HINO DE
PÁSCOA
O
Bom Pastor subiu
À
direita do Pai,
Mas
não pode esquecer
O
pequeno rebanho
Dos
esplendores eternos
Desce
o fogo profético
Consagrando
os Apóstolos
Arautos
do Evangelho.
Vinde,
Espírito Santo,
Com
os divinos dons,
Tornar
o povo fiel
Templo
da vossa glória.
Luz
da Sabedoria
Revelai
o mistério
Da
Trindade Santíssima,
Fonte
do eterno amor.
Hino pascal
SERÃO MISSIONÁRIO
O dia de hoje terminou
com uma reunião convívio às 20.30 horas, apresentando-se mais um país onde trabalham missionários
do Verbo Divino. A noite foi dedicada ao Paraguai. O Pe. António Braczek, apresentou
todo o programa com o entusiasmo e paixão que lhe é próprio quando fala das realidades
que lhe dizem muito. O Pe. António é polaco, onde nasceu em 1933. O Paraguai foi
o seu primeiro e único destino missionário. Vê-se que se enamorou por esta terra
sul-americana. Quando fala dos índios, sente-se que vibra. Gosta de rezar em guarani,
o que faz com frequência em público, quando se pede que cada um reze o Pai nosso
em voz alta na sua língua materna. Agora, depois deste curso vai fazer férias no
seu país de origem. Mas é na sua terra de adoção que pensa.
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Paróquia de Almodôvar
Catequese de Adultos
Primeira
sobre os Sacramentos
Pe. José Maria Coelho
CATEQUESE 1: Introdução aos
Sacramentos
Ser cristão significa acreditar no Deus
de Jesus Cristo e esforçar-se por viver a esperança e a caridade que o Seu amor
dá ao nosso coração inquieto.
A história deste amor é simples e grande: o Filho eterno
entra na vida humana e através da Sua humanidade, plena e verdadeira, revela o
rosto do Pai, oferecendo a quem O acolher a vida nova no Espírito. Cristo é o sacramento
de Deus, o sinal vivo em quem o Eterno Se comunica aos homens. Portanto, para
alcançar cada ser humano na variedade dos tempos e dos lugares, o Senhor Jesus
torna-Se presente na Sua Igreja, sacramento de Cristo, lugar privilegiado do
encontro com Ele no Espírito. A Igreja celebra e vive o encontro entre o
Ressuscitado e os homens nalguns acontecimentos, nos quais o dom divino atinge
o coração da pessoa e a história da comunidade através das palavras e dos
gestos realizados em obediência à vontade do Senhor: os sacramentos.
Se
Cristo é o sacramento de Deus e a Igreja é o sacramento de Cristo, os
sacramentos são as realizações mais intensas do encontro com Deus na Igreja,
Corpo de Cristo e Templo do Espírito. Compreende-se, por isso, a importância dos
sacramentos tanto para quem procura Deus, como para os que, tendo-O encontrado,
desejam conhecê-Lo e amá-Lo cada vez mais; é que os sacramentos marcam as
diversas etapas da existência de fé, pois é através deles que Cristo Salvador
vem encontrar-Se connosco, de maneira eficaz, na comunhão da Sua Igreja na
alegria e na dor; nos êxitos e nas expectativas, nas aberturas e nas
resistências mais profundas do nosso coração e da nossa vida, em todas as suas
fases e exigências mais verdadeiras.
Esta Breve Introdução pretende explicar
sucinta e essencialmente o que são os sacramentos, para facilitar a todos,
especialistas ou anónimos buscadores de Deus, o acesso ao mistério da graça
oferecido nestes eventos da fé. De maneira particular; quereria mostrar que cada
sacramento faz reviver e enriquece a nossa relação com o Pai, com o Filho e com
o Espírito Santo, e que todo o percurso sacramental faz com que o Deus vivo
habite no coração do homem e o homem novo no coração da Trindade. Por sua vez,
as orações que acompanham cada uma das breves meditações pretenderiam favorecer
a passagem do mistério contemplado para o mistério celebrado e vivido.
Que o Deus vivo, amigo dos homens, possa alcançar a vida dos
Seus amigos através deste pequeno instrumento, voz de tudo o que a Sua Igreja
crê e vive entre os homens.
Quem quiser aprofundar, de maneira mais orgânica, a reflexão
aqui proposta sobre os sacramentos da fé, poderá consultar o Catecismo da
Igreja Católica, os diversos catecismos produzidos pelas Conferências Episcopais
Nacionais e, eventualmente, os vários volumes da Simbolica Ecclesiale,
publicados pelas Edizioni San Paolo.
