PARÓQUIAS DE NISA
Domingo, 07 de abril de 2019
V Domingo da quaresma
Ofício PRÓPRIO – V semana
DOMINGO
V DA QUARESMA
Roxo – Ofício próprio
(Semana I do Saltério).
+ Missa própria, Credo, pf. da Quaresma.
L 1 Is 43, 16-21; Sal 125 (126), 1-2ab. 2cd-3. 4-5. 6
L 2 Filip 3, 8-14
Ev Jo 8, 1-11
Em vez das leituras acima indicadas, podem tomar-se as do Ano A, se for mais oportuno.
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
+ Missa própria, Credo, pf. da Quaresma.
L 1 Is 43, 16-21; Sal 125 (126), 1-2ab. 2cd-3. 4-5. 6
L 2 Filip 3, 8-14
Ev Jo 8, 1-11
Em vez das leituras acima indicadas, podem tomar-se as do Ano A, se for mais oportuno.
* Proibidas todas as Missas de defuntos, mesmo a exequial.
MISSA
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 42, 1-2
Fazei-me justiça, meu Deus,
defendei a minha causa contra a gente sem piedade,
livrai-me do homem desleal e perverso.
Vós sois o meu refúgio.
Não se diz o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça
de viver com alegria o mesmo espírito de caridade
que levou o vosso Filho a entregar-Se à morte
pela salvação dos homens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Em vez das leituras a seguir indicadas podem utilizar-se as do ano A, se for mais oportuno.
LEITURA I Is 43, 16-21
«Vou realizar uma coisa nova:
matarei a sede ao meu povo»
Leitura do Livro de Isaías
Fazei-me justiça, meu Deus,
defendei a minha causa contra a gente sem piedade,
livrai-me do homem desleal e perverso.
Vós sois o meu refúgio.
Não se diz o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça
de viver com alegria o mesmo espírito de caridade
que levou o vosso Filho a entregar-Se à morte
pela salvação dos homens.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Em vez das leituras a seguir indicadas podem utilizar-se as do ano A, se for mais oportuno.
LEITURA I Is 43, 16-21
«Vou realizar uma coisa nova:
matarei a sede ao meu povo»
Leitura do Livro de Isaías
O Senhor abriu outrora caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes das águas. Pôs em campanha carros e cavalos, um exército de valentes guerreiros; e todos caíram para não mais se levantarem, extinguiram-se como um pavio que se apaga. Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida. Os animais selvagens – chacais e avestruzes – proclamarão a minha glória, porque farei brotar água no deserto, rios na terra árida, para matar a sede ao meu povo escolhido, o povo que formei para Mim e que proclamará os meus louvores».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 125 (126), 1-6 (R. 3)
Refrão: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor. Repete-se
Ou: O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo. Repete-se
Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo. Refrão
Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria. Refrão
Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria. Refrão
À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas. Refrão
LEITURA II Filip 3, 8-14
«Por Cristo, considerei todas as coisas como prejuízo,
configurando-me à sua morte»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a que se recebe pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se funda na fé. Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, configurando-me à sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos. Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição. Mas continuo a correr, para ver se a alcanço, uma vez que também fui alcançado por Cristo Jesus. Não penso, irmãos, que já o tenha conseguido. Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta, em vista do prémio a que Deus, lá do alto, me chama em Cristo Jesus.
Palavra do Senhor.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. Repete-se
Convertei-vos a Mim de todo o coração,
diz o Senhor;
porque sou benigno e misericordioso. Refrão
EVANGELHO Jo 8, 1-11
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Ouvi-nos, Senhor Deus omnipotente,
e, pela virtude deste sacrifício,
purificai os vossos servos
que iluminastes com os ensinamentos da fé.
Por Nosso Senhor.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO
Mulher, ninguém te condenou? Ninguém, Senhor.
Nem Eu te condeno. Vai em paz e não tornes a pecar.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Deus omnipotente, concedei-nos a graça
de sermos sempre contados entre os membros de Cristo,
nós que comungámos o seu Corpo e Sangue.
Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Quem não tiver
nenhum defeito que os aponte aos outros».
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURAS Is 43, 16-21: A
história da salvação acompanha todos os tempos e o que Deus fez, no passado em
favor do seu povo, continua a fazê-lo no presente. Nesta leitura, o Profeta,
que anuncia o regresso do exílio, onde o povo de Deus esteve em cativeiro, quer
fazer sentir que o que vai agora acontecer não é menos admirável do que o que
tinha acontecido na Páscoa antiga, quando o povo saiu do Egipto. Quanto mais admirável
não é o que Deus faz agora por nós em Jesus Cristo!
