quinta-feira, 11 de abril de 2019




PARÓQUIAS DE NISA


Sexta, 12 de abril de 2019








Sexta da V semana da quaresma

Ofício da féria – V semana






SEXTA-FEIRA da semana V

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.

L 1 Jer 20, 10-13; Sal 17 (18), 2-3a. 3bc-4. 5-6. 7
Ev Jo 10, 31-42


* Na Arquidiocese de Braga – Pode celebrar-se a memória de S. Vítor, mártir, 


MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 30, 10.16.18
Compadecei-Vos de mim, Senhor, porque vivo angustiado.
Livrai-me dos inimigos, salvai-me dos que me perseguem.
Não permitais que eu seja confundido:
socorrei-me, Senhor, quando Vos invoco.

ORAÇÃO COLECTA

Perdoai, Senhor, as culpas do vosso povo e livrai-nos, pela vossa bondade, do poder do pecado que nos oprime. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I
Jer 20, 10-13
«Salvou a vida dos pobres das mãos dos perversos»


Leitura do Livro do profeta Jeremias

Disse Jeremias: «Eu ouvia as invetivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 17 (18), 2-3a.3bc-4.5-6.7 (R. cf. 7)
Refrão: Na minha angústia invoquei o Senhor

e do seu templo Ele ouviu a minha voz.
Repete-se

Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador. Refrão

Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
sois meu protetor, minha defesa e meu salvador.
Invoquei o Senhor – louvado seja Ele –
e fiquei salvo de meus inimigos. Refrão

Cercaram-me as ondas da morte
e encheram-me de terror as torrentes malignas;
envolveram-me em laços funestos
e a morte prendeu-me em suas redes. Refrão

Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. Refrão


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO cf. Jo 6, 63c.68c
Refrão: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor. Repete-se

As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida,
Vós tendes palavras de vida eterna. Refrão

EVANGELHO Jo 10, 31-42
«Procuravam prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, os judeus agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, Então Jesus disse-lhes: «Apresentei-vos muitas boas obras, da parte de meu Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?» Responderam os judeus: «Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar: é por blasfémia, porque Tu, sendo homem, Te fazes Deus». Disse-lhes Jesus: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? Se a Lei chama ‘deuses’ a quem a palavra de Deus se dirigia – e a Escritura não pode abolir-se –, de Mim, que o Pai consagrou e enviou ao mundo, vós dizeis: ‘Estás a blasfemar’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’!» Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis. Mas se as faço, embora não acrediteis em Mim, acreditai nas minhas obras, para reconhecerdes e saberdes que o Pai está em Mim e Eu estou no Pai». De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos. Jesus retirou-Se novamente para além do Jordão, para o local onde anteriormente João tinha estado a batizar e lá permaneceu. Muitos foram ter com Ele e diziam: «É certo que João não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse deste homem era verdade». E muitos ali acreditaram em Jesus.

Palavra da salvação.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Concedei-nos, Deus de misericórdia, a graça de Vos servirmos dignamente ao vosso altar, para que a assídua participação neste sacrifício nos alcance a salvação eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Paixão do Senhor I


ANTÍFONA DA COMUNHÃO 1 Pedro 2, 24
Jesus suportou os nossos pecados sobre o madeiro da cruz,
para que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça.
Pelas suas chagas fomos curados.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Este sacramento que recebemos, Senhor, nos proteja sempre com o seu poder e afaste de nós todo o mal. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.





«Aprende a escutar, e beneficiarás mesmo com os que falam mal»

Plutarco







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia


1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS Jer 20, 10-13: Jeremias continua a ser, na experiência dolorosa da sua pessoa e da sua vida, a figura do Messias, Jesus, na sua Paixão, mas ao mesmo tempo, imagem de quem sabe confiar, colocando-se sempre nas mãos de Deus. Foi assim que Jesus na sua Paixão Se tornou fonte de salvação para os pobres e perseguidos e os levou finalmente a cantar e louvar o Senhor que salva quem a Ele se entrega.

