PARÓQUIAS
DE NISA
Terça, 02 de abril de 2019
Terça
da IV semana da quaresma
Ofício
da féria – IV semana
TERÇA-FEIRA
da semana IV
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Ez 47, 1-9. 12; Sal 45 (46), 2-3. 5-6. 8-9
Ev Jo 5, 1-3a. 5-16
* Pode celebrar-se a memória de S. Francisco de Paula, eremita, como se indica na p. 33, n. 8.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Ez 47, 1-9. 12; Sal 45 (46), 2-3. 5-6. 8-9
Ev Jo 5, 1-3a. 5-16
* Pode celebrar-se a memória de S. Francisco de Paula, eremita, como se indica na p. 33, n. 8.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA cf. Is 55, 1
Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Todos vós que não tendes dinheiro, vinde e bebei com alegria.
ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor, que a observância deste santo tempo da Quaresma disponha o coração dos vossos fiéis para celebrarem dignamente o mistério pascal e anunciarem aos homens a alegria da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Ez 47, 1-9.12
«Vi a água sair do templo
e todos aqueles a quem chegou esta água foram salvos»
Leitura da Profecia de Ezequiel
Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Todos vós que não tendes dinheiro, vinde e bebei com alegria.
ORAÇÃO COLECTA
Fazei, Senhor, que a observância deste santo tempo da Quaresma disponha o coração dos vossos fiéis para celebrarem dignamente o mistério pascal e anunciarem aos homens a alegria da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Ez 47, 1-9.12
«Vi a água sair do templo
e todos aqueles a quem chegou esta água foram salvos»
Leitura da Profecia de Ezequiel
Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Debaixo do limiar da porta saía água, em direção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar. O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora, até à porta exterior, que está voltada para o Oriente. As águas corriam do lado direito. Depois saiu na direcção do Oriente com uma corda na mão; mediu mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos tornozelos. Mediu outros mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me à cintura. Por fim, mediu mais mil côvados: era uma torrente que eu não podia atravessar. As águas tinham aumentado até se perder o pé, formando um rio impossível de transpor. Disse-me então o Anjo: «Viste, filho do homem?» E fez-me voltar para a margem da torrente. Quando cheguei, vi nas margens da torrente uma grande quantidade de árvores, de um e outro lado. O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce até Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Em toda a parte aonde chegar esta torrente, todo o ser vivo que nela se move terá novo alento e o peixe será muito abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente. À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto: a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 45 (46), 2-3.5-6.8-9 (R. 8)
Refrão: O Senhor do Universo está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza. Repete-se
Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos, ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar. Refrão
Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora. Refrão
O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na terra. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Salmo 50 (51), 12a.14a
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. Repete-se
Criai em mim, Senhor, um coração puro,
dai-me de novo a alegria da vossa salvação. Refrão
EVANGELHO Jo 5, 1-3a.5-16
«No mesmo instante o homem ficou são»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. Ali jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar. Ora aquele dia era sábado. Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de sábado.
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Recebei benignamente, Senhor, os dons que Vós mesmo nos destes para sustento da nossa vida mortal e transformai-os para nós em alimento de vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 22, 1-2
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados.
Conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Purificai, Senhor, o nosso espírito e renovai-o com os vossos divinos sacramentos, para que também o nosso corpo mortal receba o auxílio necessário na vida presente e na vida futura. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Quando não
caminhamos com Cristo que nos guia, andamos por outros caminhos, habitualmente
levados pelos próprios impulsos cegos e egoístas».
Bento XVI
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS
Ez 47, 1-9.12 : Celebraremos
hoje uma liturgia batismal: partindo do sinal da água (as duas leituras e o
salmo) e através dele, somos iluminados sobre a significação última do banho batismal.
Para o povo no exílio no tempo de Ezequiel, o templo era, no centro do
universo, sinal da presença de Deus. A água é a fonte da vida, da ressurreição,
e Jesus dirá que ela é sinal do Espírito Santo. Isto ela o é no Batismo, que na
cidade de Deus, a Igreja, é como um rio que irriga e faz participar na vida de
Cristo ressuscitado, pela força do Espírito Santo.
Jo
5, 1-3a.5-16: Movido
pelo Espírito da Ressurreição, o homem, desde longa data enfermo, é liberto do
pecado, fica são pela vida que Jesus lhe comunica, e assim curado, libertado,
perdoado, ressuscitado em Jesus - que é e dá a Vida - caminha são, e é
convidado a não mais pecar.