Filip
3, 8-14: Esta leitura liga-se hoje à anterior: é em Cristo
que vamos encontrar completamente realizado o momento culminante e a plenitude
da história da salvação, é n’Ele que a Lei e os Profetas encontram a realização
perfeita, é para Ele que toda a história anterior apontava, e sem Ele nada tem
sentido. Quem assim o entender, como S. Paulo o entendeu, há de considerar a
participação no mistério da Páscoa do Senhor como a maior graça de Deus.
Jo
8, 1-11: A novidade que Deus oferece ao mundo em Jesus Cristo
não aparece à custa da destruição do que anteriormente existiu. A graça não vem
à custa da morte do pecador. É a partir da história dos homens pecadores que
Deus vai fazer surgir a história da salvação, que os há de renovar. É na mulher
pecadora que Jesus faz brilhar a luz nova da sua graça. Envelhecida pelo
pecado, torna-se, pelo poder do Senhor, nova criatura.
REZANDO A PALAVRA
ORAÇÃO: Senhor, o teu caminho é difícil e exigente.
Pedes que sejamos como Tu, estando dispostos a servir. Ajuda-nos a ser humildes
de coração, a ser generosos como Tu, prontos a dar a vida como Tu a deste.
AGENDA DO DIA
10.00 horas: Missa em
Arez
10.45 horas: Missa em
Tolosa
11.00 horas: Missa em
Nisa
12.00 horas: Missa
Alpalhão
12.00 horas: Missa
Gáfete
15.00 horas: Missa no
Cacheiro
15.30 horas: Missa em
Montalvão
15.30 horas: Missa no
Arneiro
16.00 horas Missa em
Amieira do Tejo
17.00 horas: Procissão
dos Passos em Amieira do Tejo
18.00 horas: Procissão
dos Passos em Alpalhão
AGENDA DA SEMANA
Dia 08, segunda
-
21.00 horas, no Calvário: oração de louvor.
Dia 09, terça
-
Não haverá missa em Nisa nem em Alpalhão
Dia 10 quarta
-
21.00 horas: reunião de catequistas no Calvário
Dia 11, quinta
- Aadoração ao
Santíssimo
Dia 12,
Sexta-feira,
-
O Calvário estará aberto das 09.00 horas até às 17.00 horas. Às 17,15 horas,
devoção da via sacra na Igreja do Espírito Santo.
Dia 12, sexta
-
17.00 horas: Reunião do Movimento do Apostolado da oração
Dia 14, domingo
-
Nisa: 10.30 horas: Procissão dos Ramos do
Espírito Santo para a Matriz
A VOZ DO PASTOR
QUARESMA 2019 - SINAIS DE LEITURA
A Páscoa é o mistério central de todo o Cristianismo.
A sua celebração e vivência trouxeram à Igreja um tempo forte de preparação: é
a Quaresma. Há Quaresma porque é necessário preparar a celebração e a vivência
da Páscoa. Sendo a Páscoa o tempo que, por excelência, celebra a vida cristã
iniciada com o Batismo, não se resume a um dia de calendário. É, sobretudo, uma
experiência de fé, um reencontro com Cristo e o Mistério da sua vida, um
encontro com as raízes da fé, um confronto da vida com a vocação cristã, uma
interrogação e resposta sobre o sentido da vida. Entre o que somos atualmente e
aquilo que o Batismo nos define como vida cristã situa-se o caminho que está em
causa no itinerário que vai pela Quaresma até à Pascoa.