Jo 10, 31-42: Cada vez se apresenta mais negra a luta entre Cristo e os seus ouvintes, fechados à sua palavra, entrincheirados nas suas seguranças, mesmo religiosas. É difícil para o orgulho humano ver a glória de Deus através dos sinais tão humanos da pessoa, da vida e das ações de Jesus. Mas é este o caminho da Encarnação: Deus revela-Se e está perto dos homens na humildade de seu Filho, e prolonga esta revelação e esta presença na comunidade da fé, que é a Igreja. Mas, tudo isto, que devia ser aceite como sinal de aliança, torna-se, para quem não o sabe acolher, sinal obscuro, ocasião de escárnio e desprezo. E assim se dá a morte ao que se destinava a ser semente de vida.

REZANDO A PALAVRA


ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente. Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.






AGENDA DO DIA

14.30 horas: Confissões  a doentes em Alpalhão
16.00 horas: Missa na Santa casa de Alpalhão
18.00 horas: Missa em Nisa
18.00 horas: Missa em Alpalhão


AGENDA DA SEMANA

Dia 08, segunda
- 21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.

Dia 09, terça
- Não haverá missa em Nisa nem em Alpalhão

Dia 10 quarta
15.00 horas: Cofissões em Arez
-17.00 horas: Missa em Gáfete
-18.00 horas: Missa em Tolosa
-18.00 horas: Missa em Nisa
- 21.00 horas: reunião de catequistas no Calvário

Dia 11, quinta
- 16.00 horas; Missa em Nisa
- 16.00 horas: Missa na Santa Casa de Nisa
- 21 horas: Adoração ao Santíssimo

Dia 12, Sexta-feira,
- O Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas, devoção da via sacra na Igreja do Espírito Santo. 
-18.00 horas: Missa em Alpalhão
-18.00 horas: Missa em Nisa

Dia 12, sexta
-18.00 horas: Missa em Alpalhão
-18.00 horas: Missa em Nisa
-17.00 horas: Reunião do Movimento do Apostolado da oração

Dia 13, Sábado
- 15.00 horas: Missa na Falagueira
- 16.00 horas: Missa no Monte Claro
- 16.00 horas: Missa no Par
- 18.00 horas: Missa em Alpalhão
- 18.00 horas: Missa em Nisa


Dia 14, domingo
- Nisa: 10.30 horas: Procissão  dos Ramos do Espírito Santo para a Matriz




A VOZ DO PASTOR



QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA


A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.

Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros, etc…

Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.

Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.

Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente, chamamos “Fé”.

Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.

Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.

No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.

No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?

No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.

Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.

O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.

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Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.

Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.

II.


MAGIA – DIETA - IOGA - IOGURTE...

Sentimos a alegria da fé, a fé do Senhor, a fé dos Apóstolos, a fé da Igreja, a fé!... Esse extraordinário e maravilhoso dom que nos leva a dar uma resposta livre à proposta do Senhor que Se nos revela! No coração de cada pessoa está inscrito o desejo de Deus e Deus não Se cansa de nos atrair para Si, pela fé. E se Ele nos deu o dom da fé, também acendeu em nós a luz da razão. Fé e razão não se contradizem nem se opõem, ambas têm origem na mesma fonte e nos conduzem para a Verdade plena. Sim, a verdade não pode contradizer a verdade, assim aprendemos. A fé não vai contra a liberdade humana, nem contra a inteligência humana, nem contra a dignidade humana, nem contra a ciência... A fé dá sentido à vida! E por mais longa que seja a nossa vida é sempre muito curtinha para agradecer o dom da fé e a graça do batismo! Por isso, inseridos na Igreja, na comunidade cristã, procuramos viver os tempos fortes que ela nos vai oferecendo para que não percamos a consciência disso mesmo e avivemos constantemente esse dom que está em nós: a fé!... A fé cuja vivência não pode limitar-se a não fazer mal a ninguém. Ela implica fazer o bem sem olhar a quem, tal como Jesus fez. A Quaresma é um desses tempos fortes. É um convite a viver com aquela exigência e responsabilidade de quem quer celebrar verdadeiramente a Páscoa, a Festa por excelência de cada cristão, de cada família cristã, da comunidade cristã, de toda a comunidade humana mesmo que alguns nunca dela tivessem ouvido falar e outros a queira minimizar ou simplesmente ignorar: Ele deu a vida por todos nós, por ti também! E “debaixo do céu, não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4, 12). Mas sendo a Páscoa a festa por excelência dos cristãos, é importante avaliar constantemente a estrutura do nosso crer, a intensidade e as motivações que nos levam à sua vivência. Pode haver desvios a fazer caminhar inutilmente. Muitas vezes, na força da fraqueza humana e na superficialidade do crer, gera-se a secura que abre fendas no coração, o vazio perturbador e angustiante, o deserto interior sem alegria nem paz. Afastando-nos da comunidade, distanciamo-nos cada vez mais daquilo que procuramos, isto é, daquele oásis da fé donde jorram as fontes de água viva e a qualidade existencial, a vida com sentido. Conforme nos ensina a Igreja, a fé “é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. Mas não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé” (CIgC166). É por isso que não podemos crescer na fé sem a comunidade cristã, sem a Igreja. É na comunidade que nascemos para a fé, alimentamos a fé, crescemos na fé, celebramos a fé, fortalecemos a fé, testemunhamos e saímos para anunciar a fé com alegria e esperança. A vivência da fé em comunidade sociabiliza, gera família, ampara, provoca entusiasmo, compromete no bem, ajuda-nos a caminhar.