REZANDO A PALAVRA
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
09.30 horas: Funerais
em Alpalhão
18.00 horas: Missa
em Nisa – Espírito Santo
18.00 horas: Missa em
Alpalhão
AGENDA DA SEMANA
Segunda, dia 1
-
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor
-
21.00 horas: Casa Paroquial : Encontro de preparação para o batismo
-
21.00 horas: Calvário – reunião de cursilhistas.
Terça, dia 02
-
09.30 horas: Funerais em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Quarta, dia 03
-
Gáfete: Missa 17.00 horas. Antes e
depois da Missa hipótese de confissões
-
Tolosa: Missa 18.00 horas: Antes e depois Missa hipótese de confissões
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Quinta, dia 04
-
11.00 horas: Missa em Amieira
-
17.00 horas: Adoração do Santíssimo. Hipótese de confissões
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Dia 05,
Sexta-feira,
- O Calvário estará aberto das 09.00 horas até
às 17.00 horas.
-
17.00 horas: Reunião do Movimento do Apostolado da oração
-
17.15 horas: Via sacra em Nisa
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo. (Antes da Missa haverá
oportunidade para confissões, particularmente para as pessoas que tenham
dificuldade em vir à noite)
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
21.00 horas: Nisa - Confissões na Igreja Matriz
Dia 06,sábado
-
09.00 horas: Missa na Igreja de Nossa Senhora da Graça
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
-
21.00 horas: Em Amieira e Alpalhão - Procissão de preparação para os Passos
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua
celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a Quaresma.
Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da Páscoa.
Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã iniciada com
o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência
de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as
raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma interrogação e
resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o
Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em causa no
itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo
dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se
constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação
para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua
inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível;
tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de
relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo
essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os
valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida,
se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos
de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da
lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes
egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de
tantos sob a indiferença de outros, etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o
coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido
e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades
cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e
possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum,
da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os
caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar
por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus
tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa
fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o
exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da
partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos
legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é
necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a
Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação
da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação
com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode
interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente,
chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o
desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente,
chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação
com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave
de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para
fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e
reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão
é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e
eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja,
caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos
sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida.
Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da
nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias
do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima
da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por
caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no
caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou
doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem
e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que
pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera;
patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo,
o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras;
a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as
nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso
saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também
patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma.
Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos
lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na
aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o
esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da
imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é
bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora,
reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela
realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao
encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência
pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências,
opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos,
rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias,
mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e
embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças,
presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e
lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João
Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a
Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a
integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a
humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que
estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o
pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com
alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder
da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros
(trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um
cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo
Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque
temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na
República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de
Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às
famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a
Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas
Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de
nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa
Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As
Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de
entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a
alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
CAMPANHA ELEITORAL PARA QUÊ?...
Aproxima-se a campanha eleitoral, esse
tempo tão necessário quão importante para apresentar programas, esclarecer
dúvidas, debater ideias e projetos em prol do bem comum nacional e para
espevitar as velas dormentes do castiçal europeu e mundial, o qual, para alumiar a todos, também exige esmero e qualidade, ideias e jeito.
É possível que alguém venha por aí, e se estique, a prometer a Lua e os seus
arredores, tentando fazer acreditar que a construção do maciço do Everest e de
toda a cordilheira dos Himalaias a eles se deve!... A política, porém, no seu
pluralismo e variedade legítima de opções, tem arte e nobreza, tem valores e
leis próprias que se devem reconhecer, abraçar e respeitar. Participando nesse
alegre e rezingado jogo com sentido de responsabilidade, que ganhem os
melhores, é o que todos desejamos!
Tiramos o nosso chapéu a quem se dedica
à causa pública, a quem aceita e serve dedicadamente a comunidade humana.
Sabemos que não é pera doce, causa insónias e dissabores. Não é coisa que se
possa abraçar apenas porque dá importância e enche o ego. Cristo, o maior e o
mais importante líder de toda a humanidade e de todos os tempos, serviu sem
peneiras e contestou quem as tinha. Sempre de pé diante dos homens, serviu com
amor e honestidade, atento e sensível lavou os pés aos sofrimentos do mundo que
são tantos e tão diversos. Assim como Eu vos fiz, fazei vós também, disse-nos
Ele. A missão de bem servir implica humildade, competência e determinação.
