,
mas como alguém que, por sua natureza, está ligado a todos os outros,
originariamente sentidos como «irmãos», é possível uma práxis social solidária,
orientada para o bem comum. Não devemos ter medo de nos reconhecermos
necessitados e incapazes de nos darmos tudo aquilo de que teríamos necessidade,
porque não conseguimos, sozinhos e apenas com as nossas forças, vencer todos os
limites. Não temamos este reconhecimento, porque o próprio Deus, em Jesus, Se
rebaixou (cf. Flp 2, 8), e rebaixa, até nós e até às nossas pobrezas para nos
ajudar e dar aqueles bens que, sozinhos, nunca poderíamos ter.
Aproveitando a circunstância desta celebração solene na Índia, quero
lembrar, com alegria e admiração, a figura da Santa Madre Teresa de Calcutá, um
modelo de caridade que tornou visível o amor de Deus pelos pobres e os doentes.
Como dizia na sua canonização, «Madre Teresa, ao longo de toda a sua
existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se
disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos
nascituros e daqueles abandonados e descartados. (…) Inclinou-se sobre as
pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a
dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para
que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes (…) da pobreza criada por eles
mesmos. A misericórdia foi para ela o “sal”, que dava sabor a todas as suas
obras, e a “luz” que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer
tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento. A sua missão
nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos
dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres
entre os pobres» (Homilia, 4/IX/2016).
A Santa Madre Teresa ajuda-nos a compreender que o único critério de ação
deve ser o amor gratuito para com todos, sem distinção de língua, cultura,
etnia ou religião. O seu exemplo continua a guiar-nos na abertura de horizontes
de alegria e esperança para a humanidade necessitada de compreensão e ternura,
especialmente para as pessoas que sofrem.
A gratuidade humana é o fermento da ação dos voluntários, que têm tanta
importância no setor socio-sanitário e que vivem de modo eloquente a
espiritualidade do Bom Samaritano. Agradeço e encorajo todas as associações de
voluntariado que se ocupam do transporte e assistência dos doentes, aquelas que
providenciam nas doações de sangue, tecidos e órgãos. Um campo especial onde a
vossa presença expressa a solicitude da Igreja é o da tutela dos direitos dos
doentes, sobretudo de quantos se veem afetados por patologias que exigem
cuidados especiais, sem esquecer o campo da sensibilização e da prevenção.
Revestem-se de importância fundamental os vossos serviços de voluntariado nas
estruturas sanitárias e no domicílio, que vão da assistência sanitária ao apoio
espiritual. Deles beneficiam tantas pessoas doentes, sós, idosas, com
fragilidades psíquicas e motoras. Exorto-vos a continuar a ser sinal da
presença da Igreja no mundo secularizado. O voluntário é um amigo
desinteressado, a quem se pode confidenciar pensamentos e emoções; através da
escuta, ele cria as condições para que o doente deixe de ser objeto passivo de
cuidados para se tornar sujeito ativo e protagonista duma relação de
reciprocidade, capaz de recuperar a esperança, mais disposto a aceitar as
terapias. O voluntariado comunica valores, comportamentos e estilos de vida
que, no centro, têm o fermento da doação. Deste modo realiza-se também a
humanização dos tratamentos.
A dimensão da gratuidade deveria animar sobretudo as estruturas
sanitárias católicas, porque é a lógica evangélica que qualifica a sua ação,
quer nas zonas mais desenvolvidas quer nas mais carentes do mundo. As
estruturas católicas são chamadas a expressar o sentido do dom, da gratuidade e
da solidariedade, como resposta à lógica do lucro a todo o custo, do dar para
receber, da exploração que não respeita as pessoas.
Exorto-vos a todos, nos vários níveis, a promover a cultura da gratuidade
e do dom, indispensável para superar a cultura do lucro e do descarte. As
instituições sanitárias católicas não deveriam cair no estilo empresarial, mas
salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro. Sabemos que a saúde é
relacional, depende da interação com os outros e precisa de confiança, amizade
e solidariedade; é um bem que só se pode gozar «plenamente», se for partilhado.
A alegria do dom gratuito é o indicador de saúde do cristão.
A todos vos confio a Maria, Salus infirmorum. Que Ela nos ajude a
partilhar os dons recebidos com o espírito do diálogo e mútuo acolhimento, a
viver como irmãos e irmãs cada um atento às necessidades dos outros, a saber
dar com coração generoso, a aprender a alegria do serviço desinteressado. Com
afeto, asseguro a todos a minha proximidade na oração e envio-vos de coração a
Bênção Apostólica.
Vaticano, 25 de novembro de 2018
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo
FRANCISCUS
Sem comentários:
Enviar um comentário