1. Onde está Deus?
Onde está Deus? Onde O encontraremos,
para que o Seu amor, que nos parece tantas vezes silencioso e escondido, nos fale,
e o rosto da Sua fidelidade se revele ao nosso coração inquieto? Onde nos
deixaremos alcançar e amar por Ele, para que nos comunique a coragem de existir
e a alegria de nos querermos profundamente humanos, segundo o Seu projeto e o
desejo do Seu coração divino? Onde é que nós, nascidos no tempo, poderemos
renascer para a vida que começa no tempo e não conhecerá ocaso?
A estas perguntas, a fé da Igreja
responde indicando-nos alguns eventos, nos quais a graça do Eterno nos é
oferecida em gestos e palavras da nossa história: os sacramentos, lugares do
encontro com Deus. Por isso é que conhecer e viver os sacramentos é tão
importante para fazer a experiência do amor, revelado e dado em Jesus Cristo.
Um esclarecimento inicial ajudar-nos-á a ultrapassar a
dificuldade de uma palavra, tão antiga e usada, como, com frequência, tão
obscura e confusa: a palavra «sacramento», derivada do latim, língua em que se
usava com o significado de «juramento de fidelidade» (sacramentum).
Entre dois amigos, entre dois contraentes, entre um cidadão e a «res-publica»
estabeleciam-se pactos solenes selados por um «sacramento». Quando se começou a traduzir a Bíblia para
latim, esta palavra pareceu adequada a verter o termo grego “mistério” que, no
Novo Testamento – sobretudo em Paulo – designa o plano divino de salvação, que
se realiza no tempo. O “mistério” é uma espécie de pacto pelo qual Deus Se
dirige ao homem no amor, entra na sua história e chama-o a edificar consigo o
Seu projecto de salvação. No “mistério”, a glória divina é, simultaneamente,
escondida e revelada nos sinais da história, como acontece precisamente em
Jesus Cristo, em quem Deus nos deu a conhecer o desígnio da Sua vontade (cf. Ef
1, 9), há séculos envolto no silêncio (cf. Rm 16, 25), e nos deu o Espírito
para realizá-lo.
Desta forma, o “mistério-sacramento” exprime
o encontro de aliança, que se realiza na história entre a iniciativa divina e o
acolhimento do homem: o sacramento é o acontecimento, feito de gestos e de
palavras, do encontro com Deus, que não hesita em “sujar as Suas mãos” com a
nossa vida do dia-a-dia e as nossas limitações, porque nos ama e deseja
encontrar-Se connosco. O Senhor do céu e da terra faz-Se à nossa medida, para
elevar-nos à altura, sem medida, do Seu amor!
Neste encontro, o nosso corpo, tocado pela graça divina
através de sinais, gestos e palavras visíveis, percetíveis e audíveis aos
nossos sentidos, assume um lugar importante; também desta maneira, o Deus
cristão mostra a dignidade e a importância que a nossa humanidade tem para Ele,
em todas as suas expressões. Porque o cristianismo que é, por excelência, a
religião do encontro histórico e sacramental com Deus exclui toda a salvação
que apenas se dirija à alma, e todo o desprezo do corpo e das suas exigências
Pode até afirmar-se que o sacramento é
o acontecimento de Deus na corporeidade e que toda a história da salvação,
enquanto comunicação da vida divina ao homem nos sinais do tempo e do espaço, é
a história do envolvimento de Deus na densidade da nossa história, em todas as
suas expectativas e resistências, em todos os seus entusiasmos e medos; de
facto, o amor divino “ganha corpo” na história para comunicar-Se a nós e
atrair-nos a Si.
Para exprimir este total empenhamento divino nas palavras e
nos gestos humanos que constituem o sacramento, fala-se dele como de um «sinal
eficaz de graça»: com esta fórmula pretende-se evocar não só os aspectos
visíveis, audíveis e perceptíveis do evento sacramental (o «sinal»), mas também
a vida divina oferecida aos homens através deles pelo amor do Eterno (a
«graça»). Além disso, a fórmula realça a relação real e transformante que se
estabelece entre Deus e o homem, mediante a celebração do sacramento (a
«eficácia»). Deste modo, ela traduz a verdade admirável do encontro pessoal
entre o Deus vivo e o homem vivo, que se efectua nos sacramentos pelas palavras
e pelos gestos queridos pelo Senhor como veículos da Sua doação ao homem, que,
por sua vez, é chamado a responder ao dom com a liberdade de um assentimento,
preparado pela graça e por ela tomado possível.