Exige cadastro limpo e capacidade de ouvir, de perceber o melhor e agir em prol
do bem comum. Não se compadece com subserviências perante uns nem com
pretensões de proprietários ricos a distribuir esmolas perante outros. As
atitudes menos corretas, que sempre as há e saltam de onde menos se espera,
provocam a sensação, injustamente generalizada, de que todos são iguais.
Sabemos que não é assim, sabemos que essa é uma pequena minoria mesmo que os
seus estragos e escândalos sejam de efeitos devastadores e ecoem de forma
dolorosa no coração de todos. Embora o cuidado pela construção do bem comum
seja da responsabilidade de todos e de cada um, ele fundamenta, de forma muito
particular, a existência da comunidade política. É do bem comum que deriva o
seu direito natural e próprio, é ele que a justifica e lhe dá significado e
sentido (cf. GS75; ChFL42). É o bem comum que a leva a colocar-se ao serviço de
todos os homens e do homem todo, da família e da sociedade, em verdadeiro
espírito de missão. Só o espírito de serviço humilde é capaz de aliado à
necessária competência, tornar transparente e eficaz a atividade de quem se
dedica à política. É um poder delegado, um poder exercido à luz dos critérios
da justiça e da ética e não na base da força eleitoral ou de interesses
pessoais ou de grupos ou de ideologias redutoras da condição humana.
Quando, porventura, surge o recurso à
deslealdade e à mentira, o desperdício dos dinheiros públicos, a corrupção, os
jeitinhos e as clientelas, o nepotismo familiar, o uso de meios ambíguos ou
ilícitos para, a todo o custo, conquistar, conservar ou aumentar o poder de
forma “populista” e pouco ou nada popular, temos o caldo entornado e os
bichanos nas filhoses! São tentações que debilitam a consciência e arrastam aos
desvios próprios da natureza humana sempre tão frágil, tão ferida e contumaz!
Além disso, gera-se a desconfiança, diminui o espírito cívico e participativo
da população, não se educa para a cidadania, o povo sente-se prejudicado e
desiludido, constata que o bem comum vale menos que os interesses particulares,
mesquinhos e egoístas, facilmente percebe a ausência de uma equilibrada
hierarquia de valores que tenha em atenção a correta compreensão da dignidade e
dos direitos da pessoa, em sociedade (cf. CA47).
A responsabilidade por uma sociedade
justa e solidária fundamenta-se na sociabilidade natural e na interdependência
das relações sociais a que chamamos solidariedade. Mas a solidariedade não é um
sentimento de vaga compaixão pelas pessoas que sofrem. É a determinação firme e
perseverante que, de forma digna e justa, leva cada cidadão, cada grupo, cada
instituição, cada sindicato ou partido a empenhar-se pelo bem de todos e de
cada um, porque todos somos verdadeiramente responsáveis por todos (cf. SRS38).
Por isso, ninguém deve abdicar da sua responsabilidade, seja qual for a razão
que o possa levar à tentação de o querer fazer. Somos destinatários, sim, mas
somos também protagonistas desse serviço à pessoa e à sociedade. E são
inumeráveis os graus de participação em formas, níveis, funções, competências,
responsabilidades, a começar pelo dever de votar. A tarefa da construção da
sociedade tem sempre como principais critérios e objetivos a busca do bem
comum, a defesa e a promoção da justiça, como tão bem e largamente nos fala a
Doutrina Social da Igreja (cf. ChFL42).
Bento XVI afirmava que “Quando o empenho
pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho
simplesmente secular e político”. Na verdade, o serviço à causa pública
entendido como “alta forma de caridade”, desdobra-se em serviço abnegado à comunidade
humana, tem como ponto de honra a opção preferencial pelos mais pobres, procura
agir com a maior participação dos cidadãos, busca um verdadeiro crescimento com
equidade e inclusão, procura sempre reconstruir o tecido familiar e social com
energias de fraternidade. A fraternidade que nos une em Cristo é muito mais do
que o reconhecimento da igualdade e duma convivência cívica e solidária entre
todos. Se assim não for, esta sociedade “cada vez mais globalizada torna-nos
vizinhos, mas não nos faz irmãos” (cf. CV19.78).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 29-03-2019.
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