PARÓQUIAS
DE NISA
Quarta, 03 de abril de 2019
Quarta
da IV semana da quaresma
Ofício
da féria – IV semana
QUARTA-FEIRA
da semana IV
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 49, 8-15; Sal 144 (145), 8-9. 13cd-14. 17-18
Ev Jo 5, 17-30
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Ildo Augusto dos Santos Lopes Fortes (2011).
Missa da féria, pf. da Quaresma.
L 1 Is 49, 8-15; Sal 144 (145), 8-9. 13cd-14. 17-18
Ev Jo 5, 17-30
* Na Diocese de Mindelo (Cabo Verde) – Aniversário da Ordenação episcopal de D. Ildo Augusto dos Santos Lopes Fortes (2011).
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 68, 14
A Vós, Senhor, elevo a minha súplica.
Pela vossa bondade, respondei-me e salvai-me.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que aos justos dais o prémio e aos pecadores arrependidos concedeis o perdão, compadecei-Vos daqueles que Vos suplicam, para que a confissão das nossas culpas nos alcance o perdão dos pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 49, 8-15
«Eu te formei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra»
Esta leitura anuncia o regresso do exílio, utilizando até linguagem que já se tinha referido à saída do Egipto. De facto, a história do povo de Deus é toda ela uma história pascal que deste mundo, a partir de todos os recantos da terra, nos leva ao Pai. A Quaresma é um tempo oportuno para tomar consciência deste regresso a Deus, de quem o pecado nos afastou.
Leitura do Livro de Isaías
A Vós, Senhor, elevo a minha súplica.
Pela vossa bondade, respondei-me e salvai-me.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, que aos justos dais o prémio e aos pecadores arrependidos concedeis o perdão, compadecei-Vos daqueles que Vos suplicam, para que a confissão das nossas culpas nos alcance o perdão dos pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Is 49, 8-15
«Eu te formei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra»
Esta leitura anuncia o regresso do exílio, utilizando até linguagem que já se tinha referido à saída do Egipto. De facto, a história do povo de Deus é toda ela uma história pascal que deste mundo, a partir de todos os recantos da terra, nos leva ao Pai. A Quaresma é um tempo oportuno para tomar consciência deste regresso a Deus, de quem o pecado nos afastou.
Leitura do Livro de Isaías
Assim fala o Senhor: «No tempo da graça, Eu te ouvi; no dia da salvação, Eu te ajudei. Eu te formei e designei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra e reocupar as herdades devastadas; para dizer aos prisioneiros: ‘Saí para fora’ e àqueles que vivem nas trevas: ‘Vinde para a luz’. Hão de alimentar-se em todos os caminhos e acharão pastagem em todas as encostas. Não sentirão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles, porque Aquele que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá às nascentes da água. De todas as minhas montanhas farei caminhos e as minhas estradas serão niveladas. Ei-los que vêm de longe: uns do Norte e do Poente, outros da terra de Sinim. Rejubilai, ó céus; exulta, ó terra; montes, soltai gritos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres. Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim’. Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 144 (145), 8-9.13cd-14.17-18 (R. 8a)
Refrão: Senhor é clemente e cheio de compaixão. Repete-se
Ou: Senhor, sois um Deus clemente e compassivo. Repete-se
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas. Refrão
O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos. Refrão
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade. Refrão
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Jo 11, 25a.26
Refrão: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo. Repete-se
Eu sou a ressurreição e a vida, diz o Senhor.
Quem acredita em Mim nunca morrerá. Refrão
EVANGELHO Jo 5, 17-30
«Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida,
assim o Filho dá vida a quem Ele quer»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo». Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a morte: não só por violar o sábado, mas também por chamar a Deus seu Pai, fazendo-Se igual a Deus. Então Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo que viu fazer ao Pai; e tudo o que o Pai faz também o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz; e há de manifestar-Lhe coisas maiores que estas, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim o Filho dá vida a quem Ele quer. O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que O enviou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte à vida. Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora – e já chegou – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também concedeu ao Filho que tivesse a vida em Si mesmo; e deu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. Não vos admireis do que estou a dizer, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz: Os que tiverem praticado boas obras irão para a ressurreição dos vivos e os que tiverem praticado o mal para a ressurreição dos condenados. Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Nós Vos pedimos, Senhor, que o poder deste sacrifício nos purifique do antigo pecado, nos faça crescer na vida nova e nos alcance a salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Quaresma
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 3, 17
Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para o condenar mas para o salvar.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Não permitais, Senhor, que os dons celestes por nós recebidos sejam motivo de condenação para os vossos fiéis, a quem os deixastes como remédio de salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Uma minoria vive. A
maior parte contenta-se em existir».