Portanto,
Deus, que quer falar aos homens como a amigos, entra na nossa linguagem, assume
os gestos e as palavras através das quais o nosso coração poderá ser alcançado,
e manifesta, assim, o maravilhoso poder do Seu amor, que se faz tudo para
todos, para, de qualquer modo, salvar todos! A Palavra eterna entra nas
palavras do tempo e o eterno acontecimento do amor adapta-se aos humildes
acontecimentos do amor humano; nesse sentido, os sacramentos constituem a
demonstração permanente da ternura e da compaixão do nosso Deus, e celebram a
Sua misericórdia e o Seu perdão, a Sua condescendência para com a nossa
pequenez e o desejo de nos tornarmos participes da Sua vida divina. Por isso,
os sacramentos representam na nossa vida o ponto de encontro historicamente mais intenso com Deus, o lugar
concreto em que a eternidade entra no tempo e os nossos dias penetram na
eternidade. Eles são um encontro de amor, uma oferta dirigida à nossa
liberdade, por Aquele que, embora seja e permaneça o Senhor Altíssimo e Omnipotente,
vive por nós a humildade do “mendigo de amor”, que chama, que Se dá totalmente
e que espera o nosso consentimento para – aqui e agora – estabelecer uma
aliança connosco.
Tu és
um Deus à busca do homem. Tu, que, por amor nos criaste e, por amor, nos enviaste
o Teu Filho, ainda nos visitas nos caminhos da vida e da história com os sinais
da Tua presença e os encontros da Tua fidelidade. Graças ao Teu Espírito, que actualiza no tempo as promessas do Teu
amor a tua Palavra, feita carne por nós, torna-Se próxima de cada um de nós e
dá-Se ao coração de quem acredita nos sinais sacramentais da Igreja. Pai da
vida e da glória, faz que nestes humildes eventos, celebrados pelo Teu povo em
obediência à vontade do Teu Cristo, saibamos reconhecer o lugar de encontro
contigo, onde o Espírito nos faz participantes das profundezas do Teu Amor na
fragilidade das obras e dos dias da nossa vida, e o Senhor Jesus nos concede
que O sigamos pelo caminho do serviço dos outros em direcção ao último e pleno
encontro contigo.
2. Cristo, Sacramento de Deus
E o Verbo fez-Se homem e habitou entre
nós, e nós vimos a Sua glória, glória «que Lhe vem do Pai, como Filho único,
cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14). Em Jesus, o Filho eterno, que Se fez
homem, a glória de Deus tornou-se visível para nós: «O que era desde o
princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e
as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida – porque a vida manifestou-se,
nós vimo-la, damos testemunho dela e vos anunciamos esta vida eterna que estava
no Pai e que nos foi manifestada – o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,
para que também vós tenhais comunhão connosco. Quanto à nossa comunhão, ela é
com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo» (1Jo 1, 1-3). N’Ele, encontraram-se o
mundo de Deus e o mundo dos homens, sem divisão nem separação, mas também sem
confusão nem mudança. Por isso, Jesus Cristo é, por excelência, o lugar de
encontro com Deus, o “sacramento original”, que exprime e realiza, na forma
mais alta, a aliança dos homens com o Pai: «De facto, não há outro sacramento
de Deus senão Cristo» (Santo Agostinho,
Epist. 187, 34)!
Reconhecer
no Senhor Jesus o “sacramento original” significa, antes de mais, confessar que
n’Ele nos é oferecido o dom supremo do Pai, a certeza de um amor, que permite
que confiemos sempre na impossível possibilidade de Deus. «Se Deus é por nós,
quem é contra nós? Ele, que não poupou o próprio filho, mas O entregou por
todos nós, como não havia de nos dar também, com Ele, todas as coisas? Quem
acusará os eleitos de Deus? Deus, que os justifica? Quem os condenará? Cristo
Jesus, que morreu, e ainda mais, que ressuscitou, Ele que está à direita de
Deus, Ele que intercede por nós?» (Rom 8, 31-34).
Portanto, enquanto
verdadeiramente homem, o Verbo incarnado introduz a realidade total do mundo
humano no mistério mais íntimo da divindade; na Sua humanidade, Cristo Jesus é
o sacramento do mundo, Aquele em quem o êxodo da condição humana alcança o
coração do Eterno, não só na transitoriedade do tempo presente, mas também como
antecipação e promessa da glória futura.