Quaresma é, portanto, um tempo fortíssimo da
vida cristã; tempo dos batizados que, para viverem mais profundamente a sua
vocação pascal, se constroem e reconstroem; tempo dos Catecúmenos porque
caminho de preparação para o Batismo; tempo de escuta mais atenta da Palavra de
Deus e da sua inclusão ética na vida quotidiana; tempo de oração mais cuidada e
disponível; tempo forte de conversão e de reconciliação, pessoal e sacramental;
tempo de relações humanas reestruturadas, redefinidas, reprojetadas,
pacificadas; tempo essencial de partilha do que se tem e do que se é; tempo de reencontro
com os valores fundamentais da vida; tempo de purificação de tudo aquilo que,
na vida, se foi instalando como tóxico: desregramentos subtis diversos, estilos
e tipos de relação humana que dividem, a lógica da competitividade a todo o
custo e da lei do mais forte, o clamor da terra violentada, poluída e ferida
por atitudes egoístas e banalizadoras dos seus recursos, a fome que rouba a
liberdade de tantos sob a indiferença de outros, etc…
Quaresma é tempo de conversão para que, ao
chegar à Páscoa, o coração crente da Igreja e de cada batizado possa estar mais
intimamente unido e em harmonia com Cristo Senhor. A Igreja ensina-o e
sublinha-o, as comunidades cristãs já nunca o esquecem. E para que as intenções
não fiquem no abstrato e possam redundar inconsequentes, todos os anos, nos
sinais eclesiais do jejum, da partilha e da oração, encontramos os caminhos
concretos da conversão. São os caminhos em que não podemos deixar crescer
obstáculos e que havemos de cuidar por manter abertos porque sempre mostrarão a
capacidade que o Espírito de Deus tem de fazer maravilhas em cada um de nós.
Para melhor vivermos a Quaresma como tempo
precioso para a nossa fé, poderíamos, este ano, pessoal, familiar ou
comunitariamente, fazer o exercício da leitura da vida a partir destes sinais e
atitudes do jejum, da partilha e da oração. O Jejum, a Esmola ou Partilha e a
Oração não são “mínimos legais” para uma confissão bem feita. São os sinais dos
campos onde é necessário converter a vida para a recentrar em Deus.
Por isso, no caminho da conversão, o Jejum, a
Partilha e a Oração dão origem a três grandes linhas de leitura, avaliação e
reestruturação da vida quotidiana. O “Jejum” pode questionar como tem andado a
nossa relação com a vida, à qual, cristãmente, lhe chamamos “Esperança”. A
“Partilha” pode interrogar como tem sido a nossa relação com os outros, a que,
cristãmente, chamamos “Caridade”. A “Oração” pode avaliar, saborear e fazer
despertar o desejo de perceber como tem sido a nossa relação com Deus, à qual,
cristãmente, chamamos “Fé”.
Esperança, Caridade e Fé, ou seja, relação com
a vida, relação com os outros e a natureza e a relação com Deus tornam-se,
desta forma, a chave de leitura da vida que há de ser levada ao Sacramento da
Reconciliação para fazer a experiência sacramental do Perdão como reconstrução
da pessoa e reaquisição da dignidade de filhos amados de Deus. Passar ao lado
da conversão é passar ao lado da Cruz de Cristo e da Graça do Dom que ela
inaugura.
Exercitando a leitura da nossa identidade
cristã, pessoal e eclesial, nestes três caminhos, caminhos de Esperança,
Caridade e Fé, ou seja, caminhos de Jejum, Partilha e Oração, podemos,
transversalmente, interrogar-nos sobre algumas atitudes que marcam, muitas
vezes quotidianamente, a nossa vida. Existem hoje, de facto, patologias que
provocam o progressivo arrefecimento da nossa relação com a vida, com os outros
e com Deus.
No caminho da Esperança e do Jejum existem
atitudes e patologias do conhecimento e do desejo. S. Máximo diz, por exemplo, que
“Adão foi vítima da sua ignorância”. De facto, às vezes, a ignorância de Deus
conduz o homem por caminhos tortuosos de experiências estranhas e
desumanizadoras. Ainda no caminho da Esperança - a relação com a vida, o jejum
- aparece a patologia ou doença do desejo que está na perversão do prazer. É o
desejo que é para o homem e não o homem que é para o desejo. Se o desejo for só
fruição autodestrói-se.
No caminho da Caridade existem também atitudes
e patologias que pedem cura: a agressividade que, muitas vezes, chega a
redundar em cólera; patologia da liberdade que afirma que o homem é livre mas
que, ao mesmo tempo, o submete a um profuso conjunto de “necessidades” e
obrigações desumanizadoras; a patologia ou doença das funções e capacidades
corporais: para que servem as nossas mãos, para que servem as nossas
capacidades, para que serve o nosso saber, para que serve e a quem aproveita a
nossa mobilidade!?
No caminho da Fé ou da relação com Deus
existem também patologias ou doenças que podemos avaliar de forma nova em tempo
de Quaresma. Existem, por exemplo, as patologias da memória: de quem ou do que
é que nos lembramos!? E o que é que permanentemente esquecemos!? Lembramo-nos
de Deus na aflição e esquecemo-l’O na alegria!? A ignorância, a negligência ou
tibieza, o esquecimento podem ser sinais da doença da memória. A patologia ou
doença da imaginação é outra que marca presença na nossa relação com Deus.