Oscar Wilde
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS
Is 49, 8-15 : Esta
leitura anuncia o regresso do exílio, utilizando até linguagem que já se tinha
referido à saída do Egipto. De facto, a história do povo de Deus é toda ela uma
história pascal que deste mundo, a partir de todos os recantos da terra, nos
leva ao Pai. A Quaresma é um tempo oportuno para tomar consciência deste
regresso a Deus, de quem o pecado nos afastou.
Jo
5, 17-30: Jesus
continua a manifestar-Se como Aquele que é a Vida e que dá a Vida. Tal como o
Pai! E tal como o Pai, segundo a poética descrição do Génesis, faz a criação em
seis dias e, no último, dá a vida ao homem, assim Jesus ressuscita e dá a Vida
no “último dia”. Mas esse dia é para já aquele que se inaugura na sua
ressurreição, e, para cada um de nós, no Batismo. Nele se exerce o juízo de
Deus, condenando o pecado e chamando à graça, destruindo a morte e dando a
Vida. Assim se revela a “compaixão”, o amor de Deus por nós!
REZANDO A PALAVRA
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
09.30 horas: Reunião a
equipe
15.30 horas: Funeral
em Nisa
16.00 horas: Confissões
em Gáfete e Tolosa
17.00 horas: Missa em Gáfete
18.00 horas: Missa em Tolosa
18.00 horas: Missa em
Nisa – Espírito Santo
AGENDA DA SEMANA
Segunda, dia 1
-
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor
-
21.00 horas: Casa Paroquial : Encontro de preparação para o batismo
-
21.00 horas: Calvário – reunião de cursilhistas.
Terça, dia 02
-
09.30 horas: Funerais em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Quarta, dia 03
-
Gáfete: Missa 17.00 horas. Antes e
depois da Missa hipótese de confissões
-
Tolosa: Missa 18.00 horas: Antes e depois Missa hipótese de confissões
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Quinta, dia 04
-
11.00 horas: Missa em Amieira
-
17.00 horas: Adoração do Santíssimo. Hipótese de confissões
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
Dia 05,
Sexta-feira,
- O Calvário estará aberto das 09.00 horas até
às 17.00 horas.
-
17.00 horas: Reunião do Movimento do Apostolado da oração
-
17.15 horas: Via sacra em Nisa
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo. (Antes da Missa haverá
oportunidade para confissões, particularmente para as pessoas que tenham
dificuldade em vir à noite)
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
21.00 horas: Nisa - Confissões na Igreja Matriz
Dia 06,sábado
-
09.00 horas: Missa na Igreja de Nossa Senhora da Graça
-
18.00 horas: Missa em Alpalhão
-
18.00 horas: Missa em Nisa – Espírito Santo
-
21.00 horas: Em Amieira e Alpalhão -Procissão de preparação para os Passos
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua
celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a
Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da
Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã
iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma
experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um
encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma
interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e
aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em
causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo
dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se
constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação
para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua
inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível;
tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de
relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo
essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os
valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida,
se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos
de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da
lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes
egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de
tantos sob a indiferença de outros, etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o
coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido
e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades
cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e
possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum,
da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os
caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar
por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus
tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa
fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o
exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da
partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos
legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é
necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a
Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação
da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação
com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode
interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente,
chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o
desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente,
chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação
com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave
de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para
fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e
reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão
é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e
eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja,
caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos
sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida.
Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da
nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias
do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima
da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por
caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no
caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou
doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem
e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que
pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera;
patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo,
o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras;
a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as
nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso
saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também
patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma.
Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos
lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na
aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o
esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da
imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é
bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora,
reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela
realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao
encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência
pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências,
opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos,
rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias,
mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e
embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças,
presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e
lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João
Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a
Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a
integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a
humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que
estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o
pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com
alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder
da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros
(trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um
cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo
Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque
temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na
República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de
Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às
famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a
Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas
Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de
nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa
Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As
Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de
entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a
alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
CAMPANHA ELEITORAL PARA QUÊ?...
Aproxima-se a campanha eleitoral, esse
tempo tão necessário quão importante para apresentar programas, esclarecer
dúvidas, debater ideias e projetos em prol do bem comum nacional e para
espevitar as velas dormentes do castiçal europeu e mundial, o qual, para alumiar a todos, também exige esmero e qualidade, ideias e jeito.
É possível que alguém venha por aí, e se estique, a prometer a Lua e os seus
arredores, tentando fazer acreditar que a construção do maciço do Everest e de
toda a cordilheira dos Himalaias a eles se deve!... A política, porém, no seu
pluralismo e variedade legítima de opções, tem arte e nobreza, tem valores e
leis próprias que se devem reconhecer, abraçar e respeitar. Participando nesse
alegre e rezingado jogo com sentido de responsabilidade, que ganhem os
melhores, é o que todos desejamos!