«Cristo como primícias
[...]. Depois virá o fim, quando entregar o Reino a Deus Pai [...]. E quando
tudo Lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho Se submeterá Àquele que
tudo Lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos» (l Cor 15, 23s. 28).
Jesus é o adorador supremo do Pai, que revela ao mundo a sua vocação última, o
seu destino mais profundo, orientando decididamente a abertura do coração
humano para a sua única e possível realização plena e definitiva: o encontro
com Deus.
Sacramento de Deus, sacramento do
homem, Cristo é, em Si mesmo, a aliança dos mundos, Aquele em quem o céu e a
terra se encontraram. Ele é a aliança em pessoa; como abertura de um mundo a
outro mundo, Ele é a subversão e a salvação do mundo humano pelo mundo de Deus.
Jesus Cristo é a graça em pessoa! N’Ele,
Deus revela-Se como o Deus-para-nós e o Deus-connosco, o Deus-amor que
livremente opta por “sair de Si” e comunicar-Se ao homem para estabelecer com
ele uma aliança de vida eterna. Em Jesus ressuscitado, a humanidade é admitida
a morar no Eterno, e tornada capaz de sair de si para encontrar-se em Deus.
Sacramento do êxodo humano e do advento divino, a Palavra
eterna feita carne realiza em si mesma todas as dimensões do sacramento: o
Senhor Jesus é o reconciliador, em quem a vida eterna de Deus passa para a
história e a história abre-se à glória. Só Ele é a nossa paz, que, na Sua carne
derruba o muro do distanciamento intransponível e da separação culpada e
permite que, por Seu intermédio, nos apresentemos ao Pai num único Espírito
(cf. Ef 2, 14-18). Ele é a Palavra eterna de Deus pronunciada no tempo, saída
do silêncio do Pai, origem de toda a vida e todo o dom, para ecoar no silêncio
acolhedor da fé e da caridade e alimentar a esperança, aberta à Pátria futura,
onde Deus Se afirmará tudo em todos.
Na Palavra de Deus,
fixada nas palavras da Escritura inspirada e transmitida pela tradição viva da
Igreja, Deus vem ao encontro do homem: a Palavra é o lugar e o instrumento em
que o sacramento original, Cristo, convoca o novo povo de Deus na fé, na
esperança e no amor. A Palavra de Deus é o próprio Deus que, no sinal da Sua
Palavra, Se faz encontro para o homem e, em Cristo, o chama à comunhão consigo.
Em Cristo coincidem Palavra e Sacramento: Ele é o Verbo saído do Silêncio; Ele
é o sinal vivo da graça na Sua humanidade plena e verdadeira; Ele é a fonte da
vida, donde dimana o dom divino para o coração dos homens. Aquilo que no
Sacramento original é perfeita unidade não pode agora separar-se na vida da
Igreja: o anúncio da Palavra de salvação e a celebração dos sacramentos da vida
são dois momentos inseparáveis do único processo da redenção pelo qual a
existência humana encontra o Senhor Jesus e n’Ele tem acesso ao mistério da
graça que liberta e salva.
Cristo,
imagem radiosa do Pai, príncipe da paz, que reconcilias Deus com o homem e o
homem com Deus, Palavra eterna tornada carne, e carne divinizada no encontro
esponsal, somente em Ti poderemos chegar a Deus. Tu, que Te fizeste pequeno
para deixar-Te agarrar pela sede do nosso conhecimento e do nosso amor,
concede-nos que Te procuremos com vontade, acreditemos em Ti na escuridão da
fé, esperemos por Ti com uma esperança ardente, Te amemos na liberdade e na
alegria do coração. Faz com que não nos deixemos vencer pelo poder das trevas,
seduzir pelo brilho do que passa. Por isso, dá-nos o Teu Espírito, que Ele Se
torne em nós desejo e fé, esperança e amor humilde. Então, Senhor,
procurar-Te-emos, na noite, velaremos por Ti em todo o tempo, e os dias da nossa
vida mortal tornar-se-ão a esplêndida aurora, em que virás, como estrela
brilhante da manhã, para, finalmente, seres para nós o Sol que não conhece
ocaso. Amen. Aleluia!
Bruno Forte, Introdução aos Sacramentos, Gráfica de
Coimbra, Coimbra 1997, 7-28.
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