sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta feira Santa


SEXTA-FEIRA SANTA

A redenção dos homens está consumada. Jesus morre na Cruz para nossa salvação. Cruz que não deveria ter de existir, se não fosse o pecado da humanidade. Mas por causa deste, e apesar deste, o amor de Deus gritou mais forte. Já vemos, por divina graça, a história da nossa salvação na sua totalidade ou extensão. Sabemos que a última palavra não foi nem será a da morte, mas a da Vida, da Ressurreição.  A nossa Esperança diz que nos devemos alegrar porque o mal que nos atormenta não terá a última palavra nem durará para sempre. A última palavra a terá Aquele que é Amor e fonte de vida. Por isso mesmo em Sexta feira Santa nos apetece cantar: “Vitória, vitória, Tu reinarás… Ó morte, onde está a tua vitória?”

Recuperamos nesta Sexta feira Santa, pela sua atualidade, a  reflexão  que o Pe Jorge Fernandes fez a em Nemi no dia Ramos a todos os verbitas presentes na celebração da liturgia de Ramos:

“Ao longo da história se abusou da Cruz. Ela foi apresentada como símbolo de poder / expiação, de reparação dos pecados e injustiças do mundo. Sabemos que Deus não precisa de expiações. A cruz não é uma exigência da justiça de Deus. A cruz não nos fala de um Deus aborrecido connosco…

A cruz é o excesso de um amor desproporcional. Mostra-nos até onde chega o amor de Deus, que oferece o seu Filho, o mais amado.

A cruz não nos fala do homem que oferece reparação a Deus, mas sim de um Deus que se aproxima do homem para se dar todo. A cruz não, pois, de um movimente de baixo para cima, mas sim de cima para baixo.

Nestes dias de semana santa, levantamos a cruz para nos darmos conta do amor de Deus, que se humilha até ao ponto de morrer para salvar o homem.

A semana santa convida-nos a olhar para a Cruz e para o Crucificado. Mas é preciso alargar a nosso olhar. Jesus identificou-se com as vítimas inocentes do império Romano e pelos esquecidos pela religião do Templo. Nem o poder de Roma nem a autoridade do Templo puderam suportar a novidade de Jesus. A sua maneira de entender a Deus era perigosa. Não se importava de acabar com a lei do Sábado e outras tradições.
No rosto desfigurado de Cristo, se nos revela um Deus surpreendente, que quer misericórdia e não sacrifício. Um Deus que não esquece o drama do mundo e se identifica com os fracos e indefesos.

Se Deus morre crucificado, a sua crucifixão é um desafio tremendo para os seguidores de Jesus. Não podemos adorar o Crucificado e viver de costas para o sofrimento de tantos seres humanos destruídos pela guerra, fome e miséria. Devemo-nos revoltar contra a cultura do esquecimento, que quer expulsar o sofrimento imposto para uma distância onde desapareça qualquer som de clamor, gemido e pranto.

Não nos podemos fechar numa sociedade do bem estar ignorando essa outra do mal esta. Quando os cristãos levantamos os olhos para o rosto do Crucificado, contemplamos o amor insondável de Deus, entregue à morte por nossa salvação. Se o olharmos mais detidamente, de pressa descobrimos nesse rosto o rosto de tantos crucificados, que de longe ou de perto estão reclamando o amor solidário e compassivo”.

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