Gianfranco Ravasi escreveu que há quem reduza a fé “a um apagado estandarte popular, que se leva em procissões folclóricas, consolação dócil no meio das dificuldades da vida”; que “há quem transforme a fé numa bandeira que resplandece durante as tempestades, a plante no meio das praças e a levante sobre os mastros do palácio da política, criando deste modo teocracias e regimes sagrados”; que há “uma gama diversificada de tonalidades de fé que nos pode deixar perturbados e até tentados ao relativismo ou ao sincretismo”. Parece que o homem “já crê em tudo, e o proliferar de magos, mestres, adivinhos, esoterismos e outras charlatanices espirituais, prontas a unir mensagem e massagem, ioga e iogurte, ascese e dieta, espiritualidade e magia, são a prova concreta disso”. (cf. O.R. 30.6.2012). E Paulo VI afirmava: “Não falta sequer quem confunda a fé com as próprias experiências espirituais. Estas pessoas, ao falarem consigo mesmas, interiormente, julgam que a fé que possuem lhes é suficiente, e sentem-se satisfeitos com esta consciência que eles próprios elaboraram, até mesmo quando essa consciência permanece muda, perante os supremos problemas do destino humano e dos mistérios do mundo, procurando com magnanimidade uma resignação estoica ou angustiada. Há outras pessoas que, não querendo afastar-se completamente da religião cristã, aplicam à fé um critério seletivo. Por outras palavras, dizem que acreditam nalguns dogmas, mas que não admitem outros, que lhes parecem inaceitáveis ou incompreensíveis ou demasiadamente numerosos. Contentam-se com uma fé elaborada segundo as exigências da própria mente, quando não chegam ao ponto de professar, com este critério de autonomia em julgar as verdades da fé, o livre exame, que dá a cada um a liberdade de pensar como quiser, mas priva a própria fé da sua consistência objetiva, negando-lhe a sua prerrogativa régia de ser princípio de unidade e de caridade” (Paulo VI, 8-4-1970).  

Para nós, cristãos, crer em Deus é crer inseparavelmente n’Aquele que Ele enviou, isto é, é crer no Seu Filho Jesus Cristo (cf. CIgC151). Vindo do seio do Pai, Jesus revelou-nos o amor de Deus por nós, deu a Sua vida por nós, deu-nos a Sua graça e enviou-nos o Seu Espírito para que também nós acreditemos e nos sintamos fortes e firmes na fé para ir e anunciar o Seu Reino, um Reino de justiça e de liberdade, de amor e de paz. No entanto, quem acreditou e aderiu, livre e conscientemente, à proposta do Senhor, tem o desejo de conhecer cada vez mais Aquele em quem acreditou e de compreender melhor o que Ele revelou. Tarefa nem sempre fácil. Surgem dúvidas e curiosidades, fazemos perguntas e é bom que as façamos. As dúvidas e as perguntas fazem parte do crescimento na fé, ajudam a esclarecer, a ultrapassar dificuldades e preconceitos, a deixar cair tantas razões sem razão que julgam a fé impossível.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 05-04-2019.



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