sexta-feira, 12 de abril de 2019




PARÓQUIAS DE NISA


Sábado, 13 de abril de 2019








Sábado da V semana da quaresma

Ofício da féria – V semana






SÁBADO da semana V

Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. I da Paixão.

L 1 Ez 37, 21-28; Sal Jer 31, 10. 11-12ab. 13
Ev Jo 11, 45-56


* Pode celebrar-se a memória de S. Martinho I, papa e mártir, como se indica na p. 33, n. 8.
* I Vésp. do domingo – Compl. dep. I Vésp. dom.



MISSA

ANTÍFONA DE ENTRADA Salmo 21, 20.7
Senhor, não Vos afasteis de mim, socorrei-me e salvai-me,
porque sou verme e não um homem,
o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.

ORAÇÃO COLECTA
Deus de misericórdia, que em todo o momento realizais a salvação dos homens e agora alegrais o vosso povo com graças mais abundantes, olhai benignamente para os vossos eleitos e fortalecei, com o auxílio da vossa proteção, os que se preparam para o renascimento do Batismo e aqueles que já o receberam. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LEITURA I Ez 37, 21-28
«Farei deles um só povo»


Leitura da Profecia de Ezequiel

Assim fala o Senhor Deus: «Vou tirar os filhos de Israel do meio das nações para onde foram, vou reuni-los de toda a parte, para os reconduzir à sua terra. Farei deles um só povo, na sua terra, nas montanhas de Israel, e um só rei reinará sobre todos eles. Nunca mais tornarão a ser duas nações, nem ficarão divididos em dois reinos. Não voltarão a manchar-se com os seus ídolos, com todas as suas abominações e pecados. Hei-de livrá-los de todas as infidelidades que cometeram e hei-de purificá-los, para que sejam o meu povo e Eu seja o seu Deus. O meu servo David será o seu rei, o único pastor de todos eles. Caminharão segundo os meus mandamentos e obedecerão às minhas leis, pondo-as em prática. Habitarão na terra que dei ao meu servo Jacob, a terra em que moraram os vossos pais. Aí habitarão eles e os seus filhos e os filhos dos seus filhos para sempre; e o meu servo David será o seu soberano para sempre. Farei com eles uma aliança de paz, uma aliança eterna entre Mim e eles. Hei de estabelecê-los, hei de multiplicá-los e colocarei no meio deles o meu santuário para sempre. A minha morada será no meio deles: serei o seu Deus e eles serão o meu povo. As nações saberão que Eu sou o Senhor, que santifico Israel, quando o meu santuário estiver no meio deles para sempre».
 
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Jer 31, 10.11-12ab.13 (R. cf. 10d)
Refrão: Como o pastor guarda o seu rebanho,
assim nos guarda o Senhor
. Repete-se


Escutai, ó povos, a palavra do Senhor
e anunciai-as às ilhas distantes:
Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo
e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho. Refrão

O Senhor resgatou Jacob
e libertou-o das mãos do seu dominador.
Regressarão com brados de alegria ao monte Sião,
acorrendo às bênçãos do Senhor. Refrão

A virgem dançará alegremente,
exultarão os jovens e os velhos.
Converterei o seu luto em alegria
e a sua dor será mudada em consolação e júbilo. Refrão


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Ez 18, 31
Refrão: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo,
Nosso Senhor
. Repete-se


Deixai todos os vossos pecados, diz o Senhor;
criai um coração novo e um espírito novo. Refrão


EVANGELHO Jo 11, 45-56
«Para congregar na unidade os filhos de Deus
que andavam dispersos»


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos, acreditaram n’Ele. Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres? Se O deixamos continuar assim, todos acreditarão n’Ele; e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo e toda a nação». Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada. Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus. Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos. Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»
Palavra da salvação.
 