Imaginar é bom. Na vida cristã de igual forma. E a imaginação pode ser sempre
produtora, reprodutora e criadora. Mas mal da imaginação que, ao invés de puxar
pela realidade, produz a sua ilusão e a alienação.
Ler a vida nestas linhas simples de avaliação
leva-nos ao encontro de coisas boas e menos boas. E do lado das menos boas, em
vivência pessoal e comunitária, estão atitudes como azedumes, cóleras,
violências, opiniões infundadas, impiedades, rancores, ódios, calúnias,
tristezas, medos, rivalidades, cobardias, invejas e vaidades, orgulhos
egoístas, hipocrisias, mentiras, infidelidades, avidezes, ingratidões,
materialismos, gula e embriaguez, luxúrias e adultérios, magias e rituais
desonestos, preguiças, presunções, arrogâncias, apego ao poder,
insensibilidades, representação e lisonja, adulação, descaramento e insolência,
dissimulação e ganância. S. João Damasceno diz que a ociosidade está na base de
muitas destas coisas.
O Jejum, a Partilha e a Oração ou, como acima
se dizia, a Esperança, a Caridade e a Fé conduzem-nos por outros caminhos: a
temperança, a integridade, a liberdade, a alegria, a prudência e a vigilância,
a paciência, a humildade, o amor de Deus, dos outros e da natureza. O Ano
Missionário que estamos a viver pede-nos o testemunho disto mesmo.
Quem se preenche de Deus não deixa no seu
coração espaço para o pecado. A Quaresma é este caminho oferecido à Igreja para
poder participar com alegria genuína na Páscoa, Festa da Ressurreição de Jesus
e afirmação do poder da vida sobre todas as mortes.
+++++
Da Renúncia Quaresmal do ano passado resultaram
39.568,51 euros (trinta e nove mil quinhentos e sessenta e oito euros e
cinquenta e um cêntimos) da qual, conforme anunciámos na altura, 25% se
destinavam ao Fundo Social Diocesano, gerido pela Direção da Cáritas Diocesana,
e 75%, até porque temos entre nós um Pároco daí natural, foi para a
Arquidiocese de Kananga, na República Democrática do Congo, para ajudar
naconstrução de um Centro de Acolhimento e Saúde para socorrer crianças órfãos
da guerra ou roubadas às famílias e usadas como soldados.
Este ano, em pleno Ano Missionário, voltaremos
a orientar a Renúncia Quaresmal, em 25% para o Fundo Social Diocesano, gerido
pela Cáritas Diocesana, e, o restante, para as Missões “ad gentes”. Há muitas
expressões de nos sentirmos Igreja em saída, a partilha é uma delas. Como
afirma o Papa Francisco, a missão “ad gentes” continua a revestir-se de grande
urgência. As Comunidades cristãs devem promover um fervor apostólico contagioso
e rico de entusiasmo, capaz de suscitar fascínio pela missão. Todos somos chamados
“a alimentar a alegria da Evangelização”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 01-03-2019.
II.
CAMPANHA ELEITORAL PARA QUÊ?...
Aproxima-se a campanha eleitoral, esse tempo tão
necessário quão importante para apresentar programas, esclarecer dúvidas,
debater ideias e projetos em prol do bem comum nacional e para espevitar as
velas dormentes do castiçal europeu e mundial, o qual, para alumiar a todos,
também exige esmero e qualidade, ideias e jeito. É possível que alguém venha
por aí, e se estique, a prometer a Lua e os seus arredores, tentando fazer
acreditar que a construção do maciço do Everest e de toda a cordilheira dos
Himalaias a eles se deve!... A política, porém, no seu pluralismo e variedade
legítima de opções, tem arte e nobreza, tem valores e leis próprias que se
devem reconhecer, abraçar e respeitar. Participando nesse alegre e rezingado
jogo com sentido de responsabilidade, que ganhem os melhores, é o que todos desejamos!
Tiramos o nosso chapéu a quem se dedica à
causa pública, a quem aceita e serve dedicadamente a comunidade humana. Sabemos
que não é pêra doce, causa insónias e dissabores. Não é coisa que se possa
abraçar apenas porque dá importância e enche o ego. Cristo, o maior e o mais
importante líder de toda a humanidade e de todos os tempos, serviu sem peneiras
e contestou quem as tinha. Sempre de pé diante dos homens, serviu com amor e
honestidade, atento e sensível lavou os pés aos sofrimentos do mundo que são
tantos e tão diversos. Assim como Eu vos fiz, fazei vós também, disse-nos Ele.