Tiramos o nosso chapéu a quem se dedica
à causa pública, a quem aceita e serve dedicadamente a comunidade humana.
Sabemos que não é pêra doce, causa insónias e dissabores. Não é coisa que se
possa abraçar apenas porque dá importância e enche o ego. Cristo, o maior e o
mais importante líder de toda a humanidade e de todos os tempos, serviu sem
peneiras e contestou quem as tinha. Sempre de pé diante dos homens, serviu com
amor e honestidade, atento e sensível lavou os pés aos sofrimentos do mundo que
são tantos e tão diversos. Assim como Eu vos fiz, fazei vós também, disse-nos
Ele. A missão de bem servir implica humildade, competência e determinação.
Exige cadastro limpo e capacidade de ouvir, de perceber o melhor e agir em prol
do bem comum. Não se compadece com subserviências perante uns nem com
pretensões de proprietários ricos a distribuir esmolas perante outros. As
atitudes menos corretas, que sempre as há e saltam de onde menos se espera,
provocam a sensação, injustamente generalizada, de que todos são iguais. Sabemos
que não é assim, sabemos que essa é uma pequena minoria mesmo que os seus
estragos e escândalos sejam de efeitos devastadores e ecoem de forma dolorosa
no coração de todos. Embora o cuidado pela construção do bem comum seja da
responsabilidade de todos e de cada um, ele fundamenta, de forma muito
particular, a existência da comunidade política. É do bem comum que deriva o
seu direito natural e próprio, é ele que a justifica e lhe dá significado e
sentido (cf. GS75; ChFL42). É o bem comum que a leva a colocar-se ao serviço de
todos os homens e do homem todo, da família e da sociedade, em verdadeiro
espírito de missão. Só o espírito de serviço humilde é capaz de aliado à
necessária competência, tornar transparente e eficaz a atividade de quem se
dedica à política. É um poder delegado, um poder exercido à luz dos critérios
da justiça e da ética e não na base da força eleitoral ou de interesses
pessoais ou de grupos ou de ideologias redutoras da condição humana.
Quando, porventura, surge o recurso à
deslealdade e à mentira, o desperdício dos dinheiros públicos, a corrupção, os
jeitinhos e as clientelas, o nepotismo familiar, o uso de meios ambíguos ou
ilícitos para, a todo o custo, conquistar, conservar ou aumentar o poder de
forma “populista” e pouco ou nada popular, temos o caldo entornado e os
bichanos nas filhoses! São tentações que debilitam a consciência e arrastam aos
desvios próprios da natureza humana sempre tão frágil, tão ferida e contumaz!
Além disso, gera-se a desconfiança, diminui o espírito cívico e participativo
da população, não se educa para a cidadania, o povo sente-se prejudicado e
desiludido, constata que o bem comum vale menos que os interesses particulares,
mesquinhos e egoístas, facilmente percebe a ausência de uma equilibrada
hierarquia de valores que tenha em atenção a correta compreensão da dignidade e
dos direitos da pessoa, em sociedade (cf. CA47).
A responsabilidade por uma sociedade
justa e solidária fundamenta-se na sociabilidade natural e na interdependência
das relações sociais a que chamamos solidariedade. Mas a solidariedade não é um
sentimento de vaga compaixão pelas pessoas que sofrem. É a determinação firme e
perseverante que, de forma digna e justa, leva cada cidadão, cada grupo, cada
instituição, cada sindicato ou partido a empenhar-se pelo bem de todos e de
cada um, porque todos somos verdadeiramente responsáveis por todos (cf. SRS38).
Por isso, ninguém deve abdicar da sua responsabilidade, seja qual for a razão
que o possa levar à tentação de o querer fazer. Somos destinatários, sim, mas
somos também protagonistas desse serviço à pessoa e à sociedade. E são
inumeráveis os graus de participação em formas, níveis, funções, competências,
responsabilidades, a começar pelo dever de votar. A tarefa da construção da
sociedade tem sempre como principais critérios e objetivos a busca do bem
comum, a defesa e a promoção da justiça, como tão bem e largamente nos fala a
Doutrina Social da Igreja (cf. ChFL42).
Bento XVI afirmava que “Quando o empenho
pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho
simplesmente secular e político”. Na verdade, o serviço à causa pública
entendido como “alta forma de caridade”, desdobra-se em serviço abnegado à
comunidade humana, tem como ponto de honra a opção preferencial pelos mais
pobres, procura agir com a maior participação dos cidadãos, busca um verdadeiro
crescimento com equidade e inclusão, procura sempre reconstruir o tecido
familiar e social com energias de fraternidade. A fraternidade que nos une em
Cristo é muito mais do que o reconhecimento da igualdade e duma convivência
cívica e solidária entre todos. Se assim não for, esta sociedade “cada vez mais
globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (cf. CV19.78).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 29-03-2019.
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