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Deus eterno e omnipotente, que fazeis renascer para a vida eterna os que no sacramento do Batismo proclamam a fé no vosso nome, recebei as ofertas e as orações dos vossos servos, para que se confirme a esperança dos que em Vós confiam e sejam perdoados todos os seus pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio da Paixão do Senhor I


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Jo 11, 52
Cristo foi entregue à morte
para reunir os filhos de Deus que andavam dispersos.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus de infinita bondade, que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, tornai-nos também participantes da sua natureza divina. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.







«Procurai viver sempre a amizade com Deus»

S. João Bosco







ORAÇÃO BÍBLICA

Reza a PALAVRA do dia


1. Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
     - Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste

 2. Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
      - Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida” 

 3. Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
      - Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra


LEITURAS Ez 37, 21-28: O profeta anuncia o projeto de Deus em relação ao seu povo disperso e perdido no meio dos pagãos, por causa dos seus egoísmos e pecados. O anúncio referia-se diretamente à reunião das tribos do Antigo Testamento, unidade que chegou a ser realizada no reinado de David; mas este rei é figura, que antecipa o reinado de Jesus, o Filho de Deus, como vai ser solenemente anunciado até por um descrente no Evangelho.

Jo 11, 45-56: O que o profeta Ezequiel anteviu em relação ao povo da Antiga Aliança, será finalmente realizado em Jesus Cristo. E quem o anuncia profeticamente é o sumo sacerdote judaico, que, sem compreender o que dizia, - falava apenas como politico -, anunciava uma grande verdade, que o evangelista depois interpretou: “que Jesus havia de morrer para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos”. E a leitura termina numa pergunta posta na boca do povo, em que fervilhava Jerusalém nas vésperas da Páscoa: “Ele não virá à festa?” Sim, virá, e será Ele, o Senhor, o próprio objeto da festa.

REZANDO A PALAVRA


ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente. Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.






AGENDA DO DIA

15.00 horas: Missa na Falagueira
16.00 horas: Missa em Monte Claro
16.00 horas: Missa no Pardo
16.00 horas: Encontro de coros em Montalvão
18.00 horas: Missa em Alpalhão
18.00 horas: Missa em Nisa


AGENDA DA SEMANA

Dia 14, domingo (Ramos)
09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo
10.00 horas: Missa em Arez
10.45 horas: Missa em Tolosa
11.00 horas: Missa em Nisa
12.00 horas: Missa em Gáfete
12.00 horas: Misas em Alpalhão
15.00 horas: Missa no Cacheiro
15.30 horas: Missa no Arneiro
15.30 horas: Missa em Montalvão.

Dia 15, segunda
- 21.00 horas: Oração de louvor no Calvário

 Dia 16 terça
- 15.00 horas: Acolhimento em Alpalhão
- 18.00 horas: Missa em Nisa
- 21.00 horas: Reunião de pais e padrinho para batismo - Matriz

Dia 17, quarta
- 17.00 horas: Missa em Gáfete
- 18.00 horas: Missa em Tolosa
- 18.00 horas: Missa em Nisa

Dia 18, Quinta Feira Santa
- 10.00 horas: Missa Crismal em Castelo Branco
- 18.00 horas: Celebração da ceia do Senhor em Nisa
- 18.00 horas: Celebração da ceia do Senhor em Tolosa
- 18.00 horas: Celebração da ceia do Senhor em Gáfete
- 21.00 horas: Celebração da ceia do Senhor em Alpalhão

Dia 19, Sexta-Feira Santa
O Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas.
- 15.00 horas: Adoração da Cruz em Nisa
- 15.00 horas: Adoração da Cruz em Gáfete
- 15.00 horas: Adoração da Cruz em Tolosa
- 17.00 horas: Adoração da Cruz em Alpalhão

Dia 20, sábado (Vigília Pascal)
- 20 horas: Vigília Pascal em Nisa
- 20 horas: Vigília Pascal em Alpalhão