A missão de bem servir implica humildade, competência e determinação. Exige
cadastro limpo e capacidade de ouvir, de perceber o melhor e agir em prol do
bem comum. Não se compadece com subserviências perante uns nem com pretensões
de proprietários ricos a distribuir esmolas perante outros. As atitudes menos
corretas, que sempre as há e saltam de onde menos se espera, provocam a
sensação, injustamente generalizada, de que todos são iguais. Sabemos que não é
assim, sabemos que essa é uma pequena minoria mesmo que os seus estragos e
escândalos sejam de efeitos devastadores e ecoem de forma dolorosa no coração
de todos. Embora o cuidado pela construção do bem comum seja da responsabilidade
de todos e de cada um, ele fundamenta, de forma muito particular, a existência
da comunidade política. É do bem comum que deriva o seu direito natural e
próprio, é ele que a justifica e lhe dá significado e sentido (cf. GS75;
ChFL42). É o bem comum que a leva a colocar-se ao serviço de todos os homens e
do homem todo, da família e da sociedade, em verdadeiro espírito de missão. Só
o espírito de serviço humilde é capaz de aliado à necessária competência,
tornar transparente e eficaz a atividade de quem se dedica à política. É um
poder delegado, um poder exercido à luz dos critérios da justiça e da ética e
não na base da força eleitoral ou de interesses pessoais ou de grupos ou de
ideologias redutoras da condição humana.
Quando, porventura, surge o recurso à
deslealdade e à mentira, o desperdício dos dinheiros públicos, a corrupção, os
jeitinhos e as clientelas, o nepotismo familiar, o uso de meios ambíguos ou
ilícitos para, a todo o custo, conquistar, conservar ou aumentar o poder de
forma “populista” e pouco ou nada popular, temos o caldo entornado e os
bichanos nas filhoses! São tentações que debilitam a consciência e arrastam aos
desvios próprios da natureza humana sempre tão frágil, tão ferida e contumaz!
Além disso, gera-se a desconfiança, diminui o espírito cívico e participativo
da população, não se educa para a cidadania, o povo sente-se prejudicado e
desiludido, constata que o bem comum vale menos que os interesses particulares,
mesquinhos e egoístas, facilmente percebe a ausência de uma equilibrada
hierarquia de valores que tenha em atenção a correta compreensão da dignidade e
dos direitos da pessoa, em sociedade (cf. CA47).
A responsabilidade por uma sociedade justa e
solidária fundamenta-se na sociabilidade natural e na interdependência das
relações sociais a que chamamos solidariedade. Mas a solidariedade não é um
sentimento de vaga compaixão pelas pessoas que sofrem. É a determinação firme e
perseverante que, de forma digna e justa, leva cada cidadão, cada grupo, cada
instituição, cada sindicato ou partido a empenhar-se pelo bem de todos e de
cada um, porque todos somos verdadeiramente responsáveis por todos (cf. SRS38).
Por isso, ninguém deve abdicar da sua responsabilidade, seja qual for a razão
que o possa levar à tentação de o querer fazer. Somos destinatários, sim, mas
somos também protagonistas desse serviço à pessoa e à sociedade. E são
inumeráveis os graus de participação em formas, níveis, funções, competências,
responsabilidades, a começar pelo dever de votar. A tarefa da construção da
sociedade tem sempre como principais critérios e objetivos a busca do bem
comum, a defesa e a promoção da justiça, como tão bem e largamente nos fala a
Doutrina Social da Igreja (cf. ChFL42).
Bento XVI afirmava que “Quando o empenho pelo
bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho
simplesmente secular e político”. Na verdade, o serviço à causa pública
entendido como “alta forma de caridade”, desdobra-se em serviço abnegado à
comunidade humana, tem como ponto de honra a opção preferencial pelos mais
pobres, procura agir com a maior participação dos cidadãos, busca um verdadeiro
crescimento com equidade e inclusão, procura sempre reconstruir o tecido
familiar e social com energias de fraternidade. A fraternidade que nos une em
Cristo é muito mais do que o reconhecimento da igualdade e duma convivência
cívica e solidária entre todos. Se assim não for, esta sociedade “cada vez mais
globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos” (cf. CV19.78).
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 29-03-2019.
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