Dia 13, Sábado
- 15.00 horas: Missa na Falagueira
- 16.00 horas: Missa no Monte Claro
- 16.00 horas: Missa no Par
- 18.00 horas: Missa em Alpalhão
- 18.00 horas: Missa em Nisa


Dia 14, domingo (Páscoa=
09.30 horas: Missa em Amieira do Tejo
10.00 horas: Missa em Arez
10.45 horas: Missa em Tolosa
11.00 horas: Missa em Nisa com batismos, seguida de procissão
12.00 horas: Missa em Gáfete
12.00 horas: Misas em Alpalhão
15.30 horas: Missa no Cacheiro
15.30 horas: Missa no Arneiro
15.30 horas: Missa em Montalvão
17.00 horas: Missa no Pé da Serra.




A VOZ DO PASTOR



QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA


A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo. A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.

Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental; tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas, pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que, na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos e tipos de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o custo e da lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a liberdade de tantos sob a indiferença de outros, etc…

Quaresma é tempo de conversão para que, ao chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.

Para melhor vivermos a Quaresma como tempo precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.

Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A “Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que, cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual, cristãmente, chamamos “Fé”.

Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se, desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela inaugura.

Exercitando a leitura da nossa identidade cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança, Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos, transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros e com Deus.

No caminho da Esperança e do Jejum existem atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que “Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum - aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só fruição autodestrói-se.

No caminho da Caridade existem também atitudes e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a nossa mobilidade!?

No caminho da Fé ou da relação com Deus existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus. Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.

Ler a vida nestas linhas simples de avaliação leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras, violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias, tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões, materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder, insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência, dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de muitas destas coisas.

O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância, a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.

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Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram 39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana, e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.

Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados “a alimentar a alegria da Evangelização”.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.

II.


MAGIA – DIETA - IOGA - IOGURTE...

Sentimos a alegria da fé, a fé do Senhor, a fé dos Apóstolos, a fé da Igreja, a fé!... Esse extraordinário e maravilhoso dom que nos leva a dar uma resposta livre à proposta do Senhor que Se nos revela! No coração de cada pessoa está inscrito o desejo de Deus e Deus não Se cansa de nos atrair para Si, pela fé. E se Ele nos deu o dom da fé, também acendeu em nós a luz da razão. Fé e razão não se contradizem nem se opõem, ambas têm origem na mesma fonte e nos conduzem para a Verdade plena. Sim, a verdade não pode contradizer a verdade, assim aprendemos. A fé não vai contra a liberdade humana, nem contra a inteligência humana, nem contra a dignidade humana, nem contra a ciência... A fé dá sentido à vida! E por mais longa que seja a nossa vida é sempre muito curtinha para agradecer o dom da fé e a graça do batismo! Por isso, inseridos na Igreja, na comunidade cristã, procuramos viver os tempos fortes que ela nos vai oferecendo para que não percamos a consciência disso mesmo e avivemos constantemente esse dom que está em nós: a fé!... A fé cuja vivência não pode limitar-se a não fazer mal a ninguém. Ela implica fazer o bem sem olhar a quem, tal como Jesus fez. A Quaresma é um desses tempos fortes. É um convite a viver com aquela exigência e responsabilidade de quem quer celebrar verdadeiramente a Páscoa, a Festa por excelência de cada cristão, de cada família cristã, da comunidade cristã, de toda a comunidade humana mesmo que alguns nunca dela tivessem ouvido falar e outros a queira minimizar ou simplesmente ignorar: Ele deu a vida por todos nós, por ti também! E “debaixo do céu, não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4, 12). Mas sendo a Páscoa a festa por excelência dos cristãos, é importante avaliar constantemente a estrutura do nosso crer, a intensidade e as motivações que nos levam à sua vivência. Pode haver desvios a fazer caminhar inutilmente. Muitas vezes, na força da fraqueza humana e na superficialidade do crer, gera-se a secura que abre fendas no coração, o vazio perturbador e angustiante, o deserto interior sem alegria nem paz. Afastando-nos da comunidade, distanciamo-nos cada vez mais daquilo que procuramos, isto é, daquele oásis da fé donde jorram as fontes de água viva e a qualidade existencial, a vida com sentido. Conforme nos ensina a Igreja, a fé “é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que Se revela. Mas não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé” (CIgC166). É por isso que não podemos crescer na fé sem a comunidade cristã, sem a Igreja. É na comunidade que nascemos para a fé, alimentamos a fé, crescemos na fé, celebramos a fé, fortalecemos a fé, testemunhamos e saímos para anunciar a fé com alegria e esperança. A vivência da fé em comunidade sociabiliza, gera família, ampara, provoca entusiasmo, compromete no bem, ajuda-nos a caminhar.

Gianfranco Ravasi escreveu que há quem reduza a fé “a um apagado estandarte popular, que se leva em procissões folclóricas, consolação dócil no meio das dificuldades da vida”; que “há quem transforme a fé numa bandeira que resplandece durante as tempestades, a plante no meio das praças e a levante sobre os mastros do palácio da política, criando deste modo teocracias e regimes sagrados”; que há “uma gama diversificada de tonalidades de fé que nos pode deixar perturbados e até tentados ao relativismo ou ao sincretismo”. Parece que o homem “já crê em tudo, e o proliferar de magos, mestres, adivinhos, esoterismos e outras charlatanices espirituais, prontas a unir mensagem e massagem, ioga e iogurte, ascese e dieta, espiritualidade e magia, são a prova concreta disso”. (cf. O.R. 30.6.2012). E Paulo VI afirmava: “Não falta sequer quem confunda a fé com as próprias experiências espirituais. Estas pessoas, ao falarem consigo mesmas, interiormente, julgam que a fé que possuem lhes é suficiente, e sentem-se satisfeitos com esta consciência que eles próprios elaboraram, até mesmo quando essa consciência permanece muda, perante os supremos problemas do destino humano e dos mistérios do mundo, procurando com magnanimidade uma resignação estoica ou angustiada. Há outras pessoas que, não querendo afastar-se completamente da religião cristã, aplicam à fé um critério seletivo. Por outras palavras, dizem que acreditam nalguns dogmas, mas que não admitem outros, que lhes parecem inaceitáveis ou incompreensíveis ou demasiadamente numerosos. Contentam-se com uma fé elaborada segundo as exigências da própria mente, quando não chegam ao ponto de professar, com este critério de autonomia em julgar as verdades da fé, o livre exame, que dá a cada um a liberdade de pensar como quiser, mas priva a própria fé da sua consistência objetiva, negando-lhe a sua prerrogativa régia de ser princípio de unidade e de caridade” (Paulo VI, 8-4-1970). 
Para nós, cristãos, crer em Deus é crer inseparavelmente n’Aquele que Ele enviou, isto é, é crer no Seu Filho Jesus Cristo (cf. CIgC151). Vindo do seio do Pai, Jesus revelou-nos o amor de Deus por nós, deu a Sua vida por nós, deu-nos a Sua graça e enviou-nos o Seu Espírito para que também nós acreditemos e nos sintamos fortes e firmes na fé para ir e anunciar o Seu Reino, um Reino de justiça e de liberdade, de amor e de paz. No entanto, quem acreditou e aderiu, livre e conscientemente, à proposta do Senhor, tem o desejo de conhecer cada vez mais Aquele em quem acreditou e de compreender melhor o que Ele revelou. Tarefa nem sempre fácil. Surgem dúvidas e curiosidades, fazemos perguntas e é bom que as façamos. As dúvidas e as perguntas fazem parte do crescimento na fé, ajudam a esclarecer, a ultrapassar dificuldades e preconceitos, a deixar cair tantas razões sem razão que julgam a fé impossível.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 05-04-2019.




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